Skip to main content

CHAPTER 48

Capítulo 48

Kṛṣṇa Pleases His Devotees

Kṛṣṇa Satisfaz Seus Devotos

For days together, Kṛṣṇa heard from Uddhava all the details of his visit to Vṛndāvana, especially the condition of His father and mother and of the gopīs and the cowherd boys. Lord Kṛṣṇa was fully satisfied that Uddhava was able to solace them by his instructions and by the message delivered to them.

Durante dias seguidos, Kṛṣṇa ouviu de Uddhava todos os detalhes de sua visita a Vṛndāvana, da situação de Seu pai e de Sua mãe, das gopīs e dos vaqueirinhos. O Senhor Kṛṣṇa ficou completamente satisfeito por Uddhava ter sido capaz de consolá-los com suas instruções e com a mensagem entregue a eles.

Lord Kṛṣṇa then decided to go to the house of Kubjā, the hunchback woman who had pleased Him by offering Him sandalwood pulp when He was entering the city of Mathurā. As stated in the Bhagavad-gītā, Kṛṣṇa always tries to please His devotees as much as the devotees try to please Kṛṣṇa. As the devotees always think of Kṛṣṇa within their hearts, Kṛṣṇa also thinks of His devotees within Himself. When Kubjā was converted into a beautiful society girl, she wanted Kṛṣṇa to come to her place so that she could try to receive and worship Him in her own way. Society girls generally try to satisfy their clients by offering their bodies for the men to enjoy. But this society girl, Kubjā, was actually captivated by a lust to satisfy her senses with Kṛṣṇa. When Kṛṣṇa desired to go to the house of Kubjā, He certainly had no desire for sense gratification. By supplying the sandalwood pulp to Kṛṣṇa, Kubjā had already satisfied His senses. On the plea of her sense gratification, however, He decided to go to her house, not actually for sense gratification but to turn her into a pure devotee. Kṛṣṇa is always served by many thousands of goddesses of fortune; therefore He has no need to satisfy His senses by going to a society girl. But because He is kind to everyone, He decided to go there. It is said that the moon does not withhold its shining from the courtyard of a crooked person. Similarly, Kṛṣṇa’s transcendental mercy is never denied to anyone who has rendered service unto Him, whether through lust, anger, fear or pure love. In the Caitanya-caritāmṛta it is stated that if one wants to serve Kṛṣṇa and at the same time wants to satisfy his own lusty desires, Kṛṣṇa will handle the situation so that the devotee forgets his lusty desires and becomes fully purified and constantly engaged in the service of the Lord.

O Senhor Kṛṣṇa, então, decidiu ir à casa de Kubjā, a mulher corcunda que O havia satisfeito oferecendo-Lhe polpa de sândalo quando Ele entrou na cidade de Mathurā. Como se diz no Bhagavad-gītā, Kṛṣṇa sempre tenta satisfazer Seus devotos tanto quanto os devotos tentam agradar Kṛṣṇa. Assim como os devotos sempre pensam em Kṛṣṇa em seus corações, Kṛṣṇa também pensa em Seus devotos em Seu íntimo. Quando Kubjā se converteu em uma bela moça de sociedade, ela quis que Kṛṣṇa viesse a sua casa para poder tentar recebê-lO e adorá-lO à sua maneira. As moças de sociedade, em geral, tentam satisfazer seus clientes oferecendo seus corpos para que os homens os desfrutem, mas a moça de sociedade Kubjā estava de fato dominada pelo desejo de satisfazer seus sentidos com Kṛṣṇa. Quando Kṛṣṇa desejou ir à casa de Kubjā, Ele com certeza não tinha nenhum desejo de gozo dos sentidos. Por oferecer a polpa de sândalo a Kṛṣṇa, Kubjā já havia satisfeito os sentidos dEle. A pretexto de lhe satisfazer os sentidos, porém, Ele decidiu ir à casa dela, não para satisfazer os sentidos, mas para fazer dela uma devota pura. Kṛṣṇa é sempre servido por muitos milhares de deusas da fortuna; por isso, Ele não tem necessidade de satisfazer Seus sentidos indo a uma moça de sociedade. Porém, porque Ele é bondoso para com todos, Ele decidiu ir até lá. Afirma-se que a Lua não retira seu brilho do quintal de uma pessoa desonesta. De forma semelhante, a misericórdia transcendental de Kṛṣṇa nunca é negada a alguém que Lhe tenha prestado serviço, através da luxúria, da ira, do medo ou do amor puro. Alega-se no Caitanya-caritāmṛta que, se alguém quiser servir Kṛṣṇa e, ao mesmo tempo, desejar satisfazer seus próprios desejos luxuriosos, Kṛṣṇa tratará da situação para que o devoto esqueça seu desejo luxurioso e se purifique totalmente, ocupando-se constantemente no serviço ao Senhor.

To fulfill His promise, Kṛṣṇa, along with Uddhava, went to the house of Kubjā, who was very eager to get Kṛṣṇa for the satisfaction of her lusty desires. When Kṛṣṇa reached her house, He saw that it was completely decorated in a way to excite the lusty desires of a man. This suggests that there were many nude pictures, on top of which were canopies and flags embroidered with pearl necklaces, along with comfortable beds and cushioned chairs. The rooms were provided with flower garlands and were nicely scented with incense and sprinkled with scented water. And the rooms were illuminated by nice lamps.

Para cumprir Sua promessa do passado, Kṛṣṇa, junto de Uddhava, foi à casa de Kubjā. Quando chegou, Ele viu que a casa estava toda adornada de maneira a excitar os desejos luxuriosos dos homens. Isso sugere que havia muitos quadros de nudez, sobre os quais havia dosséis e bandeiras bordadas com colares de pérolas, além de camas confortáveis e cadeiras almofadadas. Os quartos tinham guirlandas de flores e recendiam o aroma agradável de incenso e de água perfumada borrifada, e eram iluminados por belas lamparinas.

When Kubjā saw that Lord Kṛṣṇa had come to her house to fulfill His promised visit, she immediately got up from her chair to receive Him cordially. Accompanied by her many girlfriends, she began to talk with Him with great respect and honor. After offering Him a nice place to sit, she worshiped Lord Kṛṣṇa in a manner just suitable to her position. Uddhava was similarly received by Kubjā and her girlfriends, but he did not want to sit on an equal level with Kṛṣṇa, and thus he simply sat down on the floor.

Quando Kubjā viu que o Senhor Kṛṣṇa viera para cumprir a promessa de visitá-la, ela se levantou imediatamente para recebê-lO. Acompanhada de suas muitas amigas, ela começou a conversar com Kṛṣṇa com grande respeito e honra. Depois de Lhe oferecer um bom lugar para Se sentar, ela adorou o Senhor Kṛṣṇa de maneira condizente com sua posição. Uddhava foi recebido da mesma maneira por Kubjā e por suas amigas, mas ele não estava no mesmo nível de Kṛṣṇa e, por isso, sentou-se no chão.

As one usually does in such situations, Kṛṣṇa entered the bedroom of Kubjā without wasting time. In the meantime, Kubjā took her bath and smeared her body with sandalwood pulp. She dressed herself with nice garments, valuable jewelry, ornaments and flower garlands. After chewing betel nut and other intoxicating eatables and spraying herself with scents, she appeared before Kṛṣṇa. Her smiling glance and moving eyebrows were full of feminine bashfulness as she stood gracefully before Lord Kṛṣṇa, who is known as Mādhava, the husband of the goddess of fortune. When Kṛṣṇa saw Kubjā hesitating to come before Him, He immediately caught hold of her hand, which was decorated with bangles. With great affection, He dragged her near Him and made her sit by His side. Simply by having previously supplied pulp of sandalwood to the Supreme Lord, Kṛṣṇa, Kubjā became free from all sinful reactions and eligible to enjoy with Him. She then took Kṛṣṇa’s lotus feet and placed them on her breasts, which were burning with the blazing fire of lust. By smelling the fragrance of Kṛṣṇa’s lotus feet, she was immediately relieved of all lusty desires. She was thus allowed to embrace Kṛṣṇa with her arms and mitigate her long-cherished desire to have Him as a visitor in her house.

Sem perder tempo, como em geral se faz em tais situações, Kṛṣṇa entrou no quarto de Kubjā. Enquanto isso, Kubjā tomou banho e passou polpa de sândalo no corpo. Ela se vestiu com belas roupas, joias preciosas, ornamentos e guirlandas de flores. Depois de mascar noz de bétel e outros alimentos inebriantes e de se borrifar com perfumes, ela apareceu diante de Kṛṣṇa. Seu olhar sorridente e sobrancelhas agitadas estavam cheios de timidez feminina, enquanto ela estava de pé graciosamente diante do Senhor Kṛṣṇa, que é conhecido como Mādhava, o esposo da deusa da fortuna. Quando Kṛṣṇa viu que Kubjā hesitava em chegar diante dEle, Ele imediatamente pegou-lhe a mão decorada com pulseiras, puxou-a para Si com grande afeição e fê-la sentar-se a Seu lado. Pelo simples fato de no passado haver oferecido polpa de sândalo ao Senhor Supremo, Kubjā livrou-se de todas as reações pecaminosas e mereceu gozar com Ele. Ela, então, pegou os pés de lótus de Kṛṣṇa e colocou-os sobre seus seios, que estavam queimando com o fogo ardente da luxúria. Ao sentir o perfume dos pés de lótus de Kṛṣṇa, ela libertou-se imediatamente de todos os desejos luxuriosos. Então, o Senhor lhe permitiu abraçá-lO com seus próprios braços, mitigando dessa maneira o desejo há muito acalentado de ter Kṛṣṇa como visitante em sua casa.

It is stated in the Bhagavad-gītā that one must be freed of all material sinful reactions before one can engage in the transcendental loving service of the Lord. Simply by supplying sandalwood pulp to Kṛṣṇa, Kubjā was thus rewarded. She was not trained to worship Kṛṣṇa in any other way; therefore she wanted to satisfy Him by her profession. It is confirmed in the Bhagavad-gītā that the Lord can be worshiped even by one’s profession, if it is sincerely offered for the pleasure of the Lord. Kubjā told Kṛṣṇa, “My dear friend, kindly remain with me at least for a few days and enjoy with me. My dear lotus-eyed friend, I cannot leave You immediately. Please grant my request.”

Afirma-se no Bhagavad-gītā que a pessoa deve estar livre de todas as reações pecaminosas materiais antes de poder ocupar-se no transcendental serviço amoroso do Senhor. Pelo simples fato de oferecer polpa de sândalo a Kṛṣṇa, Kubjā foi assim recompensada. Ela não aprendera a adorar Kṛṣṇa de alguma outra maneira, em virtude do que ela queria satisfazê-lO por meio de sua profissão. Confirma-se no Bhagavad-gītā que o Senhor pode ser adorado mesmo pela profissão da pessoa, se essa for oferecida sinceramente para o prazer do Senhor. Kubjā disse a Kṛṣṇa: “Meu querido amigo, fique comigo, por favor, ao menos por alguns dias, e goze comigo. Meu querido amigo de olhos de lótus, não posso abandoná-lO imediatamente. Por favor, atenda este meu pedido”.

As stated in the Vedic versions, the Supreme Personality of Godhead has multipotencies. According to expert opinion, Kubjā represents the bhū-śakti potency of Kṛṣṇa, just as Śrīmatī Rādhārāṇī represents His cit-śakti potency. Although Kubjā requested Kṛṣṇa to remain with her for some days, Kṛṣṇa politely impressed upon her that it was not possible for Him to stay. Kṛṣṇa visits this material world occasionally, whereas His connection with the spiritual world is eternal. Kṛṣṇa is always present either in the Vaikuṇṭha planets or in the Goloka Vṛndāvana planet. The technical term of His presence in the spiritual world is aprakaṭa-līlā.

Como se diz no entendimento védico, a Suprema Personalidade de Deus tem múltiplas potências. Segundo a opinião perita, Kubjā representa a potência bhū-śakti de Kṛṣṇa, assim como Śrīmatī Rādhārāṇī representa Sua potência cit-śakti. Embora Kubjā tivesse pedido a Kṛṣṇa que ficasse alguns dias com ela, Kṛṣṇa convenceu-a com polidez que não poderia ficar. Kṛṣṇa visita este mundo material ocasionalmente, ao passo que Sua ligação com o mundo espiritual é eterna. Kṛṣṇa está sempre presente, quer nos planetas Vaikuṇṭha, quer no planeta Goloka Vṛndāvana. O termo técnico para a Sua presença no mundo espiritual é aprakaṭa-līlā.

After satisfying Kubjā with sweet words, Kṛṣṇa returned home with Uddhava. There is a warning in Śrīmad-Bhāgavatam that Kṛṣṇa is not very easily worshiped, for He is the Supreme Personality of Godhead, the chief among the viṣṇu-tattvas. To worship Kṛṣṇa or have association with Him is not very easy. Specifically, there is a warning for devotees attracted to Kṛṣṇa through conjugal love: it is not good for them to desire sense gratification by direct association with Kṛṣṇa. Actually, the activities of sense gratification are material. In the spiritual world there are symptoms like kissing and embracing, but there is no sense-gratificatory process as it exists in the material world. This warning is specifically for those known as sahajiyās, who take it for granted that Kṛṣṇa is an ordinary human being. They desire to enjoy sex life with Him in a perverted way. In a spiritual relationship, sense gratification is most insignificant. Anyone who desires a relationship of perverted sense gratification with Kṛṣṇa must be considered less intelligent. His mentality requires to be reformed.

Depois de satisfazer Kubjā com doces palavras, Kṛṣṇa voltou para casa com Uddhava. No Śrīmad-Bhāgavatam, existe uma advertência de que não é fácil adorar Kṛṣṇa, porque Ele é a Suprema Personalidade de Deus, o principal dos viṣṇu-tattvas. Adorar Kṛṣṇa ou ter associação com Ele não é muito fácil. Existe uma advertência específica para devotos atraídos a Kṛṣṇa em amor conjugal; não é bom para eles desejar gozo dos sentidos por associação direta com Kṛṣṇa. De fato, as atividades do gozo dos sentidos são materiais. No mundo espiritual, há sintomas como beijar e abraçar, mas não existe processo de gozo dos sentidos como existe no mundo material. Essa advertência é específica para aqueles conhecidos como sahajiyās, que consideram Kṛṣṇa um ser humano comum. Eles querem gozar de vida sexual com Kṛṣṇa de modo pervertido. Em uma relação espiritual, o gozo dos sentidos é muito insignificante. Qualquer pessoa que deseje uma relação de gozo pervertido dos sentidos com Kṛṣṇa deve ser considerada menos inteligente. Sua mentalidade precisa ser reformada.

After a while, Kṛṣṇa fulfilled His promise to visit Akrūra at his house. Akrūra was in relationship with Kṛṣṇa as His servitor, and Kṛṣṇa wanted to get some service from him. He went there accompanied by Lord Balarāma and Uddhava. When Kṛṣṇa, Balarāma and Uddhava approached the house of Akrūra, Akrūra came forward, embraced Uddhava and offered respectful obeisances, bowing down before Lord Kṛṣṇa and Balarāma. Kṛṣṇa, Balarāma and Uddhava offered him obeisances in turn and were offered appropriate sitting places. When all were comfortably seated, Akrūra washed their feet and sprinkled the water on his head. Then he offered nice clothing, flowers and sandalwood pulp in regular worship. All three of them were very satisfied by Akrūra’s behavior. Akrūra then bowed down before Kṛṣṇa, putting his head on the ground. Then, placing Kṛṣṇa’s lotus feet on his lap, Akrūra gently began to massage them. When Akrūra was fully satisfied in the presence of Kṛṣṇa and Balarāma, his eyes filled with tears of love for Kṛṣṇa, and he began to offer his prayers as follows.

Depois de algum tempo, Kṛṣṇa cumpriu Sua promessa de visitar Akrūra em casa. Akrūra se relacionava com Kṛṣṇa como servo, e Kṛṣṇa queria obter um serviço dele. Ele foi lá acompanhado pelo Senhor Balarāma e por Uddhava. Quando Kṛṣṇa, Balarāma e Uddhava se aproximaram da casa de Akrūra, Akrūra se adiantou, abraçou Uddhava e ofereceu respeitosas reverências prostrando-se diante do Senhor Kṛṣṇa e de Balarāma. Kṛṣṇa, Balarāma e Uddhava ofereceram-lhe reverências, por sua vez, e receberam lugares adequados para sentar. Quando todos estavam confortavelmente sentados, Akrūra lavou os pés deles e borrifou água em sua cabeça. Então, ofereceu belas roupas, flores e polpa de sândalo em adoração regular. Todos os três estavam muito satisfeitos com o comportamento de Akrūra. Akrūra, então, se prostrou diante de Kṛṣṇa, pondo a cabeça no chão. Então, colocando os pés de lótus de Kṛṣṇa em seu colo, Akrūra começou a massageá-los. Quando Akrūra estava completamente satisfeito na presença de Kṛṣṇa e Balarāma, seus olhos se encheram de lágrimas de amor por Kṛṣṇa, e ele começou a oferecer suas orações como segue.

“My dear Lord Kṛṣṇa and Balarāma, it is very kind of You to have killed Kaṁsa and his associates. You have delivered the whole family of the Yadu dynasty from the greatest calamity. The Yadus will always remember Your saving of their great dynasty. My dear Lord Kṛṣṇa and Balarāma, both of You are the original personality from whom everything has emanated, the original cause of all causes. You have inconceivable energy, and You are all-pervasive. There is no cause and effect, gross or subtle, but You. You are the Supreme Brahman realized through the study of the Vedas. By Your inconceivable energy, You are actually visible before us. You create this cosmic manifestation by Your own potencies, and You enter into it Yourself. As the five material elements – earth, water, fire, air and sky – are distributed in everything manifested by different kinds of bodies, so You alone enter the various bodies created by Your own energy. You enter the body as the individual soul and, independently, as the Supersoul.” It is confirmed in the Bhagavad-gītā that the material body is created by Kṛṣṇa’s inferior energy, that the living entities – the individual souls – are His parts and parcels, and that the Supersoul is His localized representation. Thus while the material body, the living entity and the Supersoul constitute an individual living being, originally they are all different energies of the one Supreme Lord.

“Meus queridos Senhores Kṛṣṇa e Balarāma, é muito bom que Vocês tenham matado Kaṁsa e seus companheiros, livrando, assim, toda a família da dinastia Yadu da pior calamidade. Os Yadus sempre se lembrarão de que Vocês salvaram sua grande dinastia. Meus queridos Senhores Kṛṣṇa e Balarāma, Vocês são a personalidade original de quem tudo emana, a causa original de todas as causas, sendo onipenetrantes e possuidores de uma energia inconcebível. Não existe causa e efeito, grosseiros ou sutis, além de Vocês. Vocês são o Brahman Supremo, compreendido pelo estudo dos Vedas. Por Sua energia inconcebível, Vocês são de fato visíveis diante de nós. Vocês criam esta manifestação cósmica por Suas próprias potências e entram pessoalmente nela. Assim como os cinco elementos materiais – a terra, a água, o fogo, o ar e o céu – estão distribuídos em tudo o que é manifesto em diferentes espécies de corpos, Vocês sozinhos entram nos vários corpos criados por Sua própria energia: no corpo, como a alma individual, e, independentemente, como a Superalma. É confirmado no Bhagavad-gītā que o corpo material é criado por Sua energia inferior. As entidades vivas, almas individuais, são Suas partes integrantes, e a Superalma é Sua representação localizada. Este corpo material, a entidade viva e a Superalma constituem um ser vivo individual, mas, originalmente, são todos diferentes energias do único Senhor Supremo”.

Akrūra continued: “In the material world, You create, maintain and dissolve the whole manifestation by the interactions of the three material qualities, namely goodness, passion and ignorance. But You are not implicated in the activities of those material qualities, for Your supreme knowledge is never overcome like the knowledge of the individual living entity.”

Akrūra continuou: “No mundo material, Vocês criam, mantêm e dissolvem toda a manifestação através da interação das três qualidades, ou seja, a bondade, a paixão e a ignorância. Contudo, Vocês não estão envolvidos nas atividades daquelas qualidades materiais, porque Seu conhecimento supremo nunca é sobrepujado, como pode acontecer com o conhecimento da entidade viva individual”.

The Supreme Lord enters the material cosmos and causes creation, maintenance and destruction in their due course, whereas the part-and-parcel living entity enters the material elements and has his material body created for him. The difference between the living entity and the Lord is that the living entity is part and parcel of the Supreme Lord and has the tendency to be overcome by the interactions of the material qualities. Kṛṣṇa, the Para-brahman, or the Supreme Brahman, being always situated in full knowledge, is never overcome by such activities. Therefore Kṛṣṇa is called Acyuta, meaning “He who never falls down.” Kṛṣṇa’s knowledge of His spiritual identity is never overcome by material action, whereas the minute part-and-parcel living entities are prone to forget their spiritual identity due to material action. The individual living entities are eternally part and parcel of God, minute sparks of the original fire, Kṛṣṇa. As sparks are prone to be extinguished, but not the blazing fire, so the living entities can be overcome by material activities, whereas Kṛṣṇa never can.

O Senhor Supremo entra no cosmos material e causa a criação, manutenção e destruição no tempo oportuno, ao passo que a entidade viva parte integrante entra nos elementos materiais e tem seu corpo material criado para ela. A diferença entre a entidade viva e o Senhor é que a entidade viva é parte integrante do Senhor Supremo e tem a tendência a ser dominada pelas interações das qualidades materiais. Kṛṣṇa, o Param Brahman, ou o Supremo Brahman, estando sempre situado em pleno conhecimento, jamais é dominado por tais atividades. Por isso, Kṛṣṇa é chamado “Acyuta”, que significa “aquele que nunca cai”. O conhecimento de Kṛṣṇa acerca de Sua identidade espiritual jamais é dominado pela ação material, ao passo que as entidades vivas diminutas, partes integrantes de Kṛṣṇa, têm a propensão a se esquecerem de sua identidade espiritual devido à ação material. As entidades vivas individuais são eternamente partes integrantes de Deus, centelhas diminutas do fogo original, Kṛṣṇa. Assim como centelhas são propensas a serem extintas, mas não o fogo ardente, da mesma forma, as entidades vivas podem ser superadas pelas atividades materiais, enquanto Kṛṣṇa jamais o pode.

Akrūra continued: “Less intelligent men misunderstand Your transcendental form to be made of material energy. But that concept is not at all applicable to You. Actually, You are all-spiritual, and there is no difference between You and Your body. Therefore, there is no question of Your being conditioned or liberated. You are ever liberated in any condition of life. As stated in the Bhagavad-gītā, only fools and rascals consider You an ordinary man. To consider Your Lordship one of us, conditioned by the material nature, is a mistake due to our imperfect knowledge. When people deviate from the original knowledge of the Vedas, they try to identify the ordinary living entities with Your Lordship, who have appeared on this earth in Your original form to reestablish the real knowledge that the living entities are neither one with nor equal to the Supreme God. My dear Lord, You are always situated in uncontaminated goodness (śuddha-sattva). Your appearance is necessary to reestablish actual Vedic knowledge, as opposed to the atheistic philosophy which tries to establish that God and the living entities are one and the same. My dear Lord Kṛṣṇa, this time You have appeared in the home of Vasudeva as His son, with Your plenary expansion, Śrī Balarāma. Your mission is to kill all the atheistic royal families and destroy their huge military strength. You have advented Yourself to minimize the burden of the world, and to fulfill this mission You have glorified the dynasty of Yadu by appearing as one of its members.

Akrūra continuou: “Homens menos inteligentes erram pensando que Sua forma transcendental é feita de energia material. Todavia, esse conceito de modo algum se aplica a Você. De fato, Você é completamente espiritual, e não há diferença entre Você e Seu corpo. Por isso, não é possível que Você seja condicionado ou liberto. Você está sempre liberto em qualquer condição de vida. Como diz o Bhagavad-gītā, apenas os tolos e patifes consideram-nO como um homem comum. Considerá-lO como um de nós, condicionado pela natureza material, é um erro decorrente do nosso conhecimento imperfeito. Quando as pessoas se desviam do conhecimento original dos Vedas, elas tentam identificar as entidades vivas comuns com Você, que apareceu nesta Terra em Sua forma original para restabelecer o verdadeiro conhecimento de que as entidades vivas não são nem unas nem iguais ao Senhor Supremo. Meu querido Senhor, Você está sempre situado em bondade incontaminada (śuddha-sattva). Seu aparecimento é necessário apenas para restabelecer o verdadeiro conhecimento védico, em oposição à filosofia ateísta que tenta estabelecer que Deus e as entidades vivas são iguais. Meu querido Senhor Kṛṣṇa, Você, desta vez, apareceu na casa de Vasudeva como seu filho, juntamente com Sua expansão plenária Śrī Balarāma. Sua missão é matar todas as famílias reais ateístas e destruir sua imensa força militar. Você veio para diminuir o fardo do mundo e, para cumprir essa missão, glorificou a dinastia Yadu, aparecendo na família como um de seus membros”.

“My dear Lord, today my home has been purified by Your presence. I have become the most fortunate person in the world. The Supreme Personality of Godhead, who is worshipable by all different kinds of demigods, Pitās, kings, emperors and other living entities and who is the Supersoul of everything, has come into my home. The water of His lotus feet purifies the three worlds, and now He has kindly come to my place. Who in the three worlds among factually learned men will not take shelter of Your lotus feet and surrender unto You? Who, knowing well that no one can be as affectionate as You are to Your devotees, is so foolish that he will decline to become Your devotee? Throughout the Vedic literature it is declared that You are the dearmost friend of every living entity. This is confirmed in the Bhagavad-gītā: suhṛdaṁ sarva-bhūtānām. You are the Supreme Personality of Godhead, completely capable of fulfilling the desires of Your devotees. You are the real friend of everyone. In spite of giving Yourself to Your devotees, You are never depleted of Your original potency. Your potency neither decreases nor increases in volume.

“Meu querido Senhor, hoje minha casa foi purificada por Sua presença. Tornei-me a pessoa mais afortunada do mundo. A Suprema Personalidade de Deus, que é adorável a todas as diferentes espécies de semideuses, pitās, reis, imperadores e outras entidades vivas, e que é a Superalma de tudo, entrou em meu lar. A água de Seus pés de lótus purifica os três mundos, e agora Ele teve a bondade de vir à minha casa. Quem nos três mundos, entre os homens realmente eruditos, não se abrigará em Seus pés de lótus e não se renderá a Você? Quem, sabendo bem que ninguém pode ser tão carinhoso como Você é com Seus devotos, é tão tolo a ponto de recusar tornar-se Seu devoto? Em toda a literatura védica, declara-se que Você é o amigo mais querido de toda entidade viva. Isso se confirma no Bhagavad-gītā: suhṛdaṁ sarva-bhūtānām. Você é a Suprema Personalidade de Deus, completamente capaz de satisfazer os desejos de Seus devotos, e é o verdadeiro amigo de todos. Apesar de Se dar a Seus devotos, Você nunca diminui Sua potência original. Sua potência nem aumenta nem diminui de volume”.

“My dear Lord, it is very difficult for even great mystic yogīs and demigods to ascertain Your movements or approach You, yet out of Your causeless mercy You have kindly consented to come to my home. This is the most auspicious moment in the journey of my material existence. By Your grace only, I can now understand that my home, my wife, my children and my worldly possessions are all bonds to material existence. Please cut the knot and save me from this entanglement of false society, friendship and love.”

“Meu querido Senhor, é muito difícil, até mesmo para grandes yogīs místicos e semideuses, conhecer Seus movimentos ou se aproximar de Você, mas, por Sua misericórdia imotivada, Você consentiu bondosamente a vir à minha casa. Esse é o momento mais auspicioso na viagem de minha existência material. Só por Sua graça, posso agora entender que minha casa, minha esposa, meus filhos e meus bens mundanos são todos vínculos com a existência material. Por favor, corte o nó e salve-me do enredamento da falsa sociedade, amizade e amor”.

Lord Śrī Kṛṣṇa was very much pleased by Akrūra’s offering of prayers. With His smile captivating Akrūra more and more, the Lord replied to his submissive devotional statements with the following sweet words: “My dear Akrūra, in spite of your submissiveness, I consider you My superior, on the level with My father and teacher and most well-wishing friend. You are therefore to be worshiped by Me, and since you are My uncle I am always to be protected by you. I desire you to maintain Me, for I am one of your own children. Apart from this filial relationship, an exalted devotee like you is always to be worshiped by everyone. Anyone who desires good fortune must offer his respectful obeisances unto personalities like you, who are greater than the demigods. People worship the demigods when in need of some sense gratification, and the demigods offer benedictions to their devotees after being worshiped. But a devotee like you, Akrūra, is always ready to offer people the greatest benediction. A saintly person or devotee is free to offer benedictions to everyone, whereas the demigods can offer benedictions only after being worshiped. One can take advantage of a place of pilgrimage only after going there, and worshiping a particular demigod involves waiting a long time for the fulfillment of one’s desire, but saintly persons like you, My dear Akrūra, can immediately fulfill all the desires of a devotee. My dear Akrūra, you are always Our friend and well-wisher. You are always ready to act for Our welfare. Kindly, therefore, go to Hastināpura and see what arrangement has been made for the Pāṇḍavas.”

O Senhor Śrī Kṛṣṇa ficou muito satisfeito com o oferecimento de orações por parte de Akrūra. Com Seu sorriso cativando cada vez mais Akrūra, o Senhor lhe respondeu com doces palavras, como segue: “Meu querido Akrūra, apesar de sua submissão, Eu o considero Meu superior, no nível de Meu pai e mestre e amigo mais benquerente. Por isso, Eu devo adorar você e, como você é Meu tio, devo ser sempre protegido por você. Quero que Me mantenha porque sou um de seus filhos. Além desta relação filial, um devoto elevado como você deve ser sempre adorado por todos. Todos os que desejam boa fortuna devem oferecer respeitosas reverências a personalidades como você, que é maior do que os semideuses. As pessoas adoram os semideuses quando precisam de gozo dos sentidos, e os semideuses oferecem bênçãos a seus devotos apenas depois de serem adorados. Um devoto como Akrūra, por outro lado, está sempre pronto a oferecer a melhor bênção às pessoas. Uma pessoa santa ou devoto está livre para oferecer bênçãos a todos, ao passo que os semideuses podem oferecer bênçãos apenas depois de serem adorados. Pode-se tirar proveito de um lugar de peregrinação apenas depois de ir até lá, e adorar um semideus em particular envolve esperar muito tempo para o cumprimento do desejo, mas pessoas santas como você, Meu querido Akrūra, podem satisfazer imediatamente todos os desejos do devoto. Meu querido Akrūra, você é sempre nosso amigo e benquerente, estando sempre pronto a agir para nosso bem-estar. Tenha a bondade, pois, de ir a Hastināpura e ver que arranjo foi feito para os Pāṇḍavas”.

Kṛṣṇa was anxious to know about the sons of Pāṇḍu because at a very young age they had lost their father. Being very friendly to His devotees, Kṛṣṇa was anxious to know about them, and therefore He deputed Akrūra to go to Hastināpura and get information of the real situation. Kṛṣṇa continued: “I have heard that after King Pāṇḍu’s death, his young sons – Yudhiṣṭhira, Bhīma, Arjuna, Nakula and Sahadeva – along with their widowed mother, have come under the charge of Dhṛtarāṣṭra, who is to look after them as their guardian. But I have also heard that Dhṛtarāṣṭra is not only blind from birth but also blind in his affection for his cruel son Duryodhana. The five Pāṇḍavas are the sons of King Pāṇḍu, but Dhṛtarāṣṭra, due to Duryodhana’s plans and designs, is not favorably disposed toward them. Kindly go there and study how Dhṛtarāṣṭra is dealing with the Pāṇḍavas. On receipt of your report, I shall consider how to favor them.” In this way the Supreme Personality of Godhead, Kṛṣṇa, ordered Akrūra to go to Hastināpura, and then He returned home, accompanied by Balarāma and Uddhava.

Kṛṣṇa estava ansioso para saber sobre os filhos de Pāṇḍu, que haviam perdido o pai quando ainda muito novos. Sendo muito amigo de Seus devotos, Kṛṣṇa estava ansioso por saber sobre eles e, por isso, encarregou Akrūra de ir a Hastināpura e obter informações sobre a verdadeira situação. Kṛṣṇa continuou: “Ouvi dizer que, depois da morte do rei Pāṇḍu, seus filhos jovens, Yudhiṣṭhira, Bhīma, Arjuna, Nakula e Sahadeva, com sua mãe viúva, ficaram aos cuidados de Dhṛtarāṣṭra, que deve tomar conta deles como seu tutor. Contudo, também ouvi que Dhṛtarāṣṭra não apenas é cego de nascença, mas também cego em sua afeição por seu cruel filho Duryodhana. Os cinco Pāṇḍavas são filhos do rei Pāṇḍu, mas Dhṛtarāṣṭra, devido a seus planos e intenções, não está favoravelmente disposto em relação a eles. Por favor, vá até lá e veja como Dhṛtarāṣṭra está tratando os Pāṇḍavas. Ao receber seu relatório, decidirei como favorecê-los”. Assim, a Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, ordenou a Akrūra que fosse a Hastinapura, após o que voltou para casa acompanhado de Balarāma e Uddhava.

Thus ends the Bhaktivedanta purport of the forty-eighth chapter of Kṛṣṇa, “Kṛṣṇa Pleases His Devotees.”

Neste ponto, encerram-se os significados Bhaktivedanta do capítulo quarenta e oito de Kṛṣṇa, intitulado “Kṛṣṇa Satisfaz Seus Devotos”.