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ŚB 3.1.43

Texto

nūnaṁ nṛpāṇāṁ tri-madotpathānāṁ
mahīṁ muhuś cālayatāṁ camūbhiḥ
vadhāt prapannārti-jihīrṣayeśo
’py upaikṣatāghaṁ bhagavān kurūṇām

Sinônimos

nūnam — evidentemente; nṛpāṇām — dos reis; tri — três; mada-utpathānām — perdendo-se devido ao falso orgulho; mahīm — Terra; muhuḥ — constantemente; cālayatām — agitando; camūbhiḥ — pela manobra dos soldados; vadhāt — do ato de matar; prapanna — rendido; ārti-jihīrṣaya — desejando mitigar a aflição dos sofredores; īśaḥ — ο Senhor; api — apesar de; upaikṣata — esperado; agham — ofensas; bhagavān — ο Senhor Supremo; kurūṇām — dos Kurus.

Tradução

Apesar de Ele ser ο Senhor e de estar sempre desejando mitigar a aflição dos sofredores, Ele [Κṛṣṇa] absteve-Se de matar os Kurus, embora eles tivessem cometido todas as espécies de pecados e embora Ele tivesse visto outros reis agitando constantemente a Terra através de suas fortes manobras militares, executadas sob ο ditame de três tipos de falso orgulho.

Comentário

Como se declara na Bhagavad-gītā, ο Senhor aparece no mundo mortal para cumprir Sua importantíssima missão de matar os canalhas e dar proteção aos fiéis que estão sofrendo. Apesar dessa missão, ο Senhor Kṛṣṇa tolerou ο insulto a Draupadī por parte dos Kurus e as injustiças perpetradas contra os Pāṇḍavas, bem como os insultos a Ele mesmo. Pode ser que surja a seguinte pergunta: “Por que Ele tolerou essas injustiças e insultos feitos em Sua presença? Por que Ele não castigou os Kurus de imediato?” Quando Draupadī foi insultada na assembleia pelos Kurus, que tentaram vê-la nua na presença de todos, ο Senhor protegeu Draupadī fornecendo-lhe uma quantidade ilimitada de roupa. Ele, porém, não castigou ο grupo ofensor de imediato. Esse silêncio do Senhor não significava, entretanto, que Ele perdoara as ofensas dos Kurus. Havia muitos outros reis na Terra que tinham se tornado muito orgulhosos de três tipos de posses – opulência, educação e seguidores – e que estavam constantemente agitando a Terra através de manobras de força militar. O Senhor estava apenas esperando para reuni-los no Campo de Batalha de Kurukṣetra e matá-los a todos de uma vez só, para cumprir mais rapidamente a Sua missão de matar. Os reis ou chefes de estado ateístas, quando se envaidecem devido ao avanço da opulência material, da educação e do aumento da população, sempre fazem um espetáculo de força militar e incomodam os inocentes. Quando ο Senhor Kṛṣṇa esteve pessoalmente presente, havia muitos reis assim em todo ο mundo, e, deste modo, Ele planejou a Batalha de Kurukṣetra. Ao manifestar Seu viśva-rūpa, ο Senhor expressou Sua missão de matar como se segue: “Desci voluntariamente à Terra ocupando Minha posição como ο Tempo inexorável a fim de diminuir a população indesejada. Acabarei com todos aqueles que se reuniram aqui exceto vós, os Pāṇḍavas. Essa matança não depende de tua participação nela. Ela já foi planejada: todos serão mortos por Mim. Se queres tornar-te famoso como ο herói do campo de batalha e desfrutar assim do mérito da vitória, então, ó Savyasācī, simplesmente torna-te a causa imediata desta matança, aceitando, assim, ο mérito. Eu já matei todos os grandes guerreiros – Bhīṣma, Droṇa, Jayadratha, Κarṇa e muitos outros grandes generais. Não te preocupes. Luta na batalha e sê famoso como um grande herói.” (Bhagavad-gītā 11.32-34)

Ο Senhor sempre quer ver Seu devoto como herói de uma epopeia que Ele próprio realiza. Ele quis ver Seu devoto e amigo Arjuna como ο herói da Batalha de Kurukṣetra, em razão do que esperou que todos os canalhas do mundo se reunissem. Esta, e nenhuma outra, é a explicação para Sua espera.