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ŚB 4.25.25

Texto

tām āha lalitaṁ vīraḥ
savrīḍa-smita-śobhanām
snigdhenāpāṅga-puṅkhena
spṛṣṭaḥ premodbhramad-bhruvā

Sinônimos

tām — a ela; āha — dirigiu-se; lalitam — muito amavelmente; vīraḥ — o herói; sa-vrīḍa — com recato; smita — sorrindo; śobhanām — linda; snigdhena — pelo desejo sexual; apāṅga puṅkhena — pela flecha do olhar; spṛṣṭaḥ — assim atravessado; prema-udbhramat — amor exci­tante; bhruvā — pelas sobrancelhas.

Tradução

Purañjana, o herói, sentiu-se atraído pelas sobrancelhas e pelo rosto sorridente da linda mocinha, cujas flechas de desejos luxuriosos imediatamente o atravessaram. Ao sorrir com recato, ela pareceu muito bela a Purañjana, o qual, apesar de ser um herói, não conseguiu deixar de lhe dirigir a palavra.

Comentário

SIGNIFICADO––Toda entidade viva é um herói de duas maneiras. Quando é vítima da energia ilusória, ela atua como um grande herói no mundo material, tal como um grande líder, político, homem de negócios, industrial etc., e suas atividades heroicas contribuem para o avanço material da civilização. Alguém pode tornar-se também um herói sendo senhor dos sentidos, um gosvāmī. As atividades materiais são falsamente atividades heroicas, ao passo que refrear os sentidos da ocupação material é um grande heroísmo. Por maior herói que alguém possa ser no mundo material, ele pode ser conquistado de imediato pelas bolas de carne e sangue conhecidas como seios femininos. Na história das atividades materiais, há muitos exemplos, como o herói romano Marco Antônio, o qual se deixou cativar pela beleza de Cleópatra. Do mesmo modo, um grande herói na Índia, chamado Baji Rao, tornou-se vítima de uma mulher durante a época da política maharastriana, e foi derrotado. Através da história, aprendemos que, antigamente, os políticos costumavam empregar belas mocinhas que eram treinadas como viṣa-kanyās. Essas mocinhas tinham veneno injetado em seus corpos desde o início de suas vidas para que, com o decorrer do tempo, elas se tornassem tão imunes ao veneno e, ao mesmo tempo, tão venenosas, que um simples beijo delas pudesse matar alguém. A missão dessas mocinhas venenosas era descobrir o inimigo e matá­-lo com um beijo. Assim, há muitos exemplos na história humana de heróis que foram simplesmente arruinados por mulheres. Sendo parte integrante de Kṛṣṇa, a entidade viva é decerto um grande herói, mas, devido à sua própria fraqueza, sente-se atraída pelas aparências materiais.

kṛṣṇa-bahirmukha hañā bhoga-vāñchā kare
nikaṭa-stha māyā tāre jāpaṭiyā dhare

Afirma-se no Prema-vivarta que, quando uma entidade viva quer gozar da natureza material, ela é imediatamente vitimada pela energia material. Uma entidade viva não é forçada a vir ao mundo material. Ela faz sua própria escolha, deixando-se atrair por belas mulheres. Toda entidade viva tem a liberdade de se sentir atraída pela natureza material ou de permanecer como um herói e resistir à atração. É simplesmente questão de a entidade viva deixar-se atrair ou não. Não há possibilidade de forçá-la a entrar em contato com a energia material. Quem pode manter-se estável e resistir à atração pela natureza material é com certeza um herói e merece ser chamado gosvāmī. A menos que sejamos senhores dos sentidos, não podemos ser gosvāmīs. A entidade viva pode assumir uma das duas posições neste mundo. Ela pode tornar-se serva de seus sentidos, ou pode tornar-se o amo deles. Quem se torna servo dos sentidos passa a ser um grande herói material, e quem se torna senhor dos sentidos passa a ser um gosvāmī, ou herói espiritual.