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The Master of the Senses

O Senhor dos Sentidos

yathā hṛṣīkeśa khalena devakī
kaṁsena ruddhāti-ciraṁ śucārpitā
vimocitāhaṁ ca sahātmajā vibho
tvayaiva nāthena muhur vipad-gaṇāt
yathā hṛṣīkeśa khalena devakī
kaṁsena ruddhāti-ciraṁ śucārpitā
vimocitāhaṁ ca sahātmajā vibho
tvayaiva nāthena muhur vipad-gaṇāt

O Hṛṣīkeśa, master of the senses and Lord of lords, You have released Your mother, Devakī, who was long imprisoned and distressed by the envious King Kaṁsa, and me and my children from a series of constant dangers.

Ó Hṛṣīkeśa, senhor dos sentidos e senhor dos senhores! Tu libertaste Tua mãe, Devakī, que ficara por muito tempo aprisionada e submetida aos tormentos causados pelo invejoso rei Kaṁsa, e também salveste a mim e a meus filhos de uma série de perigos constantes.

Śrīmad-Bhāgavatam 1.8.23

Śrīmad-Bhāgavatam 1.8.23

Devakī, the mother of Kṛṣṇa and sister of King Kaṁsa, was put into prison along with her husband, Vasudeva, because the envious King was afraid of being killed by Devakī’s eighth son (Kṛṣṇa). The King killed all the sons of Devakī who were born before Kṛṣṇa, but Kṛṣṇa escaped the danger of child-slaughter because He was transferred to the house of Nanda Mahārāja, Lord Kṛṣṇa’s foster father. Kuntīdevī, along with her children, was also saved from a series of dangers. But Kuntīdevī was shown far more favor because Lord Kṛṣṇa did not save the other children of Devakī, whereas He saved the children of Kuntīdevī. This was done because Devakī’s husband, Vasudeva, was living, whereas Kuntīdevī was a widow and there was none to help her except Kṛṣṇa. The conclusion is that Kṛṣṇa bestows more favor upon a devotee who is in greater dangers. Sometimes He puts His pure devotees in such dangers because in that condition of helplessness the devotee becomes more attached to the Lord. The more the attachment is there for the Lord, the more success is there for the devotee.

Devakī, a mãe de Kṛṣṇa e irmã do rei Kaṁsa, foi aprisionada junto com seu esposo, Vasudeva, porque o invejoso rei temia ser morto por seu oitavo filho, Kṛṣṇa. O rei matou todos os filhos de Devakī que nasceram antes de Kṛṣṇa, mas Kṛṣṇa escapou do perigo do massacre infantil, porque foi transferido para a casa de Nanda Mahārāja, Seu pai adotivo. Kuntīdevī, juntamente com seus filhos, também foi salva de uma série de perigos. Porém, Kuntīdevī recebeu um favor especial, pois o Senhor Kṛṣṇa não salvou os outros filhos de Devakī, mas salvou os de Kuntīdevī. Isso foi devido ao fato de que o esposo de Devakī, Vasudeva, estava vivo, enquanto Kuntīdevī era uma viúva e não tinha ninguém, exceto Kṛṣṇa, para salvá-la.

A conclusão é que Kṛṣṇa favorece mais o devoto que esteja em maior perigo. Às vezes, Ele coloca Seus devotos puros em tais perigos porque, nessa condição infeliz, o devoto se apega mais ao Senhor. Quanto maior for o apego ao Senhor, maior será o sucesso do devoto.

Devakī, the devotee who became the mother of Kṛṣṇa, was not an ordinary woman. After all, who can become the mother of the Supreme Personality of Godhead? Kṛṣṇa agrees to become the son only of the most advanced devotee. In their previous lives, Devakī and her husband underwent severe austerities, and when Kṛṣṇa therefore appeared before them, wanting to give them a benediction, they told Him that they wanted a son like God. But where can there be another person equal to God? That is not possible. God is asamaurdhva; that is, no one can be equal to or greater than Him. There cannot be any competition. One cannot say, “I am God, you are God, he is God, we are all God.” No. One who says this is a dog, not God, for God is great, and He has no competitor. No one is equal to Him; everyone is lower. Ekale īśvara kṛṣṇa āra saba bhṛtya: the only master is Kṛṣṇa, God, and everyone else is His servant, including even great demigods like Brahmā, Viṣṇu, and Śiva, not to speak of others. Śiva-viriñci-nutam. In the śāstra, the Vedic scriptures, it is said that Lord Kṛṣṇa is offered respect even by Lord Śiva and Lord Brahmā, the topmost demigods.

Devakī, a devota que se tornou mãe de Kṛṣṇa, não era uma mulher comum. Afinal, quem pode se tornar mãe da Suprema Personalidade de Deus? Kṛṣṇa concorda em Se tornar filho somente de Sua devota mais avançada. Em suas vidas anteriores, Devakī e seu esposo realizaram austeridades severas e, quando Kṛṣṇa finalmente apareceu diante deles, desejando agraciá-los com alguma bênção, eles disseram que desejavam ter um filho como Deus. Mas onde pode existir outra pessoa igual a Deus? Isso não é possível. Deus é asamaurdhva, isto é, ninguém pode ser igual ou superior a Ele. Não pode haver concorrência. Ninguém pode dizer: “Eu sou Deus, você é Deus, ele é Deus, todos nós somos Deus”. Não. Aquele que diz isso é o contrário de Deus, e não Deus, porque Deus é o maior e não tem competidores. Ninguém é igual a Ele, pois todos são inferiores. Ekale īśvara kṛṣṇa āra saba bhṛtya: o único senhor é Kṛṣṇa, Deus, e todos os demais são Seus servos, incluindo até mesmo grandes divindades como Brahmā, Viṣṇu e Śiva, e isso para não falar de outros. Śiva-viriñci-nutam. Nos śāstras, as escrituras védicas, declara-se que o Senhor Kṛṣṇa é reverenciado até pelo Senhor Śiva e o Senhor Brahmā, os maiores semideuses.

Above the human beings there are demigods. As we human beings are above the lower animals, above us there are demigods, the most important of whom are Lord Brahmā and Lord Śiva. Lord Brahmā is the creator of this universe, Lord Śiva is its destroyer, and Lord Viṣṇu, who is Kṛṣṇa Himself, is its maintainer. For the maintenance of this material world there are three guṇas, or modes of material nature – sattva-guṇa (the mode of goodness), rajo-guṇa (the mode of passion), and tamo-guṇa (the mode of ignorance). Lord Viṣṇu, Lord Brahmā, and Lord Śiva have each taken charge of one of these modes – Lord Viṣṇu of sattva-guṇa, Lord Brahmā of rajo-guṇa, and Lord Siva of tamo-guṇa. Yet these three controllers are not under the influence of the guṇas. Just as the superintendent of a jail is not a prisoner but the controlling officer, so Lord Śiva, Lord Viṣṇu, and Lord Brahmā control these three guṇas and are not under the control of the guṇas.

Acima dos seres humanos, estão os semideuses. Assim como nós, seres humanos, somos superiores aos animais, existem os semideuses acima de nós. Dentre eles, os mais importantes são o Senhor Brahmā e o Senhor Śiva. O Senhor Brahmā é o criador, o Senhor Śiva é o destruidor, e o Senhor Viṣṇu, que é o próprio Kṛṣṇa, é o mantenedor deste universo. Para a manutenção do mundo material, existem três guṇas, ou modos da natureza material – sattva-guṇa (modo da bondade), rajo-guṇa (modo da paixão) e tamo-guṇa (modo da ignorância). O Senhor Viṣṇu, o Senhor Brahmā e o Senhor Śiva são os controladores desses modos – o Senhor Viṣṇu de sattva-guṇa, o Senhor Brahmā de rajo-guṇa e o Senhor Śiva de tamo-guṇa. Ainda assim, esses três controladores não estão sujeitos a esses guṇas. Assim como o superintendente de uma prisão não é um prisioneiro, mas, sim, o responsável; o Senhor Śiva, o Senhor Viṣṇu e o Senhor Brahmā controlam esses guṇas, mas não são controlados por eles.

But above all others, the supreme controller is Kṛṣṇa, who is known as Hṛṣīkeśa. The word hṛṣīka means “senses.” We are enjoying our senses, but ultimately the controller of the senses is Kṛṣṇa. Consider my hand, for example. I claim, “This is my hand. I can fight you with a good fist.” I am very much proud. But I am not the controller; the controller is Kṛṣṇa, because if He withdraws my hand’s power to act, the hand will be paralyzed. Although I claim, “It is my hand, and I shall use it,” when it is paralyzed I cannot do anything. Therefore, I should understand that although I possess this hand by the grace of Kṛṣṇa, I am not its controller. This is Kṛṣṇa consciousness.

Porém, acima de todos os outros, o controlador supremo é Kṛṣṇa, que é conhecido como Hṛṣīkeśa. A palavra hṛṣīka significa “sentidos”. Estamos desfrutando através de nossos sentidos, mas o controlador último dos sentidos é Kṛṣṇa. Consideremos minha mão, por exemplo. Eu digo: “Esta é minha mão. Eu posso lutar com você, pois tenho bons punhos”. Eu fico muito orgulhoso disso, mas não sou o controlador; o controlador é Kṛṣṇa, porque, se Ele anular o poder de agir da minha mão, ela ficará paralisada. Embora eu diga: “É minha mão e vou usá-la”, não poderei fazer nada se ela estiver paralisada. Portanto, devo compreender que, embora possua esta mão pela graça de Kṛṣṇa, eu não sou seu controlador. Isto é consciência de Kṛṣṇa.

A sane man will think, “If this hand is ultimately controlled by Kṛṣṇa, then it is meant for Kṛṣṇa.” This is a commonsense understanding. I claim, “This is my hand, this is my leg, this is my ear.” Even a child will speak this way. If we ask a child, “What is this?” he will say, “It is my hand.” But regardless of what we claim, actually it is not our hand; it is given to us. Because I wanted to use my hand in so many ways, Kṛṣṇa has given it to me: “All right, take this hand and use it.” So it is a gift from Kṛṣṇa, and therefore a sane man always consciously thinks, “Whatever I have in my possession, beginning with this body and my senses, is actually not mine. I have been given all these possessions to use, and if everything ultimately belongs to Kṛṣṇa, why not use everything for Kṛṣṇa?” This is intelligence, and this is Kṛṣṇa consciousness.

Um homem sensato pensará: “Se esta mão é controlada, em última instância, por Kṛṣṇa, então ela pertence a Kṛṣṇa”. Isso é uma conclusão clara. Eu digo: “Esta é minha mão, esta é minha perna, esta é minha orelha”. Até uma criança diz assim. Se perguntarmos a uma criança: “O que é isso?”, ela responderá: “É minha mão”. Mas, apesar do que dissermos, a verdade é que a mão não é nossa; ela nos foi dada. Por desejar usá-la de tantas maneiras diferentes, Kṛṣṇa me deu esta mão: “Tudo bem, tome essa mão e use-a”. Então, ela é um presente de Kṛṣṇa, e, por isso, um homem honesto pensará conscientemente: “Tudo o que possuo, a começar por meu corpo e meus sentidos, na verdade não é meu. Todas estas posses me foram dadas para meu uso, mas, se tudo pertence, em última análise, a Kṛṣṇa, por que não usar tudo a serviço de Kṛṣṇa?” Isto é inteligência e é consciência de Kṛṣṇa.

Everyone is part and parcel of Kṛṣṇa (mamaivāṁśo jīva-loke jīva-bhūtaḥ), and therefore everyone’s senses are also Kṛṣṇa’s. When we use the senses for Kṛṣṇa’s service, we attain the perfection of life. Therefore, hṛṣīkeṇa hṛṣīkeśa-sevanaṁ bhaktir ucyate: when by our senses (hṛṣīkeṇa) we serve Hṛṣīkeśa, the real master of the senses, that service is called bhakti. This is a very simple definition of bhakti. Hṛṣīkeśa-sevanam, not hṛṣīka-sevanam – service to the supreme master of the senses, not to the senses themselves. When we use our senses for sense gratification, we are in māyā, illusion, but when we use our senses for the gratification of the master of the senses, that service is called bhakti.

Todos são partes integrantes de Kṛṣṇa (mamaivāṁśo jīva-loke jīva-bhūtaḥ), e, por isso, os nossos sentidos também são de Kṛṣṇa. Quando utilizamos os sentidos no serviço a Kṛṣṇa, atingimos a perfeição da vida. Portanto, hṛṣīkeṇa hṛṣīkeśa-sevanaṁ bhaktir ucyate: quando, através dos nossos sentidos (hṛṣīkeṇa), servimos Hṛṣīkeśa, o verdadeiro senhor dos sentidos, esse serviço chama-se bhakti. Essa é uma definição muito simples de bhakti. Hṛṣīkeśa-sevanaṁ, não hṛṣīka-sevanam – serviço ao senhor supremo dos sentidos, não aos próprios sentidos. Quando usamos os sentidos para nossa própria satisfação, estamos em māyā, ilusão, mas, quando os usamos para a satisfação do senhor dos sentidos, esse serviço é chamado bhakti.

In this material world, everyone is generally using his senses for sense gratification. That is māyā, illusion, and that is the cause of one’s bondage. But when one comes to Kṛṣṇa consciousness, when one becomes purified and understands that these senses are actually meant for satisfying Kṛṣṇa, then he is a liberated person (mukta-puruṣa).

Neste mundo material, todos estão usando seus sentidos para o gozo sensorial. Isso é māyā, ilusão, e essa é a causa de nosso sofrimento. Porém, quando alcançamos a consciência de Kṛṣṇa, nós nos purificamos e compreendemos que estes sentidos existem para a satisfação de Kṛṣṇa. Desse modo, nos tornamos pessoas libertas (mukta-puruṣa).

īhā yasya harer dāsye
karmaṇā manasā girā
nikhilāsv apy avasthāsu
jīvan-muktaḥ sa ucyate
īhā yasya harer dāsye
karmaṇā manasā girā
nikhilāsv apy avasthāsu
jīvan-muktaḥ sa ucyate

“A person who acts in the service of Kṛṣṇa with his body, mind, intelligence, and words is a liberated person, even within the material world.” One should come to understand, “My senses are meant to serve the master of the senses, Hṛṣīkeśa.” The master of the senses is sitting within everyone’s heart. In the Bhagavad-gītā (15.15) the Lord says, sarvasya cāhaṁ hṛdi sanniviṣṭo: “I am seated in everyone’s heart.” Mattaḥ smṛtir jñānam apohanaṁ ca: “And from Me come remembrance, knowledge, and forgetfulness.”

“Uma pessoa que age a serviço de Kṛṣṇa com seu corpo, mente, inteligência e palavras é uma pessoa liberta, mesmo estando neste mundo material”. Deve-se compreender isto: “Meus sentidos existem para servir o senhor dos sentidos, Hṛṣīkeśa”. O senhor dos sentidos está sentado no coração de todos. Na Bhagavad-gītā (15.15), o Senhor diz, sarvasya cāhaṁ hṛdi sanniviṣṭo: “Eu estou sentado no coração de todos”. Mattaḥ smṛtir jñānam apohanaṁ ca: “E de Mim vêm a lembrança, o conhecimento e o esquecimento”.

Kṛṣṇa is so merciful that if we want to use our senses in a certain way, He will give us the chance to do so. The senses are not ours; they are Kṛṣṇa’s, but Kṛṣṇa gives us the opportunity to use them according to our desires. For example, each of us has a tongue, and suppose we want to eat stool. We may say, “Kṛṣṇa, I want to taste stool,” and Kṛṣṇa will say, “Yes, take this body of a hog and eat stool.” The master is present – Kṛṣṇa. He will give us an appropriate body and remind us, “My dear living entity, you wanted to eat stool. Now you have the proper body in which to do so.” Similarly, if one wants to become a demigod, Kṛṣṇa will give one a chance to do that also. There are 8,400,000 forms of life, and if one wants to engage one’s senses in a particular type of body, Kṛṣṇa will give one the chance: “Come on. Here is the body you want. Take it.” But eventually one will become exasperated by using one’s senses. Ultimately one will become senseless. Therefore Kṛṣṇa says, sarva-dharmān parityajya mām ekaṁ śaraṇaṁ vraja: “Don’t act like this. Your senses are meant for serving Me. You are misusing your senses and are therefore being entrapped in different types of bodies. Therefore, to get relief from this tedious business of accepting one body and then giving it up to accept another and again another in continued material existence, just give up this process of sense gratification and surrender unto Me. Then you will be saved.” This is Kṛṣṇa consciousness.

Kṛṣṇa é tão misericordioso que, se desejamos utilizar nossos sentidos de alguma forma específica, Ele nos dá uma oportunidade para isso. Os sentidos não são nossos. Eles pertencem a Kṛṣṇa. Ainda assim, Kṛṣṇa nos dá a chance de usá-los de acordo com nossos desejos. Todos nós, por exemplo, temos uma língua. Suponha que quiséssemos comer excremento. Nós poderíamos dizer: “Kṛṣṇa, eu quero experimentar excremento”, e Kṛṣṇa diria: “Sim, aceite este corpo de porco e coma excremento”. O mestre está presente – Kṛṣṇa. Ele nos dará um corpo apropriado e nos lembrará: “Minha querida entidade viva, você desejou comer excremento e, agora, tem um corpo apropriado para isso”. Da mesma forma, se alguém desejar tornar-se um semideus, Kṛṣṇa também dará essa chance. Existem oito milhões e quatrocentas mil formas de vida, e, se alguém desejar utilizar seus sentidos em algum tipo de corpo particular, Kṛṣṇa lhe dará a oportunidade: “Venha cá. Aqui está o corpo que você deseja. Pegue-o”. Mas, por fim, a pessoa ficaria exasperada por usar seus sentidos. No final, ficaria sem sentidos. Por isso, Kṛṣṇa diz, sarva-dharmān parityajya mām ekaṁ śaraṇaṁ vraja: “Não faça assim. Seus sentidos existem para me servir. Você está usando mal os seus sentidos e se enredando em diferentes tipos de corpos. Portanto, para se aliviar desse afazer tedioso de aceitar um corpo e, depois, abandoná-lo e aceitar outro e depois outro, continuando assim sua existência material, abandone esse processo de gozo dos sentidos e renda-se a Mim. Desse modo, você será salvo”. Isso é consciência de Kṛṣṇa.

At the present moment, our senses are contaminated. I am thinking, “I am American, so my senses should be used for the service of my country, my society, my nation.” Or else I am thinking, “I am Indian, and my senses are Indian senses, and therefore they should be used for India.” In ignorance, one does not know that the senses belong to Kṛṣṇa. Instead, one thinks that one has American senses, Indian senses, or African senses. This is called māyā, illusion. In material life, the senses are covered by designations such as “American,” “Indian,” and “African,” but when our senses are no longer contaminated by all these designations (sarvopādhi-vinirmuktam), bhakti begins.

No presente momento, nossos sentidos estão contaminados. Eu penso: “Eu sou americano. Então, meus sentidos devem ser usados no serviço a meu país, minha sociedade, minha nação”. Ou então: “Eu sou indiano, meus sentidos são indianos e, portanto, devem ser usados para a Índia”. Em ignorância, a pessoa não sabe que os sentidos pertencem a Kṛṣṇa. Ao contrário, ela pensa que existem sentidos americanos, indianos ou africanos. Isso se chama māyā, ilusão. Na vida material, os sentidos estão cobertos por designações, como ”americano”, “indiano” e “africano”. Porém, quando nossos sentidos não estão mais contaminados por essas designações (sarvopādhi-vinirmuktam), bhakti começa.

To think “I am an American. Why shall I take to Kṛṣṇa consciousness and worship a Hindu god?” is foolishness. If one thinks, “I am Muhammadan,” “I am Christian,” or “I am Hindu,” one is in illusion. One must purify the senses so that one can understand, “I am a spirit soul, and the supreme spirit soul is Kṛṣṇa. I am part and parcel of Kṛṣṇa, and therefore it is my duty to serve Kṛṣṇa.” When one thinks in this way, one immediately becomes free. At that time, one is no longer American, Indian, African, this, or that. At that time, one is Kṛṣṇa-ized, or Kṛṣṇa conscious. That is what is wanted. Therefore Kuntīdevī says, “My dear Kṛṣṇa, Hṛṣīkeśa, You are the master of the senses.”

É tolice pensar assim: “Eu sou americano. Por que devo eu aderir à consciência de Kṛṣṇa e adorar um deus hindu?” Quem pensa deste modo: “Eu sou muçulmano”, “eu sou cristão” ou “eu sou hindu”, está iludido. É preciso purificar os sentidos para que se possa compreender este ponto: “Eu sou uma alma espiritual, e a alma espiritual suprema é Kṛṣṇa. Eu sou parte integrante de Kṛṣṇa, motivo pelo qual servir Kṛṣṇa é meu dever”. Quando pensa assim, a pessoa se liberta automaticamente. Nessa hora, ela não é mais americana, indiana, africana, isto ou aquilo. Nesse momento, ela está “kṛṣṇaizada”, ou consciente de Kṛṣṇa. Isso é necessário. Por isso, Kuntīdevī diz: “Meu querido Kṛṣṇa, Hṛṣīkeśa, Você é o senhor dos sentidos”.

For sense gratification we have fallen into this material condition and are suffering in different varieties of life. Because this is the material world, even Kṛṣṇa’s mother was put into suffering. Devakī was so advanced that she became the mother of Kṛṣṇa, but still she was put into difficulties by her own brother, Kaṁsa. That is the nature of this material world. The living entities in this world are so jealous that if one’s personal interest is hampered, one will immediately be ready to give trouble to others, even to one’s nearest relatives.

Por causa do gozo dos sentidos, caímos nesta condição material e estamos sofrendo em diferentes espécies de vida. Porque este é o mundo material, até mesmo a mãe de Kṛṣṇa foi posta em dificuldades. Devakī era tão avançada que se tornou mãe de Kṛṣṇa, mas, apesar disso, ela foi posta em sofrimento por seu próprio irmão, Kaṁsa. Essa é a natureza deste mundo material. Aqui, as entidades vivas são tão invejosas que, tão logo seu interesse pessoal seja perturbado, elas não hesitam em criar problemas para outros, mesmo aos parentes mais próximos.

The word khala means “jealous.” This material world is a world of jealousy and envy. I am envious of you, and you are envious of me. The Kṛṣṇa consciousness movement, however, is meant for one who is no longer jealous or envious. By becoming free from jealousy and envy, one becomes a perfect person. Dharmaḥ projjhita-kaitavo ’tra paramo nirmatsarāṇāṁ satām (Bhāgavatam 1.1.2). Those who are jealous and envious are within this material world, and those who are not are in the spiritual world. Therefore, we can test ourselves. If we are jealous or envious of our friends or other associates, we are in the material world, and if we are not jealous we are in the spiritual world. There need be no doubt of whether we are spiritually advanced or not. We can test ourselves. Bhaktiḥ pareśānubhavo viraktir anyatra ca (Bhāgavatam 11.2.42). When we eat, we can understand for ourselves whether our hunger is satisfied; we don’t have to take a certificate from others. Similarly, we can test for ourselves whether we are in the material world or the spiritual world. If we are jealous or envious, we are in the material world, and if we are not we are in the spiritual world.

A palavra khala significa “ciúme”. Este mundo material é um mundo de ciúmes e inveja. O movimento da consciência de Kṛṣṇa, entretanto, existe para aqueles que deixaram de ser invejosos e ciumentos. Livrando-se da inveja e do ciúme, a pessoa se aperfeiçoa. Dharmaḥ projjhita—kaitavo ’tra paramo nirmatsarāṇāṁ satām (Śrīmad-Bhāgavatam 1.1.2). Os ciumentos e invejosos estão dentro deste mundo material, e os que estão livres desses sentimentos estão no mundo espiritual. Assim, podemos nos testar. Caso tenhamos inveja ou ciúme de nossos parentes e amigos, estamos no mundo material. Se, em contraste, não somos assim, estamos no mundo espiritual. Não é necessário que haja dúvidas quanto ao nosso desenvolvimento espiritual. Podemos nos examinar. Bhaktiḥ pareśānubhavo viraktir anyatra ca (Śrīmad-Bhāgavatam 11.2.42). Quando comemos, não precisamos que ninguém nos diga se estamos ficando satisfeitos ou não; nós sentimos. Assim mesmo, podemos fazer um teste para sabermos se estamos no mundo material ou espiritual pelo critério que apresentei: Se formos invejosos e ciumentos, estamos no mundo material; se não somos, estamos no mundo espiritual.

If one is not jealous, one can serve Kṛṣṇa very well, because jealousy and envy begin with being jealous of Kṛṣṇa. For example, some philosophers think, “Why should Kṛṣṇa be God? I am also God.” This is the beginning of material life – to be envious of Kṛṣṇa. “Why should Kṛṣṇa be the enjoyer?” they think. “I shall also be the enjoyer. Why should Kṛṣṇa enjoy the gopīs? I shall become Kṛṣṇa and make a society of gopīs and enjoy.” This is māyā. No one but Kṛṣṇa can be the enjoyer. Kṛṣṇa therefore says in Bhagavad-gītā, bhoktāraṁ yajña: “I am the only enjoyer.” If we supply ingredients for Kṛṣṇa’s enjoyment, we attain the perfection of life. But if we want to imitate Kṛṣṇa, thinking, “I shall become God and enjoy like Him,” then we are in māyā. Our natural position is to provide enjoyment for Kṛṣṇa. In the spiritual world, for example, Kṛṣṇa enjoys, and the gopīs, the transcendental cowherd girls, supply the ingredients for Kṛṣṇa’s enjoyment. This is bhakti.

Quem não é invejoso pode servir Kṛṣṇa muito bem, porque o ciúme e a inveja começam quando se inveja Kṛṣṇa. Alguns filósofos, por exemplo, pensam: “Por que Kṛṣṇa tem de ser Deus? Eu também sou Deus”. Este é o início da vida material – ter inveja de Kṛṣṇa. “Por que Kṛṣṇa deve ser o desfrutador?”, eles pensam. “Eu também devo ser o desfrutador. Por que Kṛṣṇa pode desfrutar com as gopīs? Eu tenho de me tornar Kṛṣṇa, criar uma sociedade de gopīs e desfrutar”. Isso é māyā. Ninguém, além de Kṛṣṇa, pode ser o desfrutador. Por isso, Kṛṣṇa diz na Bhagavad-gītā, bhoktāraṁ yajña: “Eu sou o único desfrutador”. Se suprirmos os ingredientes para o desfrute de Kṛṣṇa, alcançaremos a perfeição da vida, mas, se quisermos imitar Kṛṣṇa, pensando: “Devo me tornar Deus e desfrutar como Ele”, estaremos em māyā. Nossa posição natural é de prover desfrute para Kṛṣṇa. No mundo espiritual, por exemplo. Kṛṣṇa desfruta, e as gopīs, as vaqueirinhas transcendentais, suprem os ingredientes para o desfrute de Kṛṣṇa. Isso é bhakti.

Bhakti is a relationship between master and servant. The servant’s duty is to serve the master, and the master supplies whatever the servant needs.

Bhakti é um relacionamento entre senhor e servo. O dever do servo é servir o senhor, e o senhor supre tudo o que o servo necessita.

nityo nityānāṁ cetanaś cetanānām
eko bahūnāṁ yo vidadhāti kāmān
nityo nityānāṁ cetanaś cetanānām
eko bahūnāṁ yo vidadhāti kāmān

(Kaṭha Upaniṣad 2.2.13)

(Kaṭha Upaniṣad 2.2.13)

The Vedic literature informs us that Kṛṣṇa can supply all the necessities for one’s life. There is no scarcity and no economic problem. We simply have to try to serve Kṛṣṇa, and then everything will be complete.

A literatura védica nos ensina que Kṛṣṇa pode suprir todas as necessidades de alguém. Não existe escassez, nem problema econômico. Temos simplesmente de tentar servir Kṛṣṇa, em consequência do que tudo será perfeito.

If Kṛṣṇa desires, there may be ample supplies. In America, for example, there is an ample supply of everything needed, although in other countries this is not so. For instance, when I went to Switzerland I saw that everything there is imported. The only thing supplied locally is snow. This is all under Kṛṣṇa’s control. If one becomes a devotee, one will be amply supplied with food, and if one does not become a devotee one will be covered with snow. Everything is under Kṛṣṇa’s control, so actually there is no scarcity. The only scarcity is a scarcity of Kṛṣṇa consciousness.

Se Kṛṣṇa quiser, pode haver muita fartura. Nos Estados Unidos, por exemplo, há um amplo suprimento de tudo que é necessário, mas, em outros países, não é assim. Quando fui à Suíça, por exemplo, vi que tudo lá é importado. A única coisa produzida no local é neve. Tudo isso está sob o controle de Kṛṣṇa. Quem se torna um devoto tem um amplo suprimento de alimentos, e quem não se torna devoto de Kṛṣṇa será coberto de neve. Tudo está sob o controle de Kṛṣṇa. Então, na verdade, não há escassez. A única escassez é de consciência de Kṛṣṇa.

Of course, the world is full of dangers. But Kuntīdevī says, “Because Devakī is Your devotee, You saved her from the distresses imposed upon her by her envious brother.” As soon as Devakī’s brother heard that his sister’s eighth son would kill him, he was immediately ready to kill Devakī. But Devakī’s husband pacified him. It is the duty of a husband to protect his wife, and therefore Devakī’s husband said, “My dear brother-in-law, why are you envious of your sister? After all, your sister will not kill you; it is her son who will kill you. That is the problem. So I shall deliver all the sons to you, and then you may do whatever you like with them. Why should you kill this innocent, newly married girl? She is your younger sister, and you should protect her, just as you would protect your daughter. Why should you kill her?” In this way he placated Kaṁsa, who believed Vasudeva’s word that he would bring all the sons so that if Kaṁsa wanted he could kill them. Vasudeva thought, “Let me save the present situation. After all, if Kaṁsa later gets a nephew, he may forget this envy.” But Kaṁsa never forgot. Instead, he kept Devakī and Vasudeva in prison for a long time (ati-ciram) and killed all their sons. Finally, Kṛṣṇa appeared and saved Vasudeva and Devakī.

Naturalmente, o mundo é cheio de perigos, mas Kuntīdevī diz: “Devido a Devakī ser Sua devota, Você a salvou dos sofrimentos impostos por seu invejoso irmão”. Logo que o irmão de Devakī soube que seu oitavo filho iria matá-lo, ele se preparou imediatamente para tirar-lhe a vida. Contudo, o esposo de Devakī o pacificou. É dever do esposo proteger a esposa, e, por isso, o esposo de Devakī disse: “Meu querido cunhado, por que você tem inveja de sua irmã? Em todo caso, não é sua irmã que vai matá-lo; é o filho de Devakī que o matará. Esse é o problema. Então, eu prometo lhe entregar todos os nossos filhos, para que você faça com eles o que desejar. Por que você deveria matar esta jovem inocente e recém-casada? Ela é sua irmã mais nova, e você deveria protegê-la como se fosse sua filha.” Dessa forma, ele acalmou Kaṁsa, que acreditou na palavra de Vasudeva de que todos os filhos lhe seriam trazidos e que ele poderia, inclusive, matá-los. Vasudeva pensou: “Deixe-me salvar a presente situação. Além disso, se Kaṁsa, mais tarde, tiver um sobrinho, talvez esqueça sua inveja”. Mas Kaṁsa nunca esqueceu. Ao contrário, ele manteve Devakī e Vasudeva aprisionados por um longo período (aticiram) e matou todos os filhos de Vasudeva. No final, Kṛṣṇa apareceu e salvou Vasudeva e Devakī.

Therefore, we must depend on Kṛṣṇa, like Devakī and Kuntī. After Kuntī became a widow, the envious Dhṛtarāṣṭra was always planning ways to kill her sons, the five Pāṇḍavas. “Because by chance I was born blind,” he thought, “I could not inherit the throne of the kingdom, and instead it went to my younger brother. Now he is dead, so at least my sons should get the throne.” This is the materialistic propensity. One thinks, “I shall be happy. My sons will be happy. My community will be happy. My nation will be happy.” This is extended selfishness. No one is thinking of Kṛṣṇa and how Kṛṣṇa will be happy. Rather, everyone is thinking in terms of his own happiness: “How shall I be happy? How will my children, my community, my society, and my nation be happy?” Everywhere we shall find this. Everyone is struggling for existence, not thinking of how Kṛṣṇa will be happy. Kṛṣṇa consciousness is very sublime. We should try to understand it from Śrīmad-Bhāgavatam and Bhagavad-gītā and try to engage our senses for the service of the master of the senses (hṛṣīkeṇa hṛṣīkeśa-sevanam). Then we shall actually be happy.

Portanto, devemos depender de Kṛṣṇa, como Devakī e Kuntī. Depois de Kuntī enviuvar, o invejoso Dhṛtarāṣṭra estava sempre planejando como matar os seus filhos, os cinco Pāṇḍavas. “Porque o acaso me fez nascer cego”, ele pensou, “eu não pude herdar o trono do reino e, então, ele foi transmitido para meu irmão mais novo. No entanto, como ele morreu, meus filhos devem ficar com o trono”. Essa é a propensão materialista. O sujeito pensa: “Eu serei feliz. Meus filhos serão felizes. Minha comunidade será feliz. Minha nação será feliz”.

Isso é egoísmo estendido. Ninguém está pensando em Kṛṣṇa, nem em como fazer Kṛṣṇa feliz. Ao contrário, todos estão pensando em termos de sua própria felicidade: “Como poderei ser feliz? Como meus filhos, minha comunidade, minha sociedade e meu país serão felizes?” Encontraremos isso em toda parte. Todos estão lutando pela vida, mas ninguém está pensando em como fazer Kṛṣṇa feliz. A consciência de Kṛṣṇa é muito sublime. Devemos tentar compreendê-la através do Śrīmad-Bhāgavatam e da Bhagavad-gītā e tentar ocupar nossos sentidos a serviço do senhor dos sentidos (hṛṣīkeṇa hṛṣīkeśa-sevanam). Então, seremos realmente felizes.