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Capítulo 60

SOIXANTIÈME CHAPITRE

Conversa entre Kṛṣṇa e Rukmiṇī

Conversations échangées entre Kṛṣṇa et Rukmiṇī

Certa vez, o Senhor Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, o outorgador de todo o conhecimento a todas as entidades vivas, desde Brahmā até a formiga insignificante, estava sentado no quarto de Rukmiṇī, a qual estava ocupada no serviço ao Senhor junto de suas criadas assistentes. Kṛṣṇa estava sentado na cama de Rukmiṇī, e as criadas estavam abanando-O com cāmaras (abanos de rabo de iaque).

Un jour que Śrī Kṛṣṇa, Dieu, la Personne Suprême, Lui qui accorde le savoir à tous les vivants, depuis Brahmā jusqu’à l’insignifiante fourmi, Se trouvait dans la chambre de Rukmiṇī, celle-ci et ses servantes se consacraient à Lui. Les servantes, à l’aide de cāmaras, éventaient Kṛṣṇa assis sur le lit de Rukmiṇī.

As relações do Senhor Kṛṣṇa com Rukmiṇī como um marido perfeito são uma manifestação perfeita da suprema perfeição da Personalidade de Deus. Há muitos filósofos que propõem um conceito da Verdade Absoluta em que Deus não pode fazer isto ou aquilo. Eles negam a encarnação de Deus, ou a Verdade Absoluta Suprema em forma humana. A verdade, contudo, é diferente: Deus não pode estar sujeito a nossas atividades sensuais imperfeitas. Ele é a Personalidade onipotente e onipresente de Deus e, mediante Sua vontade suprema, Ele pode não apenas criar, manter e aniquilar a manifestação cósmica inteira, mas também pode descer como um ser humano comum para executar a missão mais elevada. Como declarado no Bhagavad-gītā, sempre que há discrepâncias no desempenho dos deveres ocupacionais humanos, Ele desce. Ele não é forçado a aparecer por algum motivo externo; Ele vem, todavia, pela Sua própria potência interna a fim de restabelecer as funções padrão das atividades humanas e, simultaneamente, aniquilar os elementos perturbadores na marcha progressiva da civilização humana. Conforme esse princípio dos passatempos transcendentais da Suprema Personalidade de Deus, Ele desceu na Sua forma eterna como Śrī Kṛṣṇa na dinastia dos Yadus.

Les rapports qu’échangeait Kṛṣṇa avec Rukmiṇī en tant qu’Époux idéal manifestent la perfection suprême de Dieu, la Personne Souveraine. De nombreux philosophes avancent un concept de la Vérité Absolue selon lequel Dieu ne peut Se livrer à tel ou tel acte. Les mêmes nient l’Apparition du Seigneur, ou de la Vérité Suprême et Absolue, dans la forme humaine. Mais la réalité est tout autre : Dieu ne peut être limité par ce que perçoivent nos sens imparfaits. Il est la Personne Suprême, toute-puissante et omniprésente ; par Sa volonté souveraine, il peut créer, maintenir et annihiler la manifestation cosmique tout entière, mais aussi bien descendre sur Terre comme un homme ordinaire, pour remplir la plus haute mission. Comme l’enseigne la Bhagavad-gītā, chaque fois que s’entache d’imperfections l’accomplissement du devoir de l’homme, le Seigneur descend. Ce n’est pas une puissance extérieure qui Le force d’apparaître, mais Il descend de par Sa puissance interne propre, afin de rétablir le juste critère de la fonction humaine, en même temps que pour détruire les éléments qui perturbent la marche progressive de la civilisation. Et c’est en conformité avec ce principe des Divertissements absolus que le Seigneur descendit, dans Sa Forme éternelle de Śrī Kṛṣṇa, au sein de la dynastie des Yadus.

O palácio de Rukmiṇī era maravilhosamente mobiliado. Havia muitos pálios pendurados no teto com cordões ataviados com guirlandas de pérolas, e todo o palácio era iluminado pela refulgência de valiosas joias. Havia muitas alamedas de flores de mallika e cameli, que são consideradas as flores mais fragrantes da Índia. Havia muitos agrupamentos dessas plantas com flores frescas, que aumentavam a beleza do palácio. E por causa da fragrância primorosa das flores, pequenos enxames de abelhas se reuniam ao redor das árvores, e, à noite, o agradável brilho da Lua reluzia através do conjunto de frestas nas janelas. Havia muitas árvores pārijāta densamente floridas, e o vento ameno carregava o perfume das flores ao derredor. Incenso queimava no interior do palácio, e a fumaça aromatizada vazava pelas venezianas das janelas. Dentro do quarto, havia colchões cobertos com lençóis brancos; a roupa de cama era tão suave e branca quanto a espuma do leite. Nessa situação, o Senhor Śrī Kṛṣṇa sentou-Se muito confortavelmente e desfrutou o serviço de Rukmiṇījī, que era auxiliada por suas criadas.

Le palais de Rukmiṇī déployait dans ses moindres détails un merveilleux raffinement. De nombreux dais, au plafond, étaient décorés de lacets de perles, et le palais tout entier s’illuminait de l’éclat de joyaux précieux. On pouvait y voir de nombreux vergers fleuris de mallikās et de cāmelis, fleurs tenues en Inde pour les plus aromatiques, qui poussaient en bouquets épanouis et nombreux, rehaussant la beauté du palais. Par petits groupes, des abeilles, qu’attirait le parfum exquis des fleurs, se rassemblaient en bourdonnant autour des arbres. La nuit, un plaisant clair de lune filtrait à travers les fenêtres ajourées. On voyait, nombreux, des arbres pārijātas lourdement chargés de fleurs, dont la douce brise répandait la fragrance tout alentour. À l’intérieur brûlait l’encens, dont les fumées exquises s’échappaient par les volets. Dans la chambre de Rukmiṇī, des matelas couverts de draps blancs comme l’écume du lait, dont la couche avait aussi la douceur. Śrī Kṛṣṇa y prenait plaisir au service de Rukmiṇī et de ses servantes.

Rukmiṇī também estava muito ávida por conseguir a oportunidade de servir seu marido, a Suprema Personalidade de Deus. Ela queria servir o Senhor pessoalmente, de modo que pegou o punho da cāmara da mão de uma criada e começou a mover o abano. O punho da cāmara era feito de ouro e estava adornado com preciosas joias, e ficou ainda mais bonito quando segurado por Rukmiṇī, pois todos os seus dedos estavam graciosamente decorados com anéis enfeitados com pedras valiosas. As pernas dela estavam decoradas com guizos de tornozelo enfeitados com joias que soavam muito suavemente entre as pregas de seu sári. Os seios elevados de Rukmiṇī estavam cobertos com kuṅkuma e açafrão; assim, a beleza dela era realçada pelo reflexo da cor avermelhada que emanava de seus seios cobertos. Seus quadris elevados estavam decorados com um cinto de cordão com joias incrustadas, e um medalhão de grande refulgência pendia de seu pescoço. Acima de tudo, porque ela estava comprometida no serviço ao Senhor Kṛṣṇa – muito embora, naquela época, ela estivesse na idade para ter filhos adultos – seu belíssimo corpo era além de qualquer comparação nos três mundos. Quando nos damos conta de sua formosa face, parece que o cabelo encaracolado na sua cabeça, seus bonitos brincos nas orelhas, sua boca sorridente e seu colar de ouro, tudo combinava para verter chuvas de néctar, e, assim, foi definitivamente demonstrado que Rukmiṇī não era outra senão a original deusa da fortuna, a qual está sempre ocupada no serviço aos pés de lótus de Nārāyaṇa.

Avec quelle ardeur Rukmiṇī saisissait-elle la chance de servir Dieu, la Personne Suprême, en tant que son époux. Comme elle veut Le servir elle-même, elle prend de la main d’une servante le cāmara, dont le manche est d’or, décoré et incrusté de joyaux précieux ; il resplendit davantage encore dans sa main, aux doigts ornés de bagues serties de gemmes. À ses chevilles, des pierres précieuses et des clochettes, tintant avec grande douceur entre les plis de son sari. Sa poitrine un peu haute enduite de kuṅkuma et de safran, le reflet de cette couleur rougeâtre ajoutait à sa beauté. Au bas de sa taille, une large ceinture de dentelle ornée de pierreries, et à son cou, un médaillon de grand éclat. Engagé au service de Śrī Kṛṣṇa, son corps merveilleux, bien qu’elle fût alors d’âge à avoir des fils déjà bien grands, ne trouvait pas d’égal dans les trois mondes. À voir son visage merveilleux, il semble que cheveux bouclés, merveilleux pendants d’oreilles, sourire, collier d’or, tout cela est assemblé pour verser des pluies de nectar, et prouver sans conteste que Rukmiṇī est la déesse de la fortune originelle – et nulle autre –, celle qui toujours sert les pieds pareils-au-lotus de Nārāyaṇa.

Os passatempos de Kṛṣṇa e Rukmiṇī em Dvārakā são aceitos pelas grandes autoridades como manifestações de Nārāyaṇa e Lakṣmī, que são de elevada opulência. Os passatempos de Rādhā e Kṛṣṇa em Vṛndāvana são simples e rurais, distintos das características urbanas refinadas daqueles de Dvārakā. As características de Rukmiṇī eram incomumente luminosas, e Kṛṣṇa estava muito satisfeito com o comportamento dela.

Les Divertissements de Kṛṣṇa et de Rukmiṇī à Dvārakā sont acceptés, par les grandes autorités. en la matière, comme la manifestation de ceux de Nārāyaṇa et de Lakṣmī, à la haute opulence. Les Divertissements de Rādhā et Kṛṣṇa à Vṛndāvana, simples et pastoraux, diffèrent de ceux de Dvārakā, raffinés et citadins. Le caractère, les qualités de Rukmiṇī brillaient de façon inaccoutumée, à la grande satisfaction de Kṛṣṇa.

Kṛṣṇa já sabia que, quando Rukmiṇī recebera uma flor pārijāta de Narada Muni, Satyabhāmā tinha ficado com ciúmes de sua coesposa e tinha exigido imediatamente de Kṛṣṇa uma flor semelhante. De fato, ela não pôde acalmar-se até que lhe foi prometida a árvore inteira. E Kṛṣṇa cumpriu deveras Sua promessa: Ele trouxe a árvore, proveniente do reino celestial, até o planeta Terra. Depois desse episódio, Kṛṣṇa esperava que, porque Satyabhāmā fora recompensada com uma árvore cheia de pārijātas, Rukmiṇī também exigiria algo. No entanto, Rukmiṇī não mencionou nada acerca do incidente, porque ela era ponderada e estava satisfeita simplesmente com seu serviço. Kṛṣṇa desejou vê-la um pouco chateada, em razão do que Ele planejou contemplar sua bela face em uma condição irritada. Embora Kṛṣṇa possuísse mais de 16 mil e 100 esposas, Ele Se comportava com cada uma delas com afeto familiar; Ele criava uma situação particular entre Ele e Sua esposa na qual a esposa O criticava, motivada pela irritação de amor, e Kṛṣṇa desfrutava disso. Nesse caso, porque Kṛṣṇa não pôde achar nenhuma falta em Rukmiṇī, porquanto ela era muito séria e sempre ocupada em Seu serviço, Ele, risonhamente, com grande amor, começou a falar-lhe para provocar uma ira amorosa. Rukmiṇī era a filha do poderoso rei Bhīṣmaka. Por conseguinte, Kṛṣṇa não Se dirigiu a ela como Rukmiṇī; Ele a chamou, desta vez, de princesa. “Minha querida princesa, é muito surpreendente. Muitas grandes personalidades na ordem real desejavam desposá-la. Conquanto nem todos eles fossem reis, todos possuíam a opulência e a riquezas da ordem real; eles eram bem comportados, instruídos, famosos entre os reis, formosos em suas características físicas e qualificações pessoais, liberais, muito poderosos em força e avançados sob todos os aspectos. Eles não tinham qualquer imperfeição. Acima de tudo, seu pai e seu irmão não colocaram qualquer objeção a tal matrimônio. Ao contrário, eles deram sua palavra de honra que você casaria com Śiśupāla. Realmente, o casamento foi sancionado por ambos seus pais. Śiśupāla era um grande rei e estava tão luxurioso e enlouquecido por sua beleza que, se ele a tivesse desposado, acredito que ele teria sempre permanecido ao seu lado como seu criado fiel”.

On se souvient que Nārada Muni avait offert une fleur pārijāta à Rukmiṇī. Satyabhāmā, jalouse, avait aussitôt demandé la même chose à Kṛṣṇa. Et même, elle ne se sentit apaisée que par la promesse d’un arbre entier. Kṛṣṇa tint cette promesse. À la suite de quoi Il s’attendit à ce que Rukmiṇī à son tour Lui fasse une requête. La reine, toutefois, ne dit rien de l’incident, car elle avait l’esprit grave et se trouvait satisfaite du service qu’elle offrait au Seigneur. Mais Kṛṣṇa voulait contempler courroucé son merveilleux visage. Il possédait plus de 16 000 femmes, et n’en montrait pas moins à chacune d’entre elles autant d’affection ; et, Il Lui arrivait de créer entre Lui et Son épouse une situation telle que cette dernière en venait à L’invectiver, manifestant une irritation causée par l’amour, à laquelle le Seigneur prenait plaisir. Ne pouvant trouver en Rukmiṇī, si grande dévote, toujours engagée à Son service, aucune faute, Il se mit à lui parler, souriant et plein d’amour. Rukmiṇī étant fille de Bhīṣmaka, un roi puissant, Kṛṣṇa s’adressa à elle non par son nom mais par le titre de princesse : « Princesse aimée, une chose Me surprend fort. Nombreux furent les grands personnages, appartenant à l’ordre royal, qui ont désiré t’épouser. Si tous n’étaient pas rois ils possédaient cependant opulence et richesse, propres à l’ordre royal ; tous avaient de bonnes manières, étaient érudits, célèbres parmi les rois, beaux aussi bien dans leurs traits physiques que par leurs qualités, libéraux, fort puissants et avancés en tous points. Ils n’étaient en rien indignes de toi ; et de plus, ni ton père ni ton frère n’avaient d’objection à leur opposer. Au contraire, ils donnèrent à Śiśupāla leur parole d’honneur qu’il aurait ta main. Et ce grand roi te convoitait si fort, était si fou de ta beauté, que s’il t’avait épousée, Je crois bien que jamais il ne t’aurait quittée, comme ton plus fidèle serviteur.

“Em comparação às qualidades pessoais de Śiśupāla, Eu não sou nada. E você pode perceber isso pessoalmente. Estou surpreso que tenha rejeitado o casamento com ele e tenha Me aceitado, Eu que sou inferior em comparação a ele. Considero-Me completamente impróprio para ser seu marido, pois você é muito bonita, sóbria, séria e elevada. Posso inquirir de você a razão que a induziu a Me aceitar? Agora, claro, posso dirigir-Me a você como Minha bela esposa, mas ainda devo informá-la sobre Minha posição verdadeira – Eu sou inferior a todos aqueles príncipes que desejavam desposá-la”.

« Comparé à Śiśupāla, à ses qualités personnelles, Je ne suis rien. Et tu pourras toi-même t’en rendre compte. Je suis surpris que tu l’aies rejeté pour M’accepter, Moi qui lui suis bien inférieur. Car Je M’estime tout à fait indigne d’être ton époux, toi si belle, sobre, grave et exaltée. Puis-Je te demander la raison qui t’a conduite à M’accepter ? À présent, certes, Je peux M’adresser à toi comme à Ma merveilleuse femme, mais il faut pourtant que tu saches Ma véritable position : Je suis inférieur à tous ces princes qui ont désiré t’épouser.

“Em primeiro lugar, saiba que Eu estava com tanto medo de Jarāsandha que não pude ousar viver na Terra e, assim, construí esta casa dentro da água do mar. Não é Meu interesse revelar este segredo aos outros, mas você tem de saber que Eu não sou muito heroico; sou um covarde e temo Meus inimigos. Ainda assim, não estou seguro, porque todos os grandes reis da Terra são hostis a Mim. Fui eu que criei pessoalmente esse sentimento de hostilidade ao lutar contra eles de muitas formas. Outra falta é que, embora esteja no trono de Dvārakā, Eu não tenho qualquer direito imediato. Conquanto Eu tenha conquistado um reino, matando Meu tio materno, Kaṁsa, o reino deveria ir para Meu avô; então, de fato, Eu não tenho posse alguma de um reino. Ademais, não tenho objetivo definido na vida. As pessoas não podem compreender-Me muito bem. Qual é a meta última da Minha vida? Elas sabem muito bem que Eu era um vaqueirinho em Vṛndāvana. As pessoas esperavam que Eu seguisse os passos de Meu pai adotivo, Nanda Mahārāja, e fosse fiel a Śrīmati Rādhārānī e a todas as Suas amigas na vila de Vṛndāvana. Contudo, de repente, Eu as deixei. Eu queria tornar-Me um príncipe famoso. Todavia, Eu não podia ter reino algum, tampouco podia reger como um príncipe. As pessoas estão confusas sobre Minha meta última de vida; elas não sabem se Eu sou um vaqueirinho ou um príncipe, se Eu sou o filho de Nanda Mahārāja ou o filho de Vasudeva. Porque não tenho nenhuma meta fixa na vida, as pessoas talvez Me chamem de vadio. Então, estou surpreso que você possa ter escolhido tal vadio como marido”.

« Tout d’abord, sache-le, Ma peur de Jarāsandha était si grande que n’osant point vivre sur la terre, J’ai fait construire cette demeure sur les eaux de l’océan. Voilà ce que Je n’ai pas coutume de révéler d’ordinaire, mais tu dois le savoir, Je ne suis pas très héroïque : bien au contraire, Je suis un lâche, qui a peur de tous. Ma sécurité est précaire, car les grands rois de ce monde Me sont tous hostiles. Cette hostilité, Je l’ai Moi-même engendrée en M’opposant à eux de diverses manières. Encore une de Mes fautes : assis sur le trône de Dvārakā, Je n’y ai point de droit direct. J’ai conquis le royaume en faisant périr Mon oncle maternel, Kaṁsa, mais la royauté aurait dû aller à Mon grand-père. Ainsi, Je n’ai nul droit à posséder un royaume. Mon existence n’a pas de but fixe, de sorte qu’on ne Me comprend pas très bien. Quel est le but ultime de Ma vie ? Tous savent que J’étais un jeune pâtre à Vṛndāvana. Ils attendaient que Je suive les traces de Mon père adoptif, Nanda Mahārāja, que Je sois fidèle à Śrīmati Rādhārāṇī, à toutes ses amies du village de Vṛndāvana. Mais voilà que, soudain, Je les quitte. Je voulais devenir un prince célèbre, et Je ne pouvais ni avoir de royaume ni exercer le pouvoir d’un prince. Tout cela égare ceux qui cherchent le but de Mon existence : suis-Je un jeune pâtre ou un prince, le fils de Nanda Mahārāja ou le fils de Vasudeva ? Comme Je n’ai pas de but fixe, on Me traite parfois de vagabond. Comment as-tu fait pour choisir comme époux ce vagabond ?

“Além disso, não sou muito polido, até mesmo em etiqueta social. A pessoa deveria se satisfazer com uma esposa, mas você vê que Eu Me casei muitas vezes, e tenho mais de 16 mil esposas. Não posso agradar a todas como um marido gentil. Meu comportamento com elas não é muito agradável, e Eu sei que você está muito consciente disso. Eu, às vezes, crio uma situação com Minhas esposas em que elas não ficam muito contentes. Porque fui educado em uma vila em Minha infância, não estou bem familiarizado com a etiqueta da vida urbana. Não conheço a maneira de agradar uma esposa com palavras e comportamento meigos. E, da experiência prática, confirma-se que qualquer mulher que siga Meu caminho ou seja atraída por Mim permanece chorando pelo resto de sua vida. Em Vṛndāvana, muitas gopīs ficaram atraídas por Mim, e agora Eu as abandonei – elas estão vivendo, mas vivem simplesmente em prantos devido à separação. Fui informado por Akrūra e Uddhava que, desde que Eu deixei Vṛndāvana, todos os Meus amigos vaqueirinhos, as gopīs e Radharani, e Meu pai adotivo, Nanda Mahārāja, simplesmente estão chorando constantemente por Mim. Eu deixei Vṛndāvana para sempre e estou agora comprometido com as rainhas em Dvārakā, mas não sou bem comportado com nenhuma de vocês. Em consequência, você pode facilmente entender que Eu não tenho nenhuma firmeza de caráter; não sou um marido muito fidedigno. O resultado final de ser atraído por Mim é apenas obter uma vida de privações”.

« Je n’ai pas non plus de bonnes manières, selon la norme sociale. Un homme devrait se contenter d’une seule femme ; et Moi J’en ai épousé plus de 16 000, et ne peux toutes les satisfaire ; cette manière d’agir avec elles n’est pas des meilleures et, Je le sais, tu en es consciente. Souvent, Je crée une situation qui met Mes épouses dans le malheur. Mon enfance s’est passée dans un village, et Je suis bien ignorant des manières de la ville. Je ne sais pas comment plaire à Mes épouses par de douces paroles ou une attitude agréable. Et on a bien vu que toute femme qui suit Ma voie, ou qui par Moi se laisse attirer, finit délaissée, pleurant, le reste de ses jours. À Vṛndāvana, nombreuses sont les gopīs que J’ai charmées, puis abandonnées : privées de Moi, elles continuent de vivre, certes, mais ne cessent pas de pleurer. Selon Akrūra et Uddhava, depuis que J’ai quitté Vṛndāvana, tous Mes amis les pâtres, les gopīs, Rādhārāṇī et Mon père adoptif, Nanda Mahārāja, versent sans cesse des larmes pour Moi. J’ai quitté Vṛndāvana pour toujours, et Je vis auprès des reines de Dvārakā, mais sans Me conduire avec elles comme il convient. Il est facile de voir combien Je suis instable, et qu’on ne peut guère compter sur un époux comme Moi. Celle qui est attirée par Moi se prépare une existence de deuil.

“Minha querida e formosa princesa, saiba também que Eu estou sempre desprovido de recursos. Logo após Meu nascimento, fui levado sem recursos materiais para a casa de Nanda Mahārāja e fui criado apenas como um vaqueirinho. Embora Meu pai adotivo possuísse muitas centenas de milhares de vacas, Eu não era o proprietário nem mesmo de uma delas. Eu simplesmente recebi o encargo de cuidar delas e apascentá-las, mas não era o proprietário. Aqui também, Eu não sou o proprietário de coisa alguma, e estou sempre sem recursos. Não há nenhuma razão para lamentar por tal condição de pobreza; Eu não possuía coisa alguma no passado: assim, por que Eu deveria Me lamentar por não ter coisa alguma agora? Você também pode notar que Meus devotos não são muito opulentos; eles também são muito pobres em bens mundanos. As pessoas que são muito ricas em riqueza mundana não estão interessadas em devoção por Mim, ou consciência de Kṛṣṇa. Ao contrário, quando uma pessoa fica sem dinheiro, à força ou através das circunstâncias, ela pode interessar-se por Mim se ela conseguir a oportunidade apropriada. As pessoas que são orgulhosas das suas riquezas, até mesmo se lhes for oferecida a associação com Meus devotos, não tiram proveito da consciência de Mim. Em outras palavras, a classe mais pobre de homens pode ter um pouco de interesse em Mim, mas os homens ricos não têm nenhum interesse. Por conseguinte, Eu julgo que sua escolha da Minha pessoa não foi muito inteligente. Você parece muito inteligente, treinada por seu pai e irmão, mas, em última análise, você cometeu um grande engano selecionando seu companheiro de vida”.

« Ma chère et belle princesse, il te faut savoir aussi que Je n’ai pas un sou. Dès Ma naissance, Je fus porté, sans le sou, à la maison de Nanda Mahārāja, où Je fus élevé comme un jeune pâtre. Mon père adoptif possédait des centaines et des milliers de vaches, mais pas une ne M’appartenait. J’avais seulement la charge de les soigner. Or, même ici, à Dvārakā, rien ne M’appartient, Je n’ai jamais un sou. Ce pourquoi Je ne saurais Me lamenter, car avant d’y venir Je n’avais rien non plus. Remarque aussi que Mes dévots ne sont pas gens de grande opulence ; eux aussi sont pauvres en richesses de ce monde. Les gens riches ne portent aucun intérêt au service de dévotion, à la Conscience de Kṛṣṇa. Au contraire, un sans-le-sou, par nécessité ou par le jeu des circonstances, peut s’intéresser à Moi. Mais les hommes infatués de leur richesse ne tirent pas avantage de la Conscience de Kṛṣṇa même quand leur est offerte la compagnie de Mes dévots. En d’autres mots, seuls les pauvres Me portent quelque intérêt. Voilà pourquoi Je pense que tu n’as pas fait un choix très judicieux. Tu sembles fort intelligente, tu as été élevée dans les règles par ton père et ton frère, mais tu n’en as pas moins commis une erreur de taille dans le choix d’un compagnon d’existence.

“Mas nada que não possa ser remediado; o engano ainda pode ser retificado – melhor tarde do que nunca. Você está livre para escolher um marido satisfatório que seja de fato igual a você em opulência, tradição familiar, riqueza, beleza, educação – sob todos os aspectos. Qualquer que seja o engano que você tenha cometido, isso pode ser esquecido. Agora você pode planejar seu próprio futuro lucrativo. Normalmente, uma pessoa não estabelece uma relação matrimonial com uma pessoa que seja superior ou inferior à posição dela. Minha querida filha do rei de Vidarbha, penso que você não ponderou muito bem antes de seu matrimônio. Assim, fez uma escolha errada selecionando-Me como seu marido. Você ouviu falar erradamente que Eu teria um caráter muito elevado, embora, na verdade, Eu não passe de um mendigo. Sem Me ver e sem saber da Minha posição verdadeira, você Me escolheu como seu marido simplesmente por ouvir falar sobre Mim. Essa não foi uma escolha muito sensata. Então, sendo melhor tarde do que nunca, aconselho você, agora, a selecionar um dos grandes príncipes kṣatriyas e aceitá-lo como o companheiro de sua vida, podendo rejeitar-Me”.

« Mais peu importe, et mieux vaut tard que jamais. Je te laisse désormais libre de choisir un mari digne de toi, vraiment ton égal en opulence, tradition familiale, richesse, beauté, éducation. Tes erreurs seront alors oubliées. Tu peux désormais tracer le chemin de ton propre intérêt. Selon l’usage, on ne célèbre pas de mariage entre personnes de position différente. Chère fille du roi de Vidarbha, Je pense que ton mariage avec Moi n’a pas été mûrement réfléchi, et que tu as fait un mauvais choix. Tu avais entendu glorifier Ma grandeur : mais Je n’ai jamais été rien d’autre qu’un mendiant ; tu n’as rien vu de Ma vraie nature, de Ma véritable position, quand tu M’as choisi pour époux. Grande erreur ! Encore une fois, choisis l’un des grands princes kṣatriyas, accepte un autre compagnon de ta vie, après M’avoir rejeté. Mieux vaut tard que jamais. »

Kṛṣṇa estava propondo que Rukmiṇī se divorciasse dEle em uma época em que ela já estava com muitos filhos adultos. Portanto, essa proposição de Kṛṣṇa pareceu ser algo inesperado, porque, de acordo com a cultura védica, não havia tal coisa como separação de marido e esposa através de divórcio. Tampouco era possível para Rukmiṇī escolher um marido novo em sua idade avançada, quando ela tinha muitos filhos casados. Para Rukmiṇī, todas essas propostas de Kṛṣṇa pareciam loucas, e ela se surpreendeu que Kṛṣṇa pudesse dizer tais coisas. Simples como era, sua ansiedade estava aumentando cada vez mais com o pensamento de separar-se de Kṛṣṇa.

Kṛṣṇa proposait à Rukmiṇī la séparation alors qu’elle avait de nombreux enfants déjà grands. C’était bien inattendu, car la culture védique n’admet pas le divorce. Et comment Rukmiṇī l’eut-elle accepté à un âge si avancé, alors que déjà elle avait de nombreux enfants mariés. Chaque mot de Kṛṣṇa semblait une folie, qui laissait Rukmiṇī dans la plus grande surprise. Elle était simple, et à l’idée d’être séparée de son Seigneur, l’angoisse grandissait en elle.

“Afinal de contas”, Kṛṣṇa continuou, “você deve se preparar para sua próxima vida. Portanto, aconselho você a escolher alguém que possa auxiliá-la nesta vida e na próxima, pois sou completamente incapaz de ajudar. Minha querida e bela princesa, saiba que todos os membros da ordem principesca, inclusive Śiśupāla, Śālva, Jarāsandha, Dantavakra e até mesmo seu irmão mais velho, Rukmī, são Meus inimigos; eles não gostam nem mesmo um pouco de Mim. Eles Me odeiam do fundo do coração. Todos esses príncipes eram excessivamente orgulhosos com suas posses mundanas e não se importavam nem um pouco com quem quer que chegasse até eles. Para ensinar-lhes algumas lições, Eu concordei em raptá-la de acordo com seu desejo, mas, na verdade, não tenho amor algum por você, embora você tenha Me amado mesmo antes do casamento”.

Kṛṣṇa poursuivit : « Il faut également que tu songes à ta prochaine vie. Choisis donc quelqu’un qui pourra t’aider à la fois dans cette existence et dans la suivante. Pour Ma part, J’en suis bien incapable. Chère et belle princesse, tu sais que les princes, y compris Śiśupāla, Śālva, Jarāsandha, Dantavakra et même ton frère aîné Rukmī, sont tous Mes ennemis et Me haïssent du fond de leur cœur. Pleins d’orgueil à cause de leurs possessions en ce monde, ils n’ont jamais eu le moindre regard pour qui se présentait à eux. Si J’ai consenti à te ravir comme tu le désirais, c’est pour leur donner une leçon. Mais Je n’ai pas vraiment d’amour pour toi, qui M’aimais avant même notre mariage.

“Como já expliquei, não sou muito ligado à vida familiar ou ao amor entre marido e mulher. Por natureza, não sou muito apaixonado por vida familiar, esposa, filhos, casa e opulências. Como Meus devotos estão sempre desprezando todas essas posses mundanas, Eu também não gosto disso. De fato, estou interessado em autorrealização; isso me dá prazer, e não esta vida em família”. Depois de submeter Sua declaração, o Senhor Kṛṣṇa parou de repente.

Je te l’ai déjà dit, la vie familiale, l’amour entre mari et femme ne m’intéressent guère. Par nature, Je n’ai pas de goût pour l’épouse, les enfants, le foyer et l’opulence familiale. De même que Mes dévots, Je n’accorde guère d’importance à ces possessions mondaines. En vérité, seule M’intéresse la réalisation spirituelle, car elle seule M’apporte le plaisir. » Sur ces mots, Śrī Kṛṣṇa S’arrêta brusquement de parler.

A grande autoridade Śukadeva Gosvāmī observa que Kṛṣṇa quase sempre passava Seu tempo com Rukmiṇī, e Rukmiṇī era um pouco orgulhosa de ser tão afortunada por Kṛṣṇa nunca Se afastar dela nem por um momento. Porém, Kṛṣṇa não gosta que nenhum de Seus devotos fique orgulhoso. Assim que um devoto se comporta assim, Ele, por alguma tática, reduz aquele orgulho. Também, nesse caso, Kṛṣṇa disse muitas coisas que eram duras para Rukmiṇī ouvir. Ela só podia concluir que, conquanto ela estivesse orgulhosa da sua posição, Kṛṣṇa poderia Se separar dela a qualquer momento.

Śukadeva Gosvāmī, dont l’autorité spirituelle est grande, souligne que Kṛṣṇa passait presque tout Son temps auprès de Rukmiṇī, laquelle tirait quelque vanité de cette grande fortune. Or, le Seigneur n’aime pas que Ses bhaktas s’enorgueillissent. Dès que l’un d’eux tombe dans la vanité, Kṛṣṇa, par quelque biais, le rabaisse. Ainsi, Il prononça des paroles bien dures à l’oreille de Rukmiṇī. Elle fut contrainte de penser que malgré la faveur dont elle jouissait, Kṛṣṇa pouvait la quitter à tout instant.

Rukmiṇī estava consciente de que seu marido não era um ser humano comum. Ele era a Suprema Personalidade de Deus, o mestre dos três mundos. Pela maneira com que Ele estava falando, ela temia se separar do Senhor, porque ela jamais ouvira tais palavras severas de Kṛṣṇa. Por conseguinte, ela ficou desconcertada, com medo da separação, e seu coração começou a palpitar. Sem responder com uma palavra sequer às declarações de Kṛṣṇa, ela simplesmente chorou com grande ansiedade, como se estivesse afogando-se em um oceano de pesar. Ela silenciosamente arranhou o chão com a unha do dedão de seu pé, o qual refletia uma luz avermelhada no chão. As lágrimas dos seus olhos misturaram-se ao negro unguento cosmético das suas pálpebras e rolaram abaixo, lavando o kuṅkuma e o açafrão dos seus seios. Sufocada por causa da grande ansiedade, impossibilitada de falar uma palavra sequer, ela manteve sua cabeça baixa e permaneceu de pé como uma vara. Devido ao medo extremamente doloroso e à lamentação, ela perdeu toda a sua capacidade de raciocínio e se enfraqueceu. Seu corpo perdeu tanto peso que os braceletes em seus pulsos ficaram frouxos. A cāmara com a qual ela estava servindo Kṛṣṇa caiu imediatamente de sua mão. Seu cérebro e memória ficaram confusos, e ela perdeu a consciência. Seu cabelo bem penteado em sua cabeça esparramou-se aqui e ali, e ela caiu prontamente, como se fosse uma bananeira arrancada por um vendaval.

Elle avait conscience que son époux n’était pas un homme ordinaire, mais était Dieu, la Personne Suprême, le Maître des trois mondes. Et maintenant, elle avait peur, peur d’être séparée de Lui, car jamais auparavant Il ne lui avait parlé de la sorte. Cette peur lui causa un grand trouble, et son cœur se mit à palpiter. Sans répondre un seul mot, elle se mit simplement à pleurer, dans une grande angoisse, et comme noyée dans un océan de tristesse. En silence, elle gratta le sol des ongles de ses orteils, qui y laissaient un reflet rouge. Des larmes roses coulaient de ses yeux, se mêlaient au fard sombre de ses paupières, et tombaient, lavant sur sa poitrine le kuṅkuma et le safran. La gorge étranglée par l’angoisse, incapable de prononcer un seul mot, elle gardait la tête inclinée vers le sol et demeurait là, plantée. Sous l’extrême souffrance, elle perdit tout pouvoir de raisonner ; elle devint faible, et en un instant son corps s’amaigrit au point que les bracelets tombèrent de ses bras. Elle laissa choir le cāmara dont elle éventait Kṛṣṇa. Puis son cerveau et sa mémoire se brouillèrent, et elle perdit conscience. Ses cheveux joliment peignés se répandirent, et elle tomba, raidie tel un bananier abattu par une tornade.

O Senhor Kṛṣṇa percebeu imediatamente que Rukmiṇī não levara Suas palavras em um espírito de brincadeira. Ela aceitara Suas declarações muito seriamente e, em sua ansiedade extrema acerca da separação imediata dEle, ela ficara nessa condição. O Senhor Śrī Kṛṣṇa é naturalmente muito afetuoso para com Seus devotos, e, quando Ele viu a condição de Rukmiṇī, Seu coração abrandou de pronto. De imediato, Ele ficou misericordioso com ela. A relação entre Rukmiṇī e Kṛṣṇa era igual àquela entre Lakṣmī e Nārāyaṇa; então, Kṛṣṇa apareceu diante de Rukmiṇī em Sua manifestação de Nārāyaṇa de quatro braços. Ele levantou-Se da cama, ergueu-a pelas mãos e, colocando Suas mãos refrescantes na face dela, alisou seu cabelo. O Senhor Kṛṣṇa secou os seios molhados de Rukmiṇījī com Sua mão. Entendendo a profundidade do amor de Rukmiṇī por Ele, Kṛṣṇa a abraçou contra Seu peito.

Ainsi, Rukmiṇī n’avait pas pris pour une plaisanterie les paroles de Śrī Kṛṣṇa, ce qui Le frappa aussitôt. Lui, qui porte par nature une grande affection à Ses dévots, sentit Son cœur s’adoucir devant la détresse de Rukmiṇī, et sur l’instant, lui montra Sa miséricorde. La relation unissant Kṛṣṇa à Rukmiṇī était celle de Lakṣmī et Nārāyaṇa ; aussi le Seigneur apparut devant elle dans Sa manifestation de Nārāyaṇa, à quatre bras. Se levant de la couche, Il lui prit les poignets, la releva, puis, plaçant Ses mains rafraîchissantes sur son visage, lissa ses cheveux épars ; de Sa main, Il sécha sa poitrine. Il voyait l’intensité de son amour et l’étreignit.

A Personalidade Suprema é especialista em colocar as coisas razoavelmente de forma que a pessoa possa entender, e assim Ele tentou retirar tudo aquilo que dissera antes. Ele é o único recurso para todos os devotos e, assim, Ele sabe muito bem satisfazer Seus devotos puros. Kṛṣṇa entendeu que Rukmiṇī não pôde deixar de levar a sério as declarações que Ele fizera. Para dissipar a confusão dela, Ele falou como segue:

Dieu, la Personne Suprême, habile dans l’art de présenter un sujet de façon raisonnable, de façon à ce qu’on le comprenne, voulut retirer l’effet de Ses premières paroles. Pour tous les bhaktas, Il est le seul secours : Il sait parfaitement comment les satisfaire. Rukmiṇī n’avait pu percer à jour Ses paroles espiègles, et désireux d’effacer sa confusion, Il reprit :

“Minha querida filha do rei Vidarbha, Minha querida Rukmiṇī, por favor, não Me entenda mal. Não seja indelicada coMigo dessa maneira. Eu sei que você é sincera e profundamente apegada a Mim; você é Minha companheira eterna. As palavras que a afetaram tanto não são verdadeiras. Eu desejei irritá-la um pouco, e estava esperando que você retrucasse essas palavras engraçadas. Infelizmente, você as levou a sério; estou muito arrependido por isso. Esperei que seus lábios vermelhos tremessem com raiva quando ouvisse Minha declaração e que Me castigaria com muitas palavras. Ó perfeição do amor, nunca pensei que você ficaria assim. Esperei que lançasse seu olhar pestanejante sobre Mim por vingança e Eu pudesse, assim, ver sua belíssima face naquele humor de ira”.

« Chère fille du roi Vidarbha, Ma chère Rukmiṇī, aie la bonté de ne pas mal Me comprendre. Ne sois pas ainsi cruelle envers Moi. Je sais que tu es sincèrement et sérieusement attachée à Moi, toi Mon éternelle compagne. Les paroles qui t’ont si fortement affectée n’ont rien de véridique. Je voulais seulement t’irriter un peu, et M’attendais à ce que tu répondes à Mes plaisanteries. Hélas, tu les as prises au sérieux ; J’en suis tout contrit. Je M’attendais à voir tes lèvres rouges trembler de colère, à t’entendre Me gronder sévèrement. Ô perfection de l’amour, jamais je n’ai pensé te voir si mal. Je croyais te voir fixer sur Moi tes yeux papillotants, pleins de vengeance, et pouvoir contempler la beauté de ton visage en courroux.

“Minha querida e formosa esposa, você sabe que, por sermos donos de casa, estamos sempre ocupados em muitos assuntos domésticos e que passa longo tempo até que possamos desfrutar algumas palavras divertidas entre nós. Esse é o maior proveito da vida doméstica”. Na verdade, os donos de casa trabalham arduamente dia e noite, mas toda a fadiga do trabalho do dia é minimizada assim que marido e mulher se encontram e, juntos, desfrutam a vida. O Senhor Kṛṣṇa quis Se exibir como sendo um dono de casa comum, o qual se deleita trocando palavras jocosas com sua esposa. Portanto, Ele pediu reiteradas vezes que Rukmiṇī não aceitasse essas palavras muito seriamente.

« Ma chère et belle épouse, tu le sais, nous sommes gens de famille. Tant d’activités nous absorbent, dans la condition de gṛhasthas, que nous aspirons au moment où nous pouvons ensemble prendre plaisir à quelques plaisanteries. C’est là le jeu le plus cher aux gens mariés. Car, les gṛhasthas travaillent très dur jour et nuit, mais la fatigue de toute une journée de labeur s’efface aussitôt que mari et femme se rencontrent et se plaisent à jouir de la vie. » Śrī Kṛṣṇa voulait Se présenter tel un gṛhastha ordinaire, qui prend plaisir à échanger des paroles espiègles avec son épouse. C’est donc plusieurs fois qu’Il demanda à Rukmiṇī de ne pas prendre Ses paroles au sérieux.

Dessa maneira, quando o Senhor Kṛṣṇa apaziguou Rukmiṇī com Suas doces palavras, ela pôde entender que o que Ele dissera anteriormente não fora de fato algo sério, mas fora falado para evocar um pouco de prazer jocoso entre eles. Ela se acalmou ao ouvir as palavras de Kṛṣṇa. Aos poucos, ela livrou-se de todo o medo de separação dEle e começou a olhar Seu rosto de uma forma bem animada, com sua face naturalmente sorridente. Ela disse: “Meu querido Senhor de olhos de lótus, Sua declaração de que nós não somos uma combinação adequada está completamente certa. Não é possível que eu chegue a um nível igual ao Seu porque Você é o reservatório de todas as qualidades, a ilimitada Suprema Personalidade de Deus. Como posso ser um partido apropriado para Você? Não há qualquer possibilidade de comparação conSigo, que é o mestre de toda a grandeza, o controlador das três qualidades e o objeto de adoração para grandes semideuses como Brahmā e o senhor Śiva. Quanto a mim, sou produto dos três modos da natureza material, que impedem o avanço progressivo do serviço devocional. Quando e onde posso ser um partido adequado para Você? Meu querido marido, Você disse acertadamente que Se abrigou na água do mar como se tivesse medo dos reis. No entanto, quem são os reis deste mundo material? Eu não penso que as pretensas famílias reais sejam os reis do mundo material. Os reis do mundo material são os três modos da natureza material, que de fato controlam tudo. Você está situado no coração de todos, onde permanece completamente indiferente à influência dos três modos da natureza material, e não há nenhuma dúvida quanto a isso”.

Lorsque Śrī Kṛṣṇa l’eut apaisé par Ses mots doux, elle comprit l’intention du Seigneur derrière Ses paroles. Peu à peu, toute crainte d’être séparée de Lui s’évanouit, et elle, naturellement souriante, se mit à contempler avec joie Son visage. « Ô cher Seigneur aux yeux pareils-au-lotus, dit-elle, Tu avais bien raison d’affirmer que Toi et moi ne formons pas un bon couple. Car je ne peux me hausser à Ton niveau, Toi qui es le Réservoir de toutes qualités, le Sans-mesure, Dieu, la Personne Suprême ! Comment pourrais-je donc être digne de Toi ? Comment pourrais-je me comparer à Toi, Maître de toutes grandeurs, Maître des trois guṇas et Objet d’adoration pour d’aussi grands devas que Brahmā et Śiva. Pour moi, je ne suis qu’un produit des trois guṇas, qui font obstacle au progrès sur le chemin du service de dévotion. Quand et où pourrais-je donc être une épouse digne de Toi ? Ô cher Époux, Tu as dit juste quand Tu as affirmé avoir pris refuge dans les eaux de l’océan par peur des rois. Mais qui donc est le roi de ce monde matériel ? Je ne pense pas que ce soit l’un de ceux que nous connaissons. Non, ce sont bien plutôt les trois guṇas, qui contrôlent le monde. Quant à Toi, sis dans le cœur de chacun, ils ne T’affectent pas – ce point est hors de doute.

“Você diz que sempre mantém inimizade com os reis mundanos. Mas quem são os reis mundanos? Considero que os reis mundanos são os sentidos. Eles são muito formidáveis e controlam todo o mundo. Certamente, Você mantém inimizade com esses sentidos materiais. Você nunca está sob o controle dos sentidos; ao contrário, Você é o controlador dos sentidos, Hṛṣīkeśa.

« Tu fus toujours hostile aux rois de ce monde ? Ce sont, je pense, les sens. Leur puissance est la plus formidable, et ils tiennent tous les êtres sous leur contrôle. Et certes, envers ces sens matériels, Tu entretiens l’hostilité, car jamais Je ne Te vis souffrir leur joug. Bien plutôt, Tu en es le Maître, Hṛṣīkeśa.

“Meu querido Senhor, Você disse que é desprovido de todo poder real, e isso também está correto. Não apenas está desprovido de supremacia sobre o mundo material, como também Seus servos, aqueles que têm algum apego a Seus pés de lótus, abandonam qualquer supremacia sobre o mundo material porque consideram que a posição material é a região mais escura, a qual impede o progresso da iluminação espiritual. Se os Seus servos não apreciam a supremacia material, o que falar de Você? Meu querido Senhor, Sua declaração de que Você não age como uma pessoa comum com uma meta definida na vida também está perfeitamente correta. Até mesmo Seus grandes devotos e servos, conhecidos como grandes sábios e pessoas santas, permanecem em tal estado que ninguém pode obter qualquer indício quanto ao objetivo de suas vidas. A sociedade humana os considera loucos e misantrópicos. A meta de suas vidas é um mistério para o ser humano comum; os mais baixos do gênero humano não podem conhecer nem Você nem Seus servos. Um ser humano contaminado não pode nem mesmo imaginar os Seus passatempos e os de Seus devotos. Ó ilimitado, uma vez que as atividades e realizações de Seus devotos ainda são um mistério aos seres humanos comuns, como podem Suas motivações e atividades serem compreendidas por eles? Todos os tipos de energias e opulências estão comprometidos em Seu serviço, mas, ainda assim, repousam em Seu abrigo”.

Ô cher Seigneur, Tu as dit que tout pouvoir royal Te faisait défaut : cela aussi est vrai. Tes serviteurs, ceux qui s’attachent à Tes pieds pareils-au-lotus, rejettent eux aussi la suprématie en ce monde, car ils tiennent toute position matérielle comme appartenant à la région la plus sombre et faisant obstacle au progrès de l’illumination spirituelle. Si Tes serviteurs n’ont point d’attrait pour la puissance en ce monde, que dire de Toi ? Mon cher Seigneur, lorsque Tu dis que Tu n’agis pas tel un homme ordinaire, avec un but particulier dans l’existence, cela est aussi vrai. Même Tes grands dévots et serviteurs, à la sagesse renommée, demeurent en telle condition que nul ne peut soupçonner le but de leur existence. La société humaine les tient pour des fous et des cyniques. Le but qu’ils donnent à leur existence demeure un mystère pour l’homme du commun. Jamais le plus bas des hommes ne pourra connaître Ta Personne ou celle de Ton serviteur. Tout homme impur ne peut même imaginer les Divertissements que Tu échanges avec Tes dévots. Ô Toi sans limites, si les activités et les efforts de Tes dévots demeurent dans l’ombre aux yeux de l’homme du commun, que dire des Tiens ? Toutes sortes d’énergies et de perfections sont à Ton service et restent sous Ta protection.

“Você descreveu a Si próprio como desprovido de recursos materiais, mas essa condição não é nenhuma pobreza. Visto que não há nada na existência senão Você, não é necessário Você possuir coisa alguma, pois Você é tudo. Ao contrário dos outros, Você não precisa adquirir nada alheio a Si próprio. Em Você, todas as coisas contrárias podem ser ajustadas, pois Você é absoluto. Você não possui nada, apesar do que ninguém é mais rico do que Você. No mundo material, ninguém pode ser rico sem possuir. Uma vez que Sua Onipotência é absoluto, Você pode ajustar a contradição de nada possuir e, ao mesmo tempo, ser o mais rico. Nos Vedas, declara-se que, embora Você não tenha mãos e pernas materiais, Você aceita tudo o que seja oferecido em devoção pelos devotos. Você não tem olhos e ouvidos materiais, mas, ainda assim, pode ver e ouvir tudo em todos os lugares. Conquanto não possua nada, os grandes semideuses, que aceitam orações e adoração dos outros, vêm e adoram-nO para solicitar Sua misericórdia. Como Você poderia ser categorizado entre os pobres?”

« Tu T’es décrit comme sans un sou, mais est-ce pauvreté ? Puisque rien n’existe en dehors de Toi, qui es tout, quel besoin aurais-Tu de posséder quoi que ce soit ? Au contraire des autres, Tu n’as rien à obtenir. Toutes contradictions s’effacent en Toi, car Tu es absolu. Tu ne possèdes rien, mais nul n’est plus riche que Toi ; Tu es absolu, et ces contradictions n’en sont pas pour Toi. Les Vedas l’enseignent : si Tu ne possèdes pas de mains et de jambes matérielles, Tu n’en acceptes pas moins tout objet que les bhaktas T’offrent avec dévotion. Tu n’as d’yeux ni d’oreilles matériels, et pourtant Tu vois toutes choses, Tu entends tout. Et si Tu ne possèdes rien, les grands devas, qui acceptent d’autrui adoration et prière n’en viennent pas moins à Tes pieds pour T’adorer et solliciter Ta miséricorde. Comment donc pourrais-Tu être compté parmi les pauvres ?

“Meu querido Senhor, Você também declarou que a parte mais rica da sociedade humana não O adora. Isso também está correto, porque pessoas que são orgulhosas em virtude das posses materiais pensam em utilizar sua propriedade para o gozo dos sentidos. Quando um homem afligido pela pobreza torna-se rico, ele faz um programa para o gozo dos sentidos devido à sua ignorância de como utilizar seu dinheiro arduamente ganho. Sob o feitiço da energia externa, ele pensa que seu dinheiro é empregado corretamente em gozo dos sentidos e, assim, ele negligencia Seu serviço transcendental. Meu querido Senhor, Você declarou que as pessoas que não possuem nada são muito queridas a Você; renunciando tudo, Seu devoto só quer possuí-lO. Então, eu vejo que um grande sábio como Nārada Muni, que não possui nenhuma propriedade material, ainda é muito querido a Você. E tais pessoas não querem nada senão Sua Onipotência”.

« Ô cher Seigneur, Tu as affirmé encore que les membres les plus riches de la société humaine ne Te portent pas leur adoration. Cela aussi est vrai, car ceux qui s’enorgueillissent de leurs possessions matérielles pensent d’abord à en faire usage pour le plaisir des sens. Dès qu’un pauvre devient riche, comme il ignore la bonne façon d’utiliser une fortune acquise si durement, il dresse des plans pour satisfaire ses sens. Sous l’emprise de l’énergie externe, il croit que dans le plaisir des sens son argent est employé comme il convient, et néglige ainsi Ton service absolu. Ô cher Seigneur, les êtres qui ne possèdent rien, as-Tu dit, Te sont très chers ; car renonçant à tout, Ton dévot ne désire que Toi. Ainsi le grand sage Nārada Muni ! Il ne possède rien et ne T’en est pas moins infiniment cher.

“Meu querido Senhor, Você declarou que um casamento entre pessoas da mesma posição social, beleza, riquezas, força, influência e renúncia pode ser uma combinação satisfatória. Não obstante, essas condições de vida são possíveis apenas por Sua graça. Você é a fonte da perfeição suprema de todas as opulências. Qualquer que seja o estado opulento mantido por alguém, ele deve-se integralmente a Você. Como descrito no Vedāntā-sūtra, janmādy asya yataḥ – Você é a fonte suprema da qual tudo emana, o reservatório de todos os prazeres. Então, as pessoas dotadas de conhecimento desejam alcançá-lO e nada mais. Para alcançar Seu favor, elas abandonam tudo – até mesmo a realização transcendental do Brahman. Você é a meta suprema e última da vida. Você é o reservatório de todos os interesses das entidades vivas. As pessoas que são realmente bem-intencionadas anseiam apenas por Você e, por essa razão, elas abandonam tudo para lograr o sucesso. Portanto, tais pessoas merecem se associar conSigo. Na sociedade dos servos e servidos na consciência de Kṛṣṇa, a pessoa não está sujeita às dores e aos prazeres da sociedade material, a qual funciona de acordo com a atração do sexo. Portanto, todos, sejam homens ou mulheres, devem buscar ser membros de Sua sociedade de servos e servidos. Você é a Suprema Personalidade de Deus; ninguém pode superá-lO, tampouco alguém pode chegar a um nível igual ao Seu. O sistema social perfeito é aquele no qual Você permanece no centro, sendo servido como o Supremo, e todos os outros estão empenhados como Seus servos. Em tal sociedade perfeitamente construída, todos podem ser eternamente felizes e bem-aventurados”.

« Ô Seigneur, Tu as affirmé que seul atteint le succès un mariage entre gens égaux quant au statut social, à la beauté, la richesse, la puissance, l’influence et le renoncement. Mais tout cela, c’est Toi seul qui l’accordes, par Ta grâce, Toi la Source suprême, parfaite, de toutes les excellences. Quiconque mène un train de vie opulent Te le doit. Comme l’énonce le Vedānta-sūtra : janmādy asya yataḥ, Tu es la Source suprême de qui tout émane, le Réservoir de tous plaisirs. Ceux qui jouissent du savoir ne désirent donc que T’atteindre, rien d’autre ne saurait les satisfaire. Pour connaître Ta faveur, ils renoncent à tout, fût-ce à l’absolue réalisation du Brahman. Tu es le But ultime de l’existence, le Réservoir où gisent tous les intérêts des êtres vivants. Ceux dont les motifs sont vraiment bons ne désirent que Ta Personne, et pour Elle abandonnent tout. Voilà qui les rend dignes de connaître Ta compagnie. Dans la société des serviteurs et du Servi que forme la Conscience de Kṛṣṇa, nul ne se trouve soumis aux plaisirs et aux douleurs qui caractérisent les sociétés matérialistes, lesquelles ont pour moteur l’attraction sexuelle. Chaque homme et chaque femme doit donc aspirer à en devenir membre. Tu es Dieu, la Personne Suprême, et nul ne peut T’égaler ou Te dépasser : aussi le système social le plus parfait est-il celui dont Tu formes le centre, servi en tant que l’Être Suprême, par tous, Tes serviteurs. Dans une société dont les structures sont ainsi parfaites chacun peut, éternellement, connaître bonheur et félicité.

“Meu Senhor, Você declarou que apenas os mendigos louvam Suas glórias, e isso também está perfeitamente correto. Mas quem são esses mendigos? Esses mendigos são todos devotos elevados, personalidades libertas e aqueles na ordem renunciada de vida. Eles são todos grandes almas e devotos que não têm nenhum outro afazer além de glorificá-lO. Tais grandes almas perdoam até mesmo os piores ofensores. Esses ditos mendigos executam seu avanço espiritual na vida tolerando todas as tribulações no mundo material. Meu querido marido, não pense que eu O aceitei como meu esposo devido à minha inexperiência; de fato, eu segui todas essas grandes almas. Eu segui o caminho desses grandes mendigos e decidi entregar minha vida aos Seus pés de lótus”.

« Ô Seigneur, seuls les mendiants, as-Tu dit, font l’éloge de Tes gloires, et cela aussi est vrai. Mais qui sont ces mendiants ? Tous de hauts bhaktas, des êtres libérés, des sannyāsīs. Tous, grandes âmes et dévots de Ta Personne, n’ont d’autre occupation que de Te glorifier. Ils sont prêts à pardonner même la pire offense. Ces prétendus mendiants accomplissent en fait leur progrès spirituel dans l’existence, tolérant toutes sortes de tribulations en ce monde. Mon cher Époux, si je T’ai accepté pour tel, ne crois pas que ce soit par inexpérience : je n’ai fait que marcher sur les traces de toutes ces grandes âmes. J’ai suivi la voie de ces grands mendiants et décidé d’abandonner mon existence à Tes pieds pareils-au-lotus.

“Você disse que não tem quaisquer recursos materiais, e isso está correto, porque Você Se distribui inteiramente a essas grandes almas e devotos. Conhecendo perfeitamente bem esse fato, eu rejeitei inclusive tais grandes personalidades como o senhor Brahmā e o rei Indra. Meu Senhor, o grande fator tempo age unicamente sob Sua direção. O fator tempo é tão grande e poderoso que, em um instante, pode efetuar a devastação de qualquer lugar dentro da criação. Por todos esses fatores, considerei Jarāsandha, Śiśupāla e príncipes semelhantes, que queriam se casar comigo, não mais importantes do que reles insetos”.

« Tu es sans un sou, as-Tu encore affirmé, et c’est bien vrai. Tu Te donnes tout entier à ces grandes âmes, ces grands bhaktas. Forte de ce savoir, j’ai refusé même des personnages aussi élevés que Brahmājī et le roi Indra. Ô Seigneur, le Temps, grand parmi les grands, n’agit que sous Ton ordre. Telle est sa puissance qu’en un instant il peut dévaster n’importe quelle partie de la création. Tout cela bien considéré, J’ai pensé que Jarāsandha, Śiśupāla et les autres princes de leur rang, qui tous désiraient ma main, n’étaient guère que de minuscules insectes.

“Meu querido filho todo-poderoso de Vasudeva, a declaração de que Você buscou abrigo dentro da água do oceano, temendo a todos os grandes príncipes, é bastante inadequada, pois minha experiência com Você contradiz isso. Eu vi de fato que Você me raptou à força na presença de todos esses príncipes. Na hora de minha cerimônia de casamento, simplesmente dando um puxão no fio de Seu arco, muito facilmente Você afugentou os outros e me concedeu abrigo aos Seus pés de lótus. Eu ainda me lembro vividamente de como Você me raptou da mesma forma que um leão leva violentamente sua parte do saque da caça e afugenta todos os animais pequenos em um piscar de olhos”.

« Ô cher et tout-puissant Fils de Vasudeva, dire que c’est la crainte de tous les grands princes qui T’a fait prendre refuge dans les eaux de l’océan, c’est parole convenable, mais que contredit mon expérience auprès de Toi. Car je sais bien comment Tu m’as enlevée, par force, devant ces mêmes princes ; je sais comment le jour de mon mariage, Tu les as tous aisément écartés, sans rien faire d’autre que pincer la corde de Ton arc, pour m’accorder le refuge de Tes pieds pareils-au-lotus. Je garde encore vif le souvenir de mon enlèvement. Tu m’as prise comme un lion s’empare de force de sa proie, écartant d’un regard tous les autres animaux.

“Meu querido Senhor de olhos de lótus, eu não posso entender Sua declaração de que as mulheres e outras pessoas que se refugiaram aos Seus pés de lótus passam seus dias apenas em privação. Da história do mundo, podemos ver que príncipes como Aṅga, Pṛthu, Bharata, Yayāti e Gaya eram todos grandes imperadores do mundo, e não havia quaisquer competidores para suas posições elevadas. Não obstante, para alcançar os Seus pés de lótus, eles renunciaram suas posições elevadas e entraram na floresta para praticar penitências e austeridades. Sendo que eles voluntariamente aceitaram tal posição, compreendendo que Seus pés de lótus são tudo, isso significa que eles estavam em lamentação e privação?”

« Mon cher Seigneur aux yeux pareils-au-lotus, je ne peux Te comprendre lorsque Tu affirmes que les femmes – et les hommes – qui ont pris refuge sous Tes pieds pareils-au-lotus passent leurs jours dans le deuil. L’histoire du monde nous montre que les princes tels Aṅga, Pṛthu, Bharata, Yayāti et Gaya, tous grands empereurs de la planète, de si haut rang qu’ils ne connaissaient nul rival, renoncèrent, pour s’attirer la faveur de Tes pieds pareils-au-lotus, à leurs hautes positions, et se rendirent dans la forêt y pratiquer ascèse et pénitence. Comment, prise de plein gré, une telle position – accepter Tes pieds pareils-au-lotus comme le Tout de ce qui est – leur vaudrait-elle deuil et lamentation ?

“Meu querido Senhor, Você me aconselhou dizendo que eu ainda posso escolher outro da ordem principesca e me divorciar de Sua companhia. Contudo, meu querido Senhor, sei muito bem que Você é o reservatório de todas as boas qualidades. Grandes pessoas santas, como Nārada Muni, estão sempre comprometidas em glorificar Suas características transcendentais. Alguém que simplesmente se refugiar em tal pessoa santa será libertado de imediato de toda a contaminação material. E quando ele entrar em contato direto com Seu serviço, a deusa da fortuna concordará em dar todas as bênçãos a ele. Nessas circunstâncias, qual mulher que tenha ouvido falar mesmo que apenas uma vez de Suas glórias através de fontes autorizadas e tenha, de uma maneira ou de outra, apreciado a fragrância nectárea de Seus pés de lótus, seria tola o bastante para concordar em casar-se com alguém deste mundo material, que tem sempre medo da morte, doença, velhice e renascimento? Portanto, aceitei Seus pés de lótus não sem consideração, mas depois de amadurecida e deliberada decisão. Meu querido Senhor, Você é o mestre dos três mundos. Você pode satisfazer todos os desejos de todos os Seus devotos neste mundo e no próximo, pois Você é a Alma Suprema de todo o mundo. Em vista disso, escolhi Você como meu marido, considerando-O ser a única personalidade adequada. Pode me lançar em qualquer espécie de vida de acordo com as reações de minhas atividades fruitivas, e não me preocupo nem um pouco com isso. Minha única ambição é que eu sempre possa permanecer perto de Seus pés de lótus, porque Você pode libertar Seus devotos da existência material ilusória e está sempre preparado para Se dar aos Seus devotos”.

« Ô cher Seigneur, Tu m’as conseillé de choisir parmi les princes un autre époux et de me séparer de Ta compagnie. Mais, mon cher Seigneur, j’ai parfaite connaissance du fait que Tu es le Réservoir de toutes les qualités. De grands saints comme Nārada Muni s’absorbent éternellement dans la glorification de Tes traits spirituels et absolus. Or, quiconque prend simplement refuge auprès d’un tel saint s’affranchit aussitôt de toutes souillures matérielles ; et celui qui vient ainsi au contact direct de Ton service, se voit accorder toutes les bénédictions de la déesse de la fortune. S’il en est ainsi, quelle femme au monde, ayant une seule fois entendu chanter Tes gloires de source autorisée, ayant d’une manière ou d’une autre goûté au nectar de Tes pieds pareils-au-lotus, peut être assez sotte pour consentir à épouser un être de ce monde, où l’on craint sans cesse mort, maladie, vieillesse et renaissance ? Voilà pourquoi j’ai accepté Tes pieds pareils-au-lotus, non pas de façon inconsidérée, mais après mûre réflexion. Ô cher Seigneur, Toi le Maître des trois mondes, Tu peux combler tous les désirs de tous Tes dévots, en ce monde et dans l’autre, car de chacun Tu es l’Âme Suprême. Je T’ai donc choisi pour époux, Te tenant pour le seul convenable. Tu peux me jeter dans n’importe laquelle des formes d’existence, selon le karma de mes actes intéressés, je n’en ai nul souci. Mon seul désir est de toujours pouvoir me tenir à Tes pieds pareils-au-lotus, car Tu peux délivrer Tes dévots de l’existence matérielle, illusoire, Toi toujours prêt à Te donner à eux.

“Meu querido Senhor, Você me aconselhou a escolher um dos príncipes, como Śiśupāla, Jarāsandha ou Dantavakra, mas qual é a posição deles neste mundo? Eles estão sempre ocupados em árduo trabalho para manter a vida doméstica, exatamente como os touros que trabalham arduamente dia e noite com uma máquina de prensar óleo. Eles são comparados a asnos, bestas de fardo. Eles são sempre desonrados como cães e são iguais a gatos avarentos. Eles se venderam como escravos às suas esposas. Qualquer mulher desafortunada e que nunca ouviu falar de Suas glórias pode aceitar tal homem como o marido dela, mas uma mulher que ouviu sobre Você – que é louvado não apenas neste mundo, mas no meio dos grandes semideuses, como o senhor Brahmā e o senhor Śiva – não aceitará ninguém senão Você como esposo. Um homem dentro deste mundo material é meramente um corpo morto. Na verdade, superficialmente, a entidade viva é coberta por este corpo que é nada mais do que uma bolsa de pele decorada com barba e bigode, pelos no corpo, unhas nos dedos e cabelos na cabeça. Dentro desta bolsa decorada, estão montes de músculos, pacotes de ossos e porções de sangue, sempre misturados com fezes, urina, muco, bílis e ar poluído, desfrutados por diferentes tipos de insetos e germes. Uma mulher tola aceita tal corpo morto como seu marido e, em completo engano, ama-o como seu querido companheiro. Isso só é possível porque tal mulher jamais apreciou a fragrância bem-aventurada de Seus pés de lótus”.

« Ô cher Seigneur, Tu m’as désigné des princes, comme Śiśupāla, Jarāsandha ou Dantavakra ; mais quelle est donc leur position en ce monde ? Sans cesse ils sont absorbés en des tâches épuisantes pour assurer la vie de leur famille, tels des bœufs tournant jour et nuit le pressoir à huile. Pour cela on les compare également aux ânes, aux bêtes de somme. On les méprise tels des chiens, et des chats ils ont l’avarice. Ils se sont vendus comme esclaves à leurs épouses. Une femme de mauvaise fortune, qui n’a jamais entendu Tes gloires, acceptera peut-être un tel homme pour époux, mais certes jamais celle qui apprit à Te connaître, Toi que louent les habitants de cette planète, et aussi les grands devas comme Brahmā et Śiva ; jamais autre que Toi n’obtiendra sa main. L’homme de ce monde n’est qu’un corps mort. L’être vivant y est couvert du corps, de rien d’autre qu’un sac de peau décorée d’une barbe et de moustaches, de poils, d’ongles sur le bout des doigts et de cheveux sur la tête. Dans ce sac ainsi orné, des paquets de muscles, d’os, des flaques de sang, toujours mêlés à l’excrément, l’urine, le mucus, la bile et l’air pollué, tout cela formant le délice des germes et des insectes ! L’insensée accepte pour époux ce corps mort et, dans son erreur grotesque, lui porte son amour, lui devenu son cher compagnon. Commettrait-elle cette erreur si elle avait jamais goûté la saveur d’éternelle félicité de Tes pieds pareils-au-lotus ?

“Meu querido marido de olhos de lótus, Você é autossatisfeito. Você não Se preocupa se não sou bonita ou qualificada; não está absolutamente preocupado com isso. Então, Seu desapego a mim não é surpresa; é bastante natural. Você não pode se apegar a mulher alguma, por mais elevada e bela que seja. Quer tenha apego a mim, quer não, possam minha devoção e atenção estarem sempre empenhadas aos Seus pés de lótus. O modo material da paixão também é Sua criação, assim, quando Você apaixonadamente olha para mim, eu aceito isso como o maior benefício de minha vida. Eu só ambiciono tais momentos auspiciosos”.

« Mon cher Époux, aux yeux pareils-au-lotus, satisfait en Toi-même, peu T’importent ma beauté ou mes qualités. Aussi, je ne m’étonne pas qu’en Toi ne se trouve nul attachement pour moi. Qu’importe la position et la beauté d’une femme : si grandes soient-elles, Tu ne peux T’y sentir lié. Ainsi, que Tu me sois ou non attaché, puisse ma dévotion et mon attention être toujours présents à Tes pieds pareils-au-lotus. Tu as créé la Passion : aussi, quand Tu me jettes un regard passionné, je le reçois comme la plus grande bénédiction de mon existence. Mon ambition ne réclame que le bon augure de semblables moments. »

Depois de ouvir a declaração de Rukmiṇī e sua explicação de toda e cada palavra que utilizara para despertar a ira de amor dela por Ele, Kṛṣṇa dirigiu-lhe as seguintes palavras: “Minha querida e casta esposa, Minha querida princesa, Eu esperava tal explicação de sua parte e, só para esse propósito, falei todas aquelas palavras jocosas de forma que você pudesse ser enganada em relação ao verdadeiro ponto de vista. Agora, Meu propósito foi atendido. A explicação maravilhosa que você forneceu em relação a todas as Minhas palavras é completamente efetiva e aprovada por Mim. Ó belíssima Rukmiṇī, você é Minha esposa mais querida. Eu estou deveras satisfeito ao perceber quanto amor você tem por Mim. Por favor, tenha por certo que não importa que ambição e desejo possa ter, e não importa o que possa esperar de Mim, Eu sempre estarei a Seu serviço. E também é um fato que Meus devotos, Meus amigos e servos mais queridos sempre são libertados da contaminação material, embora eles não sejam inclinados a Me pedir tal libertação. Meus devotos nunca desejam algo de Mim, exceto a ocupação em Meu serviço. E, ainda, porque eles são completamente dependentes de Mim, mesmo se eles solicitarem algo de Mim, isso não é material. Tais ambições e desejos, em vez de se tornarem a causa da escravidão material, tornam-se a fonte de libertação deste mundo material”.

Point par point, Rukmiṇī avait répondu aux paroles dont Kṛṣṇa S’était servi pour provoquer sa colère amoureuse. Kṛṣṇa l’entendit et reprit : « Ma chère et chaste épouse, Ma chère princesse, J’attendais de toi semblables explications ; tous ces propos narquois, bien éloignés de Mes véritables sentiments, n’avaient pas d’autre but. Il est atteint. Tu as donné de Mes paroles des explications merveilleuses, et véridiques, que J’approuve. Ô Rukmiṇī, à la beauté sans égale, tu es Mon épouse la plus chère. Grande est Ma satisfaction quand Je vois quel amour intense tu Me portes. Sois-en sûre, Je t’en prie, quelles que soient tes ambitions, tes désirs, tout ce que tu attends de Moi te sera toujours accordé. Je demeure à jamais ton serviteur. Et il est bien vrai que Mes dévots, Mes amis et serviteurs les plus chers, sont libres de toute souillure matérielle, même s’ils ne veulent en rien implorer de Moi cette libération. Car ils ne désirent jamais rien de Moi, si ce n’est de Me servir. Cependant, puisqu’ils dépendent tout entiers de Ma Personne, s’il arrive qu’ils Me fassent une demande quelconque, elle ne saurait être d’ordre matériel. Leurs ambitions et désirs, au lieu de les lier à la matière, deviennent pour eux source de libération.

“Minha querida, impoluta e piedosa esposa, Eu testei, com base na rígida castidade, seu amor por seu marido, e você foi exitosa. Eu a provoquei propositalmente, proferindo muitas palavras não aplicáveis ao seu caráter, mas estou surpreso em ver que nem mesmo um átomo de sua devoção por Mim se desviou de sua posição fixa. Minha dileta esposa, Eu sou o outorgador de todas as bênçãos, até mesmo ao nível da libertação deste mundo material, e apenas Eu posso interromper a continuação da existência material e chamar alguém de volta ao lar, de volta ao Supremo. Alguém cuja devoção por Mim seja adulterada, adora-Me em troca de algum benefício material somente para se manter no mundo da felicidade material, cujo prazer mais elevado é a vida sexual. Alguém que se empenha em severas penitências e austeridades somente para atingir essa felicidade material está certamente sob a ilusão de Minha energia externa. Pessoas que simplesmente estão comprometidas em Meu serviço devocional, com a finalidade de lucro material e gozo dos sentidos, são certamente muito tolas, pois a felicidade material baseada em vida sexual está disponível nas espécies mais abomináveis de vida, como os porcos e cães. Ninguém deveria tentar aproximar-se de Mim objetivando tal felicidade, a qual está disponível inclusive se a pessoa for posta em uma condição infernal de vida. Então, é melhor para quem busca a felicidade material, e não a Mim, permanecer naquela condição infernal”.

« Ma chère épouse, chaste et vertueuse, J’ai mis à l’épreuve ta chasteté, ton amour pour ton Époux, épreuve passée avec le plus grand succès. J’ai voulu te troubler, par des paroles qui ne s’accordent guère avec ce que tu es ; Me voilà maintenant surpris de voir que rien de ta dévotion pour Moi n’a perdu de sa force initiale. Ô chère épouse, c’est Moi qui accorde aux êtres toutes bénédictions, et même la libération de ce monde de matière ; et c’est Moi seul encore qui peut mettre un terme à l’existence matérielle pour rappeler auprès de Moi l’âme conditionnée, de retour en sa demeure originelle.

« Ceux dont la dévotion pour Moi est impure M’adorent pour obtenir quelque bienfait matériel, pour se garder dans un monde de bonheur matériel, culminant avec le plaisir sexuel. Ceux qui endurent de sévères austérités à seule fin de connaître ce bonheur, certes ils sont recouverts de l’illusion de mon énergie externe. Oui, ceux qui ne s’engagent dans Mon service de dévotion que dans un but matériel, pour donner quelque plaisir à leurs sens, sont des plus sots. Le bonheur matériel basé sur la vie sexuelle, on le trouve jusque dans les formes de vie les plus abominables, celles du porc ou du chien. Nul, pour un bonheur accessible même dans des conditions d’existence infernale, ne devrait M’approcher. Mieux vaut, si l’on n’aspire qu’au bonheur de ce monde, sans désir pour Ma Personne, demeurer dans cette condition infernale. »

A contaminação material é tão forte que o mundo inteiro está trabalhando arduamente dia e noite em busca de felicidade material. A exibição de religião, austeridades, penitências, humanitarismo, filantropia, política, ciência – tudo tem por objetivo algum benefício material. Para o sucesso imediato de benefícios materiais, as pessoas materialistas geralmente adoram os diversos semideuses e, sob o feitiço das propensões materiais, elas, às vezes, adotam o serviço devocional ao Senhor. No entanto, acontece, às vezes, que, se alguém serve ao Senhor sinceramente e, ao mesmo tempo, mantém ambições materiais, o Senhor remove as fontes de felicidade material muito amavelmente. Não achando nenhum amparo na felicidade material, o devoto se ocupa, então, no serviço devocional puro com exclusividade.

La souillure de ce monde de matière est si profonde en les êtres conditionnés qu’ils travaillent très dur, jour et nuit, pour obtenir quelque bonheur matériel. Toute la parade de religiosité, d’austérité, de pénitence, d’humanitarisme, de philanthropie, de politique, de science…, à laquelle ils se prêtent n’a pour but que d’obtenir quelque bienfait matériel. Et pour un succès plus rapide dans cette voie, les matérialistes vouent en général leur adoration à différents devas ; ensorcelés par leurs inclinations matérielles, ils adoptent parfois le service de dévotion offert au Seigneur. Il arrive même que si une personne sert avec sincérité le Seigneur, tout en maintenant quelque ambition matérielle, Kṛṣṇa, par un effet de Sa grande bonté, la prive de ces sources de bonheur matériel. Alors, privé de recourir aux plaisirs de ce monde, le bhakta s’engage tout entier dans le service de dévotion pur.

O Senhor Kṛṣṇa continuou: “Minha querida e melhor das rainhas, percebo claramente que você não tem qualquer ambição material; seu único propósito é Me servir, e, por muito tempo, você tem se ocupado em serviço devocional imaculado. Este serviço devocional imaculado e exemplar não apenas pode conceder ao devoto a libertação deste mundo material, como também promovê-lo ao mundo espiritual de forma que ele se ocupe eternamente em Meu serviço. As pessoas excessivamente viciadas em felicidade material não podem prestar tal serviço. Mulheres cujos corações são poluídos e cheios de desejos materiais planejam vários meios de gozo dos sentidos, enquanto, externamente, demonstram ser grandes devotas”.

Śrī Kṛṣṇa poursuivit : « Ô chère, ô meilleure d’entre les reines, il est clair à Mes yeux que tu ne nourris nulle ambition matérielle : ton seul dessein est de Me servir, et depuis longtemps tu te trouves absorbée dans Mon service de dévotion pur et sans mélange. Un tel service de dévotion, pur et exemplaire, a le pouvoir non seulement d’accorder au bhakta la libération de ce monde, mais encore de l’élever au Royaume spirituel, où il Me servira éternellement. Ceux qui sont trop attachés au plaisir matériel ne peuvent M’offrir un tel service. Les femmes dont le cœur est souillé, plein de désirs matériels, inventent force moyens de donner à leurs sens le plaisir tout en montrant une façade très dévouée à Ma Personne.

 “Minha querida e honrada esposa, conquanto Eu tenha milhares de esposas, não acredito que alguma delas possa Me amar mais do que você. A prova prática de sua extraordinária posição é que você nunca Me vira antes de nosso casamento; somente ouvira falar de Mim de uma terceira pessoa, a despeito do que sua fé em Mim foi tão fixa que, até mesmo na presença de muitos homens qualificados, ricos e formosos da ordem real, você não preferiu nenhum deles como seu marido, senão que teimou em ter a Mim como esposo. Você desprezou todos os príncipes presentes e, muito educadamente, enviou-Me uma carta confidencial convidando-Me a raptá-la. Enquanto Eu a raptava, seu irmão Rukmī protestou violentamente e lutou coMigo. Como resultado da luta, Eu o derrotei sem clemência e desfigurei o corpo dele. Na hora do casamento de Aniruddha, quando estávamos todos jogando xadrez, houve outra disputa com seu irmão Rukmī em um ponto verbal controverso, e Meu irmão mais velho, Balarāma, por fim o matou. Fiquei surpreso ao ver que você não articulou nem mesmo uma palavra de protesto sobre esse incidente. Em sua grande ansiedade de que viesse a se separar de Mim, você sofreu todas as consequências sem falar uma palavra. Como resultado desse grande silêncio, Minha querida esposa, você Me comprou para todo o sempre; Eu estou eternamente sob seu controle. Você enviou seu mensageiro, convidando-Me a raptá-la e, quando percebeu alguma demora em Minha chegada naquele lugar, você viu o mundo inteiro como vazio. Naquele momento, você concluiu que seu belo corpo não seria tocado por ninguém mais; então, pensando que Eu não viria, você decidiu cometer suicídio e pôr fim imediato a esse corpo. Minha querida Rukmiṇī, tal grande e elevado amor por Mim permanecerá sempre dentro da Minha alma. Quanto a Mim, não está dentro do Meu poder recompensá-la por sua devoção pura a Mim”.

« Toi que J’aime et que J’honore, bien que Je possède des épouses par milliers, Je ne pense pas qu’aucune d’entre elles puisse M’aimer d’un amour plus grand que le tien. La preuve : tu ne M’avais jamais vu avant notre mariage ; tu avais seulement entendu parler de Ma Personne. Or ta foi en Moi n’en fut pas moins ferme, et en présence de nombreux princes, qualifiés, riches et beaux, tu as maintenu ton choix, Me préférant à eux. Tu les as tous négligés ; avec délicatesse, tu M’as envoyé une lettre secrète, pour M’inviter à te ravir. Rukmī, ton frère aîné, comme Je t’enlevais, protesta violemment, et voulut s’opposer à Moi. Il fut vaincu et disgracié sans merci. Puis lors du mariage d’Aniruddha, pendant que nous jouions tous aux échecs, une controverse eut lieu, qui provoqua une lutte entre Rukmī et Mon frère aîné, Balarāma. Celui-ci finit par mettre à mort ton frère. J’ai été surpris de n’entendre aucune protestation sortir de tes lèvres. Anxieuse seulement à l’idée que tu pouvais être séparée de Moi, tu as tout enduré sans dire mot. Par ce silence, ô chère épouse, tu M’as gagné pour l’éternité ; c’est à jamais que Je te suis soumis. Quand tu envoyas ton messager vers Moi, pour que Je t’enlève, Je vins tard, et tout le temps de Mon absence le monde entier te parut vide. Tu pensas que ton corps merveilleux ne devait être touché par personne d’autre, et croyant que Je ne viendrais pas, tu décidas de te suicider, d’en finir d’un coup avec ce corps. Ma chère Rukmiṇī, un tel amour pour Ma Personne, si grand, si haut, demeurera à jamais en Mon âme. Car comment pourrais-Je te rendre ta pure dévotion ? »

A Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, certamente não tem qualquer interesse em ser o marido, o filho ou o pai de quem quer que seja, pois tudo pertence a Ele e todos estão sob Seu controle. Ele não necessita da ajuda de ninguém para Sua satisfação. Ele é ātmārāma, autossatisfeito; Ele pode obter todo o prazer por Ele mesmo, sem o auxílio de ninguém. Contudo, quando o Senhor desce para encenar o papel de um ser humano, Ele representa o papel, quer de um marido, filho, amigo ou inimigo, com plena perfeição. Assim, quando Ele estava encenando como o marido perfeito das rainhas, especialmente de Rukmiṇījī, Ele desfrutou amor conjugal em completa perfeição.

Dieu, la Personne Suprême, Śrī Kṛṣṇa, n’a certes que faire d’être l’époux, le fils ou le père de qui que ce soit, car tout Lui appartient et chacun se trouve sous Son contrôle. Il est ātmārāma, satisfait en Lui-même ; Il peut par Lui-même connaître tout plaisir, sans intervention extérieure. Mais lorsqu’Il descend en ce monde et y joue le rôle d’un être humain, Il se fait – à la perfection – soit époux, soit fils, ami ou ennemi. Ainsi, jouant le rôle du parfait Époux des reines de Dvārakā, notamment Rukmiṇījī, Il prit plaisir à l’amour conjugal, de façon parfaite.

De acordo com a cultura védica, embora a poligamia seja permitida, nenhuma das esposas da pessoa deve ser maltratada. Em outras palavras, alguém só pode assumir diversas esposas se for capaz de satisfazer todas igualmente, como um dono de casa ideal; caso contrário, não é permitido. O Senhor Kṛṣṇa é o mestre mundial, então, embora Ele não tenha nenhuma necessidade de uma esposa, Ele Se expandiu em tantas formas quantas eram Suas esposas e viveu com elas como um dono de casa ideal, observando os princípios reguladores, regras e compromissos conforme as injunções védicas e as leis sociais e os costumes da sociedade. Para cada uma de Suas 16 mil e 108 esposas, Ele manteve, simultaneamente, diferentes palácios, diferentes residências e os mais variados ambientes. Assim, o Senhor, embora sendo um, exibiu a Si mesmo como 16 mil e 108 chefes de família ideais.

Selon la culture védique, la polygamie est permise, mais les épouses ne doivent pas être mal traitées. En d’autres termes, un homme peut prendre plusieurs épouses à la seule condition qu’il soit capable, en homme de famille idéal, de les satisfaire toutes également. Śrī Kṛṣṇa est le Précepteur du monde ; ainsi, bien qu’Il n’eût aucun besoin d’une épouse, Il Se multiplia en autant de Formes qu’Il avait pris d’épouses et vécut avec chacune d’entre elles en mari idéal, observant les principes régulateurs, les règles et les engagements prescrits par les Vedas, les lois et la tradition sociale. Pour chacune de Ses 16 108 femmes, Il entretint simultanément différents palais, avec différentes ambiances. Ainsi, le Seigneur, bien qu’unique, Se déploya en tant que 16 108 chefs de famille idéals.

Neste ponto, encerram-se os significados Bhaktivedanta do capítulo sessenta de Kṛṣṇa, intitulado “Conversas entre Kṛṣṇa e Rukmiṇī”.

Ainsi s’achèvent les enseignements de Bhaktivedanta pour le soixantième chapitre du Livre de Kṛṣṇa, intitulé: « Conversations échangées entre Kṛṣṇa et Rukmiṇī ».