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Capítulo 5

CINQUIÈME CHAPITRE

O Encontro de Nanda e Vasudeva

Nanda rencontre Vasudeva

Embora Kṛṣṇa fosse o filho verdadeiro de Vasudeva e Devakī, Vasudeva não pôde ter o prazer de realizar a cerimônia de nascimento de seu filho por causa das atrocidades de Kaṁsa. Mas Nanda Mahārāja, o pai adotivo, celebrou a cerimônia de nascimento de Kṛṣṇa com muita alegria. No dia seguinte, declarou-se que Yaśodā dera à luz um menino. Segundo o costume védico, Nanda Mahārāja chamou astrólogos e brāhmaṇas eruditos para realizarem a cerimônia de nascimento. Depois do nascimento de uma criança, os astrólogos calculam o momento do nascimento e fazem um horóscopo da vida futura da criança.

Kṛṣṇa était bel et bien le Fils de Vasuveda et de Devakī, mais à cause des actes abominables de Kaṁsa, Vasudeva ne put prendre part à la cérémonie célébrant la naissance de son Enfant. C’est donc Nanda Mahārāja, le père adoptif de Kṛṣṇa, qui procéda aux rites, d’un cœur joyeux. Le jour suivant la nuit où Vasudeva échangeait les nouveau-nés, il fut connu qu’un fils était sorti du sein de Yaśodā. Comme le veut la tradition védique, Nanda Mahārāja demanda que des astrologues et des brāhmaṇas érudits président la cérémonie de la naissance. Après avoir calculé l’instant de la naissance, les astrologues établirent un horoscope, où s’inscrivait l’avenir de l’Enfant.

Outra cerimônia acontece depois do nascimento: os membros da família tomam banho, purificam-se e adornam-se com ornamentos e belas roupas; então, vêm à presença da criança e do astrólogo para ouvir sobre o seu futuro. Nanda Mahārāja e outros membros da família vestiram-se e sentaram-se diante do lugar do nascimento. Todos os brāhmaṇas que estavam reunidos ali nessa ocasião cantavam mantras auspiciosos conforme o ritual, enquanto os astrólogos executavam a cerimônia do nascimento. Todos os semideuses também são adorados nesta ocasião, bem como os antepassados da família. Nanda Mahārāja distribuiu aos brāhmaṇas 200 mil vacas que estavam decoradas, vestidas e enfeitadas. Ele não só deu vacas em caridade, mas montes de cereais decorados com panos com bordas de ouro e muitos adornos.

Les membres de la famille prirent un bain et s’embellirent de parures et de guirlandes ; tous enfin s’approchèrent de l’Enfant et de l’astrologue pour entendre les prédictions. Ainsi Nanda Mahārāja et d’autres membres de la famille, joliment vêtus, s’assirent-ils devant la maison où était né l’Enfant. Pendant le travail des astrologues, tous les brāhmaṇas rassemblés pour l’occasion chantaient des mantras de bon augure, correspondant aux divers rites (lors de ces fêtes, on offre également un culte aux devas ainsi qu’aux ancêtres de la famille). Nanda Mahārāja distribua aux brāhmaṇas deux cent mille vaches, toutes ornées. Non content de ce don sacré, il distribua également des montagnes de céréales, que décoraient parures et fines étoffes bordées d’or.

No mundo material, adquirimos muitas espécies de riqueza, sendo que, às vezes, não de maneira muito honesta ou piedosa, porque esta é a natureza da acumulação de riquezas. Segundo o preceito védico, portanto, devemos purificar essa riqueza dando vacas e ouro em caridade aos brāhmaṇas. Também se purifica um filho recém-nascido dando presentes de cereal em caridade aos brāhmaṇas. Devemos entender que, neste mundo material, vivemos sempre num estado contaminado. Por isso, devemos purificar nossa vida, nossa riqueza e a nós mesmos. Podemos purificar a duração de nossa vida tomando banho e limpando o corpo por dentro e por fora diariamente e aceitando as dez espécies de processos purificatórios. Com austeridade, com a adoração ao Senhor e com a distribuição de caridade, podemos purificar nossa riqueza. Podemos purificar a nós mesmos pelo estudo dos Vedas, empenhando-nos para conseguir a autorrealização e compreendendo a Suprema Verdade Absoluta. Por isso se diz na literatura védica que todos nascem śūdras e, pela aceitação dos processos purificatórios, tornam-se duas vezes nascidos. Pelo estudo dos Vedas, a pessoa torna-se vipra, que é a qualificação preliminar para se tornar um brāhmaṇa. Quando alguém compreende com perfeição a Verdade Absoluta, ele é chamado de brāhmaṇa. E quando alcança uma perfeição maior, o brāhmaṇa torna-se um vaiṣṇava, ou devoto.

Les hommes, en ce monde, possèdent à divers degrés fortune et richesses, mais, comme le veut par nature l’esprit d’accumulation de biens, elles ne sont pas toujours acquises par des voies vertueuses. Voilà pourquoi les Écrits védiques veulent que de telles richesses soient sanctifiées par des actes charitables envers les brāhmaṇas, tel le don de l’or et des vaches. Un nouveau-né, par exemple, sera purifié par l’offrande de céréales aux brāhmaṇas. Sachons que dans le monde matériel, tout être baigne constamment dans un milieu qui le contamine. Chacun doit donc purifier, sanctifier, son existence matérielle, ses biens et sa personne. L’existence matérielle est purifiée par le bain, le nettoyage quotidien du corps (interne et externe) et par l’accomplissement des dix rites purificatoires. Les austérités, l’adoration du Seigneur et les actes de charité sanctifient nos biens. Quant à notre personne même, elle sera purifiée par l’étude des Vedas, par l’effort acharné pour atteindre la réalisation spirituelle et la compréhension de la Vérité Suprême et Absolue. Les Écrits védiques nous disent que chacun est né śūdra et qu’on ne peut devenir un « deux fois né » qu’en se pliant aux rites purificatoires. L’étude des Vedas donne accès à l’état de vipra, qui permet ensuite de passer à celui de brāhmaṇa. On appelle brāhmaṇa celui qui saisit parfaitement la Vérité Absolue. Lorsque le brāhmaṇa parvient à un degré plus haut encore de perfection, il devient un vaiṣṇava, ou bhakta.

Na cerimônia do nascimento, todos os brāhmaṇas reunidos começaram a cantar diferentes espécies de mantras védicos para invocar toda a boa fortuna para a criança. Há diversas espécies de cantos conhecidos como sūta, māgadha, vandī e virudāvalī. Junto com o canto de mantras e canções, soaram-se também cornetas e tambores fora da casa. Nessa ocasião, era possível ouvir as vibrações jubilosas em todos os pastos e em todas as casas. Dentro e fora das casas, havia várias pinturas artísticas feitas com polpa de arroz e borrifava-se água perfumada por toda a parte, até nas ruas e estradas. Os tetos e telhados foram decorados com diferentes bandeiras, festões e folhas verdes, e os portões com folhas verdes e flores. Todas as vacas, touros e bezerros estavam untados com uma mistura de óleo e açafrão-da-terra e pintados com minerais como óxido vermelho, argila amarela e manganês. Usavam guirlandas de penas de pavão e estavam cobertos com belas roupas coloridas e colares de ouro.

Lors des cérémonies pour la « naissance » de Kṛṣṇa, les brāhmaṇas réunis entonnèrent divers mantras védiques, afin d’attirer sur l’Enfant toute bonne fortune. Ces mantras sont de divers ordres : sūta, māgadha, vandī et virudāvalī. Dehors, bugles et timbales soutenaient de leurs vibrations musicales le chant des mantras. On entendait leurs sonorités joyeuses dans toutes les maisons, dans tous les pâturages. Au dedans comme au dehors, les demeures avaient été peintes, à la pulpe de riz, et avec grand talent, de différents tableaux ; on avait partout répandu de l’eau parfumée, jusque sur les rues et les routes. Toits et plafonds étaient décorés d’étendards, de dais et de feuilles vertes. Les grilles des maisons étaient toutes tissées de feuillage et de fleurs. On avait enduit toutes les vaches, les bœufs et les veaux d’un mélange d’huile et de curcuma ; tous étaient décorés de poudre d’oxyde rouge, d’argile jaune et de manganèse. On les avait tous parés de beaux vêtements aux couleurs vives, de guirlandes de plumes de paon et de colliers d’or.

Quando todos os vaqueiros ouviram dizer que Nanda Mahārāja, o pai de Kṛṣṇa, estava celebrando a cerimônia de nascimento de seu filho, eles ficaram espontaneamente alegres. Vestiram-se com roupas caríssimas, enfeitando-se com diversas espécies de brincos e colares e colocando grandes turbantes em suas cabeças. Vestindo-se dessa maneira suntuosa e levando consigo várias espécies de presentes, eles aproximaram-se da casa de Nanda Mahārāja.

Quelle joie, d’un coup, chez les pâtres en extase lorsqu’ils surent que Nanda Mahārāja célébrait la naissance de son Fils ! Tous se vêtirent d’habits fort coûteux, se parèrent de pendants d’oreilles et de colliers, se coiffèrent de grands turbans. Ainsi vêtus, splendides, ils se chargèrent de nombreux présents et se dirigèrent vers la maison de Nanda Mahārāja.

Logo que ouviram que mãe Yaśodā havia dado à luz uma criança, todas as vaqueiras ficaram cheias de alegria e também se vestiram com várias espécies de roupas caras e ornamentos e passaram cosméticos perfumados em seus corpos.

Dès qu’elles apprirent qu’un enfant était né de Yaśodā, toutes les gopīs furent inondées de joie et elles se vêtirent de leurs beaux et coûteux atours, se couvrirent de parures, s’enduisirent de baumes parfumés.

Assim como o pó da flor de lótus exibe a delicada beleza da flor, todas as gopīs (vaqueiras) aplicaram pó de kuṅkuma em seus rostos de lótus. Essas belas gopīs pegaram seus diferentes presentes e logo chegaram à casa de Mahārāja Nanda. Sobrecarregadas com seus pesados quadris e seios avolumados, as gopīs não podiam ir muito depressa, mas, devido a seu amor extático por Kṛṣṇa, elas começaram a andar tão rápido quanto possível. Suas orelhas estavam decoradas com brincos de pérolas, os pescoços com medalhões de joias, os lábios e olhos com várias espécies de batom e unguento, e as mãos com belas pulseiras douradas. Enquanto passavam apressadas sobre a estrada de pedra, as guirlandas de flores que enfeitavam seus corpos caíam ao chão e uma chuva de flores parecia cair do céu. Por causa do movimento das diversas espécies de enfeites de seus corpos, elas pareciam ainda mais belas. Foi assim que elas chegaram à casa de Nanda e Yaśodā e abençoaram a criança: “Querida criança, viva bastante para nos proteger”. Enquanto abençoavam dessa forma o menino Kṛṣṇa, elas ofereceram uma mistura de açafrão-da-terra com óleo, iogurte, leite e água, borrifando esta mistura não só no corpo do menino Kṛṣṇa, mas também sobre todas as outras pessoas que estavam ali presentes. Também nessa ocasião auspiciosa, diversas bandas de músicos habilidosos tocavam.

De même que le pollen sur le lotus rehausse l’exquise beauté de la fleur, la poudre de kuṅkuma dont toutes les gopīs avaient enduit leur visage pareil-au-lotus rendait plus visible encore leur beauté. Les belles gopīs, chargées de présents, atteignirent bientôt la maison de Mahārāja Nanda. Plus lentes à cause de leurs hanches larges et de leurs belles poitrines, les gopīs, poussées par l’amour extatique de Kṛṣṇa, marchaient pourtant avec grande hâte. À leurs oreilles des anneaux de perles, à leurs cous des médaillons faits de joyaux, sur leurs lèvres des rouges lumineux, sur leurs paupières des fards, à leurs poignets de beaux bracelets d’or. Avec hâte, elles marchaient sur la route empierrée, et les guirlandes de fleurs tombaient de leur corps sur le sol ; on aurait dit, du ciel, une pluie de fleurs. Dans le mouvement de la course, leurs diverses parures chatoyaient, et elles en étaient plus belles. Ainsi parvinrent-elles à la maison de Nanda et de Yaśodā, où elles bénirent l’Enfant : « Ô aimé, puisses-Tu, pour nous protéger, vivre longtemps. » Au milieu de ces bénédictions, elles offraient à l’Enfant Kṛṣṇa une mixture de curcuma, d’huile, de yaourt, de lait et d’eau, avec quoi elles aspergèrent et le Corps de l’Enfant et celui des personnes présentes. Plusieurs groupes d’excellents musiciens jouaient pour célébrer l’heureux jour.

Quando os vaqueiros viram os passatempos das vaqueiras, ficaram muito alegres e, em resposta, também começaram a jogar iogurte, leite, manteiga clarificada e água nos corpos das gopīs. Então, os dois grupos começaram a jogar manteiga nos corpos uns dos outros. Nanda Mahārāja também estava muito feliz de ver os passatempos dos vaqueiros e das vaqueiras, e foi muito generoso em dar caridade aos diferentes cantores ali reunidos. Alguns cantores recitavam versos famosos dos Upaniṣads e Purāṇas, outros glorificavam os ancestrais da família e alguns outros cantavam canções muito melodiosas. Também compareceram muitos brāhmaṇas eruditos, e Nanda Mahārāja, estando muito satisfeito nesta ocasião, começou a dar-lhes em caridade diversas espécies de roupas, ornamentos e vacas.

Lorsque les pâtres virent les jeux des gopīs, ils se sentirent fort en joie et y répondirent en lançant sur elles du yaourt, du lait, du ghī et de l’eau. Puis, pâtres et gopīs se bombardèrent de beurre. Quel bonheur, pour Nanda Mahārāja, d’assister aux jeux des pâtres et des gopīs ; le cœur joyeux, il se mit à généreusement bénir par des actes charitables tous les chantres assemblés. Certains récitaient des versets célèbres des Upaniṣads et des Purāṇas, d’autres glorifiaient les ancêtres de la famille, d’autres encore chantaient de fort douces mélodies. Nombre de brāhmaṇas érudits étaient aussi présents, et Nanda Mahārāja, fort heureux de la cérémonie, leur offrit en charité des vêtements et des parures, ainsi que des vaches.

A esse respeito, é muito importante observar como os habitantes de Vṛndāvana eram abastados só por criarem vacas. Todos os vaqueiros pertenciam à comunidade vaiśya, e sua função era proteger as vacas e cultivar as lavouras. Por suas roupas e enfeites e por seu comportamento, parece que, embora estivessem numa pequena vila, ainda assim eram ricos em bens materiais. Possuíam em tamanha abundância as várias espécies de produtos de leite que atiravam manteiga em profusão nos corpos uns dos outros sem reservas. Sua riqueza estava no leite, iogurte, manteiga clarificada e muitos outros laticínios. Com o comércio dos produtos agrícolas, eles eram ricos em vários tipos de joias, ornamentos e roupas caras. Não só possuíam todas essas coisas, mas podiam dá-las em caridade, como fez Nanda Mahārāja.

Remarquons, à ce propos, combien grande était la richesse des habitants de Vṛndāvana, qui n’avaient pourtant d’autre occupation que d’élever des vaches. Tous les pâtres appartenaient à la communauté vaiśya : leur devoir était de protéger la vache et de cultiver les terres. À voir leurs vêtements et leurs parures, à considérer leurs actes, il s’avère que bien qu’habitants d’un petit village, ils possédaient de grandes richesses matérielles. Ils étaient si riches de lait qu’à pleines mains ils se lançaient mutuellement le beurre, sans compter. Leur richesse s’évaluait en lait, yaourt, beurre clarifié et nombre d’autres produits laitiers ; en échangeant le produit de leur travail fermier, ils avaient acquis en abondance toutes sortes de joyaux, de parures et d’habits dispendieux. Non seulement possédaient-ils toutes ces richesses, mais ils pouvaient également les distribuer en des actes charitables, comme fit Nanda Mahārāja.

Assim, Nanda Mahārāja, o pai adotivo do Senhor Kṛṣṇa, começou a satisfazer os desejos de todos os homens ali presentes. Ele os recebia com respeito e dava-lhes em caridade tudo o que desejassem. Os brāhmaṇas eruditos, que não tinham outra fonte de renda, dependiam por completo das comunidades vaiśya e kṣatriya para sua subsistência e recebiam presentes em ocasiões festivas, tais como aniversários e casamentos. Enquanto Nanda Mahārāja adorava o Senhor Viṣṇu naquela ocasião e tentava satisfazer a todos, seu único desejo era que o menino recém-nascido, Kṛṣṇa, fosse feliz. Nanda Mahārāja, ignorando o fato de essa criança ser a origem de Viṣṇu, orava ao Senhor Viṣṇu para que O protegesse.

Ainsi, le père adoptif de Śrī Kṛṣṇa entreprit de satisfaire les désirs de tous ceux qui étaient présents. Il les reçut tous et leur fit charité de tout ce qu’ils désiraient. En ces temps, les brāhmaṇas érudits, qui n’avaient d’autre source de revenus, dépendaient entièrement, pour leur subsistance, des communautés vaiśya et kṣatriya ; lors de festivités, à l’occasion des naissances, des mariages…, ils recevaient des dons en charité. En adorant Śrī Viṣṇu, en s’efforçant de satisfaire toutes les personnes présentes, le seul désir de Nanda Mahārāja était d’assurer le bonheur de son Fils, Kṛṣṇa. Il ignorait que cet Enfant était la Source, l’Origine, de Viṣṇu, qu’il implorait de Le protéger.

Rohiṇīdevī, mãe de Balarāma, era a mais afortunada das esposas de Vasudeva. Apesar de estar longe de seu marido, ela vestiu-se com muito esmero para dar os parabéns a Nanda Mahārāja por ocasião da cerimônia de nascimento do seu filho Kṛṣṇa. Usando em seu corpo uma guirlanda, um colar e outros ornatos, ela apareceu em cena e andava de um lado para o outro. Segundo o sistema védico, uma mulher cujo marido não está em casa não deve vestir-se com muita elegância. No entanto, apesar de seu marido estar longe, Rohiṇī vestiu-se com esmero para aquela ocasião.

Rohiṇīdevī, la mère de Balarāma, était la plus fortunée des femmes de Vasudeva. Bien que loin de son époux, elle s’habilla ce jour-là avec grande élégance, pour féliciter Mahārāja Nanda à l’occasion de la cérémonie célébrant la naissance de son Fils, Kṛṣṇa. Portant une guirlande, un collier, de nombreux bijoux, elle fit son apparition sur les lieux et se fit voir ici et là. Selon les principes védiques, une femme dont le mari est absent ne doit pas se parer. Mais Rohiṇī, en ce jour, s’habilla somptueusement.

Pela opulência da cerimônia de nascimento de Kṛṣṇa, fica muito claro que, naquela época, Vṛndāvana era rica sob todos os aspectos. A deusa da fortuna foi obrigada a manifestar sua opulência em Vṛndāvana, pois o Senhor Kṛṣṇa nasceu na casa do rei Nanda e mãe Yaśodā. Parecia que Vṛndāvana já tinha se tornado o lugar dos passatempos da deusa da fortuna.

Il est clair, à voir la pompe de la cérémonie célébrant la « naissance » de Kṛṣṇa, que Vṛndāvana en ces temps était riche en tous points. Parce que Śrī Kṛṣṇa apparut à Vṛndāvana, dans la maison du roi Nanda et de Yaśodāmātā, la déesse de la fortune fut en quelque sorte contrainte d’y manifester son opulence. Il semble que Vṛndāvana était déjà devenue un site pour les Divertissements de la déesse de la fortune.

Depois da cerimônia do nascimento, Nanda Mahārāja decidiu ir a Mathurā pagar o imposto anual ao governo de Kaṁsa. Antes de partir, ele convocou todos os homens capazes da vila e pediu-lhes que tomassem conta de Vṛndāvana em sua ausência. Quando Nanda Mahārāja chegou a Mathurā, Vasudeva recebeu a notícia e ficou muito ansioso para dar os parabéns a seu amigo. Ele foi sem demora ao lugar onde Nanda Mahārāja estava hospedado e, quando o viu, sentiu que havia recuperado sua vida. Nanda, dominado pela alegria, levantou-se imediatamente e o abraçou. Vasudeva foi recebido muito calorosamente e foi-lhe oferecido um bom lugar para se sentar. Naquela ocasião, Vasudeva estava ansioso a respeito de seus dois filhos que tinham sido postos sob a proteção de Nanda sem este saber. Com grande ansiedade, Vasudeva perguntou por Eles. Tanto Balarāma quanto Kṛṣṇa eram filhos de Vasudeva. Balarāma fora transferido para o ventre de Rohiṇī, esposa de Vasudeva, mas Rohiṇī estava sob a proteção de Nanda Mahārāja. Kṛṣṇa foi levado pessoalmente para Yaśodā e trocado pela filha dela. Nanda Mahārāja sabia que Balarāma era filho de Vasudeva, embora não soubesse que Kṛṣṇa também fosse. Contudo, evidentemente, Vasudeva estava a par deste fato e perguntou com muita ansiedade sobre Kṛṣṇa e Balarāma.

Après la cérémonie, Nanda Mahārāja décida de se rendre à Mathurā pour payer la taxe annuelle due au gouvernement de Kaṁsa. Avant son départ, il convoqua tous les anciens et leur demanda de veiller sur Vṛndāvana en son absence. Lorsque Nanda Mahārāja fut à Mathurā, Vasudeva en reçut la nouvelle et se montra impatient de féliciter son ami pour la naissance du garçon. Immédiatement, il se rendit dans le lieu où séjournait Nanda Mahārāja. En voyant ce dernier, Vasudeva se sentit vivre à nouveau. Nanda, de son côté, envahi par la joie, se lève, et étreint Vasudeva, le reçoit chaudement et lui offre un siège confortable. Grande était l’impatience de Vasudeva de recevoir des nouvelles de ses deux Fils, qui, sans que Nanda le sache, avaient été placés sous sa protection. Grande également son inquiétude. Balarāma et Kṛṣṇa étaient tous deux ses Fils ; l’Un, Balarāma, transféré dans le sein de Rohiṇī, épouse de Vasudeva mais gardée sous la protection de Nanda Mahārāja, l’Autre, Kṛṣṇa, personnellement placé auprès de Yaśodā et échangé avec sa fille. Nanda Mahārāja savait que Balarāma était le fils de Vasuveda mais ignorait totalement que Kṛṣṇa l’était aussi. Vasudeva, qui connaissait le secret, s’enquit vivement des deux Enfants.

Vasudeva, então, dirigiu-se a Nanda: “Meu querido irmão, você já estava bastante velho e muito ansioso por gerar um filho, mas não tinha nenhum. Agora, pela graça do Senhor, teve a fortuna de ter um belíssimo filho. Acho que este acontecimento é muito auspicioso para você. Caro amigo, fui aprisionado por Kaṁsa e agora estou livre, motivo pelo qual isso é outro nascimento para mim. Não tinha esperança de tornar a vê-lo, mas pude agora, pela graça de Deus”. Desta forma, Vasudeva expressou indiretamente sua ansiedade acerca de Kṛṣṇa. Kṛṣṇa fora enviado incógnito para a cama de mãe Yaśodā e Nanda, e, depois de celebrar com muita pompa a cerimônia do nascimento dEle, Nanda foi para Mathurā. Então, Vasudeva ficou muito satisfeito e disse: “Isso é outro nascimento para mim”. Ele jamais esperou que Kṛṣṇa vivesse, porque todos os seus outros filhos tinham sido mortos por Kaṁsa.

« Ô cher frère, dit-il à Nanda, tu avançais en âge, et ton ardent désir d’avoir un fils restait insatisfait. Mais voilà que par la grâce du Seigneur, la fortune d’un bel enfant mâle t’a été accordée. C’est pour toi un événement très heureux. Cher, longtemps j’ai été prisonnier de Kaṁsa, mais aujourd’hui je suis libre : c’est pour moi une nouvelle naissance ! J’avais perdu toute espérance de te revoir, mais par la miséricorde de Dieu, nous voilà réunis. » Puis Vasudeva exprima son inquiétude sur le sort de Kṛṣṇa. Il avait été placé en secret sur le lit de Yaśodā, et Nanda, avant de se rendre à Mathurā, avait célébré avec grande pompe la cérémonie de Sa « naissance. » C’est pourquoi, dans sa joie, Vasudeva avait dit : « C’est pour moi une nouvelle naissance. » Jamais en effet il n’avait espéré voir survivre Kṛṣṇa, qu’il pensait devoir être tué, comme ses autres fils, par Kaṁsa.

Vasudeva continuou: “Meu querido amigo, é muito difícil que vivamos juntos. Embora tenhamos nossa família e parentes, filhos e filhas, em geral a natureza nos separa uns dos outros. A razão disso é que toda entidade viva aparece nesta Terra sob diferentes pressões das atividades fruitivas; embora se reúnam, não existe certeza de que as pessoas ficarão juntas por muito tempo. A separação existe porque cada um segue o curso de suas próprias atividades fruitivas. Por exemplo, muitas plantas e trepadeiras estão boiando nas ondas do oceano. Algumas vezes se juntam, outras vezes se separam para sempre: uma planta vai para um lado, outra para outro. De modo semelhante, nossa reunião familiar pode ser muito boa enquanto vivemos juntos, mas, depois de algum tempo, com o correr das ondas do tempo, somos separados”.

Vasudeva poursuivit : « Ô aimé, il nous est difficile de demeurer longtemps ensemble. Bien que nous soyons liés à notre famille, à nos proches, à nos fils et filles, les lois de la nature veulent le plus souvent que nous en vivions séparés. C’est que chaque être apparaît sur cette Terre avec le désir d’actes intéressés. Comment ces actes s’accorderaient-ils ? Les hommes s’assemblent, mais qui saurait garantir la durée de leur union ? Chacun doit agir différemment, selon ses désirs matériels, d’où vient qu’il connaisse séparation d’avec amis et proches. Nombreuses sont les algues qui flottent sur les eaux bouillonnantes de l’océan ; parfois elles s’assem-blent, et parfois se dispersent à jamais. De même, unie, notre famille sera peut-être une source de joie, mais plus tard, secouée par les vagues du temps, elle devra connaître la séparation. »

O significado dessa expressão de Vasudeva é que, embora ele tivesse tido oito filhos nascidos do ventre de Devakī, infelizmente todos tinham morrido. Ele nem mesmo pôde conservar consigo seu único filho, Kṛṣṇa. Vasudeva estava sentindo a separação dEle, mas não podia expressar o fato verdadeiro. “Por favor, conte-me como vão as coisas em Vṛndāvana”, disse ele. “Você tem muitos animais – eles são felizes? Eles têm pasto e água suficientes? Por favor, diga-me também se o lugar onde você vive agora é tranquilo e pacífico”. Vasudeva fez essa pergunta porque estava muito preocupado com a segurança de Kṛṣṇa. Ele sabia que Kaṁsa e seus aliados estavam tentando matar Kṛṣṇa enviando várias espécies de demônios. Eles já haviam resolvido que todas as crianças nascidas até dez dias antes do nascimento de Kṛṣṇa deveriam morrer. Por estar muito ansioso com relação a Kṛṣṇa, Vasudeva perguntou sobre a segurança de Sua residência. Também perguntou sobre Balarāma e Sua mãe Rohiṇī, que estavam confiadas aos cuidados de Nanda Mahārāja. Vasudeva também lembrou Nanda Mahārāja de que Balarāma não conhecia Seu verdadeiro pai. “Ele considera que você é o pai. E agora você tem outro filho, Kṛṣṇa, e acho que você está cuidando muito bem dos dois”. Também é significativo que Vasudeva tenha perguntado sobre o bem-estar dos animais de Nanda Mahārāja. Os animais, especialmente as vacas, eram protegidos da mesma maneira como se protegiam os próprios filhos. Vasudeva era kṣatriya, e Nanda Mahārāja era vaiśya. É dever do kṣatriya proteger os cidadãos, e o dever do vaiśya é proteger as vacas. As vacas são tão importantes quanto os cidadãos. Assim como se deve dar toda espécie de proteção aos cidadãos humanos, também as vacas devem receber toda proteção.

Par ces mots, Vasudeva exprimait la douleur d’être séparé de ses huit fils nés du sein de Devakī. Il ne pouvait même garder auprès de lui le seul qui ait survécu, Kṛṣṇa. Vasudeva ressentait profondément la douleur d’en être séparé, mais ne pouvait le montrer au grand jour. Il poursuivit : « Parle-moi, je t’en prie, de Vṛndāvana. Tu y possèdes tant de bêtes, sont-elles heureuses ? Ont-elles herbe et eau en suffisance ? Laisse-moi savoir, je t’en prie, si les lieux où tu résides sont paisibles. » Vasudeva, en posant cette question, voulait savoir si Kṛṣṇa était sauf. Il savait que Kaṁsa et sa suite avaient entrepris de Le tuer, envoyant vers Lui toutes sortes d’êtres démoniaques. Ils avaient déjà décidé que tous les nouveau-nés venus au monde dans les dix jours qui précédèrent et suivirent l’Apparition de Kṛṣṇa seraient massacrés. Rongé de souci, Vasudeva veut être sûr qu’Il ne court aucun danger aux lieux où Il réside. Il veut également savoir ce que deviennent Balarāma et Sa Mère Rohiṇī, confiés au soin de Nanda Mahārāja. Vasudeva rappelle aussi à Nanda que Balarāma ignore l’identité de son véritable père : « Il te connaît comme son père. Et maintenant, voilà que tu as un autre enfant, Kṛṣṇa. Je crois que tu prends bien soin de tous deux. » Que Vasudeva se soit également enquis du bien-être des animaux de Nanda est à remarquer. Le maître protégeait les animaux, et plus particulièrement les vaches, comme ses propres enfants. Vasudeva était un kṣatriya, Nanda Mahārāja un vaiśya. Le devoir du kṣatriya, c’est d’assurer toute protection aux citoyens, et celui du vaiśya, de protéger la vache. Les vaches ont autant d’importance que les citoyens. On doit leur assurer une protection égale.

Vasudeva continuou dizendo que a manutenção dos princípios religiosos, o desenvolvimento econômico e o atendimento satisfatório às demandas dos sentidos dependem da cooperação entre os parentes, as nações e toda a humanidade. Por isso, é dever de todos cuidar para que seus concidadãos e vacas não sejam postos em dificuldade. Deve-se cuidar da paz e do conforto de seus semelhantes e dos animais, e, assim, o desenvolvimento dos princípios religiosos, o desenvolvimento econômico e o gozo dos sentidos podem, então, ser conseguidos sem dificuldade. Vasudeva expressou seu pesar por não ter sido capaz de dar proteção a seus próprios filhos nascidos de Devakī. Ele pensava, assim, que os princípios religiosos, o desenvolvimento econômico e a satisfação de seus sentidos estavam todos perdidos.

Vasudeva dit également que le maintien des principes de la religion, l’essor économique et la satisfaction des sens dépendent du degré d’entraide, au sein de l’humanité, entre membres d’une famille ou d’une nation. Il relève donc du devoir de tous de veiller à ce que l’on ne porte pas préjudice au prochain et à la vache. Il faut s’assurer non seulement de la paix et du confort de son prochain, mais aussi de ceux des animaux. Alors on obtient sans mal le développement des principes religieux, l’essor économique et la satisfaction des sens. Vasudeva exprima sa tristesse de ne pouvoir point protéger lui-même ses Fils nés de Devakī. Il pensait que pour lui, les principes religieux, l’accumulation de biens, la satisfaction des sens s’en trouvaient à jamais perdus.

Ao ouvir isso, Nanda Mahārāja respondeu: “Meu caro Vasudeva, sei que você está muito aflito porque o cruel rei Kaṁsa matou todos os seus filhos nascidos de Devakī. Embora o último filho fosse uma menina, Kaṁsa não pôde matá-la e ela entrou nos planetas celestiais. Meu caro amigo, não se aflija, pois todos estamos sendo controlados por nossas atividades passadas invisíveis. Todos estão sujeitos a seus atos passados, e quem é versado na filosofia do karma e suas reações é um homem de conhecimento. Tal pessoa não se afligirá com nenhum incidente, feliz ou miserável”.

Aux paroles de Vasudeva, Nanda Mahārāja répondit : « Mon cher Vasudeva, je connais ta grande peine d’avoir vu Kaṁsa, le roi cruel, massacrer tous tes fils nés de Devakī. Mais bien que ton dernier enfant ait été une fille, Kaṁsa ne put la tuer ; elle pénétra dans les planètes édéniques. Cher ami, ne t’afflige point, notre destin à tous est déterminé par nos actes passés, dont le souvenir s’est maintenant effacé de notre mémoire. Chacun est soumis aux conséquences de ses actes passés ; l’homme versé dans la science du karma, des actes et de leurs suites, celui-là est homme de connaissance. Jamais il ne s’afflige de ce qui lui arrive, qu’il s’agisse d’un événement heureux ou malheureux. »

Vasudeva, então, respondeu: “Meu caro Nanda, se você já pagou os impostos do governo, volte logo para Gokula, porque acho que pode haver alguns distúrbios por lá”.

Vasudeva reprit la parole : « Ô cher Nanda, si tu as payé le tribut de Kaṁsa, retourne chez toi bien vite, car j’ai le pressentiment que Gokula se trouve perturbé. »

Depois da conversa amistosa entre Nanda Mahārāja e Vasudeva, este voltou para casa. Os vaqueiros encabeçados por Nanda Mahārāja, que tinham vindo a Mathurā pagar seus impostos, também regressaram para casa.

Après s’être ainsi amicalement entretenu avec Nanda Mahārāja, Vasudeva retourna chez lui. Les pâtres et Nanda Mahārāja, qui étaient venus à Mathurā pour payer tribut, regagnèrent également leur foyer.

Neste ponto, encerram-se os significados Bhaktivedanta do capítulo cinco de Kṛṣṇa, intitulado “O Encontro de Nanda e Vasudeva”.

Ainsi s’achèvent les enseignements de Bhaktivedanta pour le cinquième chapitre du Livre de Kṛṣṇa, intitulé: « Nanda rencontre Vasudeva ».