Skip to main content

9

9

Decreasing the Fever of Illusion

Diminuindo a Febre da Ilusão

janmaiśvarya-śruta-śrībhir
edhamāna-madaḥ pumān
naivārhaty abhidhātuṁ vai
tvām akiñcana-gocaram
janmaiśvarya-śruta-śrībhir
edhamāna-madaḥ pumān
naivārhaty abhidhātuṁ vai
tvām akiñcana-gocaram

My Lord, Your Lordship can easily be approached, but only by those who are materially exhausted. One who is on the path of [material] progress, trying to improve himself with respectable parentage, great opulence, high education, and bodily beauty, cannot approach You with sincere feeling.

Meu Senhor, ó Onipotente! Podes ser alcançado facilmente, mas apenas por aqueles que estão materialmente esgotados. Quem está no caminho do progresso material, tentando aprimorar-se com parentesco respeitável, grande opulência, educação elevada e beleza corpórea, não pode aproximar-se de Ti com sentimento sincero.

Śrīmad-Bhāgavatam 1.8.26

Śrīmad-Bhāgavatam 1.8.26

Being materially advanced means taking birth in an aristocratic family and possessing great wealth, an education, and attractive personal beauty. All materialistic men are mad after possessing all these material opulences, and this is known as the advancement of material civilization. But the result is that by possessing all these material assets one becomes artificially puffed up, intoxicated by such temporary possessions. Consequently, such materially puffed up persons are incapable of uttering the holy name of the Lord by addressing Him feelingly, “O Govinda, O Kṛṣṇa.” It is said in the śāstras that by once uttering the holy name of the Lord, the sinner gets rid of a quantity of sins that he is unable to commit. Such is the power of uttering the holy name of the Lord. There is not the least exaggeration in this statement. Actually the Lord’s holy name has such powerful potency. But there is a quality to such utterances also. It depends on the quality of feeling. A helpless man can feelingly utter the holy name of the Lord, whereas a man who utters the same holy name in great material satisfaction cannot be so sincere. A materially puffed up person may utter the holy name of the Lord occasionally, but he is incapable of uttering the name in quality. Therefore, the four principles of material advancement, namely (1) high parentage, (2) good wealth, (3) high education, and (4) attractive beauty, are, so to speak, disqualifications for progress on the path of spiritual advancement. The material covering of the pure spirit soul is an external feature, as much as fever is an external feature of the unhealthy body. The general process is to decrease the degree of the fever and not to aggravate it by maltreatment. Sometimes it is seen that spiritually advanced persons become materially impoverished. This is no discouragement. On the other hand, such impoverishment is a good sign as much as the falling of temperature is a good sign. The principle of life should be to decrease the degree of material intoxication which leads one to be more and more illusioned about the aim of life. Grossly illusioned persons are quite unfit for entrance into the kingdom of God.

Ser materialmente avançado significa nascer em família aristocrática e possuir grande riqueza, educação e atrativa beleza pessoal. Todos os homens materialistas estão loucos por possuir essas opulências materiais, e isso é conhecido como progresso na civilização material. Mas o resultado é que por possuir todos esses bens materiais a pessoa torna-se artificialmente arrogante, intoxicada por tais posses temporárias. Consequentemente, essas pessoas materialmente arrogantes são incapazes de pronunciar o santo nome do Senhor, dirigindo-se a Ele com sentimento: “Ó Govinda! Ó Kṛṣṇa!” Nos śāstras, se diz que, por pronunciar uma vez o santo nome do Senhor, o pecador se livra de uma maior quantidade de pecados que possa cometer. Este é o poder de pronunciar o santo nome do Senhor. Não há o mínimo exagero nessa afirmação. De fato, o santo nome do Senhor possui essa potência magnífica. Mas também há uma qualidade para esse cantar, e isso depende da qualidade do sentimento. Um homem desamparado pode pronunciar com sentimento o santo nome do Senhor, ao passo que outro que pronuncie o mesmo santo nome em meio a grande satisfação material não pode ser tão sincero. Uma pessoa materialmente arrogante pode pronunciar o santo nome do Senhor ocasionalmente, mas é incapaz de pronunciá-lo com qualidade. Portanto, os quatro princípios do avanço material, a saber: 1) alto parentesco, 2) grande riqueza, 3) educação elevada e 4) beleza atrativa são, por assim dizer, desqualificações para o avanço espiritual. A cobertura material da alma espiritual pura é um aspecto externo, assim como a febre é um aspecto externo do corpo enfermo. O processo geral é diminuir o grau da febre, e não o agravar com exageros. Às vezes, se vê que pessoas espiritualmente avançadas se tornam materialmente pobres. Isso nada tem de desencorajador. Pelo contrário, esse empobrecimento é tão bom sinal quanto a queda de temperatura é um bom sinal para o doente. O princípio vital deve ser diminuir o grau de intoxicação material, que nos ilude cada vez mais a respeito da meta da vida. Pessoas grosseiramente iludidas são completamente incapazes de entrar no reino de Deus.

In one sense, of course, material opulences are God’s grace. To take birth in a very aristocratic family or nation like America, to be very rich, to be advanced in knowledge and education, and to be endowed with beauty are gifts of pious activities. A rich man attracts the attention of others, whereas a poor man does not. An educated man attracts attention, but a fool attracts no attention at all. Materially, therefore, such opulences are very beneficial. But when a person is materially opulent in this way, he becomes intoxicated: “Oh, I am a rich man. I am an educated man. I have money.”

Em um sentido, evidentemente, as opulências materiais são uma graça divina. Nascer numa família aristocrática ou numa nação como os Estados Unidos, ser muito rico, ter muito conhecimento e educação e ser muito belo, são frutos de nossas atividades piedosas. Um homem rico atrai a atenção de outros, ao passo que um pobre não. Um homem educado atrai a atenção, mas um tolo não atrai a atenção de ninguém. Materialmente, portanto, tais opulências são muito benéficas. Mas, quando uma pessoa se torna assim opulenta, fica intoxicada: “Oh! Eu sou um homem rico. Eu sou um homem muito educado. Eu tenho dinheiro”.

One who drinks wine will become intoxicated and may think that he is flying in the sky or that he has gone to heaven. These are effects of intoxication. But an intoxicated person does not know that all these dreams are within the limits of time and will therefore come to an end. Because he is unaware that these dreams will not continue, he is said to be in illusion. Similarly, one is intoxicated by thinking, “I am very rich, I am very educated and beautiful, and I have taken birth in an aristocratic family in a great nation.” That’s all right, but how long will these advantages exist? Suppose one is an American and is also rich, beautiful, and advanced in knowledge. One may be proud of all this, but how long will this intoxication exist? As soon as the body is finished, it will all be finished, just like the intoxicated dreams of a person who has been drinking.

Um homem que bebe vinho fica bêbado e pode pensar que está voando no céu ou que foi para o paraíso. Estes são os efeitos da intoxicação. Mas uma pessoa intoxicada não sabe que esses sonhos estão dentro dos limites do tempo e que, por esta razão, terão um fim. Porque não está ciente de que esses sonhos não são permanentes, é dito que ela está vivendo uma ilusão. Da mesma forma, fica-se intoxicado por pensar: “Eu sou muito rico, muito educado e belo e nasci numa família aristocrática, numa grande nação”. Isto está certo, mas por quanto tempo existirão estas vantagens? Suponha que alguém seja americano, e também rico e avançado em conhecimento. Ele pode ficar orgulhoso com tudo isso, mas por quanto tempo permanecerá o efeito dessa intoxicação? Logo que o corpo acabar tudo estará terminado, assim como os sonhos ébrios de alguém que tenha bebido.

These dreams are on the mental platform, the egoistic platform, and the bodily platform. But I am not the body. The gross body and subtle body are different from my actual self. The gross body is made of earth, water, fire, air, and ether, and the subtle body is made of mind, intelligence, and false ego. But the living being is transcendental to these eight elements, which are described in the Bhagavad-gītā as the inferior energy of God.

Esses sonhos estão na plataforma mental, na plataforma egoística e na plataforma corporal. Mas eu não sou o corpo. Os corpos grosseiro e sutil são diferentes de meu eu verdadeiro. O corpo grosseiro é feito de terra, água, fogo, ar e éter, e o sutil de mente, inteligência e falso ego. Mas a entidade viva é transcendental a esses oito elementos, que são descritos na Bhagavad-gītā como a energia inferior de Deus.

Even if one is mentally very advanced, he does not know that he is under the influence of the inferior energy, just as an intoxicated person does not know what condition he is in. Opulence, therefore, places one in a position of intoxication. We are already intoxicated, and modern civilization aims at increasing our intoxication. In truth we should become free from this intoxication, but modern civilization aims at increasing it so that we may become more and more intoxicated and go to hell.

Mesmo uma pessoa avançada mentalmente não sabe que se encontra sob a influência da energia inferior, da mesma forma que uma pessoa intoxicada não sabe em que condição se encontra. A opulência, portanto, nos coloca numa posição de intoxicação. Já estamos intoxicados. Na verdade, deveríamos nos livrar dessa intoxicação, mas a civilização moderna tende a aumentá-la de tal forma que ficaremos mais e mais intoxicados e acabaremos indo para o inferno.

Kuntīdevī says that those who are intoxicated in this way cannot feelingly address the Lord. They cannot feelingly say, jaya rādhā-mādhava: “All glories to Rādhā and Kṛṣṇa!” They have lost their spiritual feeling. They cannot feelingly address the Lord, because they do not have knowledge. “Oh, God is for the poor man,” they think. “The poor do not have sufficient food. Let them go to the church and pray, ‘O God, give us our daily bread.’ But I have enough bread. Why should I go to church?” This is their opinion.

Kuntīdevī diz que aqueles que estão intoxicados dessa maneira não podem se dirigir ao Senhor com um sentimento sincero. Eles não conseguem dizer de coração, jaya rādhā-mādhava: “Todas as glórias a Rādhā e Kṛṣṇa!” Eles perderam seu sentimento espiritual, e não conseguem se dirigir ao Senhor com sinceridade, porque não têm conhecimento. “Oh! Deus é para os pobres”, eles pensam. “Os pobres não têm alimento suficiente. Deixe-os irem à igreja e orar: ‘Ó Deus, dê-nos o pão de cada dia!’, mas eu tenho pão suficiente, por que eu deveria ir à igreja?”

Nowadays, therefore, because we are in a time of economic prosperity, no one is interested in going to the churches or temples. “What is this nonsense?” people think. “Why should I go to the church to ask for bread? We shall develop our economic condition, and then there will be a sufficient supply of bread.” In Communist countries this mentality is especially prevalent. The Communists make propaganda in the villages by asking people to go to church and pray for bread. So the innocent people pray as usual, “O God, give us our daily bread.” When the people come out of the church, the Communists ask, “Have you gotten bread?”

Esta é a opinião geral. Hoje em dia, portanto, porque estamos numa época de prosperidade econômica, ninguém está interessado em ir às igrejas ou aos templos. “Que bobagem é esta?”, as pessoas pensam. “Por que devo ir à igreja e pedir pão? O que devo fazer é desenvolver minha condição econômica e terei um amplo suprimento de pão”. Nos países comunistas, essa mentalidade é muito acentuada. Os comunistas fazem propaganda nas vilas, pedindo ao povo que vá à igreja e ore por pão. Então, as pessoas inocentes oram, como de costume: “Ó Deus, dê-nos o pão de cada dia”. Quando saem da igreja, os comunistas perguntam: “Conseguiram o pão?”

“No, sir,” they reply.

“Não senhor”, elas respondem.

“All right,” the Communists say. “Ask us.”

“Muito bem”, dizem os comunistas. “Então, peçam-nos”.

Then the people say, “O Communist friends, give us bread.”

E as pessoas dizem: “Ó amigos comunistas, deem-nos pão”.

The Communist friends, of course, have brought a whole truckload of bread, and they say, “Take as much as you like. Now, who is better – the Communists or your God?”

Os “amigos” comunistas, é claro, trouxeram um caminhão enorme cheio de pão. “Peguem quanto quiserem. Agora, quem é melhor – os comunistas ou seu Deus?”

Because the people are not very intelligent, they reply, “Oh, you are better.” They don’t have the intelligence to inquire, “You rascals, wherefrom have you brought this bread? Have you manufactured it in your factory? Can your factory manufacture grains?” Because they are śūdras (people who have very little intelligence), they don’t ask these questions. A brāhmaṇa, however, one who is advanced in intelligence, will immediately inquire, “You rascals, wherefrom have you brought this bread? You cannot manufacture bread. You have simply taken the wheat given by God and transformed it, but this does not mean that it has become your property.”

Por não serem muito inteligentes, as pessoas respondem: “Oh! Vocês são melhores”. Elas não têm inteligência para perguntar: “Seus ignorantes, de onde vocês trouxeram este pão? Vocês o fabricaram em suas fábricas? Será que suas fábricas podem fabricar cereais?” Porque são śūdras (pessoas de muito pouca inteligência), não fazem essas perguntas. Um brāhmaṇa, entretanto, que tem a inteligência desenvolvida, perguntaria imediatamente: “Seus ignorantes, de onde trouxeram este pão? Vocês não podem fabricar pão. Simplesmente tiraram o trigo dado por Deus e o transformaram, mas isso não significa que seja sua propriedade”.

Simply transforming one thing into something else does not make the final product one’s own property. For example, if I give a carpenter some wood, some tools, and a salary and he makes a very beautiful closet, to whom will the closet belong – to the carpenter or to me, the person who has supplied the ingredients? The carpenter cannot say, “Because I have transformed this wood into such a nice closet, it is mine.” Similarly, we should say to atheistic men like the Communists, “Who is supplying the ingredients for your bread, you rascal? It is all coming from Kṛṣṇa. In Bhagavad-gītā Kṛṣṇa says, ‘The elements of this material creation are all My property.’ You have not created the sea, the land, the sky, the fire, or the air. These are not your creations. You may mix and transform these material things. You may take earth from the land and water from the sea, mix them and put them in a fire to make bricks, and then you may pile up all these bricks to make a skyscraper and claim that the skyscraper is yours. But where did you get the ingredients for the skyscraper, you rascal? You have stolen the property of God, and now you are claiming that it is your property.” This is knowledge.

Simplesmente transformar uma coisa em outra não torna o produto final propriedade de quem o transformou. Por exemplo: se der a um carpinteiro alguma madeira, algumas ferramentas, um bom salário e ele construir um belo armário, a quem pertence esse armário – ao carpinteiro ou a mim, que supri os ingredientes? O carpinteiro não pode dizer: “Porque eu transformei a madeira num ótimo armário, ele é meu”. De forma similar, deveríamos perguntar às pessoas ateístas como os comunistas: “Quem está suprindo os ingredientes para seu pão, seu ignorante? Tudo vem de Kṛṣṇa. Na Bhagavad-gītā, Kṛṣṇa diz: ‘Os elementos desta criação material são todos de Minha propriedade’. Vocês não criaram o mar, a terra, o céu, o fogo ou o ar. Vocês podem misturar e transformar essas coisas materiais. Podem tirar terra do chão e água do mar, misturá-las, pô-las no fogo para fazer tijolos e depois fazer uma pilha com eles, para construir um arranha-céu e declarar que o arranha-céu lhes pertence. Mas de onde vieram os ingredientes para o arranha-céu, seus ignorantes? Vocês roubaram o que pertence a Deus e agora estão dizendo que pertence a vocês”. Isto é conhecimento.

Unfortunately, those who are intoxicated cannot understand this. They think, “We have taken this land of America from the Red Indians, and now it is our property.” They do not know that they are thieves. The Bhagavad-gītā clearly says that one who takes the property of God and claims it as his own is a thief (stena eva saḥ).

Infelizmente, aqueles que estão intoxicados não podem compreender isso. Eles pensam: “Nós tomamos esta terra, os Estados Unidos, dos indígenas, e agora é nossa propriedade”. Eles não sabem que são ladrões. A Bhagavad-gītā diz claramente que aquele que toma a propriedade de Deus, e declara que é sua, é apenas um ladrão (stena eva saḥ).

The devotees of Kṛṣṇa, therefore, have their own form of communism. According to Kṛṣṇa conscious communism, everything belongs to God. Just as the Russian and Chinese Communists think that everything belongs to the state, we think that everything belongs to God. This is merely an extension of the same philosophy, and to understand it one simply needs a little intelligence. Why should one think that his state belongs to only a small number of people? In fact this is all the property of God, and every living entity has a right to use this property because every living being is a child of God, who is the supreme father. In Bhagavad-gītā (14.4), Lord Kṛṣṇa says, sarva-yoniṣu kaunteya … ahaṁ bīja-pradaḥ pitā: “I am the seed-giving father of all living entities. In whatever forms they may live, all living entities are My sons.”

Os devotos de Kṛṣṇa, portanto, têm sua própria forma de comunismo. De acordo com o comunismo consciente de Kṛṣṇa, tudo pertence a Deus. Da mesma forma que os comunistas, russos e chineses, pensam que tudo pertence ao Estado, nós consideramos que tudo pertence a Deus. Isso é apenas uma extensão da mesma filosofia, e, para compreendê-la, só é necessário um pouco de inteligência. Por que deveria alguém pensar que seu estado pertence a apenas um pequeno número de pessoas? Na realidade, tudo isso pertence a Deus, e toda entidade viva tem o direito de usar essa propriedade, porque todos são filhos de Deus, que é o pai supremo. Na Bhagavad-gītā (14.4), o Senhor Kṛṣṇa diz, sarva-yoniṣu kaunteya ahaṁ bīja-pradaḥ pitā: “Eu sou o pai que dá a semente de todas as entidades vivas. Em qualquer forma que se encontrem, todos são Meus filhos”.

We living entities are all sons of God, but we have forgotten this, and therefore we are fighting. In a happy family, all the sons know, “Father is supplying food to us all. We are brothers, so why should we fight?” Similarly, if we become God conscious, Kṛṣṇa conscious, the fighting in the world will come to an end. “I am American,” “I am Indian,” “I am Russian,” “I am Chinese” – all these nonsensical designations will be finished. The Kṛṣṇa consciousness movement is so purifying that as soon as people become Kṛṣṇa conscious their political and national fighting will immediately be over, because they will come to their real consciousness and understand that everything belongs to God. The children in a family all have the right to accept privileges from the father. Similarly, if everyone is part and parcel of God, if everyone is a child of God, then everyone has the right to use the property of the father. That right does not belong only to the human beings; rather, according to Bhagavad-gītā, that right belongs to all living entities, regardless of whether they are in the bodies of human beings, animals, trees, birds, beasts, insects, or whatever. That is Kṛṣṇa consciousness.

Nós, entidades vivas, somos todos filhos de Deus, mas nos esquecemos disso, e estamos todos lutando. Numa família feliz todos os filhos sabem que “Papai está nos alimentando a todos. Nós somos irmãos. Então, por que deveríamos lutar?” Assim também, se nos tornarmos conscientes de Kṛṣṇa, conscientes de Deus, as lutas pelo mundo afora terminarão. “Eu sou americano”, “Eu sou indiano”, “Eu sou russo”, “Eu sou chinês” – todas estas designações tolas acabarão. O movimento para a consciência de Kṛṣṇa é tão purificante que, logo que as pessoas se tornem conscientes de Kṛṣṇa, suas lutas políticas e nacionais terminarão imediatamente, porque compreenderão sua verdadeira consciência e que tudo pertence a Deus. As crianças, numa família, têm todas o direito de aceitar privilégios do pai. Por conseguinte, se todos são partes integrantes de Deus, se todos são filhos de Deus, todos têm direito de utilizar a propriedade do pai. Esse direito não pertence apenas aos seres humanos; ao contrário, de acordo com a Bhagavad-gītā, pertence a todas as entidades vivas, não importando se estão em corpos de seres humanos, animais, árvores, pássaros, bestas, insetos ou o que for. Isto é consciência de Kṛṣṇa.

In Kṛṣṇa consciousness we do not think, “My brother is good, and I am good, but all others are bad.” This is the kind of narrow, crippled consciousness we reject. Rather, in Kṛṣṇa consciousness we look equally toward all living entities. As stated in Bhagavad-gītā (5.18):

Na consciência de Kṛṣṇa, não pensamos: “Meu irmão é bom, e eu sou bom, mas todos os outros são ruins”. Esse tipo de visão estreita, doente, nós rejeitamos. Na consciência de Kṛṣṇa, vemos todas as entidades vivas igualmente. Como se declara na Bhagavad-gītā (5.18):

vidyā-vinaya-sampanne
brāhmaṇe gavi hastini
śuni caiva śvapāke ca
paṇḍitāḥ sama-darśinaḥ
vidyā-vinaya-sampanne
brāhmaṇe gavi hastini
śuni caiva śvapāke ca
paṇḍitāḥ sama-darśinaḥ

“The humble sage, by virtue of true knowledge, sees with equal vision a learned and gentle brāhmaṇa, a cow, an elephant, a dog, and a dog-eater [outcaste].”

“O sábio humilde, devido a seu conhecimento verdadeiro, vê com visão de igualdade um brāhmaṇa gentil e erudito, uma vaca, um elefante, um cachorro e um comedor de cachorros (intocável)”.

One who is paṇḍita, one who is learned, sees all living entities to be on an equal level. Therefore, because a Vaiṣṇava, or devotee, is learned, he is compassionate (lokānāṁ hita-kāriṇau), and he can work in such a way as to actually benefit humanity. A Vaiṣṇava feels and actually sees that all living entities are part and parcel of God and that somehow or other they have fallen into contact with this material world and have assumed different types of bodies according to different karma.

O paṇḍita, erudito, vê todas as entidades no mesmo nível. Por conseguinte, porque o vaiṣṇava, ou devoto, é erudito, ele é compassivo (lokānāṁ hita-kāriṇau) e pode trabalhar de tal maneira que, na verdade, trará benefícios para toda a humanidade. Um vaiṣṇava sente e vê realmente que todas as entidades vivas são partes integrantes de Deus e que, de uma forma ou outra, entraram em contato com este mundo material e receberam diferentes tipos de corpos, de acordo com karmas diferentes.

Those who are learned (paṇḍitāḥ) do not discriminate. They do not say, “This is an animal, so it should be sent to the slaughterhouse so that a man may eat it.” No. Why should the animals be slaughtered? A person who is actually Kṛṣṇa conscious is kind to everyone. Therefore one tenet of our philosophy is “No meat-eating.” Of course, people may not accept this. They will say, “Oh, what is this nonsense? Meat is our food. Why should we not eat it?” Because they are intoxicated rascals (edhamāna-madaḥ ), they will not hear the real facts. But just consider: if a poor man is lying helpless in the street, can I kill him? Will the state excuse me? I may say, “I have only killed a poor man. There was no need for him in society. Why should such a person live?” But will the state excuse me? Will the authorities say, “You have done very nice work”? No. The poor man is also a citizen of the state, and the state cannot allow him to be killed. Now, why not expand this philosophy? The trees, the birds, and the beasts are also sons of God. If one kills them, one is as guilty as one who kills a poor man on the street. In God’s eyes, or even in the vision of a learned man, there is no discrimination between poor and rich, black and white. No. Every living entity is part and parcel of God. And because a Vaiṣṇava sees this, he is the only true benefactor of all living entities.

Os eruditos (paṇḍitāḥ) não fazem discriminações. Eles não dizem: “Como isto é um animal, deve ser mandado para o matadouro para que os homens possam comê-lo”. Não. Por que deveriam os animais serem mortos? Alguém que seja realmente consciente de Kṛṣṇa é bondoso para todos. Por isso, um dos princípios de nossa filosofia é “não comer carne”. É claro que muitos não aceitarão isto. Eles dirão: “Oh! Que bobagem é esta? Carne é nosso alimento. Por que não deveríamos comê-la?” Porque são sujeitos intoxicados e sem caráter (edhamāna-madaḥ), eles não dão ouvidos aos fatos. Mas imaginemos um homem pobre, abandonado, caído na rua. Posso matá-lo? Serei desculpado pelo governo? Eu posso dizer: “Só matei um homem pobre. Não há necessidade dele na sociedade. Por que tal pessoa deveria viver?” Mas o governo me perdoará? Será que as autoridades dirão: “Muito bem, você fez um ótimo trabalho”? Não. O homem pobre também é um cidadão do estado e o governo não pode permitir que o matem. Então, por que não expandir essa filosofia? As árvores, os pássaros e as feras também são filhos de Deus. Quem os mata é tão culpado quanto quem mata o pobre na rua. Aos olhos de Deus, ou mesmo aos olhos de uma pessoa erudita, não há discriminação entre o pobre e o rico, preto e branco. Não. Cada entidade viva é parte integrante de Deus. E, porque um vaiṣṇava vê as coisas assim, ele é o único e verdadeiro benfeitor para todas as entidades vivas.

A Vaiṣṇava tries to elevate all living beings to a platform of Kṛṣṇa consciousness. A Vaiṣṇava does not see, “Here is an Indian, and there is an American.” Someone once asked me, “Why have you come to America?” But why should I not come? I am a servant of God, and this is the kingdom of God, so why should I not come? To hinder the movements of a devotee is artificial, and one who does so commits a sinful act. Just as a policeman may enter a house without trespassing, a servant has the right to go anywhere, because everything belongs to God. We have to see things in this way, as they are. That is Kṛṣṇa consciousness.

Um vaiṣṇava tenta elevar todos à plataforma da consciência de Kṛṣṇa. Um vaiṣṇava não considera “Aqui está um indiano e aqui um americano”. Certa vez, perguntaram-me: “Por que o senhor veio aos Estados Unidos?” Mas por que não deveria ter vindo? Se eu sou um servo de Deus e este é o reino de Deus, por que eu não deveria vir? Quem impede as atividades de um devoto é leviano e está realizando uma atividade pecaminosa. Da mesma forma que um policial pode entrar numa casa sem pedir licença, um servo tem o direito de ir a qualquer parte, porque tudo pertence a Deus. Devemos ver as coisas dessa maneira, como elas são. Isto é consciência de Kṛṣṇa.

Now, Kuntīdevī says that those who are increasing their own intoxication cannot become Kṛṣṇa conscious. A fully intoxicated person may talk nonsense, and he may be told, “My dear brother, you are talking nonsense. Just see. Here is your father, and here is your mother.” But because he is intoxicated, he will not understand, nor will he even care to understand. Similarly, if a devotee tries to show a materially intoxicated rascal, “Here is God,” the rascal will not be able to understand it. Therefore Kuntīdevī says, tvām akiñcana-gocaram, indicating that to be free from the intoxication caused by high birth, opulence, education, and beauty is a good qualification.

E Kuntīdevī diz que aqueles que estão incrementando sua intoxicação não podem tornar-se conscientes de Kṛṣṇa. Uma pessoa completamente intoxicada pode falar tolices, e pode ser que alguém diga: “Meu querido irmão, você está falando bobagens. Olhe só. Aqui está seu pai e aqui sua mãe”. Mas, por estar intoxicada, ela não compreenderá, nem tentará compreender. Da mesma forma, se um devoto tentar mostrar a um sujeito ignorante e intoxicado pelo materialismo “Aqui está Deus”, esse homem baixo não será capaz de compreender. Por conseguinte, Kuntīdevī diz tvām akiñcana-gocaram, indicando que libertar-se da intoxicação causada por um bom nascimento, opulência, educação e beleza é uma boa qualificação.

Nonetheless, when one becomes Kṛṣṇa conscious, these same material assets can be used for the service of Kṛṣṇa. For example, the Americans who have joined the Kṛṣṇa consciousness movement were materially intoxicated before they became devotees, but now that their intoxication is over, their material assets have become spiritual assets that may be helpful in furthering the service of Kṛṣṇa. For example, when these American devotees go to India, the Indian people are surprised to see that Americans have become so mad after God. Many Indians strive to imitate the materialistic life of the West, but when they see Americans dancing in Kṛṣṇa consciousness, then they realize that this is what is actually worthy of being followed.

Apesar disto, para quem se torna consciente de Kṛṣṇa, essas mesmas qualificações materiais podem ser úteis no serviço a Kṛṣṇa. Os americanos que aderiram ao movimento para a consciência de Kṛṣṇa, por exemplo, estavam intoxicados materialmente, antes de se tornarem devotos. Mas agora que a intoxicação acabou suas qualificações materiais se tornaram espirituais e podem ser úteis para seu avanço no serviço a Kṛṣṇa. E quando esses devotos vão à Índia, o povo indiano se surpreende de ver que americanos ficaram tão loucos por Deus. Muitos indianos tentam imitar a vida materialista ocidental, mas, quando eles veem americanos dançando em consciência de Kṛṣṇa, compreendem o que é realmente digno de ser seguido.

Everything can be used in the service of Kṛṣṇa. If one remains intoxicated and does not use one’s material assets for the service of Kṛṣṇa, they are not very valuable. But if one can use them for the service of Kṛṣṇa, they become extremely valuable. To give an example, zero has no value, but as soon as the digit one is placed before the zero, the zero immediately becomes ten. If there are two zeros, they become one hundred, and three zeros become one thousand. Similarly, we are intoxicated by material assets that are actually no better than zero, but as soon as we add Kṛṣṇa, these tens and hundreds and thousands and millions of zeros become extremely valuable. The Kṛṣṇa consciousness movement therefore offers a great opportunity to the people of the West. They have an overabundance of the zeros of materialistic life, and if they simply add Kṛṣṇa their life will become sublimely valuable.

Tudo pode ser utilizado no serviço a Kṛṣṇa. Para quem permanece intoxicado e não usa suas qualificações materiais no serviço a Kṛṣṇa, essas qualificações não são muito valiosas. Mas para quem as utiliza no serviço a Kṛṣṇa, elas se tornam extremamente valiosas. Para dar um exemplo: zero não tem valor, mas, logo que o número um é posto à sua esquerda ele imediatamente torna-se dez. Com dois zeros transforma-se em cem, com três zeros em mil. Dessa forma, estamos intoxicados por nossas posses materiais, que, na verdade, não são melhores que zero. Mas, tão logo somemos Kṛṣṇa, essas dezenas, centenas, milhares e milhões de zeros se tornam extremamente valiosos. O movimento da consciência de Kṛṣṇa oferece, portanto, uma grande oportunidade ao povo do Ocidente. Eles têm os zeros da vida materialista em abundância, e, se simplesmente somarem Kṛṣṇa, suas vidas tornar-se-ão sublimemente valiosas.