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ŚB 1.15.9

Texto

yat-tejasā nṛpa-śiro-’ṅghrim ahan makhārtham
āryo ’nujas tava gajāyuta-sattva-vīryaḥ
tenāhṛtāḥ pramatha-nātha-makhāya bhūpā
yan-mocitās tad-anayan balim adhvare te

Sinônimos

yat — cujo; tejasā — pela influência; nṛpa-śiraḥaṅghrim – aquele cujos pés são adorados pelas cabeças dos reis; ahan — matou; makha-artham — para o sacrifício; āryaḥ — respeitável; anujaḥ — irmão mais novo; tava — teu; gajaayuta – dez mil elefantes; sattvavīryaḥ – existência poderosa; tena — por ele; āhṛtāḥ — arrecadados; pramathanātha – o senhor dos fantasmas (Mahābhairava); makhāya — para sacrifício; bhūpāḥ — reis; yatmocitāḥ – por quem eles foram soltos; tat-anayan — todos eles trazidos; balim — taxas; adhvare — presentearam; te — vossa.

Tradução

Teu respeitável irmão mais novo, que possui a força de dez mil elefantes, matou, por Sua graça, Jarāsandha, cujos pés eram adorados por muitos reis. Esses reis tinham sido trazidos para sacrifício no Mahābhairava-yajña, de Jarāsandha, mas, então, foram libertos. Mais tarde, eles pagaram tributo a Vossa Majestade.

Comentário

SIGNIFICADO—Jarāsandha era um rei muito poderoso de Magadha, e a história de seu nascimento e atividades também é muito interessante. Seu pai, o rei Bṛhadratha, também era um próspero e poderoso rei de Magadha, mas ele não tinha filhos, embora tivesse se casado com duas filhas do rei de Kāśī. Estando desapontado por não ter filho de nenhuma das duas rainhas, o rei, juntamente com suas esposas, deixou o lar e foi viver na floresta para praticar austeridades, mas, na floresta, ele foi abençoado por um grande ṛṣi a ter um filho. O ṛṣi deu-lhe uma manga a ser comida pelas rainhas, as rainhas o fizeram e muito prontamente ficaram grávidas. O rei ficou muito feliz de ver as rainhas gerando filhos, mas, quando o tempo adequado se aproximou, as rainhas deram à luz uma criança em duas partes, cada uma do ventre de cada rainha. As duas partes foram atiradas na floresta, onde vivia uma grande demônia, a qual ficou contente por ter alguma carne tenra e sangue de uma criança recém-nascida. Por curiosidade, ela juntou as duas partes, e a criança ficou completa e recobrou a vida. A demônia era conhecida como Jarā, e, sentindo compaixão do rei sem filhos, ela foi até o rei e o presenteou com a bela criança. O rei ficou muito satisfeito com a demônia e quis recompensá-la de acordo com o desejo dela. A demônia expressou o desejo de que a criança recebesse um nome associado ao seu, daí a criança ter sido denominada Jarāsandha, ou aquele que foi juntado por Jarā, a demônia. De fato, esse Jarāsandha nasceu como uma das partes integrantes do demônio Vipracitti. O santo por cujas bênçãos as rainhas conceberam a criança chamava-se Candra Kauśika, que predisse sobre a criança diante de seu pai Bṛhadratha.

Como Jarāsandha possuía qualidades demoníacas desde o nascimento, naturalmente ele se tornou um grande devoto do senhor Śiva, que é o senhor de todos os homens fantasmagóricos e demoníacos. Rāvaṇa era grande devoto do senhor Śiva, e o rei Jarāsandha também o era. Ele costumava sacrificar todos os reis capturados diante do senhor Mahābhairava (Śiva), e, através de seu poder militar, ele derrotou muitos reis pequenos e os prendeu para esquartejá-los diante de Mahābhairava. Há muitos devotos do senhor Mahābhairava, ou Kālabhairava, na província de Bihar, anteriormente chamada de Magadha. Jarāsandha era um parente de Kaṁsa, o tio materno de Kṛṣṇa, e, por causa disso, após a morte de Kaṁsa, o rei Jarāsandha tornou-se um grande inimigo de Kṛṣṇa, e houve muitas lutas entre Jarāsandha e Kṛṣṇa. O Senhor Kṛṣṇa queria matá-lo, mas Ele também quis que aqueles que serviam a Jarāsandha como militares não fossem mortos. Portanto, adotou-se um plano para matá-lo. Kṛṣṇa, Bhīma e Arjuna foram juntos até Jarāsandha, vestidos de brāhmaṇas pobres, e pediram caridade ao rei Jarāsandha. Jarāsandha nunca se recusava a dar caridade a nenhum brāhmaṇa, e ele também executava muitos sacrifícios; todavia, ele não estava a par do serviço devocional. O Senhor Kṛṣṇa, Bhīma e Arjuna pediram a Jarāsandha a facilidade de lutarem com ele, e ficou estabelecido que Jarāsandha lutaria somente com Bhīma. Desse modo, todos eles foram tanto visitantes quanto combatentes de Jarāsandha, e Bhīma e Jarāsandha lutaram o dia todo por vários dias. Bhīma ficou desapontado, mas Kṛṣṇa deu-lhe indicações sobre o fato de Jarāsandha ter sido juntado em sua infância, e Bhīma, então, separou-o novamente, matando-o desse modo. Todos os reis que estavam detidos no campo de concentração para serem mortos diante de Mahābhairava foram, então, libertos por Bhīma. Sentindo-se endividados com os Pāṇḍavas, eles pagaram tributo ao rei Yudhiṣṭhira.