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Śrī caitanya-caritāmṛta Ādi-līlā 3.34

Texto

śeṣa-līlāya dhare nāma ‘śrī-kṛṣṇa-caitanya’
śrī-kṛṣṇa jānāye saba viśva kaila dhanya

Sinônimos

śeṣa-līlāya — em Seus passatempos finais; dhare — Ele manteve; nāma — o nome; śrī kṛṣṇa-caitanya — Śrī Kṛṣṇa Caitanya; śrī-kṛṣṇa — sobre o Senhor Kṛṣṇa; jānāye — Ele ensinou; saba — todo; viśva — o mundo; kaila — fez; dhanya — afortunado.

Tradução

Em Seus passatempos posteriores, Ele é conhecido como Senhor Śrī Kṛṣṇa Caitanya. Ele abençoa o mundo inteiro, ensinando sobre o nome e a fama do Senhor Śrī Kṛṣṇa.

Comentário

SIGNIFICADO—O Senhor Caitanya permaneceu como chefe de família somente até os vinte e quatro anos de idade. A seguir, Ele ingressou na ordem renunciada e permaneceu manifesto neste mundo material até os quarenta e oito anos. Portanto, a porção final de Suas atividades, śeṣa-līlā, durou vinte e quatro anos.

Certos pretensos vaiṣṇavas dizem que não se aceita a ordem de vida renunciada no sampradāya vaiṣṇava, ou sucessão discipular, oriunda do Senhor Caitanya. Essa proposição não é muito inteligente. Śrī Caitanya Mahāprabhu aceitou a ordem de sannyāsa de Śrīpāda Keśava Bhāratī, que pertencia à seita de Śaṅkara, a qual somente aprova dez nomes para sannyāsīs. Entretanto, muito antes do advento de Śrīpāda Śaṅkarācārya, a ordem de sannyāsa existia na linha vaiṣṇava de Viṣṇusvāmī. Na sampradāya vaiṣṇava de Viṣṇusvāmī, há dez diferentes espécies de nomes de sannyāsa e 108 diferentes nomes para sannyāsīs que aceitam o tri-daṇḍa, o bastão tríplice de sannyāsa. Isso é aprovado pelas regras védicas. Portanto, o sannyāsa vaiṣṇava existia antes mesmo do aparecimento de Śaṅkarācārya, embora aqueles que nada sabem a respeito de sannyāsa vaiṣṇava aleguem desnecessariamente que não há sannyāsa na sampradāya vaiṣṇava.

Durante a época do Senhor Caitanya, a influência de Śaṅkarācārya na sociedade era muito forte. As pessoas achavam que só se podia aceitar sannyāsa na sucessão discipular de Śaṅkarācārya. O Senhor Caitanya poderia ter executado Suas atividades missionárias como chefe de família, mas Ele descobriu que a vida familiar era um empecilho para Sua missão. Portanto, decidiu aceitar a ordem renunciada, sannyāsa. Uma vez que o Senhor Caitanya aceitou sannyāsa também com a intenção de atrair a atenção do público, não desejando perturbar a convenção social, Ele aceitou a ordem de vida renunciada de um sannyāsī pertencente à sucessão discipular de Śaṅkarācārya, apesar de também sancionar-se sannyāsa na sampradāya vaiṣṇava.

Na Śaṅkara-sampradāya, dez nomes diferentes são concedidos a sannyāsīs: (1) Tīrtha, (2) Āśrāma, (3) Vana, (4) Araṇya, (5) Giri, (6) Parvata, (7) Sāgara, (8) Sarasvatī, (9) Bhāratī e (10) Purī. Antes de tomar sannyāsa, uma pessoa tem um dos diversos nomes para um brahmacārī, o assistente do sannyāsī. Sannyāsīs com os títulos Tīrtha e Āśrāma ficam geralmente em Dvārakā, e o nome de brahmacārī deles é Svarūpa. Aqueles conhecidos pelos nomes Vana e Araṇya ficam em Puruṣottama, ou Jagannātha Purī, e o nome deles como brahmacārīs é Prakāśa. Aqueles cujos nomes são Giri, Parvata e Sāgara ficam, geralmente, em Badarikāśrama, e o nome deles como brahmacārīs é Ānanda. Aqueles que recebem os títulos Sarasvatī, Bhāratī e Purī normalmente vivem em Śṛṅgerī, no sul da Índia, e o nome de brahmacārī deles é Caitanya.

Śrīpāda Śaṅkarācārya estabeleceu quatro monastérios na Índia, nos quatro pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste), confiando-os a quatro sannyāsīs que eram discípulos dele. Atualmente, há centenas de monastérios filiados a esses quatro monastérios principais, e, embora haja uma simetria oficial entre eles, há muitas diferenças em suas relações. As quatro seitas diferentes desses monastérios são conhecidas como Ānandavāra, Bhogavāra, Kīṭavāra e Bhūmivāra, e, com o decorrer do tempo, elas têm desenvolvido diferentes ideologias e slogans.

Segundo a regulação da sucessão discipular, aquele que deseja ingressar na ordem renunciada da seita de Śaṅkara deve primeiramente treinar-se como brahmacārī subordinado a um sannyāsī genuíno. Verifica-se o nome do brahmacārī de acordo com o grupo ao qual o sannyāsī pertence. O Senhor Caitanya aceitou sannyāsa de Keśava Bhāratī. Na primeira vez em que Se aproximou de Keśava Bhāratī, Ele foi aceito como brahmacārī, com o nome Śrī Kṛṣṇa Caitanya Brahmacārī. Após tomar sannyāsa, Ele preferiu manter o nome Kṛṣṇa Caitanya.

As grandes autoridades na sucessão discipular não se prestaram a explicar por que o Senhor Caitanya Se recusou a aceitar o nome Bhāratī após tomar sannyāsa de um Bhāratī, até que Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Gosvāmī Mahārāja ofereceu-se voluntariamente para explicar. A explicação é que, como um sannyāsī na Śaṅkara-sampradāya pensa que se tornou o Supremo, o Senhor Caitanya, querendo evitar tal concepção errônea, manteve o nome Śrī Kṛṣṇa Caitanya, colocando-Se na posição de servo eterno. Um brahmacārī deve servir ao mestre espiritual; portanto, Ele não negou essa relação de servidão a Seu mestre espiritual. Aceitar tal posição favorece o relacionamento entre o discípulo e o mestre espiritual.

As biografias autênticas também mencionam que o Senhor Caitanya aceitou a daṇḍa (vara) e o pote de mendicante, símbolos da ordem de sannyāsa, na ocasião em que tomou sannyāsa.