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Capítulo 66

SOIXANTE-SIXIÈME CHAPITRE

A Libertação de Pauṇḍraka e do Rei de Kāśi

Pauṇḍraka et le roi de Kāśī libérés

A história do rei Pauṇḍraka é muito interessante porque prova que sempre houve muitos velhacos e tolos que se consideraram Deus. Até mesmo na presença da Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, havia semelhante pessoa tola. Seu nome era Pauṇḍraka, e ele quis se declarar Deus. Enquanto o Senhor Balarāma estava ausente em Vṛndāvana, esse rei Pauṇḍraka, o rei da província de Karūṣa, sendo tolo e presunçoso, enviou um mensageiro ao Senhor Kṛṣṇa. O Senhor Kṛṣṇa é aceito como a Suprema Personalidade de Deus, mas o rei Pauṇḍraka desafiou diretamente Kṛṣṇa através do mensageiro, que afirmava que Pauṇḍraka, e não Kṛṣṇa, era Vāsudeva. Nos dias atuais, há muitos seguidores de tais velhacos tolos. Semelhantemente, na época de Pauṇḍraka, muitos homens tolos aceitaram Pauṇḍraka como a Suprema Personalidade de Deus. Porque ele não era capaz de avaliar sua própria posição, Pauṇḍraka falsamente pensava ser, de fato, o Senhor Vāsudeva. Por conseguinte, o mensageiro declarou a Kṛṣṇa que o rei Pauṇḍraka, a Suprema Personalidade de Deus, viera à Terra, em virtude de sua misericórdia sem causa, para libertar todas as pessoas aflitas.

De tout temps, nombreux furent les sots et les criminels à se croire Dieu. C’est pourquoi l’histoire du roi Pauṇḍraka présente un intérêt certain. Car même Dieu, la Personne Suprême, Śrī Kṛṣṇa, présent sur Terre, il se trouva un tel insensé : Pauṇḍraka. Alors que Śrī Balarāma était à Vṛndāvana, ce Pauṇḍraka, roi de la province de Karūṣa, sot et vaniteux, envoya un messager à Śrī Kṛṣṇa, qui est reconnu comme le Seigneur Suprême. Mais le roi Pauṇḍraka, à travers son messager, Lui lançait un défi : Vāsudeva, la Personne Souveraine, c’était lui-même, et non Kṛṣṇa. Aujourd’hui encore abondent les disciples de ces imposteurs. De même, en son temps, nombreux furent les sots qui acceptèrent Pauṇḍraka comme la Personne Suprême. Le roi de Karūṣa était bien incapable de juger de sa propre position, c’est pourquoi, il se croyait Śrī Vāsudeva. Aussi le roi déclara-t-il à Kṛṣṇa, par l’intermédiaire de son messager, qu’il était lui-même Dieu, la Personne Suprême, descendu sur Terre par sa miséricorde immotivée à seule fin de délivrer les hommes en détresse.

Cercado por muitas outras pessoas tolas, esse velhaco Pauṇḍraka tinha concluído verdadeiramente que ele era Vāsudeva, a Suprema Personalidade de Deus. Esse tipo de conclusão é certamente infantil. Quando as crianças estão brincando, elas, algumas vezes, selecionam um “rei” entre elas, e a criança escolhida pode pensar que ela é realmente o rei. De modo similar, muitas pessoas tolas, devido à ignorância, selecionam outro tolo como Deus, e, então, o velhaco se considera realmente Deus, como se Deus pudesse ser criado por meio de uma brincadeira infantil ou pelos votos dos homens. Sob essa falsa impressão, considerando-se o Senhor Supremo, Pauṇḍraka enviou seu mensageiro a Dvārakā para desafiar a posição de Kṛṣṇa. O mensageiro chegou à assembleia real de Kṛṣṇa em Dvārakā e transmitiu a mensagem dada pelo seu mestre, Pauṇḍraka. A mensagem continha as seguintes declarações:

Pauṇḍraka et les insensés qui l’entouraient avaient conclu de leur propre chef qu’il n’était autre que Vāsudeva, Dieu, la Personne Suprême. Conclusion bien puérile ! Les enfants, quand ils jouent, nomment un roi parmi eux, qui se croit alors un vrai monarque. De même, bien des sots choisissent, par ignorance, un des leurs pour Dieu. Et l’élu, dans sa stupidité, se croit devenu tel, comme si le Seigneur pouvait être créé par jeu d’enfants ou par vote d’hommes. Dans cette illusion, Pauṇḍraka envoya une ambassade à Dvārakā, chargée de porter un défi à Kṛṣṇa quant à Sa position suprême. Devant l’assemblée royale du Seigneur à Dvārakā, le messager transmit les paroles de son maître :

“Eu sou a única Suprema Personalidade de Deus, Vāsudeva. Nenhum homem pode competir comigo. Eu vim como o rei Pauṇḍraka movido por compaixão pelas almas condicionadas, devido à minha misericórdia sem causa e ilimitada. Você falsamente assumiu a posição de Vāsudeva sem autoridade, mas não deveria propagar essa falsa ideia, mas, sim, abdicar de Sua posição. Ó descendente da dinastia Yadu, por favor, abandone todos os símbolos de Vāsudeva que Você assumiu falsamente. E, depois de renunciar essa posição, venha e renda-Se a mim. Se, devido à Sua impudência grosseira, não aceitar minhas palavras, eu O desafio a lutar. Estou convidando-O para uma batalha na qual a decisão será estabelecida”.

« Moi seul suis la Personne Suprême, Vāsudeva. Nul homme ne peut se comparer à moi. Pris de compassion pour les âmes conditionnées, poussé à soulager leur détresse par ma miséricorde immotivée et sans fin, je suis descendu en tant que le roi Pauṇḍraka. C’est bien à tort, et sans appui autorisé que tu te poses en Vāsudeva ; cesse donc de répandre cette erreur. Ô descendant de la dynastie Yadu, abandonne ta position, abandonne tous les symboles de Vāsudeva que tu t’es apropriés sans y avoir droit. Puis, viens à moi et manifeste les marques de ta soumission. Si, poussé par une impudence grossière, tu négliges mes paroles, alors un combat entre nous établira la vérité. »

Quando todos os membros da assembleia real, inclusive o rei Ugrasena, ouviram aquela mensagem enviada por Pauṇḍraka, eles riram muito ruidosamente durante um tempo considerável. Depois de desfrutar a gargalhada de todos os membros da assembleia, Kṛṣṇa respondeu ao mensageiro como segue: “Ó mensageiro de Pauṇḍraka, pode levar Minha mensagem para seu mestre: ‘Você é um velhaco tolo. Eu o chamo diretamente de velhaco e recuso-Me a seguir suas instruções. Jamais deixarei os símbolos de Vāsudeva, especialmente Meu disco. Eu não apenas usarei esse disco para matá-lo, mas todos os seus seguidores também. Eu destruirei você e seus comparsas tolos, que constituem meramente uma sociedade de trapaceiros e trapaceados. Ó rei tolo, você, então, terá de esconder sua face em desgraça, e, quando sua cabeça for cortada de seu corpo por Meu disco, será cercada por pássaros carnívoros, como abutres, falcões e águias. Naquela ocasião, em vez de se tornar Meu abrigo, como afirmou, você estará sujeito à clemência desses pássaros de nascimento inferior. Nesse momento, seu corpo será lançado aos cachorros, que o comerão com grande prazer.’”

Lorsque le message de Pauṇḍraka fut entendu par les membres de l’assemblée royale, dont le roi Ugrasena, tous furent pris d’un long fou rire. Réjoui par leur hilarité, Kṛṣṇa répondit en ces termes : « Ô envoyé de Pauṇḍraka, porte donc ce message à ton maître : il n’est qu’une crapule imbécile ! Oui, Je le nomme crapule sans détour, et quant à lui obéir, comment peut-il croire que J’abandonnerai jamais les symboles de Vāsudeva, Mon disque surtout ! Ce disque, dont Je ferai usage pour tuer non seulement ton maître mais aussi toute sa suite. Ce Pauṇḍraka et tous ses compagnons, trompeur et trompés, ils vont périr de Ma main. Alors, roi stupide, il te faudra cacher ton visage en disgrâce, et lorsque Mon disque t’aura décapité, ce visage sera la proie des oiseaux mangeurs de chair, vautours, aigles et faucons. Alors, au lieu d’être Mon refuge comme tu l’as prétendu, tu seras livré à la merci de ces oiseaux impurs. Et ton corps sera jeté aux chiens, qui te dévoreront avec délice ! »

O mensageiro levou as palavras do Senhor Kṛṣṇa para seu mestre, Pauṇḍraka, que pacientemente ouviu todos esses insultos. Sem esperar mais, o Senhor Śrī Kṛṣṇa imediatamente partiu em Sua quadriga a fim de castigar o patife Pauṇḍraka, o rei de Karūṣa. Porque naquela época ele estava vivendo com o amigo dele, o rei de Kāśi, Kṛṣṇa sitiou toda a cidade de Kāśi.

Le messager rapporta les paroles de Śrī Kṛṣṇa à son maître, qui écouta patiemment toutes ces insultes. Sans plus attendre, Śrī Kṛṣṇa fit atteler son char pour châtier l’imposteur. À cette époque, le roi de Karūṣa vivait chez son ami le roi de Kāśī. Le Seigneur cerna la capitale de ce dernier.

O rei Pauṇḍraka era um grande guerreiro e, assim que ouviu falar do ataque de Kṛṣṇa, saiu da cidade com duas divisões akṣauhiṇī de soldados. O rei de Kāśi também saiu com três divisões akṣauhiṇī. Quando os dois reis chegaram diante do Senhor Kṛṣṇa para enfrentá-lO, Kṛṣṇa viu Pauṇḍraka face a face pela primeira vez. Kṛṣṇa notou que Pauṇḍraka havia decorado a si mesmo com os símbolos do búzio, disco, lótus e maça. Ele carregava um arco Śārṅga falso, e, em seu peito, havia uma insígnia artificial da Śrīvatsa. Seu pescoço estava decorado com uma joia Kaustubha de mentira, e ele usava uma guirlanda de flores, uma imitação exata daquela do Senhor Vāsudeva. Ele estava vestido com roupas de seda amarela, e a bandeira na quadriga dele portava o símbolo de Garuḍa, imitando exatamente aquela de Kṛṣṇa. Ele tinha um valiosíssimo elmo na cabeça, e seus brincos, como espadartes, brilhavam fulgurantemente. Porém, ao todo, seu traje e sua maquiagem eram claramente de imitação. Qualquer um poderia perceber que ele era apenas como alguém no palco encenando o papel de Vāsudeva em roupas falsas. Quando o Senhor Śrī Kṛṣṇa viu que Pauṇḍraka estava imitando Sua postura e Sua vestimenta, Ele não pôde conter Seu riso e, assim, riu com grande satisfação.

Le roi Pauṇḍraka, en grand guerrier, escorté de deux divisions akṣauhiṇīs, sortit de la ville dès qu’il connut l’attaque de Kṛṣṇa. Le roi de Kāśī, son ami, le suivit avec trois divisions akṣauhiṇīs. Lorsque les deux rois se présentèrent devant Śrī Kṛṣṇa pour Le défier, le Seigneur put voir pour la première fois Pauṇḍraka face à face. Le roi de Karūṣa s’était paré des symboles de la conque, du disque, du lotus et de la masse. Il portait l’arc Śārṅga, et sur sa poitrine la marque de Śrīvatsa. À son cou, un faux joyau kaustubha et une guirlande de fleurs complétaient son imitation de Śrī Vāsudeva. Vêtu d’habits de soie jaune, portant sur son char un étendard à l’effigie de Garuḍa ; il imitait en tous points Kṛṣṇa. Sur sa tête brillait un casque de grande valeur, à ses oreilles scintillaient des pendentifs en forme d’espadon. Mais l’ensemble, vêtements et maquillage, était à l’évidence factice. Le moins subtil des hommes aurait vu la comédie, aurait démasqué l’acteur. Devant Pauṇḍraka imitant Son habit et Ses gestes, Śrī Kṛṣṇa ne put réprimer un grand éclat de rire satisfait.

Os soldados do lado do rei Pauṇḍraka começaram a disparar suas armas contra Kṛṣṇa. As armas, incluindo vários tipos de tridentes, maças, estacas, lanças, espadas, punhais e flechas, voaram em ondas, e Kṛṣṇa as contra-atacou. Ele não só esmagou as armas, mas também os soldados e assistentes de Pauṇḍraka da mesma maneira que, durante a dissolução deste universo, o fogo da devastação reduz tudo a cinzas. Os elefantes, quadrigas, cavalos e infantaria que pertenciam à parte oposta foram dispersos pelas armas de Kṛṣṇa. Realmente, o campo de batalha inteiro se tornou repleto de carruagens despedaçadas e corpos de homens e animais. Havia cavalos, elefantes, homens, asnos e camelos caídos. Embora o campo de batalha devastado parecesse com o lugar da dança do senhor Śiva na hora da dissolução do mundo, os guerreiros no lado de Kṛṣṇa ficaram deveras encorajados por verem a cena e lutaram com ímpeto ainda maior.

Les soldats de Pauṇḍraka lancèrent par vagues leurs armes ; tridents, masses, perches, lances, sabres, poignards et flèches, contre le Seigneur, qui les détruisit, et avec elles ceux qui les avaient lancées, soldats et assistants de Pauṇḍraka. On croyait voir l’Univers anéanti, le feu de la dévastation réduisant tout en cendres. Les éléphants, les chars, les chevaux et l’infanterie adverses furent dispersés par les armes du Seigneur. Épaves de chars et cadavres de bêtes jonchaient le champ de bataille. Chevaux, éléphants, hommes, ânes et chameaux, tous gisaient à terre. Le champ de bataille dévasté ressemblait au lieu où danse Śiva lors de l’annihilation du monde ; mais les guerriers de Kṛṣṇa s’encourageaient à cette vue et redoublaient de vaillance dans leur lutte.

Nesse momento, o Senhor Kṛṣṇa disse a Pauṇḍraka: “Pauṇḍraka, você Me pediu para abandonar os símbolos do Senhor Viṣṇu, especificamente Meu disco. Agora, Eu o passarei a você. Tenha cuidado! Você se declara falsamente Vāsudeva, imitando-Me. Logo, ninguém é um idiota maior do que você”. Com essa declaração de Kṛṣṇa, fica claro que qualquer patife que se anuncia como Deus é o maior tolo na sociedade humana. Kṛṣṇa continuou: “Agora, Pauṇḍraka, o forçarei a deixar essa falsa representação. Você queria que Eu Me rendesse a você. Agora, essa oportunidade é sua. Nós lutaremos e, se Eu for derrotado e você sair vitorioso, certamente Me renderei a você”. Desse modo, depois de castigar Pauṇḍraka muito severamente, Kṛṣṇa esfacelou a quadriga de Pauṇḍraka atirando uma flecha. Em seguida, com a ajuda do Seu disco, Ele separou a cabeça de Pauṇḍraka de seu corpo da mesma maneira que Indra raspa os picos das montanhas com golpes do seu raio. De igual modo, Kṛṣṇa também matou o rei de Kāśi com Suas flechas. O Senhor Kṛṣṇa fez arranjos específicos para lançar a cabeça do rei de Kāśi na sua própria cidade, de forma que seus parentes e membros familiares pudessem vê-la. Kṛṣṇa fez isso da mesma maneira que um furacão arrasta uma pétala de lótus daqui para lá. O Senhor Kṛṣṇa matou Pauṇḍraka e o amigo dele, Kāśirāja, no campo de batalha e, então, regressou a Dvārakā, Sua capital.

Alors, Śrī Kṛṣṇa S’adressa à Pauṇḍraka : « Pauṇḍraka, tu M’as de-mandé d’abandonner les symboles de Śrī Viṣṇu et en premier lieu Mon disque. C’est maintenant que tout va se jouer. Mais attention ! Tu as eu tort de M’imiter, de te dire Vāsudeva. Nul n’est donc plus sot que toi ! » À considérer ces paroles du Seigneur, on voit combien tout imposteur se flattant d’être Dieu n’est que le plus insensé des hommes. Et Kṛṣṇa de poursuivre : « À présent, Pauṇḍraka, Je vais te forcer à renoncer à ton costume. Tu voulais que Je M’abandonne à toi : ta chance est venue. Nous allons combattre, et si tu M’imposes la défaite, Je ne manquerai point de Me soumettre à toi. » Ainsi, après avoir sévèrement grondé Pauṇḍraka, le Seigneur, d’une de Ses flèches, brisa son char en morceaux. Puis de Son disque, Il lui sépara la tête du tronc, comme Indra rase de sa foudre le pic d’une montagne. Utilisant de nouveau Ses flèches, Kṛṣṇa mit à mort le roi de Kāśī. Puis, Il jeta sa tête tranchée dans la ville du roi, pour que tous ses proches, et sa famille, la voient bien. Ce fut aussi facile que pour un ouragan d’emporter un pétale de lotus. Quand Il eut ainsi fait périr sur le champ de bataille Pauṇḍraka et son ami Kāśīrāja, le Seigneur S’en retourna en Sa capitale, Dvārakā.

Quando o Senhor Kṛṣṇa voltou à cidade de Dvārakā, todos os siddhas dos planetas celestiais estavam cantando Suas glórias. Quanto a Pauṇḍraka, de uma maneira ou de outra, ele estivera sempre pensando no Senhor Vāsudeva, vestindo-se falsamente como o Senhor. Dessa forma, Pauṇḍraka alcançou sārūpya, uma das cinco espécies de libertação, e foi, assim, promovido aos planetas Vaikuṇṭha, onde os devotos têm as mesmas características corpóreas de Viṣṇu, com quatro mãos que seguram os quatro símbolos. Na verdade, a meditação dele se concentrava na forma de Viṣṇu, mas, porque ele se considerava o próprio Senhor Viṣṇu, ela era ofensiva. Por ser morto por Kṛṣṇa, porém, aquela ofensa foi mitigada. Assim, ele recebeu a libertação de sārūpya e obteve a mesma forma do Senhor.

Alors, tous les Siddhas, des planètes édéniques, se mirent à chanter les gloires du Seigneur. Voici ce qu’il advint de Pauṇḍraka : puisqu’il se travestissait toujours en Śrī Vāsudeva, il ne cessait, d’une certaine façon, de penser au Seigneur, et il obtint donc la sārūpya, l’une des cinq sortes de libération : il fut promu aux planètes Vaikuṇṭhas, où les bhaktas, dotés de quatre bras et tenant les quatre symboles, jouissent des mêmes traits corporels que Viṣṇu. Pauṇḍraka concentrait sa méditation sur la Forme de Viṣṇu, et tant qu’il se crut lui-même Viṣṇu, sa méditation était une offense. Mais sa mise à mort par Kṛṣṇa mit un terme à l’offense. Alors fut accordée au roi la libération sārūpya, et il obtint la même forme que le Seigneur.

Quando a cabeça do rei de Kāśi foi lançada através do portão da cidade, as pessoas reuniram-se ali e ficaram atônitas com aquela coisa maravilhosa. Quando descobriram que havia brincos, elas puderam entender que era a cabeça de alguém, conjeturando sobre de quem aquela cabeça poderia ser. Alguns pensaram que era a cabeça de Kṛṣṇa, porque Ele era inimigo de Kāśirāja; eles ponderaram que o rei de Kāśi poderia ter atirado a cabeça de Kṛṣṇa na cidade de forma que as pessoas pudessem ter prazer com a morte do inimigo. No entanto, eles finalmente descobriram que a cabeça não era de Kṛṣṇa, mas do próprio Kāśirāja. Quando isso foi confirmado, as rainhas do rei de Kāśi aproximaram-se imediatamente e começaram a lamentar a morte do marido. “Nosso querido senhor”, elas choravam, “com sua morte, nós nos tornamos iguais a corpos mortos”.

La tête du roi de Kāśī, quand elle eut repassé les portes de la ville, suscita des rassemblements étonnés. Quelle merveille se cachait dans cette boule ? Mais bientôt les habitants virent sur elle des pendants d’oreille, et comprirent qu’il s’agissait de la tête d’un homme. Les conjectures quant à l’identité de celui qui l’avait perdue se mirent à pleuvoir. Certains pensèrent qu’il s’agissait de la tête de Kṛṣṇa, puisqu’Il était l’ennemi de Kāśīrāja : le roi de Kāśī avait dû la jeter dans la ville afin que le peuple prenne plaisir à la mort de l’ennemi. Enfin, on s’aperçut que cette tête n’était non point celle de Kṛṣṇa, mais de Kāśīrāja lui-même. La chose bien établie, les reines s’approchèrent et se répandirent en lamentations sur la mort de leur époux. « Ô cher seigneur, criaient-elles, toi mort, nous ne sommes plus que des corps sans vie. »

O rei de Kāśi tinha um filho cujo nome era Sudakṣiṇa. Depois de observar as cerimônias fúnebres ritualísticas, ele fez o voto de que, como Kṛṣṇa era inimigo de seu pai, ele mataria Kṛṣṇa e, desse modo, liquidaria a dívida dele para com o pai. Então, acompanhado por um sacerdote instruído e qualificado para ajudá-lo, ele começou a adorar Mahādeva, o senhor Śiva. (O senhor Śiva, que também é conhecido como Viśvanātha, é o senhor do reino de Kāśi. O templo do Senhor Viśvanātha ainda existe em Vārāṇasī, e muitos milhares de peregrinos ainda se reúnem diariamente naquele templo.) Pela adoração de Sudakṣiṇa, o senhor Śiva ficou muito satisfeito e desejou dar uma bênção ao seu devoto. O propósito de Sudakṣiṇa era matar Kṛṣṇa, em virtude do que ele orou pedindo a obtenção de um poder específico pelo qual pudesse matá-lO. O senhor Śiva aconselhou que Sudakṣiṇa, ajudado pelos brāhmaṇas, executasse a cerimônia ritualística destinada a matar uma pessoa inimiga. Essa cerimônia também é mencionada em alguns dos tantras. O senhor Śiva informou a Sudakṣiṇa que, se tal cerimônia ritualística negra fosse executada corretamente, o espírito mau chamado Dakṣiṇāgni apareceria e executaria qualquer ordem dada a ele. Ele deveria ser empregado, porém, para matar alguém que não fosse um brāhmaṇa qualificado. Se todas essas condições fossem atendidas, Dakṣiṇāgni, acompanhado pelos companheiros espectrais do senhor Śiva, cumpriria o desejo de Sudakṣiṇa de exterminar seu inimigo.

Le roi de Kāśī avait un fils du nom de Sudakṣiṇa. Ce dernier accomplit les cérémonies et les rites funéraires, puis il fit le voeu de tuer Kṛṣṇa, l’ennemi de son père, pour s’acquitter de ses obligations filiales. En compagnie d’un savant prêtre, qualifié pour lui apporter une aide, il entreprit de vouer un culte à Mahādeva,  Śiva. Car, le seigneur du royaume de Kāśī n’est autre que Viśvanātha, Śiva en personne. Son temple existe toujours à Vārāṇasī, et les pèlerins s’y assemblent par milliers, chaque jour. Très satisfait du culte offert par Sudakṣiṇa, Śiva voulut lui accorder une bénédiction. Le fils du roi de Kāśī avait toujours en tête de faire périr Kṛṣṇa, et il implora donc Śiva de lui en donner le pouvoir. Śiva lui conseilla simplement d’accomplir, assisté des brāhmaṇas, les cérémonies rituelles appropriées à la mise à mort d’un ennemi. On trouve cette cérémonie mentionnée dans certains des Tantras. Sudakṣiṇa apprit de Śiva que cette cérémonie, noire, si elle était menée comme il convient, faisait apparaître un esprit mauvais du nom de Dakṣiṇāgni, qui se soumettrait à tout ordre, excepté, cependant, celui de faire périr un brāhmaṇa qualifié. Escorté des esprits qui accompagnent Śiva, il donnerait satisfaction à Sudakṣiṇa en accomplissant son désir.

Quando Sudakṣiṇa foi encorajado pelo senhor Śiva desse modo, ele se convenceu de que poderia matar Kṛṣṇa. Com um voto resoluto de austeridade, ele começou a executar a arte sinistra de cantar mantras, ajudado pelos sacerdotes. Depois disso, saiu do fogo uma grande forma demoníaca, cujos cabelos, barba e bigode eram exatamente da cor de cobre incandescente. Essa forma era muito grande e feroz. Como o demônio surgira do fogo, brasas de carvão emanavam das órbitas dos olhos dele. O gigantesco demônio ígneo parecia ainda mais iracundo devido aos movimentos das suas sobrancelhas. Ele exibia dentes longos e afiados e, pondo para fora sua língua comprida, lambia seus lábios superior e inferior. Ele estava desnudo e portava um enorme tridente, que brilhava como o fogo. Depois de aparecer do fogo de sacrifício, ele postou-se segurando o tridente na mão. Instigado por Sudakṣiṇa, o demônio dirigiu-se à capital Dvārakā com muitas centenas de companheiros fantasmagóricos; parecia que ele incineraria todo o espaço exterior. A superfície da Terra tremeu por causa dos golpes de seus passos. Quando ele entrou na cidade de Dvārakā, todos os residentes ficaram em pânico, exatamente como animais em um fogo florestal.

Ainsi encouragé, le fils du roi de Kāśī fut bientôt convaincu qu’il pourrait tuer Kṛṣṇa. Ferme dans son vœu d’austérité, et assisté par les prêtres, il se donna tout entier à l’art noir du chant de certains mantras. Alors sortit du feu une forme démoniaque, immense et d’esprit féroce, dont les cheveux, la barbe et la moustache avaient la couleur du cuivre en fusion. L’asura s’élevait au-dessus du feu, et des étincelles jaillissaient de ses orbites. Le mouvement de ses sourcils accentuait son air de férocité. Tirant sa longue langue, dont il se léchait les lèvres, il montrait de grandes dents acérées. Il était nu et porteur d’un immense trident, ardent comme le feu. Sorti du feu du sacrifice, il se tint là, debout, son trident à la main. Il écouta la demande de Sudakṣiṇa, puis partit pour Dvārakā, escorté de plusieurs centaines de spectres : on eut dit qu’il allait réduire en cendres tout l’espace. Ses pas faisaient trembler la terre. En le voyant franchir l’enceinte de Dvārakā, les habitants furent pris de panique, comme des bêtes dans un feu de forêt.

Naquele momento, Kṛṣṇa jogava xadrez no salão do conselho da assembleia real. Todos os residentes de Dvārakā aproximaram-se e disseram a Ele: “Querido Senhor dos três mundos, enviaram um medonho demônio ígneo que está pronto para queimar a cidade inteira de Dvārakā! Por favor, salve-nos!” Dessa forma, todos os habitantes de Dvārakā imploraram ao Senhor Kṛṣṇa por proteção contra o demônio de fogo que acabara de aparecer em Dvārakā a fim de devastar toda a cidade.

Quand ils arrivèrent, Kṛṣṇa jouait aux échecs dans la salle où se réunissait l’assemblée royale. Les habitants de Dvārakā L’approchèrent en Lui adressant ces prières : « Ô Seigneur des trois mondes, protège-nous ! Voilà qu’est apparu soudain un grand asura fait de feu, prêt à embraser la ville tout entière ! Sauve-nous ! »

O Senhor Kṛṣṇa, que protege especificamente Seus devotos, observou que a população inteira de Dvārakā estava assaz perturbada pela presença do colossal demônio ígneo. Ele sorriu imediatamente e os assegurou: “Não se preocupem. Vou lhes dar toda proteção”. A Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, é onipenetrante. Ele está dentro do coração de todos e também está fora, na forma da manifestação cósmica. Ele pôde entender que o demônio ígneo era uma criação do senhor Śiva e, para derrotar o demônio, Ele apanhou Seu disco Sudarśana e ordenou que o mesmo tomasse as medidas necessárias. O disco Sudarśana apareceu com a refulgência de milhões de sóis, o calor dele sendo tão poderoso quanto o fogo que é produzido no final da manifestação cósmica. Por meio de sua refulgência, o cakra Sudarśana iluminou o universo inteiro, a superfície da Terra, bem como o espaço exterior. Então, o disco Sudarśana começou a congelar o gênio ígneo criado pelo senhor Śiva. Dessa forma, o demônio de fogo foi impedido pelo cakra Sudarśana do Senhor Kṛṣṇa e, sendo derrotado em sua tentativa de devastar a cidade de Dvārakā, ele retrocedeu.

Quand Śrī Kṛṣṇa, qui couvre d’une protection toute spéciale Ses dévots, vit son peuple si troublé par la présence du grand être démoniaque, Il sourit, rassura les gens assemblés par ces mots : « N’ayez aucune crainte, vous aurez de Moi toute protection. » Dieu, la Personne Suprême, Śrī Kṛṣṇa, est partout présent. Habitant le cœur de chacun, Il existe aussi à l’extérieur, sous forme de la manifestation cosmique. C’est pourquoi Il sut aussitôt que l’asura de feu avait été créé par Śiva, et pour le vaincre Il Se saisit de Son disque, sudarśana, auquel Il donna l’ordre de prendre les mesures nécessaires. Celui-ci parut, brillant de l’éclat de millions de soleils, ardent comme le feu créé pour l’annihilation du cosmos. Sa radiance illumina l’univers tout entier, la Terre et tout l’espace. Puis, il glaça l’asura de feu créé par Śiva. Arrêté dans sa course, défait dans sa tentative de dévaster la ville de Dvārakā, ce dernier s’en retourna sur ses pas.

Tendo fracassado em seu objetivo de atear fogo em Dvārakā, o demônio de fogo voltou para Vārāṇasī, o reino de Kāśirāja. Como resultado de seu retorno, todos os sacerdotes, que tinham ajudado a ensinar a magia negra de mantras, junto com o mandante, Sudakṣiṇa, foram reduzidos a cinzas pela brilhante refulgência do demônio ígneo. De acordo com os métodos dos mantras da arte negra instruída nos tantras, se o mantra não matar o inimigo, então, porque ele deve destruir alguém, ele mata o perpetrador original. Sudakṣiṇa fora o mentor, e os sacerdotes o ajudaram; então, todos eles foram reduzidos a cinzas. Este é o modo dos demônios: os demônios criam algo para matar Deus, mas, pela mesma arma, os próprios demônios são aniquilados.

Il reprit le chemin de Vārāṇasī, royaume de Kāśīrāja. Là, de son feu terrifiant, il réduisit en cendres Sudakṣiṇa et tous les prêtres qui l’avaient aidé dans le chant des mantras et la pratique de l’art noir. Car dans les règles de cet art, tel qu’il est enseigné par le Tantra, il se trouve que si le mantra échoue à faire périr qui on lui a désigné comme ennemi, il tourne sa puissance, vouée à tuer, contre son créateur. Tel fut le sort de Sudakṣiṇa et des prêtres qui l’assistèrent. Tel est le sort de tous les asuras : ils élaborent un moyen quelconque de faire périr Dieu, mais n’aboutissent qu’à provoquer leur propre mort.

Perseguindo o demônio de fogo, o disco Sudarśana também entrou em Vārāṇasī. Essa cidade fora bastante opulenta e insigne durante muito tempo. Até mesmo agora, a cidade de Vārāṇasī é opulenta e famosa, e é uma das cidades importantes da Índia. Havia muitos palácios esplêndidos, salões de assembleias, mercados e portões com monumentos fantásticos e muito importantes nas vizinhanças dos palácios e portões. Palanques para discursos podiam ser encontrados em toda e cada encruzilhada. Havia edifícios que alojavam a tesouraria, elefantes, cavalos, carruagens e grãos, e estabelecimentos para distribuição de comida. A cidade de Vārāṇasī esteve plena com todas essas opulências materiais por um longo tempo, mas, porque o rei de Kāśi e seu filho Sudakṣiṇa colocaram-se contra o Senhor Kṛṣṇa, o viṣṇu-cakra Sudarśana (a arma disco do Senhor Kṛṣṇa) devastou a cidade inteira, incinerando todos esses lugares importantes. Essa excursão fora mais devastadora que um bombardeio moderno. O cakra Sudarśana, tendo assim terminado sua tarefa, voltou ao seu Senhor, Śrī Kṛṣṇa, em Dvārakā.

Suivant de près l’asura de feu, le disque sudarśana pénétra lui aussi dans Vārāṇasī. La ville avait joui longtemps d’une grande opulence. Aujourd’hui encore, riche et renommée, elle constitue l’une des cités les plus importantes de l’Inde. Au temps du roi de Kāśī, on y trouvait en abondance d’immenses palais, des maisons d’assemblée, des places de marché, des porches, d’immenses monuments. À chaque carrefour, des estrades où se tenaient lectures et conférences. On remarquait le trésor de la ville ; et, sur les bâtiments, des bas-reliefs représentant des têtes d’éléphants et de chevaux, et des chars.

Nombreux étaient aussi les entrepôts de céréales et les lieux de distribution de nourriture. Vārāṇasī regorgeait de ces richesses matérielles depuis fort longtemps, mais l’hostilité envers Śrī Kṛṣṇa du roi de Kāśī et de son fils Sudakṣiṇa fut cause que le Viṣnu-cakra, sudarśana, dévasta la ville toute entière, plus gravement encore que nos bombardements modernes. Ce devoir accompli, il retourna auprès de son Seigneur, Śrī Kṛṣṇa, à Dvārakā.

Essa narração da devastação de Vārāṇasī pela arma disco de Kṛṣṇa, o cakra Sudarśana, é transcendental e auspiciosa. Qualquer um que narre ou ouça esta história com fé e atenção será liberto de todas as reações das atividades pecaminosas. Essa é a garantia de Śukadeva Gosvāmī, que narrou esta história a Parīkṣit Mahārāja.

L’histoire de la destruction de Vārāṇasī par le disque de Śrī Kṛṣṇa, le sudarśana-cakra, a un caractère absolu, et apporte bon augure. Quiconque en fait le récit, quiconque y prête l’oreille avec foi et attention, se verra affranchi de toutes les suites de ses actes pécheurs. Voici ce qu’assura Śukadeva Gosvāmī à Parīkṣit Mahārāja, auquel il rapporta ce récit.

Neste ponto, encerram-se os significados Bhaktivedanta do capítulo sessenta e seis de Kṛṣṇa, intitulado “A Libertação de Pauṇḍraka e do Rei de Kāśi”.

Ainsi s’achèvent les enseignements de Bhaktivedanta pour le soixante-sixième chapitre du Livre de Kṛṣṇa, intitulé: « Pauṇḍraka et le roi de Kāśī libérés ».