Skip to main content

CHAPTER THIRTY-SIX

Capítulo Trinta e Seis

Transcendental Affection (Servitude)

Afeição Transcendental (Servidão)

The transcendental mellow of affection has been accepted by authorities like Śrīdhara Svāmī as a perfectional stage of devotion. It is just above the humor of neutrality and is a requisite for the development of the serving humor. In literature such as Nāma-kaumudī this state of existence is accepted as continuous affection for or attraction to Kṛṣṇa. Authorities like Śukadeva consider this stage of affection to be in the neutral stage, but in any case this affection is relished by the devotees in different transcendental tastes, and therefore the general name for this state is affection, or pure affection for Kṛṣṇa.

Autoridades como Śrīdhara Svāmī aceitam que a doçura transcendental da afeição é uma fase de perfeição da devoção. Ela está logo acima da atitude de neutralidade e é uma condição indispensável para o desenvolvimento da atitude de serviço. Em obras como o Nāma-kaumudī, este estado de existência é aceito como afeição, ou atração, contínua por Kṛṣṇa. Autoridades como Śukadeva consideram que esta fase de afeição está no estágio neutro, mas, de qualquer modo, os devotos degustam esta afeição em diferentes sabores transcendentais, em virtude do que o nome geral para este estado é afeição, ou afeição pura por Kṛṣṇa.

Devotees engaged in servitude are attached to Kṛṣṇa in the affection of reverence. Some of the inhabitants of Gokula (Vṛndāvana as exhibited on earth) are attached to Kṛṣṇa on this platform of affection in reverence. The inhabitants of Vṛndāvana used to say, “Kṛṣṇa is always manifest before us with a complexion like a blackish cloud. He holds His wonderful flute in His lotus hands. He is dressed in yellow silks and bedecked with a peacock feather on His head. When Kṛṣṇa walks near Govardhana Hill with these personal features, all the inhabitants of the heavenly planets, as well as the inhabitants of this earth, feel transcendental bliss and consider themselves the eternal servants of the Lord.” Sometimes the devotee becomes filled with the same awe and reverence by seeing a picture of Viṣṇu, who is dressed like Kṛṣṇa and who has a similar complexion. The only difference is that Viṣṇu has four hands, in which He holds the conch shell, the disc, the club and the lotus flower. Lord Viṣṇu is always decorated with many valuable jewels, such as the candrakānta stone and the sūryakānta stone.

Os devotos ocupados em servidão estão apegados a Kṛṣṇa com a afeição da reve­rência. Alguns dos habitantes de Gokula, a Vṛndāvana que se manifesta na Terra, estão apegados a Kṛṣṇa nesta plataforma de afeição em reverência. Os habitantes de Vṛndāvana costumavam dizer: “Podemos ver Kṛṣṇa sempre diante de nós com uma tez semelhante à de uma nuvem escura. Em Suas mãos de lótus, Ele segura Sua mara­vilhosa flauta. Ele está vestido com roupa de seda amarela e enfeitado com uma pluma de pavão sobre a cabeça. Quando Kṛṣṇa passeia próximo à colina Govardhana com estas características pessoais, todos os habitantes dos planetas celestiais, bem como os habi­tantes desta Terra, experimentam bem-aventurança transcendental e se consideram servos eternos do Senhor”. Algumas vezes, o devoto enche-se do mesmo respeito e reverência quando vê uma pintura de Viṣṇu, o qual Se veste como Kṛṣṇa e possui tez semelhante. A única diferença é que Viṣṇu tem quatro mãos, com as quais segura o búzio, o disco, a maça e a flor de lótus. O Senhor Viṣṇu está sempre enfeitado com muitas joias preciosas, tais como a pedra candrakānta e a pedra sūryakānta.

In the Lalita-mādhava by Rūpa Gosvāmī there is the following statement by Dāruka, one of the servants of Kṛṣṇa: “Certainly Lord Viṣṇu is very beautiful with His necklace of kaustubha jewels, His four hands holding conch shell, disc, club and lotus flower, and His dazzlingly beautiful jewelry. He is also very beautiful in His eternal position, riding upon the shoulder of Garuḍa. But now the same Lord Viṣṇu is present as the enemy of Kaṁsa, and by His personal feature I am completely forgetting the opulence of Vaikuṇṭha.”

No Lalita-mādhava, de Rūpa Gosvāmī, Dāruka, um dos servos de Kṛṣṇa, faz a seguinte declaração: “Não resta dúvida de que o Senhor Viṣṇu é belíssimo com Seu colar de joias kaustubha, Suas quatro mãos a segurarem o búzio, o disco, a maça e a flor de lótus, e com Suas deslumbrantes joias. Ele também é muito formoso em Sua posição eterna, montado sobre as costas de Garuḍa. Agora, entretanto, o mesmo Senhor Viṣṇu encontra-Se presente como o inimigo de Kaṁsa, e, devido a Seu aspecto pessoal, estou me esquecendo completamente da opulência de Vaikuṇṭha”.

Another devotee once said, “This Supreme Personality of Godhead from whose bodily pores come millions of universes, permanently rising, who is the ocean of mercy, who is the owner of inconceivable energies, who is always equipped with all perfections, who is the origin of all incarnations, who is the attraction for all liberated persons – this very Supreme Personality of Godhead is the supreme controller and the supremely worshipable. He is all-cognizant, fully determined and fully opulent. He is the emblem of forgiveness and the protector of surrendered souls. He is munificent, true to His promise, expert, all-auspicious, powerful and religious. He is a strict follower of the scripture, He is the friend of the devotees, and He is magnanimous, influential, grateful, reputable, respectable, full of all strength, and submissive to pure love. Surely He is the only shelter of devotees who are attracted to Him by the affection of servitorship.”

Outro devoto disse certa vez: “Esta Suprema Personalidade de Deus, de cujos poros manifestam-se milhões de universos, os quais surgem permanentemente, que é o oceano de mise­ricórdia, que possui energias inconcebíveis, que está sempre dotado de todas as perfeições, que é a origem de todas as encarnações, que é a atração de todas as pessoas liberadas – esta Suprema Personalidade de Deus é o controlador supremo, aquele supre­mamente adorável, onisciente, completamente determinado, inteiramente opulento, o símbolo da clemência, o protetor das almas rendidas, magnânimo, aquele fiel a Sua promessa, perito, totalmente auspicioso, poderoso, religioso, um seguidor estrito da escritura, o amigo dos devotos, generoso, influente, grato, honrado, respeitável, dotado de toda a força e submisso ao amor puro. Por certo que Ele é o único abrigo dos devotos que se sentem atraídos por Ele através da afeição serviçal”.

The devotees of the Lord in servitude are divided into four classes: appointed servants (such as Lord Brahmā and Lord Śiva, who are appointed to control the material modes of passion and ignorance), devotees in servitude who are protected by the Lord, devotees who are always associates and devotees who are simply following in the footsteps of the Lord.

Os devotos do Senhor em servidão dividem-se em quatro classes: servos nomeados (tais como o Senhor Brahmā e o Senhor Śiva, que são nomeados para controlar os modos materiais da paixão e da ignorância), devotos em servidão que são protegidos pelo Senhor, devotos que são sempre companheiros e devotos que estão simplesmente seguindo os passos do Senhor.

APPOINTED SERVANTS

Servos nomeados

In a conversation between Jāmbavatī, one of Kṛṣṇa’s wives, and Kālindī, her friend, Jāmbavatī inquired, “Who is this personality circumambulating our Kṛṣṇa?”

Em uma conversa entre Jāmbavatī, uma das esposas de Kṛṣṇa, e sua amiga Kālindī, Jāmbavatī perguntou: “Quem é esta personalidade que está circum-ambulando nosso Kṛṣṇa?”.

Kālindī replied, “She is Ambikā, the superintendent of all universal affairs.”

Kālindī respondeu: “É Ambikā, a superintendente de todos os assuntos universais”.

Then Jāmbavatī inquired, “Who is this personality who is trembling at the sight of Kṛṣṇa?”

Então, Jāmbavatī perguntou: “Quem é esta personalidade que treme à vista de Kṛṣṇa?”.

Kālindī replied, “He is Lord Śiva.”

Kālindī respondeu: “É o Senhor Śiva”.

Then Jāmbavatī inquired, “Who is the person offering prayers?”

Em seguida, Jāmbavatī perguntou: “Quem é aquele que está oferecendo orações?”. Kālindī respondeu: “É o Senhor Brahmā”.

Kālindī replied, “He is Lord Brahmā.”

Kālindī respondeu: “É o Senhor Brahmā”.

Jāmbavatī then asked, “Who is that person who has fallen on the ground and is offering respect to Kṛṣṇa?”

Jāmbavatī indagou então: “Quem é aquele que se prostrou ao chão e está oferecendo respeitos a Kṛṣṇa?”.

Kālindī replied, “He is Indra, the king of heaven.”

Kālindī respondeu: “É Indra, o rei dos céus”.

Jāmbavatī next inquired, “Who is this person who has come with the demigods and is laughing with them?”

Jāmbavatī perguntou em seguida: “Quem é aquele que chegou com os semideuses e está rindo com eles?”.

Kālindī replied, “He is my elder brother, Yamarāja, the superintendent of death.”

Kālindī respondeu: “É Yamarāja, o meu irmão mais velho, o superintendente da morte”.

This conversation offers a description of all the demigods, including Yamarāja, who are engaged in services appointed by the Lord. They are called adhikṛta-devatā, or demigods appointed to particular types of departmental service.

Esta conversa fornece uma descrição de todos os semideuses, incluindo Yamarāja, que estão ocupados em serviços apontados pelo Senhor. Eles são chamados adhikṛta-devatā, ou semideuses nomeados para tipos particulares de serviço setorial.

DEVOTEES UNDER THE PROTECTION AND SHELTER OF THE LORD

Devotos sob a proteção e o abrigo do Senhor

One resident of Vṛndāvana once told Lord Kṛṣṇa, “My dear Kṛṣṇa, O pleasure of Vṛndāvana! Being afraid of this material existence, we have taken shelter of You, for You can completely protect us! We are well aware of Your greatness. As such, we have given up our desire for liberation and have taken complete shelter under Your lotus feet. Since we have heard about Your ever-increasing transcendental love, we have voluntarily engaged ourselves in Your transcendental service.” This statement is by a devotee who is under the protection and shelter of Lord Kṛṣṇa.

Um residente de Vṛndāvana disse certa vez ao Senhor Kṛṣṇa: “Meu querido Kṛṣṇa, ó prazer de Vṛndāvana! Como estávamos com medo desta existência material, refugiamo-nos em Ti, pois Tu podes nos proteger completamente! Conhecemos muito bem a Tua grandeza. Deste modo, abandonamos o desejo que tínhamos de obter a liberação e nos abrigamos completamente sob Teus pés de lótus. Desde que ouvimos sobre Teu amor transcendental sempre crescente, temos nos dedicado de maneira voluntária a Teu serviço devocional”. Esta declaração é feita por um devoto que está sob a proteção e o abrigo do Senhor Kṛṣṇa.

Upon being chastised by Kṛṣṇa’s constant kicking on his head, Kāliya, the black snake of the Yamunā, came to his senses and admitted, “My dear Lord, I have been so offensive unto You, but still You are so kind that You have marked my head with the impression of Your lotus feet.” This is also an instance of one’s taking shelter under the lotus feet of Kṛṣṇa.

Após ser castigada pelos constantes pisões de Kṛṣṇa sobre sua cabeça, Kāliya, a serpente negra do Yamunā, voltou a si e admitiu: “Meu querido Senhor, fui imensamente ofensivo para conVosco, mas, a despeito disso, sois tão amável que marcastes minha cabeça com a impressão de Vossos pés de lótus”. Este também é um exemplo de alguém que se refugia sob os pés de lótus de Kṛṣṇa.

In the Aparādha-bhañjana a pure devotee expresses his feelings: “My dear Lord, I am ashamed to admit before You that I have carried out the orders of my masters named lust, anger, avarice, illusion and envy. Sometimes I have carried out their orders in a way most abominable. Yet in spite of my serving them so faithfully, they are not satisfied, nor are they kind enough to give me relief from their service. They are not even ashamed of taking service from me in that way. My dear Lord, O head of the Yadu dynasty, now I have come to my senses and I am taking shelter of Your lotus feet. Please engage me in Your service.” This is another instance of surrendering and taking shelter of the lotus feet of Kṛṣṇa.

No Aparādha-bhañjana, um devoto puro exprime seus sentimentos: “Meu querido Senhor, tenho vergonha de admitir diante de Vós que tenho levado a cabo as ordens de meus senhores, chamados luxúria, ira, avareza, ilusão e inveja. Às vezes, obedeço às suas ordens de uma forma muito abominável. Contudo, apesar de eu servi-los tão fielmente, não estão satisfeitos nem são amáveis o bastante para me pouparem do serviço a eles. Sequer experimentam algum constrangimento por exigirem meu serviço dessa maneira. Meu querido Senhor, ó líder da dinastia Yadu, agora voltei a mim e me refugio a Vossos pés de lótus. Por favor, ocupai-me em Vosso serviço”. Este é outro exemplo de rendição e de aceitação de refúgio aos pés de lótus de Kṛṣṇa.

There are many instances in the various Vedic writings of persons who were aspiring after liberation by speculative knowledge but gave up this process in order to take complete shelter under the lotus feet of Kṛṣṇa. Examples of such persons are the brāhmaṇas headed by Śaunaka in the forest of Naimiṣāraṇya.* Learned scholars accept them as devotees having complete wisdom. There is a statement in the Hari-bhakti-sudhodaya in which these great brāhmaṇas and sages, headed by Śaunaka Ṛṣi, told Sūta Gosvāmī, “My dear great soul, just see how wonderful it is! Although as human beings we are contaminated with so many taints of material existence, simply by our conversing with you about the Supreme Personality of Godhead we are now gradually decrying our desire for liberation.”

Nos vários textos védicos, há muitos exemplos de pessoas que almejaram alcançar a liberação através do processo de conhecimento especulativo porém abandonaram este processo para se refugiarem completamente aos pés de lótus de Kṛṣṇa. Os brāhmaṇas encabeçados por Śaunaka na floresta de Naimiṣāraṇya* são exemplos de tais pessoas. Sábios eruditos aceitam que eles são devotos possuidores de completa sabedoria. No Hari-bhakti-sudhodaya, há um relato em que estes grandes brāhmaṇas e sábios, encabeçados por Śaunaka Ṛṣi, disseram a Sūta Gosvāmī: “Minha cara grande alma, vede só que maravilha! Embora, como seres humanos, estejamos contaminados por muitíssimas máculas próprias da existência material; pelo simples fato de termos conversado convosco a respeito da Suprema Perso­nalidade de Deus, agora estamos gradualmente desdenhando nosso desejo de obter a liberação”.

* These are the brāhmaṇas to whom Śrīmad-Bhāgavatam was spoken by Sūta Gosvāmī, as described in the author’s Śrīmad-Bhāgavatam, First Canto, first chapter.

*Esses são os brāhmaṇas a quem Sūta Gosvāmī falou o Śrīmad-Bhāgavatam, como descrito no Śrīmad-Bhāgavatam do autor, Primeiro Canto, capítulo um.

In Padyāvalī a devotee says, “Persons who are attached to speculative knowledge for self-realization, who have decided that the supreme truth is beyond meditation and who have thus become situated in the mode of goodness – let them peacefully execute their engagement. As for us, we are simply attached to the Supreme Personality of Godhead, who is by nature so pleasing, who possesses a complexion like a blackish cloud, who is dressed in yellow garments and who has beautiful lotuslike eyes. We wish only to meditate upon Him.”

No Padyāvalī, um devoto diz: “Indivíduos apegados ao conhecimento especulativo como meio de alcançar a autorrealização, que concluíram que a Verdade Suprema está além da meditação e que, por conseguinte, situaram-se no modo da bondade – que eles exerçam sua ocupação pacificamente. Quanto a nós, estamos simplesmente apegados à Suprema Personalidade de Deus, que é, por natureza, muito agradável, que possui a tez de uma nuvem negra, que Se veste com roupas amarelas e que possui belos olhos de lótus. Tudo o que desejamos é meditar nEle”.

Those who are from the very beginning of their self-realization attached to devotional service are called sevā-niṣṭha. Sevā-niṣṭha means “simply attached to devotional service.” The best examples of such devotees are Lord Śiva, King Indra, King Bahulāśva, King Ikṣvāku, Śrutadeva and Puṇḍarīka. One devotee says, “My dear Lord, Your transcendental qualities attract even the liberated souls and carry them to the assembly of devotees where Your glories are constantly chanted. Even great sages who are accustomed to living in solitary places are also attracted by the songs of Your glory. And, observing all Your transcendental qualities, I have also become attracted and have decided to dedicate my life to Your loving service.”

Aqueles que, desde o começo de sua autorrealização, são apegados ao serviço devo­cional são chamados sevā-niṣṭha. Sevā-niṣṭha significa “simplesmente apegados ao serviço devocional”. O Senhor Śiva, o rei Indra, o rei Bahulāśva, o rei Ikṣvāku, Śrutadeva e Puṇḍarīka constituem os melhores exemplos de devotos desse gênero. Um devoto diz: “Meu querido Senhor, Vossas qualidades transcendentais atraem até mesmo as almas liberadas e as levam até a assembleia dos devotos, onde cantam Vossas glórias constan­temente. Mesmo grandes sábios habituados a viver em lugares solitários também se sentem atraídos pelos cânticos de Vossas glórias. E, observando todas as Vossas qualidades transcendentais, eu também me senti atraído e decidi dedicar minha vida a Vosso serviço amoroso”.

CONSTANT ASSOCIATES

Companheiros constantes

In the city of Dvārakā the following devotees are known as Kṛṣṇa’s close associates: Uddhava, Dāruka, Sātyaki, Śrutadeva, Śatrujit, Nanda, Upananda and Bhadra. All of these personalities remain with the Lord as His secretaries, but still they are sometimes engaged in His personal service. Among the Kuru dynasty, Bhīṣma, Mahārāja Parīkṣit and Vidura are also known as close associates of Lord Kṛṣṇa. It is said, “All the associates of Lord Kṛṣṇa have lustrous bodily features, and their eyes are just like lotus flowers. They have sufficient power to defeat the strength of the demigods, and the specific feature of their persons is that they are always decorated with valuable ornaments.”

Na cidade de Dvārakā, os seguintes devotos são conhecidos como companheiros íntimos de Kṛṣṇa: Uddhava, Dāruka, Sātyaki, Śrutadeva, Śatrujit, Nanda, Upananda e Bhadra. Todas estas personalidades permanecem com o Senhor como Seus secre­tários, mas também, algumas vezes, dedicam-se a Seu serviço pessoal. Entre a dinastia Kuru, Bhīṣma, Mahārāja Parīkṣit e Vidura também são conhecidos como companheiros íntimos do Senhor Kṛṣṇa. Diz-se: “Todos os companheiros do Senhor Kṛṣṇa têm traços corporais luzidios, e seus olhos são como flores de lótus. Eles têm poder sufi­ciente para derrotar a força dos semideuses, e a característica específica de suas pessoas é que estão sempre decorados com adornos valiosos”.

When Kṛṣṇa was in the capital Indraprastha, someone addressed Him thus: “My dear Lord, Your personal associates, headed by Uddhava, are always awaiting Your order by standing at the entrance gate of Dvārakā. They are mostly looking on with tears in their eyes, and in the enthusiasm of their service they are not afraid even of the devastating fire generated by Lord Śiva. They are souls simply surrendered unto Your lotus feet.”

Quando Kṛṣṇa esteve na capital de Indraprastha, alguém se dirigiu a Ele deste modo: “Meu querido Senhor, Vossos companheiros pessoais, encabeçados por Uddhava, estão sempre aguardando Vossa ordem, parados próximo ao portão de entrada de Dvārakā. Eles estão em imensa expectativa, com lágrimas nos olhos, e, no entusiasmo de seu serviço, não temem sequer o fogo devastador gerado pelo Senhor Śiva. São almas simplesmente rendidas a Vossos pés de lótus”. ­

Out of the many close associates of Lord Kṛṣṇa, Uddhava is considered the best. The following is a description of him: “His body is blackish like the color of the Yamunā River, and it is similarly as cool. He is always decorated with flower garlands first used by Lord Kṛṣṇa, and he is dressed with yellow silk clothing. His two arms are just like the bolts of a door, his eyes are just like lotus flowers, and he is the most important devotee among all the associates. Let us therefore offer our respectful obeisances unto Uddhava’s lotus feet.”

Dos muitos companheiros íntimos do Senhor Kṛṣṇa, Uddhava é considerado o melhor. Uma descrição dele é a seguinte: “Seu corpo é enegrecido como a cor do rio Yamunā e é tão agradável quanto o mesmo rio. Está sempre enfeitado com guirlandas de flores usadas primeiro pelo Senhor Kṛṣṇa e se veste com roupa de seda amarela. Seus dois braços são como os ferrolhos de uma porta, seus olhos são como flores de lótus, e, entre todos os companheiros, ele é o devoto mais importante. Ofereçamos, portanto, nossas respeitosas reverências aos pés de lótus de Uddhava”.

Uddhava has described the transcendental qualities of Śrī Kṛṣṇa as follows: “Lord Śrī Kṛṣṇa, who is our master and worshipable Deity, the controller of Lord Śiva and Lord Brahmā, and the controller of the whole universe as well, accepts the controlling orders of Ugrasena, His grandfather. He is the proprietor of millions of universes, but still He begged a little land from the ocean. And although He is just like an ocean of wisdom, He sometimes consults me. He is so great and magnanimous, yet He is engaged in His different activities just like an ordinary person.”

Uddhava descreve as qualidades transcendentais de Śrī Kṛṣṇa como segue: “O Senhor Śrī Kṛṣṇa, que é o nosso mestre e Deidade adorável, que é o controlador do Senhor Śiva e do Senhor Brahmā, que é também o controlador de todo o universo, aceita as ordens controladoras de Ugrasena, Seu avô. Ele é o proprietário de milhões de universos, malgrado o que pediu um pouco de terra ao oceano. E, apesar de ser como um oceano de sabedoria, Ele às vezes me consulta. Embora seja tão grandioso e magnânimo, Ele Se dedica a Suas diferentes atividades como uma pessoa comum”.

FOLLOWERS OF THE LORD

Seguidores do Senhor

Those who are constantly engaged in the personal service of the Lord are called anugas, or followers. Examples of such followers are Sucandra, Maṇḍana, Stamba and Sutamba. They are all inhabitants of the city of Dvārakā, and they are dressed and ornamented like the other associates. The specific services entrusted to the anugas are varied. Maṇḍana always bears the umbrella over the head of Lord Kṛṣṇa. Sucandra is engaged in fanning with the white cāmara bunch of hair, and Sutamba is engaged in supplying betel nuts. All of them are great devotees, and they are always busy in the transcendental loving service of the Lord.

Aqueles que estão constantemente ocupados no serviço pessoal ao Senhor são chamados anugas, ou seguidores. Sucandra, Maṇḍana, Stamba e Sutamba constituem exemplos desses seguidores. Todos eles são habitantes da cidade de Dvārakā, e se vestem e se adornam como os outros companheiros. Os serviços específicos confiados aos anugas são variados. Maṇḍana sempre carrega o guarda-sol sobre a cabeça do Senhor Kṛṣṇa. Sucandra se dedica a abanar com a cāmara branca, e Sutamba se ocupa em fornecer nozes de betel. Todos eles são devotos notáveis e estão sempre atarefados no serviço transcendental amoroso ao Senhor.

As there are anugas in Dvārakā, so there are many anugas in Vṛndāvana also. The names of the anugas in Vṛndāvana are as follows: Raktaka, Patraka, Patrī, Madhukaṇṭha, Madhuvrata, Rasāla, Suvilāsa, Premakanda, Marandaka, Ānanda, Candrahāsa, Payoda, Bakula, Rasada and Śārada.

Assim como há anugas em Dvārakā, também há muitos anugas em Vṛndāvana. Os nomes dos anugas que vivem em Vṛndāvana são os seguintes: Raktaka, Patraka, Patrī, Madhukaṇṭha, Madhuvrata, Rasāla, Suvilāsa, Premakanda, Marandaka, Ānanda, Candrahāsa, Payoda, Bakula, Rasada e Śārada.

Descriptions of the bodily features of the anugas in Vṛndāvana are given in the following statement: “Let us offer our respectful obeisances unto the constant associates of the son of Mahārāja Nanda. They always stay in Vṛndāvana, and their bodies are decorated with garlands of pearls and with bangles and bracelets of gold. Their colors are like black bees and the golden moon, and they are dressed just to suit their particular special bodily features. Their specific duties can be understood from a statement by mother Yaśodā, who said, ‘Bakula, please cleanse the yellowish dress of Kṛṣṇa. Vārika, you just flavor the bathing water with aguru scent. And Rasāla, you just prepare the betel nuts. You can all see that Kṛṣṇa is approaching. There is dust overhead, and the cows can be seen very distinctly.’ ”

No seguinte relato, descrevem-se as características corpóreas dos anugas que vivem em Vṛndāvana: “Ofereçamos nossas respeitosas reverências aos companheiros constantes do filho de Mahārāja Nanda. Eles estão sempre em Vṛndāvana, e seus corpos são enfeitados com guirlandas de pérolas e com pulseiras e braceletes de ouro. Eles têm a cor das abelhas negras e da lua dourada e se vestem de forma específica a com­binar com suas características corpóreas especiais. Podemos compreender suas obrigações específicas mediante uma declaração de mãe Yaśodā, que disse: ‘Bakula, por favor, lava as roupas amarelas de Kṛṣṇa. Vārika, aromatiza a água de banho com perfume aguru. E Rasāla, prepara as nozes de betel. Pode-se ver que Kṛṣṇa está Se aproximando. Há poeira no ar, e podem-se ver as vacas muito distintamente’”.

Among all the anugas, Raktaka is considered to be the chief. The description of his bodily features is as follows: “He wears yellow clothing, and his bodily color is just like newly grown grass. He is very expert in singing and is always engaged in the service of the son of Mahārāja Nanda. Let us all become the followers of Raktaka in offering transcendental loving service to Kṛṣṇa!” An example of the attachment felt by Raktaka toward Lord Kṛṣṇa can be understood from his statement to Rasada: “Just hear me! Please place me so that I may always be engaged in the service of Lord Kṛṣṇa, who has now become famous as the lifter of the Govardhana Hill.”

Entre todos os anugas, considera-se que Raktaka é o principal. As características de seu corpo são descritas como segue: “Ele usa roupa amarela e seu corpo é da cor da grama recém-brotada. É muito perito em cantar e está sempre ocupado no serviço ao filho de Mahārāja Nanda. Tornemo-nos todos seguidores de Raktaka quando formos oferecer serviço transcendental amoroso a Kṛṣṇa!”. Podemos compreender um exemplo do apego que Raktaka sente pelo Senhor Kṛṣṇa com esta declaração que ele faz a Rasada: “Ouve-me! Por favor, situa-me de tal maneira que eu sempre me ocupe no serviço ao Senhor Kṛṣṇa, Ele que agora Se tornou famoso como aquele que ergueu a colina Govardhana”.

The devotees of Kṛṣṇa engaged in His personal service are always very cautious because they know that becoming personal servitors of Lord Kṛṣṇa is not an ordinary thing. A person who offers respect even to the ants engaged in the service of the Lord becomes eternally happy, so what is there to say of one who offers Kṛṣṇa direct service? Raktaka once said within himself, “Not only is Kṛṣṇa my worshipable and servable Lord, but also the girlfriends of Kṛṣṇa, the gopīs, are equally worshipable and servable by me. And not only the gopīs, but anyone who is engaged in the service of the Lord is also worshipable and servable by me. I know that I must be very careful not to become overly proud that I am one of the servitors and devotees of the Lord.” From this statement one can understand that the pure devotees, those who are actually engaged in the service of the Lord, are always very cautious and are never overly proud of their service.

Os devotos de Kṛṣṇa ocupados em Seu serviço pessoal são sempre muito cautelosos porque sabem que se tornar servo pessoal do Senhor Kṛṣṇa não é algo comum. Uma pessoa que oferece respeitos mesmo às formigas ocupadas no serviço ao Senhor torna-se eternamente feliz; o que se poderia dizer, então, de uma pessoa que oferece serviço direto a Kṛṣṇa? Certa vez, Raktaka disse a si mesmo: “Não apenas Kṛṣṇa é o Senhor digno de minha adoração e meu serviço, senão que as namoradas de Kṛṣṇa, as gopīs, são igualmente dignas de minha adoração e de meu serviço. E não apenas as gopīs, mas qualquer indivíduo que se ocupe no serviço ao Senhor também é digno de minha adoração e de meu serviço. Sei que devo ter muito cuidado para não ficar excessivamente orgulhoso por ser um dos servos e devotos do Senhor”. Com esta declaração, podemos compreender que os devotos puros – aqueles que estão realmente ocupados no serviço ao Senhor – são sempre muito cautelosos e jamais se orgulham excessivamente de seu serviço.

This mentality of the direct servitor of Kṛṣṇa is called dhūrya. According to expert analytical studies of the direct associates of the Lord, Śrīla Rūpa Gosvāmī has divided these into three classes – namely, dhūrya, dhīra and vīra. Raktaka is classified among the dhūrya, or those who are always attached to serving the most beloved gopīs.

Esta mentalidade do servo direto de Kṛṣṇa chama-se dhūrya. Segundo estudos analí­ticos especializados acerca dos companheiros diretos do Senhor, Śrīla Rūpa Gosvāmī divide-os em três classes, a saber, dhūrya, dhīra e vīra. Raktaka é classificado entre os dhūryas, ou aqueles que estão sempre apegados a servir às amadíssimas gopīs.

One dhīra associate of Kṛṣṇa is the son of Satyabhāmā’s nurse. Satyabhāmā is one of the queens of Lord Kṛṣṇa in Dvārakā, and when she was married to Kṛṣṇa, the son of her nurse was allowed to go with her because they had lived together from childhood as brother and sister. So this gentleman, the son of Satyabhāmā’s nurse, used to live with Kṛṣṇa as His brother-in-law, and sometimes as brother-in-law he used to play jokes with Kṛṣṇa. He once addressed Kṛṣṇa in this way: “My dear Kṛṣṇa, I never tried to gain the favor of the goddess of fortune, who is married to You, but still I am so fortunate that I am considered one of the members of Your house, the brother of Satyabhāmā.”

Um dhīra companheiro de Kṛṣṇa é o filho da ama de Satyabhāmā. Satyabhāmā é uma das rainhas do Senhor Kṛṣṇa em Dvārakā. Quando se casou com Kṛṣṇa, o filho de sua ama teve permissão de ir com ela, porque, desde a infância, eles tinham vivido juntos como irmão e irmã. Assim, este cavalheiro, o filho da ama de Satyabhāmā, vivia com Kṛṣṇa como Seu cunhado, e, algumas vezes, como cunhado, costumava fazer brincadeiras com Kṛṣṇa. Certa vez, ele se dirigiu a Kṛṣṇa desta maneira: “Meu querido Kṛṣṇa, jamais tentei obter o favor da deusa da fortuna, que é casada conTigo; sou, no entanto, tão afortunado que sou considerado um dos membros de Tua casa, o irmão de Satyabhāmā”.

A vīra associate once expressed his pride, declaring, “Lord Baladeva may be a great enemy of Pralambāsura, but I have nothing to worry about from Him. And as far as Pradyumna is concerned, I have nothing to take from him, because he is simply a boy. Therefore I do not expect anything from anyone else. I simply expect the favorable glance of Kṛṣṇa upon me, and so I am not even afraid of Satyabhāmā, who is so dear to Kṛṣṇa.”

Um companheiro vīra certa vez expressou seu orgulho declarando: “Pode ser que o Senhor Baladeva seja um grande inimigo de Pralambāsura, mas, quanto a mim, não tenho com o que me preocupar em relação a Ele. Quanto a Pradyumna, nada ele tem a me dar, haja vista que é um mero menino. Portanto, não espero nada de nenhuma outra pessoa. Simplesmente espero que Kṛṣṇa lance Seu olhar favorável sobre mim, em razão do que não tenho medo sequer de Satyabhāmā, a qual é imensamente querida a Kṛṣṇa”.

In the Fourth Canto of Śrīmad-Bhāgavatam, twentieth chapter, verse 28, King Pṛthu addresses the Lord, saying, “My dear Lord, it may happen that the goddess of fortune becomes dissatisfied with my work, or I may even have some misunderstanding with her, but I will not mind this, because I have full confidence in You. You are always causelessly merciful to Your servants, and You consider even their menial service to be very much advanced. So I have confidence that You will accept my humble service, although it is not worthy of being recognized. My dear Lord, You are self-sufficient. You can do anything You like without the help of anyone else. So even if the goddess of fortune is not satisfied with me, I know that You will always accept my service anyway.”

No Śrīmad-Bhāgavatam (4.20.28), o rei Pṛthu se dirige ao Senhor dizendo-Lhe: “Meu querido Senhor, pode acontecer de a deusa da fortuna ficar descontente com meu tra­balho, ou posso até mesmo ter algum mal-entendido com ela, mas não me importarei com isso porque tenho plena confiança em Vós. Sois sempre imotivadamente misericordioso para com Vossos servos, e considerais muito elevado até mesmo o mais insignificante serviço deles. Assim, estou certo de que aceitareis meu serviço humilde, embora não seja um serviço digno de reconhecimento. Meu querido Senhor, sois autossuficiente. Podeis fazer o que quereis sem a ajuda de ninguém. Portanto, ainda que a deusa da fortuna não esteja satisfeita comigo, sei que, de qualquer modo, Vós sempre aceitareis meu serviço”.

Devotees attached to the transcendental loving service of the Lord may be described either as surrendered souls, as souls advanced in devotional knowledge, or as souls completely engaged in transcendental loving service. Such devotees are called (respectively) neophyte, perfect and eternally perfect.

Podemos descrever os devotos apegados ao serviço transcendental amoroso ao Senhor ou como almas rendidas ou como almas avançadas no conhecimento devocional ou como almas que se dedicam completamente ao serviço transcendental amoroso. Tais devotos são chamados, respectivamente, neófitos, perfeitos e eternamente perfeitos.