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Śrī caitanya-caritāmṛta Ādi-līlā 4.31

Texto

dharma chāḍi’ rāge duṅhe karaye milana
kabhu mile, kabhu nā mile, — daivera ghaṭana

Sinônimos

dharma chāḍi’ — abandonando costumes religiosos; rāge — com amor; duṅhe — ambos; karaye — fazem; milana — encontrando; kabhu — às vezes; mile — eles se encontram; kabhu — outras vezes; nā mile — eles não se encontram; daivera — do destino; ghaṭana — a ocorrência.

Tradução

“O apego puro nos unirá mesmo em detrimento de deveres morais e religiosos [dharma]. Às vezes, o destino nos unirá e, outras vezes, nos separará.”

Comentário

SIGNIFICADO—Na calada da noite, ao ouvirem o som da flauta de Kṛṣṇa, as gopīs saíram para encontrar-se com Kṛṣṇa. A esse respeito, Śrīla Rūpa Gosvāmī compôs um lindo verso que descreve o belo menino chamado Govinda, parado às margens do Yamunā, com a flauta em Seus lábios, sob o brilhante luar. Aqueles que desejam gozar da vida, da maneira materialista de sociedade, amizade e amor, não devem ir ao Yamunā para ver a forma de Govinda. O som da flauta do Senhor Kṛṣṇa é tão doce que faz as gopīs esquecerem-se de tudo sobre suas relações com seus parentes e fugirem ao encontro de Kṛṣṇa na calada da noite.

Deixando o lar dessa maneira, as gopīs violam os regulamentos védicos de vida familiar. Isso indica que, quando os sentimentos naturais de amor por Kṛṣṇa se tornam plenamente manifestos, o devoto pode negligenciar regras e regulações sociais convencionais. No mundo material, estamos situados em posições designativas apenas, mas o serviço devocional puro começa quando alguém se livra de todas as designações. Quando o amor por Kṛṣṇa desperta, as posições designativas ficam sobrepujadas.

A atração espontânea de Śrī Kṛṣṇa por Suas mais queridas partes integrantes gera um entusiasmo que obriga Śrī Kṛṣṇa e as gopīs a se encontrarem. Para celebrar esse entusiasmo transcendental, existe a necessidade de um sentimento de separação entre o amante e a amada. Na condição de tribulação material, ninguém deseja as dores da separação. No entanto, sob a forma transcendental, a mesmíssima separação, sendo absoluta em sua natureza, fortalece os laços de amor e intensifica o desejo do amante e da amada de se encontrarem. O período de separação, avaliado transcendentalmente, é mais saboroso do que o próprio encontro, que carece dos sentimentos de crescente expectativa porque tanto o amante quanto a amada estão presentes.