Skip to main content

2. Progressing Beyond “Progress”

2. Progredindo Além do “Progresso”

Puṣṭa Kṛṣṇa: Question number two?

Discípulo: Questão número dois?

Śrīla Prabhupāda: Yes.

Śrīla Prabhupāda: Sim.

Puṣṭa Kṛṣṇa: “The traditional charge against Hinduism is that it is fatalistic, that it inhibits progress by making people slaves to the belief in the inevitability of what is to happen. How far is this charge true?”

Discípulo: “A tradicional acusação contra o hinduísmo é que ele é fatalista, o que inibe o progresso tornando as pessoas escravas da crença na inevitabilidade daquilo que está por acontecer. Até que ponto esta acusação é verdadeira?”.

Śrīla Prabhupāda: The charge is false. Those who have made that charge do not know what “Hinduism” is. First of all, the Vedic scriptures make no mention of such a thing as “Hinduism.” but they do mention sanātana-dharma, the eternal and universal religion, and also varṇāśrama-dharma, the natural organization of human society. That we can find in the Vedic scriptures.

Śrīla Prabhupāda: A acusação é falsa. Aqueles que fizeram essa acusação não sabem o que é “hinduísmo”. Em primeiro lugar, as escrituras védicas não fazem nenhuma menção de algo como “hinduísmo”, senão que o que de fato se menciona é sanātana-dharma, a religião eterna e universal, e também varṇāśrama-dharma, a organização natural da sociedade humana. Isso pode ser encontrado nas escrituras védicas.

So it is a false charge that the Vedic system inhibits the progress of mankind. What is that “progress”? A dog’s jumping is progress? [Laughter.] A dog is running here and there on four legs, and you are running on four wheels. Is that progress?

Destarte, é falsa a acusação de que o sistema védico inibe o progresso da humanidade. O que é esse “progresso”? Um cão pular é progresso? Um cão está correndo daqui para ali com quatro patas, e eles estão correndo com quatro rodas. Isso é progresso?

The Vedic system is this: The human being has a certain amount of energy – better energy than the animals’, better consciousness – and that energy should be utilized for spiritual advancement. So the whole Vedic system is meant for spiritual advancement. Human energy is employed in a more exalted direction than to compete with the dog.

O sistema védico é que o ser humano tem certa quantidade de energia – melhor energia e melhor consciência do que têm os animais –, e essa energia deve ser utilizada para o avanço espiritual. Deste modo, todo o sistema védico destina-­se ao avanço espiritual, a energia humana sendo empregada com uma finalidade mais sublime do que a finalidade de competir com o cão.

Consequently, sometimes those who have no idea of religion notice that the Indian saintly persons are not working hard like dogs. Spiritually uncultured people think the dog race is life. But actual life is spiritual progress. Therefore the Śrīmad-Bhāgavatam [1.5.18] says,

Às vezes, por conseguinte, aqueles destituídos de qualquer concepção do que é religião observam que as pessoas santas da Índia não trabalham arduamente como cães. Pessoas sem cultura espiritual pensam que correr como um cão é vida, mas verdadeira vida é o progresso espiritual. Portanto, o Śrīmad-Bhāgavatam (1.5.18) diz:

tasyaiva hetoḥ prayateta kovido
na labhyate yad bhramatām upary adhaḥ
tal labhyate duḥkhavad anyataḥ sukhaṁ
kālena sarvatra gabhīra-raṁhasā
tasyaiva hetoḥ prayateta kovido
na labhyate yad bhramatām upary adhaḥ
tal labhyate duḥkhavad anyataḥ sukhaṁ
kālena sarvatra gabhīra-raṁhasā

The human being should exert his energy for that thing which he did not get in many, many lives. Through many, many lives the soul has been in the forms of dogs or demigods or cats or birds or insects. There are 8,400,000 material forms. So this transmigration is going on, but in every one of these millions of forms, the business is sense gratification. The dog is busy for sense gratification: “Where is food? Where is shelter? Where is a mate? How to defend?” And the man is also doing the same business, in different ways.

O ser humano deve empregar sua energia de modo a obter aquilo que ele não pôde obter em muitas e muitas vidas. Por muitíssimas vidas, a alma aceitou as formas de cães, semideuses, gatos, pássaros ou insetos. Existem oito milhões e quatrocentas mil formas de vida, e a transmigração da alma está ocorrendo, mas, em todas essas milhões de for­mas, a única preocupação é o gozo dos sentidos. O cão está preocupado com o gozo dos sentidos: “Onde há comida? Onde há abrigo? Onde há uma fêmea? Como posso me defender?”, e o homem também está fazendo a mesma coisa, apenas de maneiras diferentes.

So this struggle for existence is going on, life after life. Even a small insect is engaging in the same struggle – āhāra-nidrā-bhaya-maithunam – eating, sleeping, defending, and mating. Bird, beast, insect, fish – everywhere the same struggle: “Where is food? Where is sex? Where is shelter? How to defend?” So the śāstra [scripture] says we have done these things in many, many past lives, and if we don’t get out of this struggle for existence, we’ll have to do them again in many, many future lives. So these things should be stopped.

Essa luta pela existência, portanto, está ocorrendo, vida após vida. Mesmo um pequeno inseto está ocupado na mesma luta de āhāra­nidrā-bhaya-maithunam, isto é, comer, dormir, defender­-se e acasalar­-se. Pássaros, feras, insetos, peixes – em toda parte, a mesma luta: “Onde há comida? Onde há sexo? Onde há abrigo? Como posso me defender?”. Diante disso, os śāstras, as escrituras, dizem que estamos fazendo tais coisas há muitas e muitas vidas, e, se não sairmos dessa luta pela existência, teremos de voltar a fazer tudo isso em muitas e muitas vidas futuras.

Therefore Prahlāda Mahārāja advises his friends [Śrīmad-Bhāgavatam 7.6.3],

Prahlāda Mahārāja apresenta o seguinte conselho a seus amigos:

sukham aindriyakaṁ daityā
deha-yogena dehinām
sarvatra labhyate daivād
yathā duḥkham ayatnataḥ
sukham aindriyakaṁ daityā
deha-yogena dehinām
sarvatra labhyate daivād
yathā duḥkham ayatnataḥ

“My dear friends, material pleasure – which is due simply to this material body – is essentially the same in any body. And just as misery comes without our trying for it, so the happiness we deserve will also come, by higher arrangement.” A dog has a material body and I have a material body. So my sex pleasure and the dog’s sex pleasure is the same. Of course, a dog is not afraid of having sex on the street, in front of everyone. We hide it in a nice apartment. That’s all. But the activity is the same. There is no difference.

“Meus queridos amigos, o prazer material, que se deve apenas a este corpo material, é, em essência, o mesmo em qualquer corpo. E, assim como a miséria se faz presente sem que a procuremos, a felicidade que merecemos também virá, de acordo com o arranjo superior”. (Śrīmad-Bhāgavatam 7.6.3) O cão tem um corpo material, e eu tenho um corpo material, logo meu prazer sexual e o prazer sexual do cão é o mesmo. É claro que o cão não se envergonha de fazer sexo na rua, diante de todos, ao passo que nós nos escondemos em um belo apartamento. Apesar dessa diferença, a atividade é a mesma.

Still, people are taking this sex pleasure between a man and woman in a nice decorated apartment as very advanced. But this is not advanced. And yet they are making a dog’s race for this “advancement.” Prahlāda Mahārāja says we are imagining that there are different types of pleasure on account of different types of body, but the pleasure is fundamentally the same.

As pessoas, entretanto, consideram que o prazer sexual entre um homem e uma mulher em um belo apartamento decorado é um grande avanço, mas, na verdade, não o é, apesar do que eles fazem uma com­petição animalesca rumo a esse “avanço”. Prahlāda Mahārāja diz que imaginamos que existem diferentes classes de prazer de acordo com diferentes classes de corpos, mas o prazer é fundamentalmente o mesmo.

Naturally, according to the different types of body, there are some external differences in the pleasure, but the basic amount and quality of this pleasure has very well defined limitations. That is called destiny. A pig has a certain type of body, and his eatable is stool. This is destined. You cannot change it – “Let the pig eat halavā.” That is not possible. Because the soul has a particular type of body he must eat a particular type of food. Can anyone, any scientist, improve the standard of living of a pig? Is it possible? [Laughter.]

É evidente que, de acordo com as diferentes classes de corpos, existem algumas diferenças externas quanto ao prazer, mas a quantidade e a qualidade básica desse prazer têm limitações muito bem definidas. Isto se chama destino. O porco tem certa classe de corpo, e ele se alimenta de excremento. Isso está predestinado. Não lhe é possível mudar: “Porco, coma halavā”. Porque a alma possui determinada espécie de corpo, ela deve comer determina­da espécie de alimento. É possível a algum cientista melhorar o padrão de vida de um porco?

Therefore Prahlāda Mahārāja says that everything about material pleasure is already fixed. The uncivilized men in the jungle are having the same sex pleasure as the so-called civilized men who boast, “Instead of living in that hut made of leaves, we are living in a skyscraper building. This is advancement.”

Prahlāda Mahārāja, por conseguinte, afirma que tudo o que diz respeito ao prazer material já foi estabelecido. O homem incivilizado da floresta tem o mesmo prazer sexual que o orgulhoso homem dito civilizado, o qual pensa: “Em vez de vivermos naquela cabana feita de sapê, estamos vivendo em um arranha-­céu. Isto é avanço”.

But Vedic civilization says, “No, this is not advancement. Real advancement is self-realization – how much you have realized your relationship with God.”

A civilização védica, todavia, diz: “Não, isso não é avanço, senão que verdadeiro avanço é autor­realização, isto é, o quanto você compreendeu sua relação com Deus”.

Sometimes people misunderstand, thinking that sages who try for self-realization are lazy. In a high court a judge is sitting soberly, apparently doing nothing, and he is getting the highest salary. And another man in the same court – he’s working hard all day long, rubber-stamping, and he is getting not even one-tenth of the judge’s salary. He’s thinking, “I am so busy and working so hard, yet I am not getting a good salary. And this man is just sitting on the bench, and he’s getting such a fat salary.” The criticism of Hinduism as “inhibiting progress” is like that: it comes out of ignorance. The Vedic civilization is for self-realization. It is meant for the intelligent person, the person who will not just work like an ass but who will try for that thing which he did not achieve in so many other lives – namely, self-realization.

Às vezes, as pessoas têm um conceito errôneo de que os sábios que se esforçam pela autorrealização são preguiçosos. Em um tribunal, o juiz está sentado com grande sobriedade, aparentemente sem fazer nada, mas recebe o melhor salário, ao passo que o outro homem no mesmo tribunal trabalha arduamente o dia inteiro, carimbando, e não recebe sequer um décimo do salário do juiz. Ele pensa: “Embora eu seja tão ocupado e trabalhe tanto, não recebo um bom salário. Por outro lado, esse homem fica sentado no banco e recebe um salário altíssimo”. A crítica de que o hinduísmo “inibe o progresso” é exatamente como essa queixa: produto de ignorância. A civilização védica destina-se à autorrealização, destina-se à pessoa inteligente que não vive apenas trabalhando como um asno, mas que se esforça pelo que ela não conseguiu em muitas outras vidas, a saber, a autorrealização.

For example, we are sometimes labeled “escapists.” What is the charge?

Às vezes, por exemplo, somos rotulados de “escapistas”. Qual é a acusação?

Disciple: They say we are escaping from reality.

Discípulo: Dizem que fugimos da realidade.

Śrīla Prabhupāda: Yes, we are escaping their reality. But their reality is a dog’s race, and our reality is to advance in self-realization, Kṛṣṇa consciousness. That is the difference. Therefore the mundane, materialistic workers have been described as mūḍhas, asses. Why? Because the ass works very hard for no tangible gain. He carries on his back tons of cloth for the washerman, and the washerman in return gives him a little morsel of grass. Then the ass stands at the washerman’s door, eating the grass, while the washerman loads him up again. The ass has no sense to think, “If I get out of the clutches of this washerman, I can get grass anywhere. Why am I carrying so much?”

Śrīla Prabhupāda: Sim, fugimos da realidade deles, pois a realidade deles é correrem como cães, e nossa realidade é o avanço em autor­realização, em consciência de Kṛṣṇa – eis a diferença. Por que os trabalhadores mundanos e materialistas são descritos como mūḍhas, asnos? Porque o asno trabalha muito em troca de nenhum ganho tangível. Ele carrega no dorso toneladas de pano para o lavador de roupa, e este lhe dá em troca um pequeno feixe de grama. Então, o asno para em frente à porta do lavador, comendo grama, enquanto este coloca nova carga no asno. O asno, apesar disto, não tem o bom senso de pensar: “Se me livro do controle desse homem, posso obter grama em qualquer lugar. Por que estou fazendo tanto esforço?”.

The mundane workers are like that. They’re busy at the office, very busy. If you want to see the fellow, “I am very busy now.” [Laughter.] So what is the result of your being so busy? “Well, I take two pieces of toast and one cup of tea. That’s all.” [Laughter.] And for this purpose you are so busy?

Os trabalhadores mundanos são exatamente assim. Eles estão muitíssimo ocupados no escritório. Se você quer ver o sujeito, ele lhe diz: “Estou muito ocupado agora”. Então, que resultado ele obtém em troca de tanta ocupação? “Bem, como duas torradas e uma xícara de chá”.

 Or, he is busy all day simply so that in the evening he can look at his account books and say, “Oh, the balance had been one thousand dollars – now it has become two thousand.” That is his satisfaction. But still he will have the same two pieces of bread and one cup of tea, even though he has increased his balance from one thousand to two thousand. And still he’ll work hard. This is why karmīs are called mūḍhas. They work like asses, without any real aim of life.

Ele se ocupa o dia inteiro apenas para que, no fim da tarde, ele possa olhar em sua conta bancária e dizer: “O saldo era de mil dólares, mas agora é de dois mil”. Esta é a sua satisfação, e, apesar desse esforço, ele terá as mesmas fatias de pão e a mesma xícara de chá, embora tenha aumentado o seu saldo de mil para dois mil dólares. De qualquer forma, eles trabalharão muito, daí os karmīs serem chamados de mūḍhas – eles trabalham como asnos, sem nenhuma verdadeira meta na vida.

But Vedic civilization is different. The accusation implied in the question is not correct. In the Vedic system, people are not lazy. They are very busy working for a higher purpose. And that busy-ness is so important that Prahlāda Mahārāja says, kaumāra ācaret prājño: “Beginning from childhood, one should work for self-realization.” One should not lose a second’s time. So that is Vedic civilization.

A civilização védica, contudo, é diferente. A acusação implícita na pergunta não é correta. No sistema védico, as pessoas não são preguiçosas, mas estão muito ocupadas esforçando-­se por um propósito superior, e essa ocupação é tão importante que Prahlāda Mahārāja diz que kaumāra ācaret prajño (Śrīmad-Bhāgavatam 7.6.1): “Desde a infância, a pessoa deve se esforçar pela autor­realização”. A civilização védica caracteriza-se pela incitação de que ninguém deve desperdiçar sequer um segundo da vida.

Of course, the materialistic workers – they see, “These men are not working like us, like dogs and asses. So they are escaping.”

Os trabalhadores materialistas dizem: “Esses homens não trabalham como nós, como cães e asnos, logo são escapistas”.

Yes, escaping your fruitless endeavor.

Sim, fugimos desse esforço infrutífero.

The Vedic civilization of self-realization begins from the varṇāśrama system of social organization. Varnāśramācāravatā puruṣeṇa paraḥ pumān viṣṇur ārādhyate: “Everyone should offer up the fruits of his occupational duty to the lotus feet of the Lord Viṣṇu, or Kṛṣṇa.” That is why the Vedic system is called varṇāśrama – literally, “social organization with a spiritual perspective.”

A civilização védica interessa-se em autorrealização, o que começa com o sistema de organização social chamado varṇāśrama. Varṇāśramā­cāravatā puruṣeṇa paraḥ pumān viṣṇur ārādhyate (Viṣṇu Purāṇa 3.8.9): “Todos devem oferecer os frutos de seu dever ocupacional aos pés de lótus do Senhor Viṣṇu, ou Kṛṣṇa”. É por isso que o sistema védico chama-­se varṇāśrama, terminologia esta cujo significado literal é “organização social com perspectiva espiritual”.

The varṇāśrama system has four social and four spiritual divisions. the social divisions are the brāhmaṇas [teachers and priests], kṣatriyas [administrators and military men], vaiśyas [farmers and merchants], and śūdras [laborers and craftsmen], while the spiritual divisions are the brahmacārīs [students], gṛhasthas [householders], vānaprasthas [retirees], and sannyāsīs [renunciants]. But the ultimate goal is viṣṇur ārādhyate – the worship of the Supreme Lord, Viṣṇu, by all. That is the idea.

O sistema varṇāśrama possui quatro divisões sociais e quatro divisões espirituais. As divisões sociais são os brāhmaṇas (mestres e sacerdotes), os kṣatriyas (administradores e militares), os vaiśyas (fazendeiros e comerciantes) e os śūdras (trabalhadores braçais e artesãos), e as divisões espirituais são os brahmacarīs (estudantes), os gṛhasthas (chefes de família), os vanaprasthas (retirados), e os sannyāsīs (renunciantes). Porém, a meta última é viṣṇur ārādhyate (Viṣṇu Purāṇa 3.8.9), ou seja, a meta é que todos adorem o Senhor Supremo, Viṣṇu.

But the members of the modern so-called civilization do not know of varṇāśrama. Therefore they have created a society that is simply a dog’s race. The dog is running on four legs and they are running on four wheels. That’s all. And they think the four-wheel race is advancement of civilization.

Os membros da dita civilização moderna, no entanto, desconhecem o varṇāśrama, em consequência do que criaram uma sociedade que não passa de cães a correrem. A única diferença é que o cão corre com quatro patas e eles correm com quatro rodas, mas eles acreditam que a corrida de quatro rodas é avanço civilizacional.

Vedic civilization is different. As Nārada Muni says, tasyaiva hetoḥ prayateta kovido na labhyate yad bhramatām upary adhaḥ: the learned, astute person will use this life to gain what he has missed in countless prior lives – namely, realization of self and realization of God. Someone may ask, “Then shall we do nothing?” Yes do nothing simply to improve your material position. Whatever material happiness is allotted for you by destiny, you’ll get it wherever you are. Take to Kṛṣṇa consciousness. You’ll get these other things besides.

A civilização védica é diferente. Como afirma Nārada Muni, tasyaiva hetoḥ prayateta kovido na labhyate yad bhramatām upary adhaḥ (Śrīmad-Bhāgavatam 1.5.18): A pessoa erudita e perspicaz usará esta vida para obter aquilo que deixou de obter em incontáveis vidas anteriores, a saber, a compreensão do eu e a compreensão de Deus. Talvez alguém pergunte: “Não devemos fazer nada, então?”. Sim, não faça nada que sirva apenas para aprimorar sua posição material. Toda a felicidade material que o destino lhe reservou você obterá onde quer que esteja; portanto, aceite a consciência de Kṛṣṇa e você também obterá essas outras coisas.

“How shall I get them?”

“Como irei obtê-las?”.

How? Kālena sarvatra gabhīra-raṁhasā: by the arrangement of eternal time, everything will come about in due course. The example is given that even though you do not want distress, still distress comes upon you. Similarly, even if you do not work hard for the happiness that is destined to be yours, still it will come.

Como? Kālena sarvatra gabhīra-raṁhasā (Śrīmad-Bhāgavatam 1.5.18): Mediante o arranjo do tempo eterno, tudo ocorrerá em sua devida hora. Dá-­se o exemplo de que, embora não queiramos o sofrimento, este nos é imposto. De maneira semelhante, mesmo que não nos esforcemos pela felicidade que está destinada a ser nossa, ela se fará presente.

Similarly, Prahlāda Mahārāja says, na tat-prayāsaḥ kartavyam: you should not waste your energy for material happiness, because you cannot get more than what you are destined to have. That is not possible. “How can I believe it – that by working harder I will not get more material happiness than I would otherwise have had?”

Analogamente, Prahlāda Mahārāja diz que na tat-prayāsaḥ kartavyam, isto é, não devemos desperdiçar nossa energia em busca de felicidade material, porque não é possível obtermos mais do que o destino nos reservou. “Por que devo acre­ditar que, mesmo se eu trabalhar mais, não obterei mais felicidade material?”.

Because you are undergoing so many distressing conditions even though you do not want them. Who wants distress? For example, in our country, Mahatma Gandhi was killed by his own countrymen. He was a great man, he was protected by so many followers, he was beloved by all – and still he was killed. Destiny. Who can protect you from all these distressing conditions?

Porque você está sendo vitimado por muitas condições angustiantes, embora não as queira. Quem deseja sofrimento? Em nosso país, por exemplo, Mahatma Gandhi foi morto por seus próprios compatriotas. Ele era um homem ilustre, protegido por muitos seguidores e amado por to­dos, mas, ainda assim, foi morto. Isso se deve ao destino. Quem pode proteger você de todas as condições angustiantes?

“So,” you should conclude, “if these distressing conditions come upon me by force, the other kind of condition, the opposite number, will also come. Therefore why shall I waste my time trying to avoid distress and gain so-called happiness? Let me utilize my energy for Kṛṣṇa consciousness.” That is intelligence. You cannot check your destiny. The magazine’s question touches on this point.

“Logo”, deve-­se concluir, “se essas condições angustiantes são impostas, a outra variante de condição, a oposta, também o será. Portanto, por que desperdiçarei meu tempo tentando evitar o sofrimento e tentando obter a dita felicidade? Deixe-­me utilizar minha energia em prol da consciência de Kṛṣṇa”. Isso é inteligência, pois você não pode deter o destino.

Puṣṭa Kṛṣṇa: Yes, the usual charge is that this Vedic system of civilization is fatalistic, and that as a result people are not making as much material progress as they otherwise would.

Discípulo: Sim, a acusação habitual é que o sistema védico de organização social é fatalista, e que, como resultado, as pessoas não fazem tanto progresso material quanto o fariam em outros sistemas.

Śrīla Prabhupāda: No, no, the Vedic system is not fatalistic. It is fatalistic only in the sense that one’s material destiny cannot be changed. But your spiritual life is in your hands. Our point is this: The whole Vedic civilization is based on the understanding that destiny allows only a certain amount of material happiness in this world, and that our efforts should therefore be directed toward self-realization. Nobody is enjoying uninterrupted material happiness. That is not possible. A certain amount of material happiness and a certain amount of material distress – these both must be present always. So just as you cannot check your distressing condition of life, similarly you cannot check your happy condition of life. It will come automatically. Therefore, don’t waste your time with these things. Better you utilize your energy for advancing in Kṛṣṇa consciousness.

Śrīla Prabhupāda: Não, o sistema védico não é inteiramente fatalista, mas apenas no que diz respeito ao fato de que o destino material não pode ser mudado. Sua vida espiritual, em contrapartida, está em suas mãos. Nosso ponto é que toda a civilização védica fundamenta­-se na com­preensão de que, neste mundo, o destino concede apenas certa quantidade de felicidade material, em razão do que nossos esforços devem objetivar a autorrealização. É impossível que alguém possa desfrutar de felicidade material ininterruptamente, senão que certa quantidade de felicidade material e certa quantidade de sofrimento material sempre coexistem. Assim como não se pode deter uma condição angustiante, não se pode deter uma condição feliz, pois a mesma virá automaticamente. Portanto, não desperdice seu tempo com essas coisas: O melhor é utilizar essa energia para avançar em consciência de Kṛṣṇa.

Puṣṭa Kṛṣṇa: So then, Śrīla Prabhupāda, would it be accurate, after all, to say that people who have this Vedic conception would not try for progress?

Discípulo: Então, Śrīla Prabhupāda, seria correto dizer, por fim, que as pessoas que seguem este conceito védico não se esforçam pelo progresso?

Śrīla Prabhupāda: No, no. “Progress” – first you must understand what actual progress is. The thing is that if you try to progress vainly, what is the use of trying? If it is a fact you cannot change your material destiny, why should you try for that? Rather, whatever energy you have, utilize it for understanding Kṛṣṇa consciousness. That is real progress. Make your spiritual understanding – your understanding of God and self – perfectly clear.

Śrīla Prabhupāda: Primeiro você deve entender o que é verdadeiro progresso. O fato é que, se você se empenha por progredir em vão, qual é o valor desse empenho? Se é fato que você não pode mudar seu destino material, por que você deveria se esforçar em prol disso? Ao contrário, utilize toda a energia que você tem para compreender a consciência de Kṛṣṇa. Verdadeiro progresso é esclarecer-se perfeitamente acerca da compreensão espiritual, isto é, acerca de sua compreensão de Deus e do eu.

For instance, in our International Society for Krishna Consciousness, our main business is how to make advancement in Kṛṣṇa consciousness. We are not enthusiastic about opening big, big factories with big, big money-earning machines. No. We are satisfied with whatever material happiness and distress we are destined. But we are very eager to utilize our energy for progressing in Kṛṣṇa consciousness. This is the point.

Em nossa Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna, por exemplo, nosso principal dever consiste em como avançar em cons­ciência de Kṛṣṇa. Não estamos interessados em abrir enormes fábricas com enormes máquinas de ganhar dinheiro, mas antes estamos satisfeitos com qualquer felicidade ou sofrimento materiais que o destino nos tenha reservado. Por outro lado, estamos muito ávidos por utilizar a nossa energia para progredirmos em consciência de Kṛṣṇa. Este é o ponto.

So the Vedic system of civilization is meant for realizing God: viṣṇur ārādhyate. In the Vedic system, people try for that. Actually, the followers of varṇāśrama-dharma – they never tried for economic development. You’ll find in India, still, millions of people taking bath in the Ganges during Kumbha-melā. Have you been to the Kumbha-melā festival?

O sistema da civilização védica destina­-se à compreensão de Deus, viṣṇur ārādhyate (Viṣṇu Purāṇa 3.8.9). No sistema védico, as pessoas se esforçam por alcançar essa meta. Na verdade, os seguidores do varṇāśrama-dharma jamais se esforçavam por desenvolvimento econômico. Você ainda pode encontrar na Índia milhões de pessoas banhando­-se no Ganges durante o Kumbha­-melā. Você já foi ao festival de Kumbha­-melā?

Disciple: No.

Discípulo: Não.

Śrīla Prabhupāda: At the Kumbha-melā, millions of people come to take bath in the Ganges because they are interested in how to become spiritually liberated from this material world. They’re not lazy. They travel thousands of miles to take bath in the Ganges at the holy place of Prayag. So although they are not busy in the dog’s race, these people are not lazy. Yā niśā sarva-bhūtānāṁ tasyāṁ jāgarti saṁyamī: “What is night for ordinary beings is the time of wakefulness for the self-controlled.” The self-controlled man wakes up very early – practically in the middle of the night – and works for spiritual realization while others are sleeping. Similarly, during the daytime the dogs and asses think, “We are working, but these spiritualists, they are not working.”

Śrīla Prabhupāda: No Kumbha-­melā, milhões de pessoas vão se banhar no Ganges porque estão interessadas em alcançar a liberação espiritual. Elas não são preguiçosas, pois viajam milhares de quilômetros para se banharem no Ganges, no lugar sagrado chamado Prayag. Embora não estejam ocupadas em correr como cães, essas pessoas não são preguiçosas. Yā niśā sarva-bhūtānāṁ tasyāṁ jāgarti saṁyamī (Bhagavad-gītā 2.69): “O que é noite para os seres comuns é hora de despertar para aquele que é auto­controlado”. O homem auto­controlado desperta muito cedo – praticamente no meio da madrugada – e se esforça para lograr a compreensão espiritual enquanto os demais indivíduos dormem. De for­ma semelhante, durante o dia os cães e asnos pensam: “Nós trabalhamos, mas esses espiritualistas não trabalham”.

So there are two different platforms, the material and the spiritual. Followers of the Vedic civilization, which is practiced in India – although nowadays it is distorted – actually, these people are not lazy. They are very, very busy. Not only very, very busy, but also kaumāra ācaret prājño dharmān bhāgavatān iha: they are trying to become self-realized from the very beginning of life. They are so busy that they want to begin the busy-ness from their very childhood. Therefore it is wrong to think they are lazy.

Deste modo, existem duas plataformas diferentes, a saber, a material e a espiritual. Os seguidores da civilização védica, que é praticada na Índia – embora, na atualidade, esteja deturpada –, não são preguiçosos, na verdade, senão que são muitíssimo ocupados. Não apenas muitíssimo ocupados, mas também kaumāra ācaret prajño dharmān bhāgavatān iha (Śrīmad-Bhāgavatam 7.6.1), isto é, estão tentando se tornar autorrealizados desde o início da vida. Eles são tão ocupados que desejam começar o processo desde a infância, logo é errado pensar que são preguiçosos.

People who accuse followers of Vedic civilization of laziness or of “inhibiting progress” do not know what real progress is. The Vedic civilization is not interested in the false progress of economic development. For instance, sometimes people boast, “We have gone from the hut to the skyscraper.” They think this is progress. But in the Vedic system of civilization, one thinks about how much he is advanced in self-realization. He may live in a hut and become very advanced in self-realzation. But if he wastes his time turning his hut into a skyscraper, then his whole life is wasted, finished. And in his next life he is going to be a dog, although he does not know it. That’s all.

Aqueles que acusam os seguidores da civilização védica de serem preguiçosos ou de “inibirem o progresso” não sabem o que é verdadeiro progresso. A civilização védica não está interessada no falso progresso decorrente do desenvolvimento econômico. Às vezes, por exemplo, as pessoas se orgulham de dizer: “Mudamos da cabana para o arranha-­céu”, e pensam que isso é progresso. No sistema civilizacional védico, entretanto, considera-­se o quanto a pessoa é avançada em auto­rrealização. Ela pode viver em uma cabana e tornar-­se muito avançada em autorrealização. Contudo, se ela desperdiça seu tempo transformando sua cabana em um arranha-­céu, toda a sua vida está perdida. Em sua próxima vida, ela será um cão, embora não o saiba. Isso é tudo.

Puṣṭa Kṛṣṇa: Śrīla Prabhupāda, then this question may be raised: If destiny cannot be checked, then why not, when a child is born, simply let him run around like an animal? And whatever happens to him . . .

Discípulo: Śrīla Prabhupāda, talvez alguém possa levantar a seguinte questão: Já que não se pode deter o destino, por que, quando uma criança nasce, não a deixamos correr por aí como um animal e o que quer que aconteça a ela estava destinado?

Śrīla Prabhupāda: No. That is the advantage of this human form of life. You can train the child spiritually. That is possible. Therefore it is said, tasyaiva hetoḥ prayeteta kovido: use this priceless human form to attain what you could not attain in so many millions of lower forms. For that spiritual purpose you should engage your energy. That advantage is open to you now, in the human form. Ahaituky apratihatā: pure devotional service to the Lord, Kṛṣṇa consciousness, is open to you now, and it cannot be checked. Just as your advancement of so-called material happiness is already destined and cannot be checked, similarly, your advancement in spiritual life cannot be checked – if you endeavor for it. No one can check your spiritual advancement. Try to understand this.

Śrīla Prabhupāda: A vantagem da forma humana de vida é que você pode oferecer treinamento espiritual à criança, daí se dizer tasyaiva hetoḥ prayateta kovido (Śrīmad-Bhāgavatam 1.5.18): “Utilize esta inestimável for­ma humana para alcançar o que você não pôde alcançar em muitos milhões de formas inferiores”. Toda a energia deve ser dedicada a esse propósito espiritual, pois essa vantagem se abre a nós agora na forma humana. Ahaituky apratihatā (Śrīmad-Bhāgavatam 1.2.6): O serviço devocional puro ao Senhor, a consciência de Kṛṣṇa, está disponível para nós agora, e não pode ser detido. Assim como o avanço da dita felicidade material já tem seu destino e não se pode detê-lo, o avanço na vida espiritual não pode ser detido caso a pessoa se esforce por ele. Tente compreender que ninguém pode deter nosso avanço espiritual.

Puṣṭa Kṛṣṇa: So, then, we can’t say that the Vedic system, or sanātana-dharma, is fatalistic. There actually is endeavor for progress.

Discípulo: Então, não podemos dizer que o sistema védico, ou sanātana-dharma, é fatalista. De fato, existe esforço pelo progresso.

Śrīla Prabhupāda: Certainly – spiritual progress. As for the question of “fatalistic,” I have often given this example: Let us say a man is condemned by a court of law to be hanged. Nobody can check it. Even the same judge who gave the verdict cannot check it. But if the man begs for the mercy of the king, the king can check the execution. He can go totally above the law. Therefore the Brahma-saṁhitā [5.54] says, karmāṇi nirdahati kintu ca bhakti-bhājām: destiny can be changed by Kṛṣṇa for His devotees; otherwise it is not possible.

Śrīla Prabhupāda: Certamente existe esforço pelo progresso, mas pelo progresso espiritual. Quanto à questão do “fatalismo”, costumo dar o seguinte exemplo: Digamos que o tribunal condene um homem à forca. Ninguém pode deter a execução da sentença, nem mesmo o próprio juiz que deu o veredito, mas se o homem implora pela misericórdia do rei, este pode impedir a execução, pois o rei pode colocar-se completamente acima da lei. O Brahma-saṁhitā (5.54), portanto, diz, karmāṇi nirdahati kintu ca bhakti-bhājām: Kṛṣṇa pode mudar o destino de Seus devo­tos, o que é impossível de outra forma.

Therefore our only business should be to surrender to Kṛṣṇa. And if you artificially want to be more happy by economic development, that is not possible.

Portanto, nossa única ocupação deve ser nos rendermos a Kṛṣṇa. Se você deseja artificialmente ser mais feliz através do desenvolvi­mento econômico, isso não será possível.

Puṣṭa Kṛṣṇa: Question number three?

Discípulo: Questão número três?

Śrīla Prabhupāda: Hm? No. First of all make sure that everything is clear. Why are you so eager to progress? [Laughter.]

Śrīla Prabhupāda: Não. Primeiramente, certifique-­se de que tudo está claro. Por que você está tão ansioso por avançar? (risos).

Try to understand what is what. The first thing is that your destiny cannot be changed. That’s a fact. But in spite of your destiny, if you try for Kṛṣṇa consciousness, you can achieve spiritual success. Otherwise, why did Prahlāda Mahārāja urge his friends, kaumāra ācāret: “Take Kṛṣṇa consciousness up from your very childhood”? If destiny cannot be changed, then why was Prahlāda Mahārāja urging this? Generally, “destiny” means your material future. That you cannot change. But even that can be changed when you are in spiritual life.

Tentemos entender tudo, ponto por ponto. O primeiro ponto é que é fato que não se pode mudar o destino. Porém, se, apesar do destino, você se esforçar pela consciência de Kṛṣṇa, poderá lograr o sucesso espiritual. De outro modo, por que Prahlāda Mahārāja incitou seus amigos dizendo kaumāra ācaret (Śrīmad-Bhāgavatam 7.6.1): “Aceitem a consciência de Kṛṣṇa desde a tenra infância”? Se o destino não pode ser mudado, por que Prahlāda Mahārāja fez semelhante recomendação? Em geral, “destino” se refere a seu futuro material, o que não pode ser mudado, mas mesmo o destino você poderá mudar caso adote a vida espiritual.

Puṣṭa Kṛṣṇa: What is the meaning of apratihatā? You said that spiritual development cannot be checked.

Discípulo: Qual o significado de apratihatā? O senhor disse que não se pode deter o desenvolvimento espiritual.

Śrīla Prabhupāda: Apratihatā means this: Suppose you are destined to suffer. So apratihatā means that in spite of your so-called destiny to suffer, if you take to Kṛṣṇa consciousness your suffering will be reduced, or there will be no suffering – and in spite of any suffering, you can make progress in spiritual life. Just like Prahlāda Mahārāja himself. His father put him into so many suffering conditions, but he was not impeded – he made spiritual progress. He didn’t care about his father’s attempts to make him suffer. That state of existence is called apratihatā: if you want to execute Kṛṣṇa consciousness, your material condition of life cannot check it. That is the real platform of progress.

Śrīla Prabhupāda: Suponha­mos que você esteja destinado a sofrer. Então, apratihatā significa que, apesar de seu predestinado sofrimento, caso você aceite a cons­ciência de Kṛṣṇa, este sofrimento será reduzido ou sequer haverá sofrimento – e, mesmo caso haja algum sofrimento, você poderá progredir na vida espiritual a despeito dele. O próprio Prahlāda Mahārāja é um exemplo disto. Seu pai o colocou em muitíssimas condições aflitivas, mas isso não lhe foi um empecilho, senão que ele fez progresso espiritual. Prahlāda Mahārāja não se importou com as tentativas que seu pai empreendeu para fazê-lo sofrer. Esse estado de existência chama-­se apratihatā. Se você quer desenvolver a consciência de Kṛṣṇa, sua condição de vida material não o pode deter. Essa é a verdadeira plataforma de progresso.

Of course, insofar as your material condition is concerned, generally that cannot be checked. You have to suffer. But in the case of a devotee, that suffering also can be stopped or minimized. Otherwise, Kṛṣṇa’s statement would be false: ahaṁ tvāṁ sarva-pāpebhyo mokṣayiṣyāmi – “I will deliver you from all the reactions to your sinful activities.” Suffering must befall me on account of my sinful activities, but Kṛṣṇa says, “I will deliver you from all the reactions to your sinful activities.” This should be clear. Ordinarily, destiny cannot be checked. Therefore, instead of wasting your time trying to change your economic condition or material destiny apart from Kṛṣṇa consciousness, you should employ your priceless human energy for attaining Kṛṣṇa consciousness, which cannot be checked.

Naturalmente, no que diz respeito à sua condição material, isso geralmente não pode ser mudado – você tem de sofrer. Porém, no caso de um devoto, esse sofrimento também pode ser interrompido ou minimizado. Caso contrário, a afirmação de Kṛṣṇa ahaṁ tvāṁ sarva-pāpebhyo mokṣayiṣyāmi, “Eu te libertarei de todas as reações às atividades pecaminosas”, seria falsa. O sofrimento virá devido às minhas atividades pecaminosas, mas Kṛṣṇa diz: “Eu te libertarei de to­das as reações às atividades pecaminosas”. De modo geral, não se pode deter o destino, em decorrência do que, em vez de desperdiçar tempo tentando mudar sua condição econômica ou o destino material à parte da consciência de Kṛṣṇa, você deve empregar sua preciosa energia humana para alcançar a consciência de Kṛṣṇa, a qual não pode ser detida.

We see so many men working so hard. Does this mean that every one of them will become a Ford, a Rockefeller? Why not? Everyone is trying his best. But Mr. Ford was destined to become a rich man. His destiny was there, and so he became a rich man. Another man may work just as hard as Ford, but this does not mean he will become as rich as Ford. This is practical. You cannot change your destiny simply by working hard like asses and dogs. No. But you can utilize your special human energy for improving your Kṛṣṇa consciousness. That’s a fact.

Vemos muitos homens trabalhando muito arduamente, mas isso quer dizer que todos eles se tornarão um Ford, um Rockefeller? Se todos fazem o melhor que podem, por que nem todos se tornam ricos? O Sr. Ford estava destinado a ser rico, daí ter-se tornado rico. Outro homem pode trabalhar tanto quanto Ford, mas isso não quer dizer que ele se tornará tão rico quanto ele – isto é algo prático. Eles não podem mudar o destino pelo simples fato de trabalharem arduamente como asnos e cães. É fato, no entanto, que você pode utilizar sua energia humana especial para aprimorar a consciência de Kṛṣṇa.

Disciple: Śrīla Prabhupāda, if destiny cannot be changed, what does Kṛṣṇa mean when He says, “Be thou happy by this sacrifice”?

Discípulo: Śrīla Prabhupāda, se não é possível mudar o destino, qual era a intenção de Kṛṣṇa ao dizer: “Sejam felizes por intermédio deste sacrifício”?

Śrīla Prabhupāda: Do you know what is meant by “sacrifice”?

Śrīla Prabhupāda: Você sabe o que significa “sacrifício”?

Disciple: Sacrifice to Viṣṇu, to Kṛṣṇa.

Discípulo: Sacrifício a Viṣṇu, a Kṛṣṇa.

Śrīla Prabhupāda: Yes. That means pleasing Kṛṣṇa. If Kṛṣṇa is pleased, He can change destiny. Karmāṇi nirdahati kintu ca bhakti-bhājām: for those who serve Him with love and devotion, Kṛṣṇa can change destiny. So sacrifice, yajña, means pleasing Kṛṣṇa. Our whole Kṛṣṇa consciousness movement means pleasing Kṛṣṇa. That is the whole program. In all other business, there is no question of pleasing Kṛṣṇa. When one nation declares war upon another, there is no question of pleasing Kṛṣṇa or serving Kṛṣṇa. They’re pleasing their own senses, serving their own whims. When the First and Second World Wars began, it was not for pleasing Kṛṣṇa. The Germans wanted that their sense gratification not be hampered by the Britishers. That means it was a war of sense gratification. “The Britishers are achieving their sense gratification; we cannot. All right, fight.” So there was no question of pleasing Kṛṣṇa. Hm. Next question?

Śrīla Prabhupāda: Sim. Sacrifício quer dizer satisfazer Kṛṣṇa. Se Kṛṣṇa está satisfeito, Ele pode mudar o destino. Karmāṇi nirdahati kintu ca bhakti-bhājām (Brahma-saṁhitā 5.54): Kṛṣṇa pode mudar o destino daqueles que O servem com amor e devoção. Então, sacrifício, yajña, significa satisfazer Kṛṣṇa. Todo o nosso movimento da consciência de Kṛṣṇa visa satisfazer Kṛṣṇa – esse é todo o nosso programa. Em todos os outros negócios, está fora de cogitação a satisfação de Kṛṣṇa. Quando uma nação declara guerra a outra, não está em questão a satisfação de Kṛṣṇa ou o serviço a Kṛṣṇa, senão que eles estão satisfazendo seus próprios sentidos, seus próprios caprichos. Quando a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais irromperam, não foi porque se estava buscando a satisfação de Kṛṣṇa, mas sim porque os alemães não queriam que os ingleses impedissem o seu gozo dos sentidos. Em outras palavras, foi uma guerra em decorrência do gozo dos sentidos. “Os ingleses desfrutam de gozo dos sentidos, mas nós não, em virtude do que lutaremos”. Portanto, não estava em questão o prazer de Kṛṣṇa.