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ŚB 4.12.8

Texto

maitreya uvāca
sa rāja-rājena varāya codito
dhruvo mahā-bhāgavato mahā-matiḥ
harau sa vavre ’calitāṁ smṛtiṁ yayā
taraty ayatnena duratyayaṁ tamaḥ

Sinônimos

maitreyaḥ uvāca — o grande sábio Maitreya disse; saḥ — ele; rāja-rājena — pelo rei dos reis (Kuvera); varāya — para uma bênção; coditaḥ — sendo solicitado; dhruvaḥ — Dhruva Mahārāja; mahā-bhāgavataḥ — um devoto puro de primeira classe; mahā-matiḥ — inteligentíssimo ou pensativo; harau — à Suprema Personalidade de Deus; saḥ — ele; vavre — pediu; acalitām — inabalável; smṛtim — lembrança; yayā — com o que; tarati — atravesse; ayatnena — sem dificuldade; duratyayam — insuperável; tamaḥ — necedade.

Tradução

O grande sábio Maitreya continuou: Meu querido Vidura, ao ser assim solicitado a aceitar uma bênção de Kuvera, o Yakṣarāja [rei dos Yakṣas], Dhruva Mahārāja, aquele elevadíssimo devoto puro, que era um rei inteligente e pensativo, rogou para ter fé inabalável na Suprema Personalidade de Deus e poder sempre lembrar-se dEle, pois assim uma pessoa pode atravessar facilmente o oceano de necedade, embora, para os outros, seja muito difícil fazê-lo.

Comentário

SIGNIFICADO—Segundo a opinião de peritos seguidores dos ritos védicos, há diferentes espécies de bênçãos em termos de religiosidade, desenvolvimento econômico, gozo dos sentidos e liberação. Esses quatro princípios são conhecidos como catur-vargas. De todos os catur-vargas, a bênção da liberação é considerada a mais elevada neste mundo material. Capacitar-se a ultrapassar a necedade material é o mais elevado puruṣārtha, ou bênção para o ser humano. Dhruva Mahārāja, porém, queria uma bênção que superasse inclusive a liberação, o mais elevado puruṣārtha. Ele queria a bênção de poder lembrar-se constantemente dos pés de lótus do Senhor. Essa fase de vida se chama pañcama-puruṣārtha. Quando o devoto chega à plataforma de pañcama-puruṣārtha, simplesmente ocupando-se em serviço devocional ao Senhor, o quarto puruṣārtha, liberação, torna-se muito insignificante a seus olhos. Śrīla Prabodhānanda Sarasvatī afirma a esse respeito que, para o devoto, a liberação é uma condição de vida infernal; quanto ao gozo dos sentidos, que está disponível nos planetas celestiais, o devoto o considera como um fogo fátuo, sem nenhum valor na vida. Os yogīs esforçam-se por controlar os sentidos, mas, para o devoto, controlar os sentidos não é nada difícil. Compara-se os sentidos a serpentes, mas, para o devoto, as presas venenosas das serpentes estão quebradas. Assim, Śrīla Prabodhānanda Sarasvatī analisa todas as espécies de bênçãos disponíveis neste mundo, e declara nitidamente que, para o devoto puro, nenhuma delas tem importância. Dhruva Mahārāja era também um mahā-bhāgavata, ou um devoto puro de primeira classe, e era muito inteligente (mahā-matiḥ). A menos que alguém seja muito inteligente, não pode adotar o serviço devocional, ou a consciência de Kṛṣṇa. Naturalmente, qualquer pessoa que seja um devoto de primeira classe é decerto uma pessoa inteligente de primeira classe e, por isso, não se interessa por nenhuma espécie de bênção neste mundo material. O rei dos reis ofereceu uma bênção a Dhruva Mahārāja. Kuvera, o tesoureiro dos semideuses, cuja única ocupação é fornecer imensas riquezas a pessoas dentro deste mundo materialista, é descrito como o rei dos reis porque quem não é abençoado por Kuvera não pode tornar-se rei. O rei dos reis pessoalmente ofereceu a Dhruva Mahārāja qualquer quantidade de riquezas, mas esse se recusou a aceitá-las. Ele é descrito, portanto, como mahā-matiḥ, muito pensativo, ou altamente intelectual.