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CAPÍTULO OITENTA E NOVE

Kṛṣṇa e Arjuna Recuperam os Filhos de um Brāhmaṇa

Este capítulo descreve como Bhṛgu Muni provou a supremacia do Senhor Viṣṇu, e como o Senhor Kṛṣṇa e Arjuna recuperaram os filhos mortos de um aflito brāhmaṇa de Dvārakā.

Certa vez, há muitíssimo tempo, às margens do rio Sarasvatī, surgiu uma discussão entre um grupo de sábios sobre qual dos três principais senhores – Brahmā, Viṣṇu ou Śiva – é o maior. Eles encarregaram Bhṛgu Muni de investigar o assunto.

Bhṛgu decidiu testar a tolerância dos senhores, pois esta qualidade é uma prova segura de grandeza. Primeiro, ele entrou na corte do senhor Brahmā, seu pai, sem lhe oferecer respeito algum. Isso en­fureceu Brahmā, que sufocou sua ira porque Bhṛgu era seu filho. Em seguida, Bhṛgu foi ter com o senhor Śiva, seu irmão mais velho, que se levantou de seu assento para abraçá-lo. Mas Bhṛgu rejeitou o abraço, chamando Śiva de herege transviado. Bem no momento em que Śiva estava para matar Bhṛgu com seu tridente, a deusa Pārvatī intercedeu e acalmou seu marido. A seguir, Bhṛgu foi a Vaikuṇṭha para testar o Senhor Nārāyaṇa. Aproximando-se do Senhor, que esta­va deitado com a cabeça no colo da deusa da fortuna, Bhṛgu chutou-­Lhe o peito. Contudo, em vez de ficarem irados, tanto o Senhor quanto Sua esposa levantaram-se e ofereceram respeitos a Bhṛgu. “Sê bem-vindo”, disse o Senhor. “Por favor, senta-te e descansa um pouco. Tem a bondade de perdoar-nos, caro senhor, por não termos notado a tua che­gada.” Quando Bhṛgu voltou à assembleia dos sábios e contou-lhes tudo o que acontecera, eles concluíram que o Senhor Viṣṇu com cer­teza é supremo.

Certa vez, em Dvārakā, a esposa de um brāhmaṇa deu à luz um filho que morreu imediatamente. O brāhmaṇa levou seu filho morto à corte do rei Ugrasena e censurou o rei: “Este fingido e cobiçoso inimigo dos brāhmaṇas provocou a morte de meu filho por deixar de executar seus deveres de modo apropriado!” Essa mesma des­graça continuou a acontecer ao brāhmaṇa, e, cada vez que isso ocorria, ele levava o corpo de seu bebê morto à corte real e censurava o rei. Quando o nono filho morreu logo após o parto, Arjuna por acaso ouviu a queixa do brāhmaṇa e disse: “Meu senhor, protege­rei teus filhos. E se eu fracassar, entrarei no fogo para expiar meu pe­cado.”

Algum tempo depois, a esposa do brāhmaṇa estava para dar à luz pela décima vez. Ao saber disso, Arjuna foi à maternidade e a en­volveu com uma gaiola de flechas protetoras. Os esforços de Arjuna, porém, de nada adiantaram, pois logo que nasceu e começou a chorar, a criança desapareceu no céu. Enquanto o brāhmaṇa ridicularizava completamente Arjuna, o guerreiro partiu para a morada de Yamarāja, o rei da morte. Mas Arjuna não encontrou ali o filho do brāhmaṇa e, mesmo depois de vasculhar os quatorze mundos, ele não conseguiu encontrar vestígio algum do bebê.

Por ter fracassado em proteger o filho do brāhmaṇa, Arjuna agora estava decidido a cometer suicídio entrando no fogo sagrado. Mas bem no momento em que estava para fazer isso, o Senhor Kṛṣṇa o deteve e disse: “Eu te mostrarei os filhos do brāhmaṇa. Então, por favor, não te menosprezes assim.” O Senhor Kṛṣṇa, então, colocou Arjuna em Sua quadriga transcendental, e os dois atravessaram as sete ilhas universais com seus sete oceanos, cruzaram a cordilheira Lokāloka e entraram na região das densas trevas. Como os cavalos não podiam encontrar o caminho, Kṛṣṇa enviou na frente Seu fulgu­rante disco Sudarśana para penetrar a escuridão. Aos poucos, chega­ram à água do Oceano Causal, dentro do qual encontraram a cidade do Senhor Mahā-Viṣṇu. Ali, viram a serpente Ananta de mil capelos, e sobre Ele repousava Mahā-Viṣṇu. O formidável Senhor saudou Śrī Kṛṣṇa e Arjuna, dizendo: “Eu trouxe os filhos do brāhmaṇa para cá somente porque queria estar na presença de vós. Por favor, continuai a beneficiar as pessoas em geral dando o exemplo do comportamento religioso em vossas formas de Nara-Nārāyaṇa Ṛṣi.”

O Senhor Kṛṣṇa e Arjuna, em seguida, apanharam os filhos do brāhmaṇa, voltaram para Dvārakā e devolveram os bebês ao pai deles. Tendo visto diretamente a grandeza de Śrī Kṛṣṇa, Arjuna ficou atônito. Ele concluiu que apenas pela misericórdia do Senhor um ser vivo pode exibir algum poder ou opulência.

VERSO 1:
Śukadeva Gosvāmī disse: Certa vez, ó rei, enquanto um grupo de sábios estava executando um sacrifício védico nas margens do rio Sarasvatī, surgiu uma controvérsia entre eles sobre qual das três principais deidades é a suprema.
VERSO 2:
Ansiosos por esclarecer essa questão, ó rei, os sábios enviaram Bhṛgu, o filho do senhor Brahmā, para descobrir a resposta. Pri­meiro, ele foi até a corte de seu pai.
VERSO 3:
Para testar quão bem o senhor Brahmā estava situado no modo da bondade, Bhṛgu não se prostrou diante dele nem o glorificou com orações. O senhor ficou irado com ele, inflamado em fúria por sua própria paixão.
VERSO 4:
Embora estivesse surgindo ira em seu coração contra o seu filho nesse momento, o senhor Brahmā foi capaz de subjugá-la recorrendo à sua própria inteligência, da mesma maneira que o fogo é extinto por seu próprio produto, a água.
VERSO 5:
Bhṛgu, então, foi ao monte Kailāsa. Ali, o senhor Śiva levantou­-se feliz e adiantou-se para abraçar seu irmão.
VERSOS 6-7:
Bhṛgu, porém, recusou seu abraço, dizendo-lhe: “Tu és um he­rege transviado.” Ao ouvir isso, o senhor Śiva ficou irado, e seus olhos arderam de fúria. Quando ele ergueu seu tridente e estava prestes a matar Bhṛgu, a deusa Devī caiu a seus pés e disse al­gumas palavras que o acalmaram. Bhṛgu, então, deixou aquele lugar e foi a Vaikuṇṭha, onde reside o Senhor Janārdana.
VERSOS 8-9:
Chegando lá, ele foi até o Senhor Supremo, que estava deita­do com Sua cabeça no colo de Sua consorte, Śrī, e chutou-Lhe o peito. O Senhor, então, levantou-Se, juntamente com a deusa Lakṣmī, em sinal de respeito. Descendo da cama, aquela meta suprema de todos os devotos puros prostrou-Se diante do sábio e disse-lhe: “Sê bem-vindo, brāhmaṇa. Por favor, senta-te nesta cadeira e descansa um pouco. Tem a bondade de perdoar-nos, caro senhor, por não termos notado a tua chegada.”
VERSOS 10-11:
“Por favor, purifica a Minha pessoa, o Meu reino e os reinados dos gover­nantes universais devotados a Mim dando-nos a água que lavou os teus pés. Essa água sagrada é o que de fato torna santos todos os locais de peregrinação. Hoje, Meu senhor, Eu Me tornei o refúgio exclusivo da deusa da fortuna, Lakṣmī; ela consentirá em residir em Meu peito porque teu pé livrou-o de pecados.”
VERSO 12:
Śukadeva Gosvāmī disse: Bhṛgu sentiu-se satisfeito e deleitado ao ouvir as palavras solenes ditas pelo Senhor Vaikuṇṭha. Dominado pelo êxtase devocional, ele ficou em silêncio, com os olhos cheios de lágrimas.
VERSO 13:
O rei Bhṛgu, então, regressou à arena de sacrifício das sábias autoridades védicas e lhes descreveu toda a sua experiência.
VERSOS 14-17:
Atônitos ao ouvirem a narração de Bhṛgu, os sábios livra­ram-se de todas as dúvidas e se convenceram de que Viṣṇu é o Senhor mais grandioso. A partir dEle, vêm a paz, o destemor, os princípios essen­ciais da religião, o desapego com conhecimento, os oito poderes do yoga místico e Sua glorificação, o que expurga da mente todas as impurezas. Ele é conhecido como o destino supremo daqueles que são serenos e equilibrados – os santos abnegados e sábios que abandonaram toda a violência. Sua forma mais querida é a da bondade pura, e os brāhmaṇas são Suas deidades adoráveis. Pessoas de inteligência perspicaz que atingiram a paz espiritual adoram-nO sem motivações egoístas.
VERSO 18:
O Senhor Se expande em três espécies de seres manifestos – os Rākṣasas, os demônios e os semideuses –, todos os quais são criados pela energia material do Senhor e condicionados pelos seus modos. Dentre os três modos, porém, o modo da bondade é que é o meio para se alcançar o sucesso final da vida.
VERSO 19:
Śukadeva Gosvāmī disse: Os brāhmaṇas eruditos que viviam ao longo do rio Sarasvatī chegaram a essa conclusão para dissi­par as dúvidas de todas as pessoas. Depois disso, prestaram servi­ço devocional aos pés de lótus do Senhor Supremo e alcançaram Sua morada.
VERSO 20:
Śrī Sūta Gosvāmī disse: Foi assim que este fragrante néctar fluiu da boca de lótus de Śukadeva Gosvāmī, o filho do sábio Vyāsadeva. Essa maravilhosa glorificação da Pessoa Suprema destrói todo o medo presente na existência material. O viajante que beber constantemente este néctar através dos orifícios de seus ouvidos esquecerá a fadiga causada por vaguear pelos caminhos da vida mundana.
VERSO 21:
Śukadeva Gosvāmī disse: Certa vez, em Dvārakā, a esposa de um brāhmaṇa deu à luz um filho, mas o bebê recém-nascido morreu assim que tocou no chão, ó Bhārata.
VERSO 22:
O brāhmaṇa pegou o cadáver e colocou-o à porta da corte do rei Ugrasena. Então, agitado e lamentando-se miseravelmente, ele falou o seguinte.
VERSO 23:
[O brāhmaṇa disse:] Este fingido e cobiçoso inimigo dos brāhmaṇas, este governante desqualificado e afeito ao gozo dos sen­tidos, provocou a morte de meu filho por causa de algumas discrepâncias no cumprimento de seus deveres.
VERSO 24:
Os cidadãos que servem a semelhante rei perverso, que sente prazer na violência e não consegue controlar os sentidos, estão condenados a sofrerem com pobreza e sofrimento constante.
VERSO 25:
O sábio brāhmaṇa sofreu a mesma tragédia com seu segundo filho e terceiro filho. Cada vez, ele deixava o corpo do filho morto à porta do rei e cantava o mesmo canto de lamentação.
VERSOS 26-27:
Quando a nona criança morreu, Arjuna, que estava perto do Senhor Keśava, por acaso ouviu a lamentação do brāhmaṇa. Então, Arjuna dirigiu-se ao brāhmaṇa: “Qual é o problema, meu caro brāhmaṇa? Não há nenhum membro inferior da ordem real que possa ao menos ficar diante de tua casa com um arco na mão? Esses kṣatriyas estão procedendo como se fossem brāhmaṇas ocupados indolentemente em sacrifícios de fogo.
VERSO 28:
“Os governantes de um reino onde os brāhmaṇas lamentam a perda de riqueza, esposas e filhos são meros impostores fazendo o papel de reis apenas para ganhar a vida.”
VERSO 29:
“Meu senhor, protegerei os filhos teus e de tua esposa, que estais passando por tamanha aflição. E se eu deixar de cumprir minha promessa, entrarei no fogo para expiar o meu pecado.”
VERSOS 30-31:
O brāhmaṇa disse: Nem Saṅkarṣaṇa; Vāsudeva; Pradyumna, o melhor dos arqueiros; nem o incomparável guerreiro Aniruddha puderam salvar meus filhos. Então, por que tentas ingenuamente realizar um feito que os onipotentes Senhores do universo não conseguiram executar? Não podemos levar-te a sério.
VERSO 32:
Śrī Arjuna disse: Não sou nem o Senhor Saṅkarṣaṇa, ó brāhmaṇa, nem o Senhor Kṛṣṇa, nem mesmo filho de Kṛṣṇa. Eu sou Arjuna, o manejador do arco Gāṇḍīva.
VERSO 33:
Não minimizes minha capacidade, que foi boa o bastante para satisfazer o senhor Śiva, ó brāhmaṇa. Trarei teus filhos de volta, caro mestre, mesmo que eu tenha de derrotar em combate a própria morte.
VERSO 34:
Convencido assim por Arjuna, ó atormentador dos inimigos, o brāhmaṇa foi para casa, satisfeito em ter ouvido a declaração que Arjuna fez sobre sua própria bravura.
VERSO 35:
Quando a esposa do enaltecido brāhmaṇa estava para dar à luz outra vez, este procurou Arjuna com grande ansiedade e rogou-lhe: “Por favor, por favor, protege meu filho da morte!”
VERSO 36:
Depois de tocar em água pura, oferecer reverências ao senhor Maheśvara e relembrar os mantras usados para lançar suas armas celestiais, Arjuna encordoou seu arco Gāṇḍīva.
VERSO 37:
Arjuna cercou a casa onde acontecia o parto com flechas presas a vários mísseis. Assim, o filho de Pṛthā construiu uma gaiola protetora de flechas, que cobriam a casa em cima, em baixo e dos lados.
VERSO 38:
A mulher do brāhmaṇa, então, deu à luz. Contudo, após ter chorado por pouco tempo, o bebê recém-nascido de repente desapareceu no céu em seu próprio corpo.
VERSO 39:
O brāhmaṇa, então, zombou de Arjuna diante do Senhor Kṛṣṇa: “Vede bem como fui tolo de depositar minha fé na vanglória de um eunuco!”
VERSO 40:
“Quando nem Pradyumna, Aniruddha, Rāma ou Keśava podem salvar uma pessoa, quem mais poderá protegê-la?”
VERSO 41:
“Para o inferno com este mentiroso Arjuna! Para o inferno com o arco deste alardeador! Ele é tão tolo que se iludiu a ponto de pensar que podia trazer de volta uma pessoa que o destino levou embora.”
VERSO 42:
Enquanto o sábio brāhmaṇa continuava a praguejá-lo, Arjuna empregou um encantamento místico para ir de imediato a Saṁya­manī, a cidade celestial onde reside o senhor Yamarāja.
VERSOS 43-44:
Não vendo ali o filho do brāhmaṇa, Arjuna foi até as cidades de Agni, Nirṛti, Soma, Vāyu e Varuṇa. Com as armas de pronti­dão, ele vasculhou todos os domínios do universo, do fundo da região subterrânea até o teto do céu. Finalmente, por não ter encontrado o filho do brāhmaṇa em parte alguma e, dessa manei­ra, ter falhado no cumprimento de sua promessa, Arjuna decidiu entrar no fogo sagrado. Mas bem no momento em que ele estava para fazer isso, o Senhor Kṛṣṇa o deteve e disse as seguintes pa­lavras.
VERSO 45:
[O Senhor Kṛṣṇa disse:] Eu te mostrarei os filhos do brāhmaṇa. Então, por favor, não te menosprezes assim. Esses mesmos homens que agora nos criticam logo estabelecerão nossa fama imaculada.
VERSO 46:
Tendo assim aconselhado Arjuna, a Suprema Personalidade de Deus fê-lo subir com Ele em Sua divina quadriga, e juntos partiram rumo ao ocidente.
VERSO 47:
A quadriga do Senhor cruzou as sete ilhas do universo inter­mediário, cada qual com seu oceano e suas sete montanhas prin­cipais. Depois, ela atravessou a fronteira de Lokāloka e entrou na vasta região da escuridão total.
VERSOS 48-49:
Naquela escuridão, os cavalos da quadriga – Śaibya, Sugrīva, Meghapuṣpa e Balāhaka – perderam o rumo. Vendo-os nesse estado, ó melhor dos Bhāratas, o Senhor Kṛṣṇa, o mestre su­premo de todos os mestres do yoga, enviou Seu disco Sudarśana adiante da quadriga. Aquele disco brilhava como milhares de sóis.
VERSO 50:
O disco Sudarśana do Senhor penetrava a escuridão com sua ofuscante refulgência. Precipitando-se com a velocidade da mente, ele trespassava o medonho e denso esquecimento que se expandi­ra da matéria primordial, como uma flecha atirada do arco do Senhor Rāma trespassa o exército de Seu inimigo.
VERSO 51:
Seguindo o disco Sudarśana, a quadriga atravessou a escuri­dão e alcançou a infinita luz espiritual do onipenetrante brahma­jyoti. Quando Arjuna avistou essa refulgência deslumbrante, seus olhos arderam, em razão do que ele os fechou.
VERSO 52:
Saindo daquela região, eles entraram em uma resplandecente ex­tensão de água com ondas enormes levantadas por um vento po­deroso. Dentro daquele oceano, Arjuna viu um espantoso palácio mais radiante do que tudo o que ele vira antes. Sua beleza era realçada por milhares de pilares ornamentais incrustados de bri­lhantes pedras preciosas.
VERSO 53:
Naquele palácio, encontrava-se a imensa e assustadora serpen­te Ananta Śeṣa. Ele brilhava deslumbrantemente em virtude do fulgor que emanava das pedras preciosas de Seus milhares de capelos e que se refletia de seus olhos medonhos. Ele parecia o branco monte Kailāsa, e Seus pescoços e línguas eram azul­-escuros.
VERSOS 54-56:
Então, Arjuna viu a onipresente e onipotente Suprema Perso­nalidade de Deus, Mahā-Viṣṇu, sentado à vontade sobre a cama de serpente. Sua tez azulada era da cor de uma densa nuvem de chuva, Ele usava uma bela roupa amarela, Seu rosto tinha uma aparência encantadora, Seus olhos largos eram muito atraentes, e Ele tinha oito longos e lindos braços. Seus abundantes cachos de cabelo banhavam-se de todos os lados no brilho refletido dos feixes de pedras preciosas que enfeitavam Sua coroa e brincos. Ele usava a joia Kaustubha, a marca Śrīvatsa e uma guirlanda de flores silvestres. Servindo aquele mais elevado de todos os Senhores estavam Seus assistentes pessoais, encabeçados por Sunanda e Nanda; Seu cakra e outras armas em suas formas per­sonificadas; Suas potências-consortes Puṣṭi, Śrī, Kīrti e Ajā; e todos os Seus vários poderes místicos.
VERSO 57:
O Senhor Kṛṣṇa ofereceu homenagem a Si próprio em Sua forma ilimitada, e Arjuna, espantado ao ver o Senhor Mahā-­Viṣṇu, prostrou-se também. Então, enquanto os dois estavam diante dEle de mãos postas, o onipotente Mahā-Viṣṇu, mestre supremo de todos os regentes do universo, sorriu e falou-lhes com uma voz cheia de solene autoridade.
VERSO 58:
[O Senhor Mahā-Viṣṇu disse:] Eu trouxe os filhos do brāhmaṇa para cá porque queria ver a vós dois, Minhas expansões, que des­ceram à Terra para salvar os princípios da religião. Logo que acabardes de matar os demônios que sobrecarregam a Terra, re­gressai depressa para Mim.
VERSO 59:
Embora todos os vossos desejos estejam completamente satis­feitos, ó melhores das personalidades enaltecidas, deveis continuar, para o benefício do povo em geral, a dar o exemplo da conduta religiosa em vossas formas como os sábios Nara e Nārāyaṇa.
VERSOS 60-61:
Instruídos assim pelo Senhor Supremo do mais alto planeta, Kṛṣṇa e Arjuna assentiram cantando om, após o que se prostraram diante do onipotente Senhor Mahā-Viṣṇu. Trazendo consigo os filhos do brāhmaṇa, regressaram com grande júbilo a Dvārakā pelo mesmo caminho pelo qual tinham vindo. Ali, entregaram ao brāhmaṇa seus filhos, que estavam nos mesmos corpos de bebê em que tinham sido perdidos.
VERSO 62:
Tendo visto o reino do Senhor Viṣṇu, Arjuna ficou totalmente espantado e concluiu que qualquer poder extraordinário exibido por alguém só pode ser uma manifestação da misericórdia de Śrī Kṛṣṇa.
VERSO 63:
O Senhor Kṛṣṇa exibiu neste mundo muitos outros passatem­pos heroicos semelhantes. Ele aparentemente desfrutou os praze­res da vida humana comum e executou sacrifícios de fogo muito poderosos.
VERSO 64:
Tendo o Senhor demonstrado Sua supremacia, nas ocasiões oportunas Ele inundava os brāhmaṇas e Seus outros súditos de todas as coisas desejáveis, assim como Indra derrama sua chuva.
VERSO 65:
Agora que Ele havia matado muitos reis perversos e ocupado devotos tais como Arjuna em matar outros, o Senhor podia fa­cilmente garantir a execução dos princípios religiosos por inter­médio de governantes piedosos como Yudhiṣṭhira.