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Capítulo Doze

As Expansões de Advaita Ācārya e Gadādhara Paṇḍita

Bhaktivinoda Ṭhākura dá um resumo do décimo segundo capítulo da Ādi-līlā em seu Amṛta-pravāha-bhāṣya. Este décimo segundo capítulo descreve os seguidores de Advaita Prabhu, entre os quais se entende que os seguidores de Acyutānanda, o filho de Advaita Ācārya, são os seguidores puros que receberam a nata da filosofia enunciada por Śrī Advaita Ācārya. Não se deve reconhecer outros ditos descendentes e seguidores de Advaita Ācārya. Este capítulo também inclui narrações relativas ao filho de Advaita Ācārya chamado Gopāla Miśra e ao servo de Advaita Ācārya chamado Kamalākānta Viśvāsa. Nos primórdios de sua vida, Gopāla desmaiou durante a limpeza do Guṇḍicā-mandira em Jagannātha Purī e, assim, tornou-se o receptáculo da misericórdia do Senhor Caitanya Mahāprabhu. A história de Kamalākānta Viśvāsa diz respeito ao empréstimo que ele tomou de Pratāparudra Mahārāja, no valor de trezentas rúpias, para liquidar as dívidas de Advaita Ācārya. Śrī Caitanya Mahāprabhu, porém, castigou-o ao saber disso. Então, Kamalākānta Viśvāsa purificou-se devido ao pedido de Śrī Advaita Ācārya. Após descrever os descendentes de Śrī Advaita Ācārya, o capítulo conclui descrevendo os seguidores de Gadādhara Paṇḍita Gosvāmī.

Texto

advaitāṅghry-abja-bhṛṅgāṁs tān
sārāsāra-bhṛto ’khilān
hitvāsārān sāra-bhṛto
naumi caitanya-jīvanān

Sinônimos

advaita-aṅghri — os pés de lótus de Advaita Ācārya; abja — flor de lótus; bhṛṅgān — abelhas; tān — todos eles; sāra-asāra — reais e irreais; bhṛtaḥ — aceitando; akhilān — todos eles; hitvā — abandonando; asārān — não verdadeiros; sāra-bhṛtaḥ — aqueles que são verdadeiros; naumi — presto minhas reverências; caitanya-jīvanān — cuja vida e alma era o Senhor Caitanya Mahāprabhu.

Tradução

Os seguidores de Śrī Advaita Prabhu eram de duas classes. Alguns eram seguidores verdadeiros, e outros eram falsos. Rejeitando os falsos seguidores, presto minhas respeitosas reverências aos verdadeiros seguidores de Śrī Advaita Ācārya, cuja vida e alma era Śrī Caitanya Mahāprabhu.

Texto

jaya jaya mahāprabhu śrī-kṛṣṇa-caitanya
jaya jaya nityānanda jayādvaita dhanya

Sinônimos

jaya jaya — todas as glórias; mahāprabhu — Mahāprabhu; śrī-kṛṣṇa-caitanya — chamado Śrī Kṛṣṇa Caitanya; jaya jaya — todas as glórias; nityānanda — ao Senhor Nityānanda Prabhu; jaya advaita — todas as glórias a Advaita Prabhu; dhanya — que são todos muito gloriosos.

Tradução

Todas as glórias a Śrī Caitanya Mahāprabhu! Todas as glórias ao Senhor Nityānanda! Todas as glórias a Śrī Advaita Prabhu! Todos eles são gloriosos.

Texto

śrī-caitanyāmara-taror
dvitīya-skandha-rūpiṇaḥ
śrīmad-advaita-candrasya
śākhā-rūpān gaṇān numaḥ

Sinônimos

śrī-caitanya — o Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu; amara — eterna; taroḥ — da árvore; dvitīya — segundo; skandha — grande galho; rūpiṇaḥ — sob a forma de; śrīmat — o todo-glorioso; advaita-candrasya — do Senhor Advaitacandra; śākhā-rūpān — sob a forma de galhos; gaṇān — a todos os seguidores; numaḥ — presto minhas respeitosas reverências.

Tradução

Presto minhas respeitosas reverências ao todo-glorioso Advaita Prabhu, que forma o segundo galho da eterna árvore de Caitanya, e a Seus seguidores, que formam Seus galhos secundários.

Texto

vṛkṣera dvitīya skandha — ācārya-gosāñi
tāṅra yata śākhā ha-ila, tāra lekhā nāñi

Sinônimos

vṛkṣera — da árvore; dvitīya skandha — o segundo grande galho; ācārya-gosāñi — Śrī Advaita Ācārya Gosvāmī; tāṅra — Seus; yata — todos; śākhā — galhos; ha-ila — tornaram-se; tāra — disto; lekhā — descrição; nāñi — não há.

Tradução

Śrī Advaita Prabhu foi o segundo grande galho da árvore. Existem muitos galhos secundários, mas é impossível mencioná-los a todos.

Texto

caitanya-mālīra kṛpā-jalera secane
sei jale puṣṭa skandha bāḍe dine dine

Sinônimos

caitanya-mālīra — do jardineiro chamado Caitanya; kṛpā-jalera — da água de Sua misericórdia; secane — borrifando; sei jale — com essa água; puṣṭa — nutridos; skandha — galhos; bāḍe — aumentados; dine dine — dia após dia.

Tradução

Śrī Caitanya Mahāprabhu também era o jardineiro, e, à medida que derramava a água de Sua misericórdia na árvore, todos os galhos e galhos secundários cresciam, dia após dia.

Texto

sei skandhe yata prema-phala upajila
sei kṛṣṇa-prema-phale jagat bharila

Sinônimos

sei skandhe — naquele galho; yata — todos; prema-phala — os frutos do amor a Deus; upajila — cresceram; sei — aqueles; kṛṣṇa-prema-phale — frutos do amor a Kṛṣṇa; jagat — o mundo inteiro; bharila — espalhados.

Tradução

Os frutos do amor a Deus que cresceram daqueles galhos da árvore de Caitanya foram tão grandes que inundaram o mundo inteiro com amor a Kṛṣṇa.

Texto

sei jala skandhe kare śākhāte sañcāra
phale-phule bāḍe, — śākhā ha-ila vistāra

Sinônimos

sei jala — esta água; skandhe — nos galhos; kare — faz; śākhāte — nos galhos secundários; sañcāra — crescendo; phale-phule — em frutos e flores; bāḍe — aumenta; śākhā — os galhos; ha-ila — ficaram; vistāra — amplamente espalhados.

Tradução

À medida em que o tronco e os galhos foram aguados, os galhos e galhos secundários espalharam-se prodigamente, e a árvore cresceu, repleta de frutos e flores.

Texto

prathame ta’ eka-mata ācāryera gaṇa
pāche dui-mata haila daivera kāraṇa

Sinônimos

prathame — a princípio; ta’ — contudo; eka-mata — uma única opinião; ācāryera — de Advaita Ācārya; gaṇa — seguidores; pāche — mais tarde; dui-mata — duas opiniões; haila — tornaram-se; daivera — da providência; kāraṇa — a causa.

Tradução

A princípio, todos os seguidores de Advaita Ācārya compartilhavam de uma opinião única. Porém, mais tarde, eles seguiram duas opiniões diferentes, conforme determinara a providência.

Comentário

SIGNIFICADO—As palavras daivera kāraṇa indicam que, devido à providência, ou pela vontade de Deus, os seguidores de Advaita Ācārya dividiram-se em dois grupos. Semelhante desacordo entre os discípulos de um ācārya também se verificou entre os membros da Gauḍīya Maṭha. No início, durante a presença de Oṁ Viṣṇupāda Paramahaṁsa Parivrājakācārya Aṣṭottara-śata Śrī Śrīmad Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura Prabhupāda, todos os discípulos trabalhavam harmoniosamente, mas logo após o seu desaparecimento, eles discordaram. Um grupo seguiu estritamente as instruções de Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura, mas o outro grupo criou suas próprias ideias sobre o cumprimento de seus desejos. Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura, na época de sua partida, solicitou a todos os seus discípulos que formassem um corpo administrativo e conduzissem as atividades missionárias cooperativamente. Ele não instruiu para que um homem em particular se tornasse o próximo ācārya. Porém, logo após ele deixar este mundo, seus secretários líderes fizeram planos sem autoridade, para ocuparem o posto de ācārya, e dividiram-se em duas facções, para ver quem seria o ācārya seguinte. Em consequência disso, ambas as facções foram asāra, ou inúteis, pois não tinham autoridade, tendo desobedecido à ordem do mestre espiritual. Apesar da ordem do mestre espiritual de formar um corpo administrativo e realizar as atividades missionárias da Gauḍīya Maṭha, as duas facções desautorizadas começaram um litígio que prossegue ainda hoje, após quarenta anos, sem qualquer decisão.

Portanto, não pertencemos a nenhuma das facções. Porém, como os dois partidos, atarefados em dividir os bens materiais da instituição Gauḍīya Maṭha, pararam o trabalho de pregação, nós assumimos a missão de Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura e Bhaktivinoda Ṭhākura de pregar o culto de Caitanya Mahāprabhu em todo o mundo, sob a proteção de todos os ācāryas predecessores, e verificamos que temos tido sucesso em nossa humilde tentativa. Seguimos os princípios explicados especialmente por Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura em seu comentário ao verso vyavasāyātmikā buddhir ekeha kuru-nandana, da Bhagavad-gītā. Segundo essa instrução de Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura, é dever do discípulo seguir estritamente as ordens de seu mestre espiritual. O segredo do sucesso do avanço na vida espiritual é a fé firme do discípulo nas ordens de seu mestre espiritual. Os Vedas confirmam isto:

yasya deve parā bhaktir
yathā deve tathā gurau
tasyaite kathitā hy
arthāḥ prakāśante mahātmanaḥ

“O segredo do sucesso no conhecimento védico é revelado àquele que tem fé inabalável nas palavras do mestre espiritual e nas palavras da Suprema Personalidade de Deus.” O movimento para a consciência de Kṛṣṇa está sendo propagado de acordo com esse princípio, e por isso nosso trabalho de pregação prossegue com sucesso, a despeito dos muitos obstáculos postos por demônios antagônicos, já que obtemos ajuda positiva de nossos ācāryas anteriores. Deve-se julgar cada ação por seu resultado. Os membros do partido do ācārya autodesignado que ocuparam a propriedade da Gauḍīya Maṭha estão satisfeitos, mas não puderam progredir na pregação. Portanto, pelo resultado de suas ações, deve-se entender que eles são asāras, ou inúteis, ao passo que o sucesso do partido da ISKCON, a Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna, que segue estritamente guru e Gaurāṅga, aumenta diariamente em todo o mundo. Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura desejava imprimir tantos livros quantos possíveis e distribuí-los em todo o mundo. Esforçamo-nos o melhor que pudemos a esse respeito, e estamos obtendo resultados além de nossas expectativas.

Texto

keha ta’ ācārya ājñāya, keha ta’ svatantra
sva-mata kalpanā kare daiva-paratantra

Sinônimos

keha ta’ — alguns; ācārya — o mestre espiritual; ājñāya — sob a ordem dEle; keha ta’ — outros; sva-tantra — independentemente; sva-mata — suas próprias opiniões; kalpanā kare — imaginam; daiva-paratantra — sob o encanto de māyā.

Tradução

Alguns dos discípulos aceitaram estritamente as ordens do ācārya, e outros desviaram-se, imaginando independentemente suas próprias opiniões, sob o encanto de daivī-māyā.

Comentário

SIGNIFICADO—Este verso descreve o início de uma dissidência. Quando os discípulos não se mantêm fiéis ao princípio de aceitar a ordem de seu mestre espiritual, imediatamente aparecem duas opiniões. Qualquer opinião diferente da opinião do mestre espiritual é inútil. Não se pode introduzir ideias materialmente imaginadas no avanço espiritual. Isso é um desvio. Não há como ajustar o avanço espiritual a ideias materiais.

Texto

ācāryera mata yei, sei mata sāra
tāṅra ājñā laṅghi’ cale, sei ta’ asāra

Sinônimos

ācāryera — do mestre espiritual (Advaita Prabhu); mata — opinião; yei — que é; sei — esta; mata — opinião; sāra — princípio ativo; tāṅra — sua; ājñā — ordem; lañghi’ transgredindo; cale — torna-se; sei — esta; ta’ — entretanto; asāra — inútil.

Tradução

A ordem do mestre espiritual é o princípio ativo na vida espiritual. Qualquer pessoa que desobedeça à ordem do mestre espiritual imediatamente torna-se inútil.

Comentário

SIGNIFICADO—Eis aqui a opinião de Śrīla Kṛṣṇadāsa Kavirāja Gosvāmī. Pessoas que seguem estritamente as ordens do mestre espiritual são úteis no cumprimento da vontade do Supremo, ao passo que pessoas que se desviam da ordem estrita do mestre espiritual são inúteis.

Texto

asārera nāme ihāṅ nāhi prayojana
bheda jānibāre kari ekatra gaṇana

Sinônimos

asārera — pessoas inúteis; nāme — em seu nome; ihāṅ — em relação a isso; nāhi — no; prayojana — necessidades de oração; bheda — diferenças; jānibāre — saber; kari — eu faço; ekatra — em uma lista; gaṇanacontagem.

Tradução

Não há necessidade de especificar aqueles que são inúteis. Mencionei-os apenas para distingui-los dos devotos úteis.

Texto

dhānya-rāśi māpe yaiche pātnā sahite
paścāte pātnā uḍāñā saṁskāra karite

Sinônimos

dhānya-rāśi — montes de arroz com casca; māpe — medidas; yaiche — como é; pātnā — palha inútil; sahite — com; paścāte — mais tarde; pātnā — palha inútil; uḍāñā — aventando; saṁskāra — purificação; karite — fazer.

Tradução

A princípio, o arroz com casca mistura-se com palha, sendo preciso aventá-lo para separar o arroz da palha.

Comentário

SIGNIFICADO—Este exemplo dado por Kṛṣṇadāsa Kavirāja Gosvāmī é muito adequado. No caso dos membros da Gauḍīya Maṭha, pode-se aplicar um processo semelhante. Existem muitos discípulos de Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura, mas, para julgar quem realmente é seu discípulo, para dividir os úteis dos inúteis, é preciso medir as atividades de tais discípulos no cumprimento da vontade do mestre espiritual. Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura tentou o melhor que pôde para difundir o culto de Śrī Caitanya Mahāprabhu em países de fora da índia. Quando estava presente, ele patrocinou a viagem dos discípulos para irem para fora da Índia pregar o culto de Śrī Caitanya Mahāprabhu, mas eles fracassaram porque, mentalmente, não eram de fato sérios quanto a pregar Seu culto em países estrangeiros: queriam apenas tomar para si o mérito de terem ido a terras estrangeiras e utilizar esse reconhecimento na Índia para se autopromoverem como pregadores repatriados. Muitos svāmīs têm adotado esse meio hipócrita de pregação nestes últimos oitenta anos ou mais, mas nenhum deles pôde pregar o verdadeiro culto da consciência de Kṛṣṇa em todo o mundo. Eles só fizeram voltar para a Índia, disseminando a propaganda falsa de que converteram todos os estrangeiros para as ideias do Vedānta ou da consciência de Kṛṣṇa, e então angariaram fundos na Índia e viveram satisfeitos no conforto material. Assim como se aventa arroz com casca para separar o verdadeiro arroz da palha inútil, da mesma forma, aceitando o critério recomendado por Kṛṣṇadāsa Kavirāja Gosvāmī, pode-se compreender muito facilmente quem é um pregador mundial genuíno e quem é um inútil.

Texto

acyutānanda — baḍa śākhā, ācārya-nandana
ājanma sevilā teṅho caitanya-caraṇa

Sinônimos

acyutānanda — chamado Acyutānanda; baḍa śākhā — um grande galho; ācārya-nandana — o filho de Advaita Ācārya; ājanma — desde o começo da vida; sevilā — serviu; teṅho — ele; caitanya-caraṇa — os pés de lótus do Senhor Caitanya.

Tradução

Um grande galho de Advaita Ācārya foi Acyutānanda, Seu filho. Desde o começo de sua vida, ele se ocupou a serviço dos pés de lótus do Senhor Caitanya.

Texto

caitanya-gosāñira guru — keśava bhāratī
ei pitāra vākya śuni’ duḥkha pāila ati

Sinônimos

caitanya — Senhor Caitanya; gosāñira — o mestre espiritual; guru — Seu mestre espiritual; keśava bhāratī — chamado Keśava Bhāratī; ei — estas; pitāra — de seu pai; vākya — palavras; śuni’ — ouvindo; duḥkha — infelicidade; pāila — teve; ati — muita.

Tradução

Ao ouvir seu pai dizer que Keśava Bhāratī era o mestre espiritual do Senhor Caitanya Mahāprabhu, Acyutānanda ficou muito triste.

Texto

jagad-gurute tumi kara aiche upadeśa
tomāra ei upadeśe naṣṭa ha-ila deśa

Sinônimos

jagat-gurute — sobre o mestre espiritual do universo; tumi — Vós; kara — fazeis; aiche — tal; upadeśa — instrução; tomāra — Vossa; ei upadeśe — com esta instrução; naṣṭa — arruinado; ha-ila — ficará; deśa — o país.

Tradução

Ele disse a seu pai: “Vossa instrução de que Keśava Bhāratī é o mestre espiritual de Caitanya Mahāprabhu arruinará o país inteiro.”

Texto

caudda bhuvanera guru — caitanya-gosāñi
tāṅra guru — anya, ei kona śāstre nāi

Sinônimos

caudda — catorze; bhuvanera — sistemas planetários; guru — mestre; caitanya-gosāñi — o Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu; tāṅra guru — Seu mestre espiritual; anya — alguém mais; ei — isto; kona — nenhuma; śāstre — em escritura; nāi — não há menção.

Tradução

“O Senhor Caitanya Mahāprabhu é o mestre espiritual dos mundos, mas dizeis que alguém mais é mestre espiritual dEle. Isso não é apoiado por nenhuma escritura revelada.”

Texto

pañcama varṣera bālaka kahe siddhāntera sāra
śuniyā pāilā ācārya santoṣa apāra

Sinônimos

pañcama — cinco; varṣera — anos; bālaka — garotinho; kahe — diz; siddhāntera — conclusiva; sāra — essência; śuniyā — ouvindo; pāilā — sentiu; ācārya — Advaita Ācārya; santoṣa — satisfação; apāra — muita.

Tradução

Ao ouvir essa afirmação de Acyutānanda, seu filho de cinco anos, Advaita Ācārya sentiu muita satisfação devido a seu julgamento conclusivo.

Comentário

SIGNIFICADO—Comentando sobre os versos de 13 a 17, Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura dá uma descrição extensa dos descendentes de Advaita Ācārya. O Caitanya-bhāgavata, Antya-khaṇḍa, capítulo nove, afirma que Acyutānanda foi o filho mais velho de Advaita Ācārya. O livro em sânscrito Advaita-carita afirma: “Advaita Ācārya Prabhu teve três filhos chamados Acyuta, Kṛṣṇa Miśra e Gopāla Dāsa, todos nascidos do ventre de sua esposa, Sītādevī, e todos devotos do Senhor Caitanya. Advaita Ācārya também teve mais três filhos, cujos nomes eram Balarāma, Svarūpa e Jagadīśa. Deste modo, Advaita Ācārya teve seis filhos.” Entre os seis filhos, três eram seguidores estritos do Senhor Caitanya Mahāprabhu, e, desses três, Acyutānanda era o mais velho.

Advaita Prabhu casou-Se no início do século quinze Śakābda. Quando o Senhor Caitanya Mahāprabhu desejou visitar a vila de Rāmakeli enquanto ia de Jagannātha Purī para Vṛndāvana, durante os anos Śakābda de 1433 e 1434, Acyutānanda tinha apenas cinco anos de idade. O Caitanya-bhāgavata, Antya-khaṇḍa, capítulo quatro, descreve Acyutānanda, naquela época, como pañca-varṣa vayasa madhura digambara, “apenas com cinco anos de idade e nu.” Portanto, deve-se concluir que Acyutānanda nasceu em algum mês do ano de 1428. Antes do nascimento de Acyutānanda, Sītādevī, a esposa de Advaita Prabhu, foi visitar o recém-nascido Senhor Caitanya Mahāprabhu. Assim, não é possível que ela tivesse os outros três filhos de Advaita dentro dos vinte e um anos entre 1407 e 1428 Śakābda. Num livro desautorizado chamado Sītādvaita-carita, publicado em bengali no jornal desautorizado Nityānanda-dāyinī em 1792 Śakābda, menciona-se que Acyutānanda era um amigo de escola de Śrī Caitanya Mahāprabhu. Segundo o Caitanya-bhāgavata, essa afirmação não é válida de modo algum. Quando Caitanya Mahāprabhu aceitou a ordem renunciada de sannyāsa, Ele visitou a casa de Advaita Prabhu em Śāntipura no ano de 1431 Śakābda. Naquela época, como se afirma no Caitanya-bhāgavata, Antya-khaṇḍa, capítulo um, Acyutānanda tinha apenas três anos de idade. Além disso, o Caitanya-bhāgavata afirma que a criança nua, filho de Advaita Prabhu, imediatamente caiu aos pés de lótus do Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu. O Senhor pegou-o em Seu colo, embora este não estivesse muito limpo, tendo poeira por todo o seu corpo. O Senhor Caitanya disse: “Meu querido Acyuta, Advaita Ācārya é Meu pai, de modo que somos irmãos.”

Antes de Śrī Caitanya Mahāprabhu manifestar Suas formas espirituais durante Sua residência em Navadvīpa, Ele pediu que Śrī Rāma Paṇḍita, irmão de Śrīnivāsa Ācārya, fosse a Śāntipura e trouxesse Advaita Ācārya de volta. Acyutānanda juntou-se a seu pai naquela época. É dito que advaitera tanaya ‘acyutānanda’ nāma/ parama-bālaka, seho kānde avirāma. Acyutānanda também se juntou a seu pai para chorarem em bem-aventurança transcendental. De novo, quando o Senhor Caitanya bateu em Advaita Ācārya por Este explicar o Śrīmad-Bhāgavatam de um ponto de vista impersonalista contrário aos princípios de bhakti-yoga, Acyutānanda também estava presente. Portanto, todos esses incidentes devem ter ocorrido apenas dois ou três anos antes de o Senhor Caitanya aceitar a ordem de sannyāsa. No Caitanya-bhāgavata, Antya-khaṇḍa, capítulo dezenove, afirma-se que Acyutānanda, filho de Advaita Ācārya, prestava suas reverências ao Senhor. Portanto, deve-se concluir que, desde o começo de sua vida, Acyutānanda foi um grande devoto do Senhor Caitanya Mahāprabhu.

Não há informação de que Acyutānanda tenha se casado alguma vez, mas é descrito como o maior galho da família de Advaita Ācārya. Um livro chamado Śākhā-nirṇayāmṛta dá a entender que Acyutānanda foi discípulo de Gadādhara e que ele se refugiou no Senhor Caitanya, em Jagannātha Purī, onde ocupou-se em serviço devocional. O Caitanya-caritāmṛta, Ādi-līlā, capítulo dez, afirma que Acyutānanda, filho de Advaita Ācārya, vivia em Jagannātha Purī, sob o abrigo do Senhor Caitanya Mahāprabhu. Nos últimos anos de sua vida, Gadādhara Paṇḍita também viveu com o Senhor Caitanya Mahāprabhu em Jagannātha Purī. Portanto, não há dúvidas de que Acyutānanda tenha sido discípulo de Paṇḍita Gadādhara. Na narração da dança do Senhor Caitanya Mahāprabhu em frente ao carro durante o festival de Ratha-yātrā, encontra-se o nome de Acyutānanda muitas vezes. Afirma-se que, na festa de Advaita Ācārya de Śāntipura, Acyutānanda dançava e outros cantavam. Naquela época, o menino tinha apenas seis anos. O Gaura-gaṇoddeśa-dīpikā, compilado por Śrī Kavi-karṇapūra descreve Acyutānanda como um discípulo de Gadādhara Paṇḍita e grande e querido devoto do Senhor Caitanya Mahāprabhu. Segundo a opinião de alguns, ele era uma encarnação de Kārttikeya, o filho do senhor Śiva, e, segundo outros, outrora ele fora a gopī chamada Acyuta. O Gaura-gaṇoddeśa-dīpikā (88) apoia ambas as opiniões. Outro livro, chamado Narottama-vilāsa, compilado por Śrī Narahari Dāsa, menciona a presença de Acyutānanda durante o festival em Khetari. Segundo Śrī Narahari Dāsa, durante os últimos dias de sua vida, Acyutānanda permaneceu em sua casa em Śāntipura, mas, durante a presença do Senhor Caitanya Mahāprabhu, ele viveu em Jagannātha Purī, com Gadādhara Paṇḍita.

Texto

kṛṣṇa-miśra-nāma āra ācārya-tanaya
caitanya-gosāñi baise yāṅhāra hṛdaya

Sinônimos

kṛṣṇa-miśra — chamado Kṛṣṇa Miśra; nāma — nome; āra — e; ācārya-tanaya — filho de Advaita Ācārya; caitanya-gosāñi — o Senhor Caitanya Mahāprabhu; baise — encontra-Se; yāṅhāra — em cujo; hṛdaya — coração.

Tradução

Kṛṣṇa Miśra foi um dos filhos de Advaita Ācārya. O Senhor Caitanya Mahāprabhu vivia em seu coração.

Comentário

SIGNIFICADO—Dos seis filhos de Advaita Ācārya, três, Acyutānanda, Kṛṣṇa Miśra e Gopāla Dāsa, viveram fiéis ao serviço de Caitanya Mahāprabhu. Uma vez que Acyutānanda não aceitou uma esposa, não teve filhos. O segundo filho de Advaita Ācārya, Kṛṣṇa Miśra, teve dois filhos, Raghunātha Cakravartī e Dola-govinda. Os descendentes de Raghunātha ainda vivem em Śāntipura, nas vizinhanças de Madana-gopāla-pāḍa, Gaṇakara, Mṛjāpura e Kumārakhāli. Dola-govinda teve três filhos, a saber, Cāṅda, Kandarpa e Gopīnātha. Os descendentes de Kandarpa vivem em Maldah, na vila de Jikābāḍī. Gopīnātha teve três filhos: Śrīvallabha, Prāṇavallabha e Keśava. Os descendentes de Śrī Vallabha vivem nas vilas conhecidas como Maśiyāḍārā (Mahiṣaḍerā), Dāmukadiyā e Caṇḍīpura. Há uma árvore genealógica para a família de Śrī Vallabha, começando com seu filho mais velho, Gaṅgā-nārāyaṇa. Os descendentes do filho caçula de Śrīvallabha, Rāmagopāla, ainda vivem em Dāmukadiyā, Caṇḍīpura, Śolamāri e assim por diante. Os descendentes de Prāṇavallabha e Keśava vivem em Uthalī. O filho de Prāṇavallabha foi Ratneśvara, cujo filho foi Kṛṣṇarāma, cujo filho caçula foi Lakṣmī-nārāyaṇa. Seu filho foi Navakiśora, e o segundo filho de Navakiśora foi Rāmamohana, cujo filho mais velho foi Jagabandhu e cujo terceiro filho, Vīracandra, aceitou a ordem de sannyāsa e estabeleceu uma Deidade do Senhor Caitanya Mahāprabhu em Katwa. Esses dois filhos de Rāmamohana eram conhecidos como Baḍa Prabhu e Choṭa Prabhu, e inauguraram a circum-ambulação de Navadvīpa-dhāma. Pode-se consultar o Vaiṣṇava-mañjuṣā para conhecer a árvore genealógica completa de Advaita Prabhu na linha de Kṛṣṇa Miśra.

Texto

śrī-gopāla-nāme āra ācāryera suta
tāṅhāra caritra, śuna, atyanta adbhuta

Sinônimos

śrī-gopāla — chamado Śrī Gopāla; nāme — pelo nome; āra — outro; ācāryera — de Advaita Ācārya; suta — filho; tāṅhāra — seu; caritra — caráter; śuna — ouvi; atyanta — muito; adbhuta — maravilhosas.

Tradução

Śrī Gopāla foi outro filho de Śrī Advaita Ācārya Prabhu. Agora, ouvi sobre suas características, pois elas são todas muito maravilhosas.

Comentário

SIGNIFICADO—Śrī Gopāla foi um dos três filhos devotados de Advaita Ācārya. A Madhya-līlā do Caitanya-caritāmṛta, capítulo doze, versos de 143 a 149, descreve sua vida e seu caráter.

Texto

guṇḍicā-mandire mahāprabhura sammukhe
kīrtane nartana kare baḍa prema-sukhe

Sinônimos

guṇḍicā-mandire — no Guṇḍicā-mandira em Jagannātha Purī; mahāprabhura — ao Senhor Caitanya Mahāprabhu; sammukhe — em frente; kīrtane — em saṅkīrtana; nartana — dançando; kare — faz; baḍa — bastante; prema-sukhe — em bem-aventurança transcendental.

Tradução

Quando o Senhor Caitanya limpou pessoalmente o Guṇḍicā-mandira em Jagannātha Purī, Gopāla dançou em frente ao Senhor com grande amor e felicidade.

Comentário

SIGNIFICADO—O Guṇḍicā-mandira encontra-se em Jagannātha Purī, e, todo ano, Jagannātha, Balabhadra e Subhadrā saem do templo de Jagannātha e vão para lá, onde ficam por oito dias. Enquanto o Senhor Caitanya Mahāprabhu vivia em Jagannātha Purī, todos os anos Ele pessoalmente limpava esse templo com Seus principais devotos. O capítulo chamado Guṇḍicā-marjana, do Caitanya-caritāmṛta, descreve isso vividamente.

Texto

nānā-bhāvodgama dehe adbhuta nartana
dui gosāñi ‘hari’ bale, ānandita mana

Sinônimos

nānā — diversos; bhāva-udgama — sintomas extáticos; dehe — no corpo; adbhuta — maravilhosos; nartana — dançando; dui gosāñi — os dois gosāñis (Caitanya Mahāprabhu e Advaita Prabhu); hari bale — cantam Hare Kṛṣṇa; ānandita — satisfeita; mana — mente.

Tradução

Enquanto o Senhor Caitanya Mahāprabhu e Advaita Prabhu dançavam e cantavam o mantra Hare Kṛṣṇa, havia diversos sintomas extáticos em Seus corpos, e Suas mentes ficavam muito satisfeitas.

Texto

nācite nācite gopāla ha-ila mūrcchita
bhūmete paḍila, dehe nāhika saṁvita

Sinônimos

nācite — dançando; nācite — dançando; gopāla — o filho de Advaita Prabhu; ha-ila — ficou; mūrcchita — inconsciente; bhūmete — no chão; paḍila — caiu; dehe — no corpo; nāhika — não havia; saṁvita — conhecimento (consciência).

Tradução

Enquanto todos eles dançavam, Gopāla, dançando e dançando, desmaiou e caiu no chão inconsciente.

Texto

duḥkhita ha-ilā ācārya putra kole lañā
rakṣā kare nṛsiṁhera mantra paḍiyā

Sinônimos

duḥkhita — triste; ha-ilā — ficou; ācārya — Advaita Prabhu; putra — Seu filho; kole — no colo; lañā — pegando; rakṣā — proteção; kare — faz; nṛsiṁhera — do Senhor Nṛsiṁha; mantra — o hino; paḍiyā — cantando.

Tradução

Advaita Ācārya Prabhu ficou muito triste. Pegando Seu filho no colo, começou a cantar o mantra de Nṛsiṁha para sua proteção.

Texto

nānā mantra paḍena ācārya, nā haya cetana
ācāryera duḥkhe vaiṣṇava karena krandana

Sinônimos

nānā — diversos; mantra — hinos; paḍena — canta; ācārya — Advaita Ācārya; nā — não; haya — se tornou; cetana — consciente; ācāryera — de Advaita Ācārya; duḥkhe — com tristeza; vaiṣṇava — todos os vaiṣṇavas; karena — fazem; krandana — chorar.

Tradução

Advaita Ācārya cantou diversos mantras, mas Gopāla não recobrou a consciência. Assim, todos os vaiṣṇavas presentes choraram de aflição vendo o estado de Advaita Ācārya.

Texto

tabe mahāprabhu, tāṅra hṛde hasta dhari’
‘uṭhaha, gopāla,’ kaila bala ‘hari’ ‘hari’

Sinônimos

tabe — nessa altura; mahāprabhu — o Senhor Caitanya Mahāprabhu; tāṅra — Sua; hṛde — sobre o coração; hasta — mão; dhari’ — mantendo; uṭhaha — levanta-te; gopāla — Meu querido Gopāla; kaila — disse; bala — canta; hari hari — o santo nome do Senhor.

Tradução

Então, o Senhor Caitanya Mahāprabhu colocou Sua mão sobre o peito de Gopāla e lhe disse: “Meu querido Gopāla, levanta-te e canta o santo nome do Senhor!”

Texto

uṭhila gopāla prabhura sparśa-dhvani śuni’
ānandita hañā sabe kare hari-dhvani

Sinônimos

uṭhila — levantou-se; gopāla — chamado Gopāla; prabhura — do Senhor; sparśa — toque; dhvani — som; śuni’ — ouvindo; ānandita — jubilante; hañā — tornando-se; sabe — todos; kare — fizeram; hari-dhvani — cantar do mahā-mantra Hare Kṛṣṇa.

Tradução

Ao ouvir esse som e sentir o toque do Senhor, Gopāla levantou-se imediatamente, e todos os vaiṣṇavas cantaram o mahā-mantra Hare Kṛṣṇa, cheios de júbilo.

Texto

ācāryera āra putra — śrī-balarāma
āra putra — ‘svarūpa’-śākhā, ‘jagadīśa’ nāma

Sinônimos

ācāryera — de Śrīla Advaita Ācārya; āra — outro; putra — filho; śrī-balarāma — chamado Śrī Balarāma; āra putra — outro filho; svarūpa — chamado Svarūpa; śākhā — galho; jagadīśa nāma — chamado Jagadīśa.

Tradução

Os outros filhos de Advaita Ācārya foram Śrī Balarāma, Svarūpa e Jagadīśa.

Comentário

SIGNIFICADO—O livro em sânscrito Advaita-carita afirma que Balarāma, Svarūpa e Jagadīśa foram o quarto, o quinto e o sexto filhos de Advaita Ācārya. Portanto, Śrī Advaita Ācārya teve seis filhos. Balarāma, Svarūpa e Jagadīśa, sendo smārtas ou māyāvādīs, foram rejeitados pela sociedade vaiṣṇava. Às vezes, os māyāvādīs fazem-se passar por vaiṣṇavas, ou adoradores do Senhor Viṣṇu, porém, na realidade, não acreditam o Senhor Viṣṇu como a Suprema Personalidade de Deus, pois consideram que semideuses como o senhor Śiva, Durgā, o deus do Sol e Gaṇeśa são iguais a Ele. De um modo geral, eles são conhecidos como pañcopāsaka-smārtas e não se deve incluí-los entre os vaiṣṇavas.

Balarāma teve três esposas e nove filhos. O filho caçula de sua primeira esposa era conhecido como Madhusūdana Gosvāmī. Ele assumiu o título Bhaṭṭācārya e aceitou o caminho da filosofia smārta, ou māyāvāda. Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura observa que o filho de Gosvāmī Bhaṭṭācārya, Śrī Rādhāramaṇa Gosvāmī Bhaṭṭācārya, recusou o título de gosvāmī por este ser geralmente reservado para sannyāsīs, aqueles que adotaram a ordem de vida renunciada. Quem ainda é casado não deve abusar do título gosvāmī. Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura não reconhecia os gosvāmīs de casta, pois eles não estavam na linha dos seis Gosvāmīs na ordem renunciada, que eram discípulos diretos do Senhor Caitanya Mahāprabhu – a saber, Śrīla Rūpa Gosvāmī, Śrīla Sanātana Gosvāmī, Śrīla Bhaṭṭa Raghunātha Gosvāmī, Śrīla Gopāla Bhaṭṭa Gosvāmī, Śrīla Jīva Gosvāmī e Śrīla Raghunātha Dāsa Gosvāmī. Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura disse que o gṛhastha-āśrama, ou o status da vida familiar, é uma espécie de concessão para o gozo dos sentidos. Portanto, um gṛhastha não deve falsamente adotar o título de gosvāmī. O movimento da ISKCON jamais conferiu o título gosvāmī a um chefe de família. Embora todos os sannyāsīs que temos iniciado na ISKCON sejam jovens, concedemos-lhes os títulos da ordem de vida renunciada, svāmī e gosvāmī, pois eles dedicaram suas vidas inteiramente a pregar o culto de Śrī Caitanya Mahāprabhu. Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura menciona que não somente os chefes de família gosvāmīs de casta desrespeitam o título gosvāmī, mas também, seguindo os princípios do smārta Raghunandana, fazem grandes tolices, queimando uma imagem de palha de Advaita Ācārya numa cerimônia de śrāddha, agindo assim como rākṣasas e desrespeitando a causa do Hari-bhakti-vilāsa, que é o guia para os vaiṣṇavas. Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura diz que, às vezes, esses gosvāmīs de casta smārtas escrevem livros sobre a filosofia vaiṣṇava ou comentários sobre as escrituras originais, mas um devoto puro deve cautelosamente evitar a leitura dos mesmos.

Texto

‘kamalākānta viśvāsa’-nāma ācārya-kiṅkara
ācārya-vyavahāra saba — tāṅhāra gocara

Sinônimos

kamalākānta viśvāsa — chamado Kamalākānta Viśvāsa; nāma — nome; ācārya-kiṅkara — servo de Advaita Ācārya; ācārya-vyavahāra — o que se passava com Advaita Ācārya; saba — tudo; tāṅhāra seu; gocara — dentro do conhecimento.

Tradução

Kamalākānta Viśvāsa, servo muito íntimo de Advaita Ācārya, sabia de tudo que se passava com Advaita Ācārya.

Comentário

SIGNIFICADO—Tanto o nome Kamalānanda, mencionado na Ādi-līlā (10.149), quanto o nome Kamalākānta, mencionado na Madhya-līlā (10.94), referem-se ao mesmo homem. Kamalākānta, servo muito íntimo do Senhor Caitanya Mahāprabhu e nascido em família de brāhmaṇas, dedicou-se ao serviço de Śrī Advaita Ācārya como Seu secretário. Ao ir de Navadvīpa para Jagannātha Purī, Paramānanda Purī levou Kamalākānta Viśvāsa com ele, e ambos foram visitar o Senhor Caitanya em Jagannātha Purī. Menciona-se na Madhya-līlā (10.94) que um dos devotos do Senhor Caitanya, um brāhmaṇa, Kamalākānta, viajou com Paramānanda Purī para Jagannātha Purī.

Texto

nīlācale teṅho eka patrikā likhiyā
pratāparudrera pāśa dila pāṭhāiyā

Sinônimos

nīlācale — em Jagannātha Purī; teṅho — Kamalākānta; eka — um; patrikā recado; likhiyā — descrevendo; pratāparudrera — Pratāparudra Mahārāja; pāśa — dirigiu-se a ele; dila pāṭhāiyā — enviou.

Tradução

Quando Kamalākānta Viśvāsa esteve em Jagannātha Purī, enviou um recado através de alguém para Mahārāja Pratāparudra.

Texto

sei patrīra kathā ācārya nāhi jāne
kona pāke sei patrī āila prabhu-sthāne

Sinônimos

sei patrīra — daquele recado; kathā — informação; ācārya — Śrī Advaita Ācārya; nāhi — não; jāne — sabe; kona — de alguma forma; pāke — por meios; sei — este; patrī recado; āila — chegou; prabhu-sthāne — às mãos do Senhor Caitanya Mahāprabhu.

Tradução

Ninguém sabia daquele recado, mas, de alguma forma, ele chegou às mãos de Śrī Caitanya Mahāprabhu.

Texto

se patrīte lekhā āche — ei ta’ likhana
īśvaratve ācāryere kariyāche sthāpana

Sinônimos

se — isto; patrīte — no recado; lekhā āche — se escreve; ei ta’ — isto; likhana — escrevendo; īśvaratve — no lugar do Senhor Supremo; ācāryere — para Advaita Ācārya; kariyāche — estabelecia; sthāpana — situação.

Tradução

O recado estabelecia Advaita Ācārya como uma encarnação da Suprema Personalidade de Deus.

Texto

kintu tāṅra daive kichu ha-iyāche ṛṇa
ṛṇa śodhibāre cāhi taṅkā śata-tina

Sinônimos

kintu — porém; tāṅra — Seu; daive — no devido curso do tempo; kichu — alguns; ha-iyāche — havia; ṛṇa — débito; ṛṇa — débito; śodhibāre — para liquidar; cāhi — desejo; taṅkā — rúpias; śata-tina — cerca de trezentos.

Tradução

Porém, também mencionava que Advaita Ācārya recentemente contraíra uma dívida de cerca de trezentas rúpias, que Kamalākānta Viśvāsa desejava liquidar.

Texto

patra paḍiyā prabhura mane haila duḥkha
bāhire hāsiyā kichu bale candra-mukha

Sinônimos

pātra — recado; paḍiyā — lendo; prabhura — do Senhor Caitanya Mahāprabhu; mane — na mente; haila — ficou; duḥkha — tristeza; bāhire — externamente; hāsiyā — sorrindo; kichu — algo; bale — diz; candra-mukha — a pessoa de rosto de lua.

Tradução

O Senhor Caitanya Mahāprabhu ficou triste ao ler o recado, embora Seu rosto ainda brilhasse tanto quanto a Lua. Assim, sorrindo, Ele falou o seguinte.

Texto

ācāryere sthāpiyāche kariyā īśvara
ithe doṣa nāhi, ācārya — daivata īśvara

Sinônimos

ācāryere — a Śrī Advaita Ācārya; sthāpiyāche — ele afirmou; kariyā — mencionando; īśvara — como a Suprema Personalidade de Deus; ithe — nisto; doṣa — erro; nāhi — não há; ācārya — Advaita Ācārya; daivata īśvara — Ele realmente é a Suprema Personalidade de Deus.

Tradução

“Ele afirmou que Advaita Ācārya é uma encarnação da Suprema Personalidade de Deus. Não há nada de errado nisso, pois, na verdade, Ele é o próprio Senhor.”

Texto

īśvarera dainya kari’ kariyāche bhikṣā
ataeva daṇḍa kari’ karāiba śikṣā

Sinônimos

īśvarera — da Suprema Personalidade de Deus; dainya — pobreza; kari’ — estabelecendo; kariyāche — fez; bhikṣāpedindo; ataeva — portanto; daṇḍa — punição; kari’ — dando-lhe; karāiba — causarei; śikṣā — instrução.

Tradução

“Porém, transformou a encarnação de Deus num miserável mendigo. Portanto, para corrigi-lo, irei puni-lo.”

Comentário

SIGNIFICADO—Descrever um homem como encarnação de Deus, ou Nārāyaṇa, e, ao mesmo tempo, apresentá-lo como um sujeito pobre é contraditório, e é a maior das ofensas. Os filósofos māyāvādīs, ocupados no trabalho missionário de estragar a cultura védica, pregam que todos são Deus, descrevem um homem pobre como daridra-nārāyaṇa, ou “Nārāyaṇa pobre.” O Senhor Caitanya Mahāprabhu nunca aceitou tais ideias tolas e desautorizadas. Ele advertiu estritamente que māyāvādi-bhāṣya śunile haya sarva-nāśa: “Qualquer pessoa que siga os princípios da filosofia māyāvāda certamente está condenada.” Um tolo dessa espécie precisa ser corrigido pela punição.

Embora seja contraditório dizer que a Suprema Personalidade de Deus, ou Sua encarnação, é pobre, vemos nas escrituras reveladas que, ao encarnar como Vāmana, o Senhor esmolou um pouco de terra de Bali Mahārāja. No entanto, todos sabem que Vāmanadeva não era pobre de modo algum. O ato de Ele mendigar de Mahārāja Bali foi um artifício para favorecê-lo. Quando Mahārāja Bali realmente deu a terra, Vāmanadeva demonstrou Sua posição todo-poderosa, cobrindo os três mundos com três passos. Não se deve aceitar os ditos daridra-nārāyaṇas como encarnações, pois eles são completamente incapazes de mostrar a opulência das encarnações genuínas de Deus.

Texto

govindere ājñā dila, — “iṅhā āji haite
bāuliyā viśvāse ethā nā dibe āsite”

Sinônimos

govindere — a Govinda; ājñā dila — ordenou; iṅhā — a este lugar; āji — hoje; haite — de; bāuliyā — o māyāvādī; viśvāse — a Kamalākānta Viśvāsa; ethā — aqui; nā — não; dibe — permitas; āsite — venha.

Tradução

O Senhor ordenou a Govinda: “De hoje em diante, não permitas que bāuliyā Kamalākānta Viśvāsa venha aqui.”

Comentário

SIGNIFICADO—Os bāuliyās, ou bāulas, são uma das treze seitas desautorizadas que se fazem passar por seguidores de Caitanya Mahāprabhu. O Senhor ordenou a Govinda, Seu assistente pessoal, que não permitisse que Kamalākānta Viśvāsa viesse à presença dEle, pois tornara-se um bāuliyā. Assim, embora a bāula-sampradāya, a āula-sampradāya e a sahajiyā-sampradāya, bem como os smārtas, os jāta-gosāñis, os ativāḍīs, os cūḍādhārīs e os gaurāṅga-nāgarīs, afirmem pertencer à sucessão discipular de Caitanya Mahāprabhu, na verdade, o Senhor rejeitou-os.

Texto

daṇḍa śuni’ ‘viśvāsa’ ha-ila parama duḥkhita
śuniyā prabhura daṇḍa ācārya harṣita

Sinônimos

daṇḍa — punição; śuni’ — ouvindo; viśvāsa — Kamalākānta Viśvāsa; ha-ila — ficou; parama — bastante; duḥkhita — triste; śuniyā — ouvindo; prabhura — do Senhor Caitanya Mahāprabhu; daṇḍa — punição; ācārya — Śrī Advaita Ācārya Prabhu; harṣita — muitíssimo satisfeito.

Tradução

Ao ouvir falar dessa punição de Śrī Caitanya Mahāprabhu, Kamalākānta Viśvāsa ficou muito triste, mas, ao ouvir falar disso, Advaita Prabhu ficou imensamente satisfeito.

Comentário

SIGNIFICADO—Na Bhagavad-gītā (9.29), o Senhor diz que samo ’haṁ sarva-bhūteṣu na me dveṣyo ’sti na priyaḥ: “Não invejo ninguém, nem sou parcial com ninguém. Sou igual para com todos.” Ninguém pode ser inimigo da Suprema Personalidade de Deus, pois Ele é igual para com todos, e ninguém pode ser Seu amigo. Uma vez que todos são partes ou filhos da Suprema Personalidade de Deus, o Senhor não pode parcialmente considerar alguém como amigo e um outro como inimigo. Assim, quando o Senhor Caitanya Mahāprabhu puniu Kamalākānta Viśvāsa por não mais permitir-lhe vir à Sua presença, embora a punição realmente fosse muito dolorosa para ele, Śrī Advaita Prabhu, compreendendo o sentido oculto de tal punição, ficou feliz, pois apreciou que o Senhor realmente favorecera Kamalākānta Viśvāsa. Portanto, Ele não ficou nada triste. Os devotos sempre devem ficar felizes com tudo o que fizer seu amo, a Suprema Personalidade de Deus. O devoto poderá ser colocado em dificuldade ou em opulência, mas deve aceitar ambas como dádivas da Suprema Personalidade de Deus e jubilosamente ocupar-se a serviço do Senhor em todas as circunstâncias.

Texto

viśvāsere kahe, — tumi baḍa bhāgyavān
tomāre karila daṇḍa prabhu bhagavān

Sinônimos

viśvāsere — a Kamalākānta Viśvāsa; kahe — disse; tumi — tu; baḍa — bastante; bhāgyavān — afortunado; tomāre — a ti; karila — fez; daṇḍa — punição; prabhu — o Senhor; bhagavān — a Suprema Personalidade de Deus.

Tradução

Vendo Kamalākānta Viśvāsa triste, Advaita Ācārya Prabhu lhe disse: “És imensamente afortunado, pois o Senhor Supremo, a Personalidade de Deus, o Senhor Caitanya Mahāprabhu, te puniu.”

Comentário

SIGNIFICADO—Esse é o julgamento autorizado de Śrī Advaita Prabhu. Ele claramente aconselha que não se deve ficar triste ao acontecerem reveses por ordem da Suprema Personalidade de Deus. O devoto sempre deve ficar feliz em receber a sorte concedida a ele pelo Senhor Supremo, a qual parece agradável ou desagradável segundo seu julgamento.

Texto

pūrve mahāprabhu more karena sammāna
duḥkha pāi’ mane āmi kailuṅ anumāna

Sinônimos

pūrve — anteriormente; mahāprabhu — o Senhor Caitanya Mahāprabhu; more — a Mim; karena — faz; sammāna — respeito; duḥkha — infeliz; pāi’ — ficando; mane — na mente; āmi — Eu; kailuṅ — fiz; anumāna — um plano.

Tradução

“Anteriormente, o Senhor Caitanya Mahāprabhu sempre Me respeitava como mais velho que Ele; Eu, porém, não gostava de tal respeito. Portanto, com Minha mente aflita de tristeza, fiz um plano.”

Texto

mukti — śreṣṭha kari’ kainu vāśiṣṭha vyākhyāna
kruddha hañā prabhu more kaila apamāna

Sinônimos

mukti — liberação; śreṣṭha — a mais elevada; kari’ — aceitando; kainu — fiz; vāśiṣṭha — o livro conhecido como Yoga-vāśiṣṭha; vyākhyāna — explicação; kruddha — zangado; hañā — ficando; prabhu — o Senhor; more — a Mim; kaila — fez; apamāna — desrespeito.

Tradução

“Assim, expus o Yoga-vāśiṣṭha, que considera a liberação a meta última da vida. Devido a isso, o Senhor ficou zangado comigo e tratou-Me com aparente desrespeito.”

Comentário

SIGNIFICADO—Há um livro chamado Yoga-vāśiṣṭha, que os māyāvādīs apreciam imensamente devido a estar repleto de equívocos impersonalistas com respeito à Suprema Personalidade de Deus, sem nenhum toque de vaiṣṇavismo. Na realidade, todos os vaiṣṇavas devem evitar tal livro, mas Advaita Ācārya Prabhu, desejando ser punido pelo Senhor, começou a apoiar as afirmações impessoais do Yoga-vāśiṣṭha. Assim, o Senhor Caitanya Mahāprabhu ficou extremamente zangado com Ele e tratou-O com aparente desrespeito.

Texto

daṇḍa pāñā haila mora parama ānanda
ye daṇḍa pāila bhāgyavān śrī-mukunda

Sinônimos

daṇḍa pāñā — receber a punição; haila — tornou-se; mora — Minha; parama — muito grande; ānanda — felicidade; ye daṇḍa — a punição; pāila — obtida; bhāgyavān — o muito afortunado; śrī-mukunda — chamado Śrī Mukunda.

Tradução

“Ao ser castigado pelo Senhor Caitanya, fiquei muito feliz de receber uma punição semelhante àquela concedida a Śrī Mukunda.”

Comentário

SIGNIFICADO—Śrī Mukunda, grande amigo e associado do Senhor Caitanya Mahāprabhu, costumava visitar muitos lugares onde as pessoas eram contrárias ao culto vaiṣṇava. Quando o Senhor Caitanya Mahāprabhu ficou sabendo disso, puniu Mukunda, proibindo-o de vê-lO novamente. Embora Caitanya Mahāprabhu fosse suave como uma flor, era também severo como um trovão, e todos tinham medo de permitir que Mukunda viesse novamente à presença de Śrī Caitanya Mahāprabhu. Portanto, ficando muito sentido, Mukunda perguntou a seus outros amigos se um dia lhe permitiriam ver o Senhor Caitanya Mahāprabhu. Quando os devotos levaram essa pergunta ao Senhor Caitanya, o Senhor respondeu: “Mukunda terá permissão de ver-Me após muitos milhões de anos.” Ao darem essa informação a Mukunda, ele dançou de alegria, e, ao ouvir que Mukunda esperava tão pacientemente encontrá-lO, após milhões de anos, o Senhor Caitanya Mahāprabhu imediatamente pediu-lhe que voltasse. Há um registro dessa punição de Mukunda no Caitanya-bhāgavata, Madhya-khaṇḍa, décimo capítulo.

Texto

ye daṇḍa pāila śrī-śacī bhāgyavatī
se daṇḍa prasāda anya loka pābe kati

Sinônimos

ye daṇḍa — a punição; pāila — obtida; śrī-śacī bhāgyavatī — a muito afortunada mãe Śacīdevī; se daṇḍa — a mesma punição; prasāda — favor; anya — outra; loka — pessoa; pābe — pode obter; kati — como.

Tradução

“Foi concedida uma punição semelhante a mãe Śacīdevī. Quem poderia ser mais afortunado do que ela em receber tal punição?”

Comentário

SIGNIFICADO—Mãe Śacīdevī foi de modo semelhante punida, como se menciona no Caitanya-bhāgavata, Madhya-līlā, capítulo vinte e dois. Aparentemente mostrando sua natureza feminina, mãe Śacīdevī acusou Advaita Prabhu de encorajar seu filho a tornar-Se um sannyāsī. Caitanya Mahāprabhu, considerando essa acusação como uma ofensa, pediu a Śacīdevī que tocasse os pés de lótus de Advaita Ācārya para mitigar a ofensa que ela supostamente cometera.

Texto

eta kahi’ ācārya tāṅre kariyā āśvāsa
ānandita ha-iyā āila mahāprabhu-pāśa

Sinônimos

eta kahi’ — falando assim; ācārya — Śrī Advaita Ācārya Prabhu; tāṅre — a Kamalākānta Viśvāsa; kariyā — fazendo; āśvāsa — tranquilização; ānandita — feliz; ha-iyā — tornando-se; āila — foi; mahāprabhu-pāśa — aonde estava o Senhor Caitanya Mahāprabhu.

Tradução

Após tranquilizar Kamalākānta Viśvāsa dessa maneira, Śrī Advaita Ācārya Prabhu foi ver Caitanya Mahāprabhu.

Texto

prabhuke kahena — tomāra nā bujhi e līlā
āmā haite prasāda-pātra karilā kamalā

Sinônimos

prabhuke — ao Senhor; kahena — diz; tomāra — Teus; nā — não; bujhi — compreendo; e — estes; līlā — passatempos; āmā — a Mim; haite — mais do que; prasāda-pātra — objeto de favor; karilā — fizeste; kamalā — a Kamalākānta Viśvāsa.

Tradução

Śrī Advaita Ācārya disse ao Senhor Caitanya: “Não posso compreender Teus passatempos transcendentais. Fizeste mais favor a Kamalākānta do que geralmente fazes a Mim.”

Texto

āmāreha kabhu yei nā haya prasāda
tomāra caraṇe āmi ki kainu aparādha

Sinônimos

āmāreha — mesmo a Mim; kabhu — em tempo algum; yei — isto; na — jamais; haya — se torna; prasāda — favor; tomāra caraṇe — a Teus pés de lótus; āmi — Eu; ki — que; kainu — fiz; aparādha — ofensa.

Tradução

“O favor que concedeste a Kamalākānta é tão grande que nem a Mim Tu jamais concedeste semelhante favor. Que ofensa cometi a Teus pés de lótus para não obter tal favor?”

Comentário

SIGNIFICADO—Esta é uma referência à antiga punição do Senhor Caitanya Mahāprabhu a Advaita Ācārya. Quando Advaita Ācārya Prabhu leu o Yoga-vāśiṣṭha, o Senhor Caitanya Mahāprabhu bateu nEle, mas nunca Lhe disse para não vir mais à Sua presença. Kamalākānta, porém, foi punido com a ordem de nunca vir à presença do Senhor. Portanto, Śrī Advaita Ācārya Prabhu quis convencer Caitanya Mahāprabhu de que Ele mostrara mais favor a Kamalākānta Viśvāsa, pois proibira Kamalākānta de vê-lO, ao passo que não fizera isso com Ele, Advaita Ācārya. Portanto, o favor concedido a Kamalākānta Viśvāsa foi maior do que o concedido a Advaita Ācārya.

Texto

eta śuni’ mahāprabhu hāsite lāgilā
bolāiyā kamalākānte prasanna ha-ilā

Sinônimos

eta śuni’ — assim, ouvindo; mahāprabhu — o Senhor Caitanya Mahāprabhu; hāsite — a rir; lāgilā — começou; bolāiyā — chamando; kamalākānte — a Kamalākānta; prasanna — satisfeito; ha-ilā — ficou.

Tradução

Ao ouvir isso, o Senhor Caitanya Mahāprabhu riu com satisfação e imediatamente chamou Kamalākānta Viśvāsa.

Texto

ācārya kahe, ihāke kene dile daraśana
dui prakārete kare more viḍambana

Sinônimos

ācārya kahe — Śrī Advaita Ācārya disse; ihāke — a ele; kene — por que; dile — deste, daraśana — audiência; dui — duas; prakārete — de maneiras; kare — faz; more — a Mim; viḍambana — enganando.

Tradução

Então, Advaita Ācārya disse a Caitanya Mahāprabhu: “Por que chamaste este homem de volta e lhe permitiste ver-Te? Ele enganou-Me de duas maneiras.”

Texto

śuniyā prabhura mana prasanna ha-ila
duṅhāra antara-kathā duṅhe se jānila

Sinônimos

śuniyā — ouvindo isto; prabhura — de Caitanya Mahāprabhu; mana — mente; prasanna — satisfação; ha-ila — sentida; duṅhāra — de ambos; antara-kathā — conversas confidenciais; duṅhe — ambos; se — isto; jānila — podiam entender.

Tradução

Ao ouvir isso, a mente de Caitanya Mahāprabhu ficou satisfeita. Somente Eles podiam entender a mente um do outro.

Texto

prabhu kahe — bāuliyā, aiche kāhe kara
ācāryera lajjā-dharma-hāni se ācara

Sinônimos

prabhu kahe — o Senhor disse; bāuliyā — aquele que não sabe o que é correto; aiche — dessa maneira; kāhe por que; kara — fazes; ācāryera — de Śrī Advaita Ācārya; lajjāprivacidade; dharma — religião; hāni — perda; se — isto; ācara — ages.

Tradução

O Senhor Caitanya Mahāprabhu disse a Kamalākānta: “És um bāuliyā, aquele que não conhece as coisas como elas são. Por que ages dessa maneira? Por que invades a privacidade de Advaita Ācārya e prejudicas Seus princípios religiosos?”

Comentário

SIGNIFICADO—Por ignorância, Kamalākānta Viśvāsa pediu ao rei de Jagannātha Purī, Mahārāja Pratāparudra, para liquidar o débito de trezentas rúpias de Advaita Ācārya, mas, ao mesmo tempo, estabeleceu Advaita Ācārya como uma encarnação da Divindade Suprema. Uma encarnação da Suprema Personalidade de Deus não pode endividar-Se com ninguém neste mundo material. Caitanya Mahāprabhu nunca fica satisfeito com semelhante mundo material. Caitanya Mahāprabhu nunca fica satisfeito com semelhante contradição, tecnicamente chamada de rasābhāsa, ou sobreposição de um humor (rasa) com outro. Esse é o mesmo tipo de ideia que a contradição de considerar Nārāyaṇa pobre (daridra-nārāyaṇa).

Texto

pratigraha kabhu nā karibe rāja-dhana
viṣayīra anna khāile duṣṭa haya mana

Sinônimos

pratigraha — aceitar esmolas; kabhu — em tempo algum; nā — não; karibe — deve fazer; rāja-dhana — caridade de reis; viṣayīra — de homens que são materialistas; anna — alimentos; khāile — comendo; duṣṭa — poluída; haya — fica; mana — a mente.

Tradução

“Advaita Ācārya, Meu mestre espiritual, não deve jamais aceitar caridade de homens ricos ou reis, pois, caso um mestre espiritual aceite dinheiro ou alimentos de tais materialistas, sua mente fica poluída.”

Comentário

SIGNIFICADO—É muito arriscado aceitar dinheiro ou alimentos de pessoas materialistas, pois tal aceitação polui a mente de quem recebe a caridade. Segundo o sistema védico, deve-se dar caridade a sannyāsīs e a brāhmaṇas, pois aquele que dá caridade assim livra-se de suas atividades pecaminosas. Portanto, outrora, os brāhmaṇas não aceitavam caridade de uma pessoa, a menos que esta fosse muito piedosa. O Senhor Caitanya Mahāprabhu deu essa instrução para todos os mestres espirituais. Pessoas materialistas que não se sentem inclinadas a abandonar suas atividades pecaminosas, tais como sexo ilícito, intoxicação, jogos de azar e consumo de carne, às vezes desejam tornar-se nossos discípulos, mas, ao contrário de mestres espirituais profissionais que aceitam discípulos independentemente da condição deles, os vaiṣṇavas não aceitam tais discípulos baratos. É preciso que o discípulo pelo menos concorde em seguir seriamente as regras e regulações antes que o ācārya vaiṣṇava possa aceitá-lo. De fato, um vaiṣṇava não deve nem mesmo aceitar caridade ou alimentos de pessoas que não sigam as regras e regulações dos princípios vaiṣṇavas.

Texto

mana duṣṭa ha-ile nahe kṛṣṇera smaraṇa
kṛṣṇa-smṛti vinu haya niṣphala jīvana

Sinônimos

mana — mente; duṣṭa — poluída; ha-ile — tornando-Se; nahe — não é possível; kṛṣṇera — do Senhor Kṛṣṇa; smaraṇa — lembrança; kṛṣṇa-smṛti — lembrança do Senhor Kṛṣṇa; vinu — sem; haya — se torna; niṣphala — infrutífera; jīvana — vida.

Tradução

“Quando a mente de alguém fica poluída, é muito difícil lembrar-se de Kṛṣṇa, e quando isso o impede de lembrar-se do Senhor Kṛṣṇa, sua vida torna-se infrutífera.”

Comentário

SIGNIFICADO—Um devoto deve sempre estar alerta, mantendo sua mente bem disposta para que possa sempre lembrar-se do Senhor Śrī Kṛṣṇa. Os śāstras afirmam que smartavyaḥ satataṁ viṣṇuḥ: na vida devocional, sempre deve-se lembrar-se do Senhor Viṣṇu. Śrīla Śukadeva Gosvāmī também aconselhou a Mahārāja Parīkṣit: smārtavyo nityaśaḥ. No Segundo Canto, Primeiro Capítulo, do Śrīmad-Bhāgavatam, Śukadeva Gosvāmī aconselhou a Parīkṣit Mahārāja:

tasmād bhārata sarvātmā
bhagavān īśvaro hariḥ

śrotavyaḥ kīrtitavyaś ca
smartavyaś cecchatābhayam

“Ó descendente do rei Bharata, aquele que deseja livrar-se de todas as misérias deve ouvir, glorificar e também lembrar-se da Suprema Personalidade de Deus, que é a Superalma, o controlador e o mitigador de todas as misérias.” (Śrīmad-Bhāgavatam 2.1.5) Esse é o resumo de todas as atividades de um vaiṣṇava, e a mesma instrução repete-se aqui (kṛṣṇa-smṛti vinu haya niṣphala jīvana). Śrīla Rūpa Gosvāmī afirma no Bhakti-rasāmṛta-sindhu que avyartha-kālatvam: o vaiṣṇava deve ser muito alerta em não perder nem mesmo um segundo de sua valiosa duração de vida. Esse é um sintoma do vaiṣṇava. Porém, o contato com homens de dinheiro, ou viṣayīs, materialistas que só estão interessados em gozo dos sentidos, polui a mente e nos impede de nos lembrarmos do Senhor Kṛṣṇa constantemente. Portanto, Śrī Caitanya Mahāprabhu aconselhou que asat-saṅga-tyāga — ei vaiṣṇava-ācāra: o vaiṣṇava deve comportar-se de tal maneira que nunca se associe com não-devotos ou materialistas (Caitanya-caritāmṛta, Madhya 22.87). É possível evitar tal associação mediante o simples processo de lembrar-se sempre de Kṛṣṇa dentro do coração.

Texto

loka-lajjā haya, dharma-kīrti haya hāni
aiche karma nā kariha kabhu ihā jāni’

Sinônimos

loka-lajjā — impopularidade; haya — fica; dharma — religião; kīrti — reputação; haya — fica; hāni — prejudicada; aiche — tal; karma — trabalho; nā — não; kariha — executes; kabhu — jamais; ihā disto; jāni’ — sabendo.

Tradução

“Assim, a pessoa torna-se impopular aos olhos das pessoas em geral, pois isso prejudica sua religiosidade e fama. Um vaiṣṇava, especialmente aquele que age como mestre espiritual, não deve agir de tal maneira. Deve-se estar sempre consciente desse fato.”

Texto

ei śikṣā sabākāre, sabe mane kaila
ācārya-gosāñi mane ānanda pāila

Sinônimos

ei — esta; śikṣā — instrução; sabākāre — a todos; sabe — todos os presentes; mane — mentalmente; kaila — aceitaram-na; ācārya-gosāñi — Advaita Ācārya; mane — mentalmente; ānanda — prazer; pāila — sentiu.

Tradução

Quando Caitanya Mahāprabhu deu esta instrução a Kamalākānta, todos os presentes consideraram-na como destinada a todos. Assim, Advaita Ācārya ficou imensamente satisfeito.

Texto

ācāryera abhiprāya prabhu-mātra bujhe
prabhura gambhīra vākya ācārya samujhe

Sinônimos

ācāryera — de Advaita Ācārya; abhiprāya — intenção; prabhu-mātra — somente o Senhor Caitanya Mahāprabhu; bujhe — pode compreender; prabhura — do Senhor Caitanya Mahāprabhu; gambhīra — grave; vākya — instrução; ācārya — Advaita Ācārya; samujhe — pode compreender.

Tradução

Somente o Senhor Caitanya Mahāprabhu pôde compreender as intenções de Advaita Ācārya, e Advaita Ācārya apreciou a grave instrução do Senhor Caitanya Mahāprabhu.

Texto

ei ta’ prastāve āche bahuta vicāra
grantha-bāhulya-bhaye nāri likhibāra

Sinônimos

ei ta — nesta; prastāve — afirmação; āche — existem; bahuta — muitas; vicāra — considerações; grantha — do livro; bāhulya — da expansão; bhaye — por medo; nāri — não; likhibāra — escrevo.

Tradução

Nessa afirmação, existem muitas considerações confidenciais. Não escrevo sobre todas elas, temendo um aumento desnecessário no volume do livro.

Texto

śrī-yadunandanācārya — advaitera śākhā
tāṅra śākhā-upaśākhāra nāhi haya lekhā

Sinônimos

śrī-yadunandanācārya — chamado Śrī Yadunandana Ācārya; advaitera — de Advaita Ācārya; śākhā — galho; tāṅra — seus; śākhā — galhos; upaśākhāra — galhos secundários; nāhi — não; haya — há; lekhā — escrita.

Tradução

O quinto galho de Advaita Ācārya foi Śrī Yadunandana Ācārya, cujos galhos e galhos secundários eram tantos que é impossível escrever sobre eles.

Comentário

SIGNIFICADO—Yadunandana Ācārya foi o mestre espiritual iniciador oficial de Raghunātha Dāsa Gosvāmī. Em outras palavras, quando Raghunātha Dāsa Gosvāmī era chefe de família, Yadunandana Ācārya iniciou-o em casa. Mais tarde, Raghunātha Dāsa Gosvāmī refugiou-se em Śrī Caitanya Mahāprabhu, em Jagannātha Purī.

Texto

vāsudeva dattera teṅho kṛpāra bhājana
sarva-bhāve āśriyāche caitanya-caraṇa

Sinônimos

vāsudeva dattera — de Vasudeva Datta; teṅho — foi; kṛpāra — da misericórdia; bhājana — competente para receber; sarva-bhāve — sob todos os aspectos; āśriyāche — abrigou-se; caitanya-caraṇa — nos pés de lótus do Senhor Caitanya.

Tradução

Śrī Yadunandana Ācārya foi estudante de Vāsudeva Datta, de quem recebeu toda a misericórdia. Portanto, ele pôde aceitar os pés de lótus do Senhor Caitanya como o abrigo supremo sob todos os pontos de vista.

Comentário

SIGNIFICADO—O Gaura-gaṇoddeśa-dīpikā (140) descreve que Vāsudeva Datta fora, outrora, Madhuvrata, um cantor em Vṛndāvana.

Texto

bhāgavatācārya, āra viṣṇudāsācārya
cakrapāṇi ācārya, āra ananta ācārya

Sinônimos

bhāgavatācārya — chamado Bhāgavata Ācārya; āra — e; viṣṇudāsācārya — chamado Viṣṇudāsa Ācārya; cakrapāṇi ācārya — chamado Cakrapāṇi Ācārya; āra — e; ananta ācārya — chamado Ananta Ācārya.

Tradução

Bhāgavata Ācārya, Viṣṇudāsa Ācārya, Cakrapāṇi Ācārya e Ananta Ācārya foram o sexto, o sétimo, o oitavo e o nono galhos de Advaita Ācārya.

Comentário

SIGNIFICADO—Em seu Anubhāṣya, Śrī Bhaktisiddhānta Sarasvatī Gosvāmī Prabhupāda diz que Bhāgavata Ācārya anteriormente estivera entre os seguidores de Advaita Ācārya, mas foi mais tarde incluído entre os seguidores de Gadādhara Paṇḍita. O sexto verso do Śākhā-nirṇayāmṛta, um livro escrito por Yadunandana Dāsa, afirma que Bhāgavata Ācārya compilou um livro famoso, chamado Prema-taraṅgiṇī. Segundo o Gaura-gaṇoddeśa-dīpikā (195), Bhāgavata Ācārya vivera anteriormente em Vṛndāvana como Śveta-mañjarī. Viṣṇudāsa Ācārya esteve presente durante o Khetari-mahotsava. Ele foi lá com Acyutānanda, como se afirma no Bhakti-ratnākara, décimo taraṅga. Ananta Ācārya era uma das oito gopīs principais. Seu nome anterior foi Sudevī. Embora estivesse entre os seguidores de Advaita Ācārya, mais tarde tornou-se um devoto importante de Gadādhara Gosvāmī.

Texto

nandinī, āra kāmadeva, caitanya-dāsa
durlabha viśvāsa, āra vanamāli-dāsa

Sinônimos

nandinī — chamado Nandinī; āra — e; kāmadeva — chamado Kāmadeva; caitanya dāsa — chamado Caitanya Dāsa; durlabha viśvāsa — chamado Durlabha Viśvāsa; āra — e; vanamāli dāsa — chamado Vanamālī Dāsa.

Tradução

Nandinī, Kāmadeva, Caitanya Dāsa, Durlabha Viśvāsa e Vanamālī Dāsa foram o décimo, o décimo primeiro, o décimo segundo, o décimo terceiro e o décimo quarto galhos de Śrī Advaita Ācārya.

Texto

jagannātha kara, āra kara bhavanātha
hṛdayānanda sena, āra dāsa bholānātha

Sinônimos

jagannātha kara — chamado Jagannātha Kara; āra — e; kara bhavanātha — chamado Bhavanātha Kara; hṛdayānanda sena — chamado Hṛdayānanda Sena; āra — e; dāsa bholānātha — chamado Bholānātha Dāsa.

Tradução

Jagannātha Kara, Bhavanātha Kara, Hṛdayānanda Sena e Bholānātha Dāsa foram o décimo quinto, o décimo sexto, o décimo sétimo e o décimo oitavo galhos de Advaita Ācārya.

Texto

yādava-dāsa, vijaya-dāsa, dāsa janārdana
ananta-dāsa, kānu-paṇḍita, dāsa nārāyaṇa

Sinônimos

yādava-dāsa — chamado Yādava Dāsa; vijaya-dāsa — chamado Vijaya Dāsa; dāsa janārdana — chamado Janārdana Dāsa; ananta-dāsa — chamado Ananta Dāsa; kanu paṇḍita — chamado Kānu Paṇḍita; dāsa nārāyaṇa — chamado Nārāyaṇa Dāsa.

Tradução

Yādava Dāsa, Vijaya Dāsa, Janārdana Dāsa, Ananta Dāsa, Kānu Paṇḍita e Nārāyaṇa Dāsa foram o décimo nono, o vigésimo, o vigésimo primeiro, o vigésimo segundo, o vigésimo terceiro e o vigésimo quarto galhos de Advaita Ācārya.

Texto

śrīvatsa paṇḍita, brahmacārī haridāsa
puruṣottama brahmacārī, āra kṛṣṇadāsa

Sinônimos

śrīvatsa paṇḍita — chamado Śrīvatsa Paṇḍita; brahmacārī haridāsa — chamado Haridāsa Brahmacārī; puruṣottama brahmacārī — chamado Puruṣottama Brahmacārī; āra — e; kṛṣṇadāsa — chamado Kṛṣṇadāsa.

Tradução

Śrīvatsa Paṇḍita, Haridāsa Brahmacārī, Puruṣottama Brahmacārī e Kṛṣṇadāsa foram o vigésimo quinto, o vigésimo sexto, o vigésimo sétimo e o vigésimo oitavo galhos de Advaita Ācārya.

Texto

puruṣottama paṇḍita, āra raghunātha
vanamālī kavicandra, āra vaidyanātha

Sinônimos

puruṣottama paṇḍita — chamado Puruṣottama Paṇḍita; āra raghunātha — e Raghunātha; vanamālī kavicandra — chamado Vanamālī Kavicandra; āra — e; vaidyanātha — chamado Vaidyanātha.

Tradução

Puruṣottama Paṇḍita, Raghunātha, Vanamālī Kavicandra e Vaidyanātha foram o vigésimo nono, o trigésimo, o trigésimo primeiro e o trigésimo segundo galhos de Advaita Ācārya.

Texto

lokanātha paṇḍita, āra murāri paṇḍita
śrī-haricaraṇa, āra mādhava paṇḍita

Sinônimos

lokanātha paṇḍita — chamado Lokānātha Paṇḍita; āra — e; murāri paṇḍita — chamado Murāri Paṇḍita; śrī-haricaraṇa — chamado Śrī Haricaraṇa; āra — e; mādhava paṇḍita — chamado Mādhava Paṇḍita.

Tradução

Lokanātha Paṇḍita, Murāri Paṇḍita, Śrī Haricaraṇa e Mādhava Paṇḍita foram o trigésimo terceiro, o trigésimo quarto, o trigésimo quinto e o trigésimo sexto galhos de Advaita Ācārya.

Texto

vijaya paṇḍita, āra paṇḍita śrīrāma
asaṅkhya advaita-śākhā kata la-iba nāma

Sinônimos

vijaya-paṇḍita — chamado Vijaya Paṇḍita; āra — e; paṇḍita śrīrāma — chamado Śrīrāma Paṇḍita; asaṅkhya — inúmeros; advaita-śākhā — galhos de Advaita Ācārya; kata — quantos; la-iba — enumerarei; nāma — seus nomes.

Tradução

Vijaya Paṇḍita e Śrīrāma Paṇḍita foram dois importantes galhos de Advaita Ācārya. São inúmeros os galhos, mas sou incapaz de mencioná-los a todos.

Comentário

SIGNIFICADO—Uma vez que Śrīvāsa Paṇḍita era uma encarnação de Nārada Muni, seu irmão mais novo, Śrīrāma Paṇḍita, é aceito como uma encarnação de Parvata Muni, o amigo mais íntimo de Nārada Muni.

Texto

māli-datta jala advaita-skandha yogāya
sei jale jīye śākhā, — phula-phala pāya

Sinônimos

māli-datta — dada pelo jardineiro; jala — água; advaita-skandha — o galho conhecido como Advaita Ācārya; yogāya — supre; sei — com esta; jale — água; jīye — vive; śākhā — galhos; phula-phala — frutos e flores; pāya — crescem.

Tradução

O galho Advaita Ācārya recebeu a água suprida pelo jardineiro original, Śrī Caitanya Mahāprabhu. Dessa maneira, os galhos secundários nutriram-se, e seus frutos e flores cresceram exuberantemente.

Comentário

SIGNIFICADO—Os galhos de Advaita Ācārya nutridos pela água (jala) suprida por Śrī Caitanya Mahāprabhu devem ser considerados ācāryas fidedignos. Como já discutimos antes, os representantes de Advaita Ācārya mais tarde dividiram-se em dois grupos – os galhos fidedignos da sucessão discipular do ācārya e os galhos pretensiosos de Advaita Ācārya. Aqueles que seguiram os princípios de Caitanya Mahāprabhu floresceram, ao passo que os outros, os quais são mencionados abaixo, no sexagésimo sétimo verso, secaram.

Texto

ihāra madhye mālī pāche kona śākhā-gaṇa
nā māne caitanya-mālī durdaiva kāraṇa

Sinônimos

ihāra — deles; madhye — dentro; mālī — o jardineiro; pāche — mais tarde; kona — alguns; śākhā-gaṇa — galhos; nā — não; māne — aceita; caitanya-mālī — o jardineiro Senhor Caitanya; durdaiva — lamentável; kāraṇa — razão.

Tradução

Após o desaparecimento do Senhor Caitanya Mahāprabhu, alguns dos galhos, por razões lamentáveis, desviaram-se de Seu caminho.

Texto

sṛjāila, jīyāila, tāṅre nā mānila
kṛtaghna ha-ilā, tāṅre skandha kruddha ha-ila

Sinônimos

sṛjāila — frutificavam; jīyāila — mantinha; tāṅre — a Ele; nā — não; mānila — aceitaram; kṛtaghna — ingratos; ha-ilā — tornaram-se assim; tāṅre — com eles; skandha — tronco; kruddha — zangado; ha-ila — ficou.

Tradução

Alguns galhos não aceitaram o tronco original que vitalizava e mantinha a árvore inteira. Ao tornarem-se ingratos assim, o tronco original ficou zangado com eles.

Texto

kruddha hañā skandha tāre jala nā sañcāre
jalābhāve kṛśa śākhā śukāiyā mare

Sinônimos

kruddha hañā — ficando zangado; skandha — o tronco; tāre — sobre eles; jala — água; nā — não; sañcāre — derramou; jala-abhāve — por falta d’água; kṛśa — mais magros; śākhā — galhos; śukāiyā — secaram; mare — morreram.

Tradução

Assim, o Senhor Caitanya não derramou sobre eles a água de Sua misericórdia, e, aos poucos, eles murcharam e morreram.

Texto

caitanya-rahita deha — śuṣkakāṣṭha-sama
jīvitei mṛta sei, maile daṇḍe yama

Sinônimos

caitanya-rahita — sem consciência; deha — corpo; śuṣka-kāṣṭha-sama —exatamente como madeira seca; jīvitei — enquanto vive; mṛta — morta; sei — esta; maile — após a morte; daṇḍe — castiga; yama — Yamarāja.

Tradução

Uma pessoa sem consciência de Kṛṣṇa não é melhor do que madeira seca ou um corpo morto. Entende-se que ela está morta apesar de viva e, após a morte, é merecedora da punição de Yamarāja.

Comentário

SIGNIFICADO—No Śrīmad-Bhāgavatam, sexto canto, terceiro capítulo, vigésimo nono verso, Yamarāja, o superintendente da morte, diz a seus assistentes que classe de homens eles devem trazer perante ele. Ali, ele afirma: “Uma pessoa cuja língua nunca descreve as qualidades e o santo nome da Suprema Personalidade de Deus, cujo coração nunca palpita quando se lembra de Kṛṣṇa e de Seus pés de lótus e cuja cabeça nunca se prostra em reverências ao Senhor Supremo, deve ser trazida perante mim para punição.” Em outras palavras, os não-devotos são levados perante Yamarāja para punição, e, assim, a natureza material concede-lhes diversos tipos de corpos. Após a morte, que é dehāntara, uma mudança de corpo, os não-devotos são trazidos perante Yamarāja para justiça. Mediante o julgamento de Yamarāja, a natureza material lhes dá corpos adequados às ações resultantes de suas atividades passadas. Esse é o processo de dehāntara, ou transmigração do eu de um corpo a outro. Contudo, os devotos conscientes de Kṛṣṇa não estão sujeitos ao julgamento de Yamarāja. Para os devotos, há uma estrada aberta, como se confirma na Bhagavad-gītā. Após abandonar o corpo (tyaktvā deham), o devoto não precisa mais aceitar outro corpo material, pois, em seu corpo espiritual, ele volta ao lar, volta ao Supremo. As punições de Yamarāja destinam-se a pessoas que não são conscientes de Kṛṣṇa.

Texto

kevala e gaṇa-prati nahe ei daṇḍa
caitanya-vimukha yei sei ta’ pāṣaṇḍa

Sinônimos

kevala — apenas; e — este; gaṇa — grupo; prati — a eles; nahe — não é; ei — esta; daṇḍa — punição; caitanya-vimukha — contrária a Śrī Caitanya Mahāprabhu; yei — qualquer pessoa; sei — ela; ta — como também; pāṣaṇḍa — ateísta.

Tradução

Não apenas os descendentes desorientados de Advaita Ācārya, como também qualquer pessoa que seja contrária ao culto de Śrī Caitanya Mahāprabhu, devem ser considerados ateístas sujeitos à punição de Yamarāja.

Texto

ki paṇḍita, ki tapasvī, kibā gṛhī, yati
caitanya-vimukha yei, tāra ei gati

Sinônimos

ki paṇḍita — quer seja um estudioso erudito; ki tapasvī — quer grande asceta; kibā gṛhī — chefe de família; yati — ou sannyāsī; caitanya-vimukha — aquele que é contrário ao culto de Śrī Caitanya Mahāprabhu; yei — qualquer pessoa; tāra seu; e — este; gati — destino.

Tradução

Quer seja acadêmico erudito, grande asceta, chefe de família bem-sucedido ou sannyāsī famoso, se alguém é contrário ao culto de Śrī Caitanya Mahāprabhu, destina-se a sofrer o castigo imposto por Yamarāja.

Texto

ye ye laila śrī-acyutānandera mata
sei ācāryera gaṇa — mahā-bhāgavata

Sinônimos

ye ye — qualquer pessoa que; laila — aceitasse; śrī-acyutānandera — de Śrī Acyutānanda; mata — o caminho; sei — esses; ācāryera gaṇa — descendentes de Advaita Ācārya; mahā-bhāgavata — são todos grandes devotos.

Tradução

Os descendentes de Advaita Ācārya que aceitaram o caminho de Śrī Acyutānanda eram todos grandes devotos.

Comentário

SIGNIFICADO—A esse respeito, Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura, em seu Amṛta-pravāha-bhāṣya, faz esta pequena observação: “Śrī Advaita Ācārya é um dos troncos importantes de bhakti-kalpataru, a árvore-dos-desejos do serviço devocional. O Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu, na posição de jardineiro, verteu água na raiz da árvore de bhakti e, assim, nutriu todos os seus troncos e galhos. Porém, de qualquer maneira, sob o encanto de māyā, a condição mais desventurada da entidade viva, alguns dos galhos, não aceitando o jardineiro que os regou, consideraram o tronco a única causa do grande bhakti-kalpataru. Em outras palavras, os galhos ou descendentes de Advaita Ācārya que consideraram Advaita Ācārya a causa original da trepadeira devocional, e que deste modo negligenciaram ou desobedeceram às instruções de Śrī Caitanya Mahāprabhu, ficaram destituídos do efeito de serem aguados e, assim, secaram e morreram. Deve-se compreender também que não apenas os descendentes desorientados de Advaita Ācārya, mas qualquer pessoa desligada de Caitanya Mahāprabhu – mesmo que, independente disso, seja um grande sannyāsī, estudioso erudito ou asceta – é como o galho morto de uma árvore.”

Essa análise de Śrī Bhaktivinoda Ṭhākura, apoiando as afirmações de Śrī Kṛṣṇadāsa Kavirāja Gosvāmī, retrata a posição da atual dita religião hindu que, por ser predominantemente influenciada pela filosofia māyāvāda, tem se tornado uma anárquica instituição de diversas ideias inventadas. Os māyāvādīs temem grandemente o movimento para a consciência de Kṛṣṇa e acusam-nos de estragar a religião hindu, pois aceitamos pessoas de todas as partes do mundo e de todas as seitas religiosas para ocupá-las cientificamente no daiva-varṇāśrama-dharma. No entanto, como já explicamos diversas vezes, não encontramos qualquer palavra semelhante a “hindu” na literatura védica. É bem provável que a palavra tenha sua origem no Afeganistão, um país predominantemente maometano e originalmente se refira a um caminho no Afeganistão, conhecido como Hindukush, que ainda faz parte de uma rota comercial entre a Índia e diversos países maometanos.

O verdadeiro sistema védico de religião chama-se varṇāśrama-dharma, como se confirma no Viṣṇu Purāṇa (3.8.9):

varṇāśramācāra-vatā
puruṣeṇa paraḥ pumān
viṣṇur ārādhyate panthā
nānyat tat-toṣa-kāraṇam

(Viṣṇu Purāṇa 3.8.9)

A literatura védica recomenda que o ser humano siga os princípios do varṇāśrama-dharma. Aceitando o processo de varṇāśrama-dharma, qualquer pessoa terá êxito na vida, pois isso a vinculará com a Suprema Personalidade de Deus, que é a meta da vida humana. Portanto, o movimento para a consciência de Kṛṣṇa destina-se a toda a humanidade. Embora a sociedade humana tenha diferentes categorias ou classes, todos os seres humanos pertencem a uma espécie, e por isso aceitamos que todos tenham a capacidade de compreender sua posição constitucional em relação com a Suprema Personalidade de Deus, Viṣṇu. Śrī Caitanya Mahāprabhu confirma que jīvera ‘svarūpa’ haya — kṛṣṇera nitya-dāsa: “Toda entidade viva é eterna parte, eterna serva da Suprema Personalidade de Deus.” Toda entidade viva que alcança a forma humana de vida pode compreender a importância de sua posição e, assim, capacitar-se a ser um devoto do Senhor Kṛṣṇa. Portanto, partimos do pressuposto que toda a humanidade deve educar-se em consciência de Kṛṣṇa. Na verdade, em todas as partes do mundo, em cada país onde pregamos o movimento de saṅkīrtana, notamos que o povo aceita o mahā-mantra Hare Kṛṣṇa muito facilmente, sem hesitação. O efeito visível desse canto é que os membros do movimento Hare Kṛṣṇa, independentemente de seus antecedentes, abandonam os quatro princípios de vida pecaminosa e atingem um padrão elevado de devoção.

Embora se façam passar por grandes eruditos, ascetas, chefes de família e svāmīs, os ditos seguidores da religião hindu são todos galhos inúteis e ressequidos da religião védica. Eles são impotentes: nada podem fazer no sentido de difundir a cultura védica em benefício da sociedade humana. A essência da cultura védica é a mensagem de Śrī Caitanya Mahāprabhu. O Senhor Caitanya ensinou:

yāre dekha, tāre kaha ‘kṛṣṇa’ upadeśa
āmāra ājñāya guru hañā tāra’ ei deśa

(Caitanya-caritāmṛta, Madhya 7.128)

Devemos simplesmente ensinar a todos que encontremos a respeito dos princípios de kṛṣṇa-kathā, conforme são expressos no Bhagavad-gītā Como Ele É e no Śrīmad-Bhāgavatam. Aquele que não tem interesse em kṛṣṇa-kathā ou no culto de Śrī Caitanya Mahāprabhu é como madeira seca e inútil, sem nenhuma força viva. O galho da ISKCON, por ser diretamente aguado por Śrī Caitanya Mahāprabhu, tem tido êxito indubitável, ao passo que os galhos quebrados da dita religião hindu, que são invejosos da ISKCON, secam e morrem.

Texto

sei sei, — ācāryera kṛpāra bhājana
anāyāse pāila sei caitanya-caraṇa

Sinônimos

sei sei — todos que; ācāryera — de Advaita Ācārya; kṛpāra — da misericórdia; bhājana — candidato apto; anāyāse — sem dificuldade; pāila — obteve; sei — ele; caitanya-caraṇa — os pés de lótus de Śrī Caitanya Mahāprabhu.

Tradução

Pela misericórdia de Advaita Ācārya, os devotos que seguiram o caminho de Caitanya Mahāprabhu estritamente alcançaram o abrigo dos pés de lótus do Senhor Caitanya sem dificuldade.

Texto

acyutera yei mata, sei mata sāra
āra yata mata saba haila chārakhāra

Sinônimos

acyutera — de Acyutānanda; yei — que; mata — direção; sei — esta; mata — direção; sāra — essencial; āra — outra; yata — todas; mata — direções; saba — todos; haila — ficaram; chārakhāra — perdidos.

Tradução

Portanto, deve-se concluir que o caminho de Acyutānanda é a essência da vida espiritual. Aqueles que não seguiram esse caminho simplesmente se perderam.

Texto

sei ācārya-gaṇe mora koṭi namaskāra
acyutānanda-prāya, caitanya — jīvana yāṅhāra

Sinônimos

sei — aqueles; ācārya-gaṇe — aos mestres espirituais; mora — minhas; koṭi — milhões; namaskāra — reverências; acyutānanda-prāya — quase iguais a Acyutānanda; caitanya — Caitanya Mahāprabhu; jīvana — vida; yāṅhāra — cuja.

Tradução

Portanto, presto minhas respeitosas reverências milhões de vezes aos verdadeiros seguidores de Acyutānanda, cuja vida e alma era Śrī Caitanya Mahāprabhu.

Texto

ei ta’ kahilāṅ ācārya-gosāñira gaṇa
tina skandha-śākhāra kaila saṅkṣepa gaṇana

Sinônimos

ei ta’ — assim; kahilāṅ — acabo de falar; ācārya — Advaita Ācārya; gosāñira — do mestre espiritual; gaṇa — descendentes; tina — três; skandha — do tronco; śākhāra — dos galhos; kaila — foi feito; saṅkṣepa — brevemente; gaṇana — relato.

Tradução

Assim, acabo de descrever brevemente os três galhos [Acyutānanda, Kṛṣṇa Miśra e Gopāla] dos descendentes de Śrī Advaita Ācārya.

Texto

śākhā-upaśākhā, tāra nāhika gaṇana
kichu-mātra kahi’ kari dig-daraśana

Sinônimos

śākhā-upaśākhā — galhos e galhos secundários; tara — deles; nāhika — não há; gaṇana — como enumerar; kichu-mātra — algo sobre eles; kahi’ — descrevendo; kari — simplesmente estou dando; dig-daraśana — um vislumbre da direção.

Tradução

Existem múltiplos galhos e galhos secundários de Advaita Ācārya. É muito difícil enumerá-los a todos. Acabo de dar um simples vislumbre de todo o tronco e de seus galhos e galhos secundários.

Texto

śrī-gadādhara paṇḍita śākhāte mahottama
tāṅra upaśākhā kichu kari ye gaṇana

Sinônimos

śrī-gadādhara paṇḍita — Śrī Gadādhara Paṇḍita; śākhāte — do galho; mahottama — muito grande; tāṅra — seus; upaśākhā — galhos e galhos secundários; kichu — algo; kari — deixai-me fazer; ye — este; gaṇana — relato.

Tradução

Após descrever os galhos e galhos secundários de Advaita Ācārya, agora vou tentar descrever alguns dos descendentes de Śrī Gadādhara Paṇḍita, o mais importante entre os galhos.

Texto

śākhā-śreṣṭha dhruvānanda, śrīdhara brahmacārī
bhāgavata-ācārya, haridāsa brahmacārī

Sinônimos

śākhā-śreṣṭha — o galho principal; dhruvānanda — chamado Dhruvānanda; śrīdhara brahmacārī — chamado Śrīdhara Brahmacārī; bhāgavatācārya — chamado Bhāgavatācārya; haridāsa brahmacārī — chamado Haridāsa Brahmacārī.

Tradução

Os principais galhos de Śrī Gadādhara Paṇḍita foram (1) Śrī Dhruvānanda, (2) Śrīdhara Brahmacārī, (3) Haridāsa Brahmacārī e (4) Raghunātha Bhāgavatācārya.

Comentário

SIGNIFICADO—O verso 152 do Gaura-gaṇoddeśa-dīpikā descreve Śrī Dhruvānanda Brahmacārī como uma encarnação de Lalitā, e os versos 194 e 199 descrevem Śrīdhara Brahmacārī como a gopī conhecida como Candralatikā.

Texto

ananta ācārya, kavidatta, miśra-nayana
gaṅgāmantrī māmu ṭhākura, kaṇṭhābharaṇa

Sinônimos

ananta ācārya — chamado Ananta Ācārya; kavidatta — chamado Kavi Datta; miśra-nayana — chamado Nayana Miśra; gaṅgāmantrī — chamado Gaṅgāmantrī; māmu ṭhākura — chamado Māmu Ṭhākura; kaṇṭhābharaṇa — chamado Kaṇṭhābharaṇa.

Tradução

O quinto galho foi Ananta Ācārya; o sexto, Kavi Datta; o sétimo, Nayana Miśra; o oitavo, Gaṅgāmantrī; o nono, Māmu Ṭhākura; e o décimo, Kaṇṭhābharaṇa.

Comentário

SIGNIFICADO—Os versos 197 e 207 do Gaura-gaṇoddeśa-dīpikā descrevem Kavi Datta como a gopī chamada Kalakaṇṭhī, os versos 196 e 207 descrevem Nayana Miśra como a gopī chamada Nitya-mañjarī, e os versos 196 e 205 descrevem Gaṅgāmantrī como a gopī chamada Candrikā. Māmu Ṭhākura, cujo nome verdadeiro era Jagannātha Cakravartī, era sobrinho de Śrī Nīlāmbara Cakravartī, avô de Śrī Caitanya Mahāprabhu. Na Bengala, o tio materno é chamado de māmā, e na Bengala Oriental e em Orissa, de māmu. Assim, Jagannātha Cakravartī era conhecido como Māmā ou Māmu Ṭhākura. A residência de Māmu Ṭhākura ficava no distrito de Faridpur, na vila conhecida como Magḍobā. Após o desaparecimento de Śrī Gadādhara Paṇḍita, Māmu Ṭhākura tornou-se o sacerdote encarregado do templo conhecido como Ṭoṭā-gopīnātha, em Jagannātha Purī. Segundo a opinião de alguns vaiṣṇavas, Māmu Ṭhākura fora outrora conhecido como Śrī Rūpa-mañjarī. Os seguidores de Māmu Ṭhākura foram Raghunātha Gosvāmī, Rāmacandra, Rādhāvallabha, Kṛṣṇajīvana, Śyāmasundara, Śāntāmaṇi, Harinātha, Navīnacandra, Matilāla, Dayāmayī e Kuñjavihārī.

Kaṇṭhābharaṇa, cujo nome original era Śrī Ananta Caṭṭarāja, foi a gopī chamada Gopālī, na kṛṣṇa-līlā.

Texto

bhūgarbha gosāñi, āra bhāgavata-dāsa
yei dui āsi’ kaila vṛndāvane vāsa

Sinônimos

bhūgarbha gosāñi — chamado Bhūgarbha Gosāñi; āra — e; bhāgavata-dāsa — chamado Bhāgavata Dāsa; yei dui — ambos; āsi’ — vindo; kaila — fizeram; vṛndāvane vāsa — residindo em Vṛndāvana.

Tradução

O décimo primeiro galho de Gadādhara Gosvāmī foi Bhūgarbha Gosāñi, e o décimo segundo foi Bhāgavata Dāsa. Ambos foram para Vṛndāvana, onde residiram toda a vida.

Comentário

SIGNIFICADO—Bhūgarbha Gosāñi, anteriormente conhecido como Prema-mañjarī, foi um grande amigo de Lokanātha Gosvāmī, o qual construiu o templo de Gokulānanda, um dos sete templos importantes de Vṛndāvana – a saber, Govinda, Gopīnātha, Madana-mohana, Rādhāramaṇa, Śyāmasundara, Rādhā-Dāmodara e Gokulānanda – que são instituições autorizadas dos vaiṣṇavas gauḍīyas.

Texto

vāṇīnātha brahmacārī — baḍa mahāśaya
vallabha-caitanya-dāsa — kṛṣṇa-premamaya

Sinônimos

vāṇīnātha brahmacārīchamado Vāṇīnātha Brahmacārī; baḍa mahāśaya — personalidade muito elevada; vallabha-caitanya-dāsa — chamado Vallabha-caitanya Dāsa; kṛṣṇa-prema-maya — sempre saturados de amor por Kṛṣṇa.

Tradução

O décimo terceiro galho foi Vāṇīnātha Brahmacārī, e o décimo quarto foi Vallabha-caitanya Dāsa. Ambas essas grandes personalidades estavam sempre saturadas de amor por Kṛṣṇa.

Comentário

SIGNIFICADO—Śrī Vāṇīnātha Brahmacārī é descrito no décimo capítulo, verso 114, da Ādi-līlā. Um discípulo de Vallabha-caitanya chamado Nalinī-mohana Gosvāmī estabeleceu um templo de Madana-gopāla em Navadvīpa.

Texto

śrīnātha cakravartī, āra uddhava dāsa
jitāmitra, kāṣṭhakāṭā-jagannātha-dāsa

Sinônimos

śrīnātha cakravartī — chamado Śrīnātha Cakravartī; āra — e; uddhava dāsa — chamado Uddhava Dāsa; jitāmitra — chamado Jitāmitra; kāṣṭhakāṭā-jagannātha-dāsa — chamado Kāṣṭhakāṭā Jagannātha Dāsa.

Tradução

O décimo quinto galho foi Śrīnātha Cakravartī; o décimo sexto, Uddhava; o décimo sétimo, Jitāmitra; e o décimo oitavo, Jagannātha Dāsa.

Comentário

SIGNIFICADO—Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura escreve em seu Anubhāṣya: “O Śākhā-nirṇaya, verso 13, menciona Śrīnātha Cakravartī como um reservatório de todas as boas qualidades e um perito no serviço ao Senhor Kṛṣṇa. De forma semelhante, o verso 35 menciona Uddhava Dāsa como sendo grandemente qualificado para distribuir amor por Deus a todos. O Gaura-gaṇoddeśa-dīpikā (202) menciona Jitāmitra como a gopī chamada Śyāma-mañjarī. Jitāmitra escreveu um livro intitulado Kṛṣṇa-māyurya. Jagannātha Dāsa morava em Vikramapura, perto de Dacca. Sua terra natal era a vila conhecida como Kāṣṭhakāṭā, ou Kāṭhādiyā. Seus descendentes residem agora nas vilas conhecidas como Āḍiyala, Kāmārapāḍā e Pāikapāḍā. Ele estabeleceu um templo de Yaśomādhava. Os adoradores nesse templo são os gosvāmīs de Āḍiyala. Como uma das sessenta e quatro sakhīs, ele fora outrora uma assistente de Citrādevī-gopī, chamada Tilakinī. Segue uma lista de seus descendentes: Rāmanṛsiṁha, Rāmagopāla, Rāmacandra, Sanātana, Muktārāma, Gopīnātha, Goloka, Harimohana Śiromaṇi, Rākhālarāja, Mādhava e Lakṣmīkānta. O Śākhā-nirṇaya menciona que Jagannātha Dāsa pregou o movimento Hare Kṛṣṇa no distrito ou estado de Tripura.”

Texto

śrī-hari ācārya, sādi-puriyā gopāla
kṛṣṇadāsa brahmacārī, puṣpa-gopāla

Sinônimos

śrī-hari ācārya — chamado Śrī Hari Ācārya; sādi-purīya gopāla — chamado Sādi-puriyā Gopāla; kṛṣṇadāsa brahmacārī — chamado Kṛṣṇadāsa Brahmacārī; puṣpa-gopāla — chamado Puṣpagopāla.

Tradução

O décimo nono galho foi Śrī Hari Ācārya; o vigésimo, Sādipuriyā Gopāla; o vigésimo primeiro, Kṛṣṇadāsa Brahmacārī, e o vigésimo segundo, Puṣpagopāla.

Comentário

SIGNIFICADO—O Gaura-gaṇoddeśa-dīpikā (196 e 207) menciona que Hari Ācārya fora outrora a gopī chamada Kālākṣī. Sādipuriyā Gopāla é célebre como um pregador do movimento Hare Kṛṣṇa em Vikramapura, na Bengala Oriental. Kṛṣṇadāsa Brahmacārī anteriormente estava entre o grupo de sakhīs conhecido como as aṣṭa-sakhīs. Seu nome era Indulekhā. Kṛṣṇadāsa Brahmacārī vivia em Vṛndāvana. Há uma tumba no templo de Rādhā-Dāmodara conhecida como “a tumba de Kṛṣṇadāsa”. Alguns dizem que essa é a tumba de Kṛṣṇadāsa Brahmacārī, e outros, de Kṛṣṇadāsa Kavirāja Gosvāmī. Em qualquer dos casos, nós prestamos nossos respeitos, pois ambos foram peritos em distribuir amor a Deus às almas caídas desta era. O Śākhā-nirṇaya menciona que Puṣpagopāla foi anteriormente conhecido como Svarṇagrāmaka.

Texto

śrīharṣa, raghu-miśra, paṇḍita lakṣmīnātha
baṅgavāṭī-caitanya-dāsa, śrī-raghunātha

Sinônimos

śrīharṣa — chamado Śrīharṣa; raghu-miśra — chamado Raghu Miśra; paṇḍita lakṣmīnātha — chamado Lakṣmīnātha Paṇḍita; baṅgavāṭī-caitanya-dāsa — chamado Baṅgavāī Caitanya Dāsa; śrī-raghunātha — chamado Śrī Raghunātha.

Tradução

O vigésimo terceiro galho foi Śrīharṣa; o vigésimo quarto, Raghu Miśra; o vigésimo quinto, Lakṣmīnātha Paṇḍita; o vigésimo sexto, Baṅgavāṭī Caitanya Dāsa, e o vigésimo sétimo, Raghunātha.

Comentário

SIGNIFICADO—Raghu Miśra é descrito no Gaura-gaṇoddeśa-dīpikā (195 e 201) como Karpūra-mañjarī. De forma semelhante, menciona-se Lakṣmīnātha Paṇḍita como Rasonmādā, e menciona-se Baṅgavāṭī Caitanya Dāsa como Kālī. O Śākhā-nirṇaya afirma que Baṅgavāṭī Caitanya Dāsa era sempre visto com olhos cheios de lágrimas. Ele também teve um galho de descendentes, cujos nomes foram Mathurāprasāda, Rukmiṇīkānta, Jīvanakṛṣṇa, Yugalakiśora, Ratanakṛṣṇa, Rādhāmādhava, Ūṣāmaṇi, Vaikuṇṭhanātha e Lālamohana, ou Lālamohana Śāhā Śāṅkhānidhi. Lālamohana foi um grande mercador na cidade de Dacca. O Gaura-gaṇoddeśa-dīpikā (194 e 200) menciona que Raghunātha, anteriormente, foi Varāṅgadā.

Texto

amogha paṇḍita, hasti-gopāla, caitanya-vallabha
yadu gāṅguli āra maṅgala vaiṣṇava

Sinônimos

amogha paṇḍita — chamado Amogha Paṇḍita; hasti-gopāla — chamado Hastigopāla; caitanya-vallabha — chamado Caitanya-vallabha; yadu gāṅguli — chamado Yadu Gāṅguli; āra — e; maṅgala vaiṣṇava — chamado Maṅgala Vaiṣṇava.

Tradução

O vigésimo oitavo galho foi Amogha Paṇḍita; o vigésimo nono, Hastigopāla; o trigésimo, Caitanya-vallabha; o trigésimo primeiro, Yadu Gāṅguli, e o trigésimo segundo, Maṅgala Vaiṣṇava.

Comentário

SIGNIFICADO—Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura escreve em seu Anubhāṣya: “Śrī Maṅgala Vaiṣṇava residia na vila de Ṭiṭakaṇā, no distrito de Murshidabad. Seus antepassados eram śāktas que adoravam a deusa Kirīṭeśvarī. Afirma-se que Maṅgala Vaiṣṇava, anteriormente um brahmacārī resoluto, deixou o lar e mais tarde casou-se com a filha de seu discípulo Prāṇanātha Adhikārī, na vila de Mayanāḍāla. Os descendentes desta família são conhecidos como os Ṭhākuras de Kāṅdaḍā, que é uma vila no distrito de Burdwan, próximo a Katwa. Descendentes espalhados de Maṅgala Vaiṣṇava, ao todo trinta e seis famílias, ainda vivem lá. Entre os discípulos célebres de Maṅgala Ṭhākura, figuram Prāṇanātha Adhikārī, Puruṣottama Cakravartī, da vila de Kāṅdaḍā, e Nṛsiṁha-prasāda Mitra, cujos membros familiares são renomados tocadores de mṛdaṅga. Tanto Sudhākṛṣṇa Mitra quanto Nikuñjavihārī Mitra são tocadores de mṛdaṅga especialmente famosos. Na família de Puruṣottama Cakravartī, há pessoas famosas, como Kuñjavihārī Cakravartī e Rādhāvallabha Cakravartī, que hoje em dia vivem no distrito de Birbhum. Eles recitam canções do Caitanya-maṅgala profissionalmente. Conta-se que, quando Maṅgala Ṭhākura construía uma estrada da Bengala para Jagannātha Purī, ele descobriu uma Deidade de Rādhāvallabha enquanto cavava um lago. Naquela época, ele vivia em Kāṅdaḍā, na vila chamada Rāṇīpura. A śālagrāma-śilā pessoalmente adorada por Maṅgala Ṭhākura ainda existe na vila de Kāṅdaḍā. Construiu-se um templo ali para a adoração de Vṛndāvana-candra. Maṅgala Ṭhākura teve três filhos: Rādhikāprasāda, Gopīramaṇa e Śyāmakiśora. Os descendentes desses três filhos ainda vivem.”

Texto

cakravartī śivānanda sadā vrajavāsī
mahāśākhā-madhye teṅho sudṛḍha viśvāsī

Sinônimos

cakravartī śivānanda — chamado Śivānanda Cakravartī; sadā — sempre; vrajavāsī — residente de Vṛndāvana; mahāśākhā-madhye — entre os grandes galhos; teṅho — ele é; sudṛḍha viśvāsī tendo firme fé.

Tradução

Śivānanda Cakravartī, o trigésimo terceiro galho, que sempre viveu em Vṛndāvana com firme convicção, é considerado um galho importante de Gadādhara Paṇḍita.

Comentário

SIGNIFICADO—O Gaura-gaṇoddeśa-dīpikā (183) menciona que Śivānanda Cakravartī fora outrora Lavaṅga-mañjarī. O Śākhā-nirṇaya, escrito por Yadunandana Dāsa, também menciona outros galhos, como se segue: (1) Mādhavācārya, (2) Gopāla dāsa, (3) Hṛdayānanda, (4) Vallabha Bhaṭṭa (a Vallabha-sampradāya, ou Puṣṭimārga-sampradāya, é muito famosa), (5) Madhu Paṇḍita (este famoso devoto vivia perto de Khaḍadaha, na vila conhecida como Sāṅibonā-grāma, a cerca de quatro quilômetros a leste da estação de Khaḍadaha, e construiu o templo de Gopīnāthajī, em Vṛndāvana), (6) Acyutānanda, (7) Candraśekhara, (8) Vakreśvara Paṇḍita, (9) Dāmodara, (10) Bhagavān Ācārya, (11) Ananta Ācāryavarya, (12) Kṛṣṇadāsa, (13) Paramānanda Bhaṭṭācārya, (14) Bhavānanda Gosvāmī, (15) Caitanya Dāsa, (16) Lokanātha Bhaṭṭa  (este devoto, que viveu na vila de Tālakhaḍi, no distrito de Yaśohara [Jessore] e construiu o templo de Rādhāvinoda, foi o mestre espiritual de Narottama Dāsa Ṭhākura e grande amigo de Bhūgarbha Gosvāmī), (17) Govinda Ācārya, (18) Akrūra Ṭhākura, (19) Saṅketa Ācārya, (20) Pratāpāditya, (21) Kamalākānta Ācārya, (22) Yādava Ācārya e (23) Nārāyaṇa Paḍihārī (um residente de Jagannātha Purī).

Texto

ei ta’ saṅkṣepe kahilāṅ paṇḍitera gaṇa
aiche āra śākhā-upaśākhāra gaṇana

Sinônimos

ei ta’ — assim; saṅkṣepe — brevemente; kahilāṅ — acabo de descrever; paṇḍitera gaṇa — os galhos de Śrī Gadādhara Paṇḍita; aiche — do mesmo modo; āra — outro; śākhā-upaśākhāra gaṇana — descrição de galhos e galhos secundários.

Tradução

Assim, acabo de descrever brevemente os galhos e galhos secundários de Gadādhara Paṇḍita. Contudo, existem ainda muitos mais que não mencionei aqui.

Texto

paṇḍitera gaṇa saba, — bhāgavata dhanya
prāṇa-vallabha — sabāra śrī-kṛṣṇa-caitanya

Sinônimos

paṇḍitera — de Gadādhara Paṇḍita; gaṇa — seguidores; saba — todos; bhāgavata dhanya — devotos gloriosos; prāṇa-vallabha — o coração e a alma; sabāra — de todos eles; śrī-kṛṣṇa-caitanya — o Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu.

Tradução

Todos os seguidores de Gadādhara Paṇḍita são considerados grandes devotos, pois o Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu é a vida e alma deles.

Texto

ei tina skandhera kailuṅ śākhāra gaṇana
yāṅ-sabā-smaraṇe bhava-bandha-vimocana

Sinônimos

ei tina — de todos esses três; skandhera — troncos; kailuṅ — descritos; śākhāra gaṇana — enumeração dos galhos; yāṅ–sabā — todos eles; smaraṇe — por lembrar-se; bhava-bandha — do enredamento do mundo material; vimocana — liberdade.

Tradução

Simplesmente por lembrar-se dos nomes de todos esses galhos e galhos secundários dos três troncos que acabo de descrever [Nityānanda, Advaita e Gadādhara], é possível libertar-se do enredamento da existência material.

Texto

yāṅ-sabā-smaraṇe pāi caitanya-caraṇa
yāṅ-sabā-smaraṇe haya vāñchita pūraṇa

Sinônimos

yāṅ-sabā — todos eles; smaraṇe — por lembrar-se; pāi — obtenho; caitanya-caraṇa — os pés de lótus de Śrī Caitanya Mahāprabhu; yāṅ-sabā — todos eles; smaraṇe — lembrando-se; haya — torna-se; vāñchita pūraṇa — satisfação de todos os desejos.

Tradução

Simplesmente por lembrar-se dos nomes de todos esses vaiṣṇavas, é possível alcançar os pés de lótus de Śrī Caitanya Mahāprabhu. Na verdade, quem simplesmente se lembra de seus santos nomes pode ter todos os seus desejos satisfeitos.

Texto

ataeva tāṅ-sabāra vandiye caraṇa
caitanya-mālīra kahi līlā-anukrama

Sinônimos

ataeva — portanto; tāṅ-sabāra — de todos eles; vandiye — ofereço orações; caraṇa — aos pés de lótus; caitanya-mālīra — do jardineiro conhecido como Śrī Caitanya Mahāprabhu; kahi — falo; līlā-anukrama — os passatempos em ordem cronológica.

Tradução

Portanto, prestando minhas reverências aos pés de lótus de todos eles, vou descrever os passatempos do jardineiro Śrī Caitanya Mahāprabhu em ordem cronológica.

Texto

gaura-līlāmṛta-sindhu — apāra agādha
ke karite pāre tāhāṅ avagāha-sādha

Sinônimos

gaura-līlāmṛta-sindhu — o oceano dos passatempos do Senhor Caitanya; apāra — incomensurável; agādha — insondável; ke — quem; karite — de fazer; pāre — é capaz; tāhāṅ — em tal oceano; avagāha — dando um mergulho; sādha — execução.

Tradução

O oceano dos passatempos do Senhor Caitanya Mahāprabhu é incomensurável e insondável. Quem pode ter a coragem de medir tão grande oceano?

Texto

tāhāra mādhurya-gandhe lubdha haya mana
ataeva taṭe rahi’ cāki eka kaṇa

Sinônimos

tāhāra — sua; mādhurya — doçura; gandhe — pelo sabor; lubdha — atraída; haya — torna-se; mana — mente; ataeva — portanto; taṭe — na praia; rahi’ — parado; cāki eka — uma; kaṇa — partícula.

Tradução

Embora não seja possível mergulhar dentro de tão grandioso oceano, a doçura melíflua de seu sabor atrai minha mente. Portanto, paro na praia desse oceano para tentar saborear nem que seja uma gota dele.

Texto

śrī-rūpa-raghunātha-pade yāra āśa
caitanya-caritāmṛta kahe kṛṣṇadāsa

Sinônimos

śrī-rūpa — Śrīla Rūpa Gosvāmī; raghunātha — Śrīla Raghunātha Dāsa Gosvāmī; pade — aos pés de lótus; yāra — cuja; āśa — expectativa; caitanya-caritāmṛta — o livro chamado Caitanya-caritāmṛta; kahe — descreve; kṛṣṇa-dāsa — Śrīla Kṛṣṇadāsa Kavirāja Gosvāmī.

Tradução

Orando aos pés de lótus de Śrī Rūpa e Śrī Raghunātha, desejando sempre a misericórdia deles, eu, Kṛṣṇadāsa, narro o Śrī Caitanya-caritāmṛta, seguindo seus passos.

Comentário

Neste ponto, encerram-se os Significados Bhaktivedanta do Śrī Caitanya-caritāmṛta, Ādi-līlā, décimo segundo capítulo, descrevendo as expansões de Advaita Ācārya e de Gadādhara Paṇḍita.