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ŚB 3.27.16

Texto

evaṁ pratyavamṛśyāsāv
ātmānaṁ pratipadyate
sāhaṅkārasya dravyasya
yo ’vasthānam anugrahaḥ

Sinônimos

evam — assim; pratyavamṛśya — após compreender; asau — esta pessoa; ātmānam — seu eu; pratipadyate — percebe; sa-ahaṅkārasya — aceita sob o falso ego; dravyasya — da situação; yaḥ — quem; avasthānam — lugar de repouso; anugrahaḥ — o manifestador.

Tradução

Quando, pela compreensão madura, alguém pode perceber sua individualidade, então a situação que aceitou sob o falso ego manifesta-se para ele.

Comentário

A posição dos filósofos māyāvādīs é que, em última análise, o indivíduo se perde, tudo torna-se uno e não há distinção entre o conhecedor, o cognoscível e o conhecimento. Porém, mediante uma análise minuciosa, podemos ver que isso não é correto. A individualidade nunca se perde, mesmo quando alguém pensa que os três diferentes princípios, a saber, o conhecedor, o cognoscível e o conhecimento, estão amalgamados ou imersos numa coisa só. O próprio conceito de que os três se fundem num só é outra forma de conhecimento, e, já que o perceptor do conhecimento ainda existe, como alguém pode dizer que o conhecedor, o conhecimento e o cognoscível se tornaram uma coisa só? A alma individual que percebe esse conhecimento continua sendo um indivíduo. Tanto na existência material quanto na existência espiritual, a individualidade continua; a única diferença está na qualidade da identidade. Na identidade material, quem age é o falso ego, e, devido à falsa identificação, tomam-se as coisas como diferentes daquilo que elas realmente são. Esse é o princípio básico da vida condicional. Da mesma forma, quando se purifica o falso ego, toma-se tudo na perspectiva correta. Esse é o estado de liberação.

A Īśopaniṣad afirma que tudo pertence ao Senhor. Īśāvāsyam idaṁ sarvam. Tudo existe na energia do Senhor Supremo. Também se confirma isso na Bhagavad-gītā. Como tudo é produzido a partir de Sua energia e existe em Sua energia, a energia não é diferente dEle, mas, mesmo assim, o Senhor declara: “Eu não estou ali.” Quando alguém entende claramente sua posição constitucional, tudo se manifesta. A aceitação falso-egoística das coisas nos condiciona, ao passo que a aceitação das coisas como elas são nos libera. Pode-se aplicar aqui o exemplo dado no verso anterior: por alguém absorver sua identidade em seu dinheiro, ele pensa que também está perdido ao perder o dinheiro. Mas, na verdade, ele não é idêntico ao dinheiro, tampouco o dinheiro lhe pertence. Quando a verdadeira situação nos é revelada, compreendemos que o dinheiro não pertence a nenhum indivíduo ou entidade viva, nem é produzido pelo homem. Em última análise, o dinheiro é propriedade do Senhor Supremo, e não há possibilidade de ser perdido. Contudo, enquanto alguém pensar falsamente “eu sou o desfrutador”, ou “eu sou o Senhor”, esse conceito de vida continuará, e ele permanecerá condicionado. Tão logo se elimine esse falso ego, ele se libertará. Como se confirma no Bhāgavatam, a situação em nossa verdadeira posição constitucional chama-se mukti, ou liberação.