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ŚB 4.29.Verso 1b

Texto

bhaktiḥ kṛṣṇe dayā jīveṣv
akuṇṭha-jñānam ātmani
yadi syād ātmano bhūyād
apavargas tu saṁsṛteḥ

Sinônimos

bhaktiḥ — serviço devocional; kṛṣṇe — a Kṛṣṇa; dayā — misericór­dia; jīveṣu — para com outras entidades vivas; akuṇṭha-jñānam­ — conhecimento perfeito; ātmani — do eu; yadi — se; syāt — torna-se; ātmanaḥ — do próprio eu; bhūyāt — decerto haverá; apavargaḥ­ — liberação; tu — então; saṁsṛteḥ — do cativeiro da vida material.

Tradução

Se uma entidade viva tiver consciência de Kṛṣṇa desenvolvida e for misericordiosa para com os outros, e se o seu conhecimento espiritual de autorrealização for perfeito, ela se libertará imediata­mente do cativeiro da existência material.

Comentário

SIGNIFICADO—Neste verso, as palavras dayā jīveṣu, significando “misericórdia para com outras entidades vivas”, indicam que a entidade viva deve ter misericórdia de outras entidades vivas caso deseje progredir em autorrealização. Isso quer dizer que ela deve pregar este conheci­mento após aperfeiçoar-se e compreender sua própria posição como serva eterna de Kṛṣṇa. Pregar isso é mostrar verdadeira misericórdia para com as entidades vivas. Outras espécies de trabalho humanitá­rio podem ser temporariamente benéficas ao corpo, mas, como a entidade viva é uma alma espiritual, em última análise, só é possível mostrar-lhe verdadeira misericórdia revelando-lhe o conhecimento de sua existência espiritual. Como Caitanya Mahāprabhu diz, jīvera ‘svarūpa’ haya — kṛṣṇera ‘nitya-dāsa’: “Toda entidade viva é constitucionalmente serva de Kṛṣṇa.” Todos devem conhecer este fato perfeitamente e pregá-lo às pessoas em geral. Se alguém com­preende que é um servo eterno de Kṛṣṇa, mas não o prega, sua compreensão é imperfeita. Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura canta, portanto, duṣṭa mana, tumi kisera vaiṣṇava? pratiṣṭhāra tare, nirjanera ghare, tava hari-nāma kevala kaitava: “Minha querida mente, que espécie de vaiṣṇava tu és? Simplesmente em troca de falso prestígio e de reputação material, estás cantando o mantra Hare Kṛṣṇa em um lugar solitário.” Assim são criticadas as pessoas que não pregam. Há muitos vaiṣṇavas em Vṛndāvana que não gostam de pregar; eles tentam principalmente imitar Haridāsa Ṭhākura. O verdadeiro resultado de seu suposto canto em um lugar solitário, con­tudo, é que eles dormem e pensam em mulheres e dinheiro. De forma semelhante, quem se dedica apenas à adoração no templo, mas não cuida dos interesses das pessoas em geral ou não pode reconhe­cer os devotos chama-se kaniṣṭha-adhikārī:

arcāyām eva haraye
pūjāṁ yaḥ śraddhayehate
na tad-bhakteṣu cānyeṣu
sa bhaktaḥ prākṛtaḥ smṛtaḥ

(Bhāg. 11.2.47)