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CAPÍTULO VINTE E DOIS

Os Descendentes de Ajamīḍha

Este capítulo descreve os descendentes de Divodāsa. Também des­creve Jarāsandha, que pertencia à dinastia Ṛkṣa, bem como Duryo­dhana, Arjuna e outros.

O filho de Divodāsa foi Mitrāyu, que teve quatro filhos, na seguinte ordem: Cyavana, Sudāsa. Sahadeva e Somaka. Somaka teve cem filhos, o mais novo dos quais foi Pṛṣata, de quem nasceu Drupada. A filha de Drupada foi Draupadī, e seus filhos eram encabeçados por Dhṛṣṭadyumna. O filho de Dhṛṣṭadyumna foi Dhṛṣṭaketu.

Outro filho de Ajamīḍha chamava-se Ṛkṣa. De Ṛkṣa, veio um filho chamado Saṁvaraṇa, e de Saṁvaraṇa veio Kuru, o rei de Kurukṣe­tra. Kuru teve quatro filhos – Parīkṣi, Sudhanu, Jahnu e Niṣadha. Entre os descendentes da dinastia de Sudhanu, estavam Suhotra, Cyavana, Kṛtī e Uparicara Vasu. Os filhos de Uparicara Vasu, in­cluindo Bṛhadratha, Kuśāmba, Matsya, Pratyagra e Cedipa, torna­ram-se reis do estado de Cedi. Na dinastia de Bṛhadratha, vieram Kuśāgra, Ṛṣabha, Satyahita, Puṣpavān e Jahu, e Bṛhadratha gerou Jarāsandha no ventre de outra esposa, depois de quem apareceram Sahadeva, Somāpi e Śrutaśravā. Parīkṣi, o filho de Kuru, não teve filhos. Entre os descendentes de Jahnu, estavam Suratha, Vidūratha, Sārvabhauma, Jayasena, Rādhika, Ayutāyu, Akrodhana, Devātithi, Ṛkṣa, Dilīpa e Pratīpa.

Os filhos de Pratīpa foram Devāpi, Śāntanu e Bāhlīka. Quando Devāpi retirou-se para a floresta, seu irmão mais novo, Śāntanu, tornou-se o rei. Visto que Śāntanu, sendo mais novo, não era a pessoa indicada para ocupar o trono, ele acabou desrespeitando seu irmão mais velho. Consequentemente, não choveu por doze anos. Seguindo a instrução dos brāhmaṇas, Śāntanu estava disposto a devolver o reino a Devāpi, mas, através de uma intriga tecida pelo ministro de Śāntanu, Devāpi não estava em condições de tornar-se rei. Portanto, Śāntanu reassumiu o controle do reino, e, durante o seu regime, caiu a devida chuva. Através do poder místico, Devāpi ainda vive na vila conhecida como Kalāpa-grāma. Neste Kali-yuga, quando os descendentes de Soma conhecidos como candra-vaṁśa (a dinastia lunar) morrerem, Devāpi, no começo de Satya-yuga, restabelecerá a dinastia da Lua. A esposa de Śāntanu chamada Gaṅga deu à luz Bhīṣma, uma das doze autoridades. Dois filhos chamados Citrāṅgada e Vicitravīrya também nasceram do ventre de Satyavatī através do sêmen de Śāntanu, e Vyāsadeva nasceu de Satyavatī através do sêmen de Parāśara. Vyāsadeva narrou a seu filho Śukadeva a história do Bhāgavatam. Através do ventre das duas esposas e da criada de Vici­travīrya, Vyāsadeva gerou Dhṛtarāṣṭra, Pāṇḍu e Vidura.

Dhṛtarāṣṭra teve cem filhos, encabeçados por Duryodhana, e uma filha chamada Duḥśalā. Pāṇḍu teve cinco filhos, encabeçados por Yudhiṣṭhira, e cada um deles teve um filho com Draupadī. Os nomes desses filhos de Draupadī eram Prativindhya, Śrutasena, Śrutakīrti, Śatānīka e Śrutakarmā. Além desses cinco filhos, os Pāṇḍavas tive­ram, com outras esposas, muitos outros filhos, tais como Devaka, Ghaṭotkaca, Sarvagata, Suhotra, Naramitra, Irāvān, Babhruvāhana e Abhimanyu. De Abhimanyu, nasceu Mahārāja Parīkṣit, e Mahārāja Parīkṣit teve quatro filhos – Janamejaya, Śrutasena, Bhīmasena e Ugrasena.

A seguir, Śukadeva Gosvāmī descreve os futuros filhos da família Pāṇḍu. De Janamejaya, disse ele, viria um filho chamado Śatānīka, e, na dinastia, apareceriam depois Sahasrānīka, Aśvamedhaja, Asīma­kṛṣṇa, Nemicakra, Citraratha, Śuciratha, Vṛṣṭimān, Suṣeṇa, Sunītha, Nṛcakṣu, Sukhīnala, Pariplava, Sunaya, Medhāvī, Nṛpañjaya, Dūrva, Timi, Bṛhadratha, Sudāsa, Śatānīka, Durdamana, Mahīnara, Daṇḍapāṇi, Nimi e Kṣemaka.

Então, Śukadeva Gosvāmī predisse quais seriam os reis de māgadha-vaṁśa, ou dinastia Māgadha. Sahadeva, o filho de Jarāsandha, ge­raria Mārjāri, e dele viria Śrutaśravā. Em seguida, nasceriam na dinastia, Yutāyu, Niramitra, Sunakṣatra, Bṛhatsena, Karmajit, Sutañjaya, Vipra, Śuci, Kṣema, Suvrata, Dharmasūtra, Sama, Dyumatsena, Sumati, Subala, Sunītha, Satyajit, Viśvajit e Ripuñjaya.

Texto

śrī-śuka uvāca
mitrāyuś ca divodāsāc
cyavanas tat-suto nṛpa
sudāsaḥ sahadevo ’tha
somako jantu-janmakṛt

Sinônimos

śrī-śukaḥ uvāca — Śrī Śukadeva Gosvāmī disse; mitrāyuḥ — Mitrāyu; ca — e; divodāsāt — nasceu de Divodāsa; cyavanaḥ — Cyavana; tat-sutaḥ — o filho de Mitrāyu; nṛpa — ó rei; sudāsaḥ — Sudāsa; sahade­vaḥ — Sahadeva; atha — em seguida; somakaḥ — Somaka; jantu-janma-­kṛt — o pai de Jantu.

Tradução

Śukadeva Gosvāmī disse: Ó rei, o filho de Divodāsa foi Mitrāyu, e de Mitrāyu vieram quatro filhos, chamados Cyavana, Sudāsa, Sahadeva e Somaka. Somaka foi o pai de Jantu.

Texto

tasya putra-śataṁ teṣāṁ
yavīyān pṛṣataḥ sutaḥ
sa tasmād drupado jajñe
sarva-sampat-samanvitaḥ

Sinônimos

tasya — dele (Somaka); putra-śatam — cem filhos; teṣām — de todos eles; yavīyān — o mais novo; pṛṣataḥ — Pṛṣata; sutaḥ — o filho; saḥ — ele; tasmāt — dele (Pṛṣata); drupadaḥ — Drupada; jajñe — nasceu; sarva­-sampat — com todas as opulências; samanvitaḥ — decorado.

Tradução

Somaka teve cem filhos, o mais novo dos quais foi Pṛṣata. De Pṛṣata, nasceu o rei Drupada, que era sumamente opulento.

Texto

drupadād draupadī tasya
dhṛṣṭadyumnādayaḥ sutāḥ
dhṛṣṭadyumnād dhṛṣṭaketur
bhārmyāḥ pāñcālakā ime

Sinônimos

drupadāt — de Drupada; draupadī — Draupadī, a famosa esposa dos Pāṇḍavas; tasya — dele (Drupada); dhṛṣṭadyumna-ādayaḥ — encabeçados por Dhṛṣṭadyumna; sutāḥ — filhos; dhṛṣṭadyumnāt — de Dhṛṣṭadyumna; dhṛṣṭaketuḥ — o filho chamado Dhṛṣṭaketu; bhār­myāḥ — todos descendentes de Bharmyāśva; pāñcālakāḥ — eles são conhecidos como os Pāñcālakas; ime — todos esses.

Tradução

De Mahārāja Drupada, nasceu Draupadī. Mahārāja Drupada também teve muitos filhos, encabeçados por Dhṛṣṭadyumna. De Dhṛṣṭadyumna, veio um filho chamado Dhṛṣṭaketu. Todas essas per­sonalidades são conhecidas como descendentes de Bharmyāśva ou como a dinastia de Pāñcāla.

Texto

yo ’jamīḍha-suto hy anya
ṛkṣaḥ saṁvaraṇas tataḥ
tapatyāṁ sūrya-kanyāyāṁ
kurukṣetra-patiḥ kuruḥ
parīkṣiḥ sudhanur jahnur
niṣadhaś ca kuroḥ sutāḥ
suhotro ’bhūt sudhanuṣaś
cyavano ’tha tataḥ kṛtī

Sinônimos

yaḥ — o qual; ajamīḍha-sutaḥ — foi um filho nascido de Ajamīḍha; hi — na verdade; anyaḥ — outro; ṛkṣaḥ — Ṛkṣa; saṁvaraṇaḥ — Saṁvaraṇa; tataḥ — dele (Ṛkṣa); tapatyām — Tapatī; sūrya-kanyāyām — no ventre da filha do deus do Sol; kurukṣetra-patiḥ — o rei de Kurukṣe­tra; kuruḥ — Kuru nasceu; parīkṣiḥ sudhanuḥ jahnuḥ niṣadhaḥ ca — Parīkṣi, Sudhanu, Jahnu e Niṣadha; kuroḥ — de Kuru; sutāḥ — os filhos; suhotraḥ — Suhotra; abhūt — nasceu; sudhanuṣaḥ — de Sudha­nu; cyavanaḥ — Cyavana; atha — de Suhotra; tataḥ — dele (Cyavana); kṛtī — um filho chamado Kṛtī.

Tradução

Outro filho de Ajamīḍha era conhecido como Ṛkṣa. De Ṛkṣa, veio um filho chamado Saṁvaraṇa, e de Saṁvaraṇa, através do ventre de sua esposa, Tapatī, a filha do deus do Sol, veio Kuru, o rei de Kurukṣetra. Kuru teve quatro filhos – Parīkṣi, Sudhanu, Jahnu e Niṣadha. De Sudhanu, nasceu Suhotra, e de Suhotra, Cya­vana. De Cyavana, nasceu Kṛtī.

Texto

vasus tasyoparicaro
bṛhadratha-mukhās tataḥ
kuśāmba-matsya-pratyagra-
cedipādyāś ca cedipāḥ

Sinônimos

vasuḥ — um filho chamado Vasu; tasya — dele (Kṛtī); uparicaraḥ — o sobrenome de Vasu; bṛhadratha-mukhāḥ — encabeçados por Bṛhadratha; tataḥ — dele (Vasu); kuśāmba — Kuśāmba; matsya — Matsya; pratyagra — Pratyagra; cedipa-ādyāḥ — Cedipa e outros; ca — também; cedi-pāḥ — todos eles se tornaram governantes do estado de Cedi.

Tradução

O filho de Kṛtī foi Uparicara Vasu, e, entre os filhos deste, encabeçados por Bṛhadratha, estavam Kuśāmba, Matsya, Pratyagra e Cedipa. Todos os filhos de Uparicara Vasu se tornaram governantes do estado de Cedi.

Texto

bṛhadrathāt kuśāgro ’bhūd
ṛṣabhas tasya tat-sutaḥ
jajñe satyahito ’patyaṁ
puṣpavāṁs tat-suto jahuḥ

Sinônimos

bṛhadrathāt — de Bṛhadratha; kuśāgraḥ — Kuśāgra; abhūt — nasceu um filho; ṛṣabhaḥ — Ṛṣabha; tasya — dele (Kuśāgra); tat-sutaḥ — seu (de Ṛṣabha) filho; jajñe — nasceu; satyahitaḥ — Satyahita; apatyam — progênie; puṣpavān — Puṣpavān; tat-sutaḥ — seu (de Puṣpavān) filho; jahuḥ — Jahu.

Tradução

De Bṛhadratha, nasceu Kuśāgra; de Kuśāgra, Ṛṣabha; e de Ṛṣabha, Satyahita. O filho de Satyahita foi Puṣpavān, e o filho de Puṣpavān foi Jahu.

Texto

anyasyām api bhāryāyāṁ
śakale dve bṛhadrathāt
ye mātrā bahir utsṛṣṭe
jarayā cābhisandhite
jīva jīveti krīḍantyā
jarāsandho ’bhavat sutaḥ

Sinônimos

anyasyām — em outra; api — também; bhāryāyām — esposa; śakale — partes; dve — duas; bṛhadrathāt — de Bṛhadratha; ye — aquelas duas partes; mātrā — pela mãe; bahiḥ utsṛṣṭe — devido à rejeição; jarayā — pela demônia chamada Jarā; ca — e; abhisandhite — quando elas foram justapostas; jīva jīva iti — ó entidade viva, vive; krīḍantyā — brincan­do dessa maneira; jarāsandhaḥ — Jarāsandha; abhavat — foi gerado; sutaḥ — um filho.

Tradução

Através do ventre de outra esposa, Bṛhadratha gerou duas meta­des de um filho. Ao ver aquelas duas metades, a mãe as rejeitou; mais tarde, porém, a demônia chamada Jarā, com uma postura galhofeira, juntou-as e disse: “Vive, vive!” Assim, nasceu o filho chamado Jarāsandha.

Texto

tataś ca sahadevo ’bhūt
somāpir yac chrutaśravāḥ
parīkṣir anapatyo ’bhūt
suratho nāma jāhnavaḥ

Sinônimos

tataḥ ca — e dele (Jarāsandha); sahadevaḥ — Sahadeva; abhūt — nasceu; somāpiḥ — Somāpi; yat — dele (Somāpi); śrutaśravāḥ — um filho chamado Śrutaśravā; parīkṣiḥ — o filho de Kuru chamado Pa­rīkṣi; anapatyaḥ — sem nenhum filho; abhūt — tornou-se; surathaḥ — Suratha; nāma — chamado; jāhnavaḥ — era o filho de Jahnu.

Tradução

De Jarāsandha, veio um filho chamado Sahadeva; de Sahadeva, Somāpi; e de Somāpi, Śrutaśravā. O filho de Kuru chamado Parīk­ṣi não teve filhos, mas o filho de Kuru chamado Jahnu teve um filho chamado Suratha.

Texto

tato vidūrathas tasmāt
sārvabhaumas tato ’bhavat
jayasenas tat-tanayo
rādhiko ’to ’yutāyv abhūt

Sinônimos

tataḥ — dele (Suratha); vidūrathaḥ — um filho chamado Vidūratha: tasmāt — dele (Vidūratha); sārvabhaumaḥ — um filho chamado Sārva­bhauma; tataḥ — dele (Sārvabhauma); abhavat — nasceu; jayasenaḥ — Jayasena; tat-tanayaḥ — o filho de Jayasena; rādhikaḥ — Rādhika; ataḥ — e dele (Rādhika); ayutāyuḥ — Ayutāyu; abhūt — nasceu.

Tradução

De Suratha, veio um filho chamado Vidūratha, de quem nasceu Sārvabhauma. De Sārvabhauma, veio Jayasena; de Jayasena, Rādhika, e de Rādhika, Ayutāyu.

Texto

tataś cākrodhanas tasmād
devātithir amuṣya ca
ṛkṣas tasya dilīpo ’bhūt
pratīpas tasya cātmajaḥ

Sinônimos

tataḥ — dele (Ayutāyu); ca — e; akrodhanaḥ — um filho chamado Akrodhana; tasmāt — dele (Akrodhana); devātithiḥ — um filho cha­mado Devātithi; amuṣya — dele (Devātithi); ca — também; ṛkṣaḥ — Ṛkṣa; tasya — dele (Ṛkṣa); dilīpaḥ — um filho chamado Dilīpa; abhūt — nasceu; pratīpaḥ — Pratīpa; tasya — dele (Dilīpa); ca — e; ātma­-jaḥ — o filho.

Tradução

De Ayutāyu, veio um filho chamado Akrodhana, cujo filho foi Devātithi. O filho de Devātithi foi Ṛkṣa, o filho de Ṛkṣa foi Dilīpa, e o filho de Dilīpa foi Pratīpa.

Texto

devāpiḥ śāntanus tasya
bāhlīka iti cātmajāḥ
pitṛ-rājyaṁ parityajya
devāpis tu vanaṁ gataḥ
abhavac chāntanū rājā
prāṅ mahābhiṣa-saṁjñitaḥ
yaṁ yaṁ karābhyāṁ spṛśati
jīrṇaṁ yauvanam eti saḥ

Sinônimos

devāpiḥ — Devāpi; śāntanuḥ — Śāntanu; tasya — dele (Pratīpa); bāhlīkaḥ — Bāhlīka; iti — assim; ca — também; ātma-jāḥ — os filhos; pitṛ­rājyam — a propriedade paterna, o reino; parityajya — rejeitando; devāpiḥ — Devāpi, o mais velho; tu — na verdade; vanam — para a floresta; gataḥ — partiu; abhavat — era; śāntanuḥ — Śāntanu; rājā — o rei; prāk — antes; mahābhiṣa — Mahābhiṣa; saṁjñitaḥ — muito célebre; yam yam — todo aquele que; karābhyām — com suas mãos; spṛśati — tocava; jīrṇam — embora muito idoso; yauvanam — juventude; eti — alcançava; saḥ — ele.

Tradução

Os filhos de Pratīpa foram Devāpi, Śāntanu e Bāhlīka. Devāpi deixou o reino de seu pai e foi para a floresta, de modo que Śāntanu tornou-se o rei. Śāntanu, que em seu nascimento anterior era conhe­cido como Mahābhiṣa, tinha a habilidade de transformar em juven­tude a velhice de qualquer pessoa pelo simples fato de tocar a pessoa com suas mãos.

Texto

śāntim āpnoti caivāgryāṁ
karmaṇā tena śāntanuḥ
samā dvādaśa tad-rājye
na vavarṣa yadā vibhuḥ
śāntanur brāhmaṇair uktaḥ
parivettāyam agrabhuk
rājyaṁ dehy agrajāyāśu
pura-rāṣṭra-vivṛddhaye

Sinônimos

śāntim — juventude para obter gozo dos sentidos; āpnoti — a pessoa consegue; ca — também; eva — na verdade; agryām — principalmente; karmaṇā — pelo toque de sua mão; tena — devido a isso; śāntanuḥ — conhecido como Śāntanu; samāḥ — anos; dvādaśa — doze; tat-rājye — em seu reino; na — não; vavarṣa — era enviada chuva; yadā — quando; vibhuḥ — o controlador da chuva, a saber, o rei dos céus, Indra; śāntanuḥ — Śāntanu; brāhmaṇaiḥ — pelos brāhmaṇas eruditos; uktaḥ — quando aconselhado; parivettā — errado por ser um usurpador; ayam — disto; agra-bhuk — desfrutando apesar de o teu irmão mais velho estar presente; rājyam — o reino; dehi — dá; agrajāya — ao teu irmão mais velho; āśu — imediatamente; pura-rāṣṭra — do teu lar e do reino; vivṛddhaye — para a elevação.

Tradução

Porque pelo simples toque de sua mão o rei era capaz de fazer todos felizes através do gozo dos sentidos, seu nome era Śāntanu. Como não chovia no reino havia doze anos, certa vez, o rei consul­tou seus sábios conselheiros bramânicos, e eles disseram: “Cometeste o erro de desfrutar da propriedade do teu irmão mais velho. Para a elevação do teu reino e lar, deves devolver o reino a ele.”

Comentário

SIGNIFICADO—Ninguém pode agir como soberano ou executar um agnihotra-yajña na presença de seu irmão mais velho, pois, caso o faça, a pessoa torna-se um usurpador, conhecido como parivettā.

Texto

evam ukto dvijair jyeṣṭhaṁ
chandayām āsa so ’bravīt
tan-mantri-prahitair viprair
vedād vibhraṁśito girā
veda-vādātivādān vai
tadā devo vavarṣa ha
devāpir yogam āsthāya
kalāpa-grāmam āśritaḥ

Sinônimos

evam — assim (como acima mencionado); uktaḥ — sendo aconselhado; dvijaiḥ — pelos brāhmaṇas; jyeṣṭham — ao seu irmão mais velho, Devāpi; chandayām āsa — pediu que se encarregasse do reino; saḥ — ­ele (Devāpi); abravīt — disse; tat-mantri — pelo ministro de Śāntanu; prahitaiḥ — instigados; vipraiḥ — pelos brāhmaṇas; vedāt — dos princípios dos Vedas; vibhraṁśitaḥ — caído; girā — com essas palavras; veda-vāda-ativādān — palavras que blasfemam os preceitos védicos; vai — na verdade; tadā — naquele momento; devaḥ — o semideus; va­varṣa — derramou chuva; ha — no passado; devāpiḥ — Devāpi; yogam āsthāya — aceitando o processo de yoga místico; kalāpa-grāmam — a vila conhecida como Kalāpa; āśritaḥ — refugiou-se em (e nela vive até agora).

Tradução

Quando os brāhmaṇas proferiram esse veredito, Mahārāja Śāntanu foi para a floresta e pediu que seu irmão mais velho, Devāpi, ficasse encarregado do reino, pois é dever do rei manter seus súditos. Anteriormente, entretanto, o ministro de Śāntanu, Aśvavāra, instigara alguns brāhmaṇas a induzir Devāpi a transgredir os preceitos védicos e, com isto, torná-lo indigno de assumir o posto de governante. Os brāhmaṇas fizeram Devāpi desviar-se do caminho dos princípios védicos, e, portanto, quando solicitado por Śāntanu, ele não concordou em aceitar o posto de governante. Ao contrário, blasfemou os princí­pios védicos e, em razão disso, tornou-se um caído. Nessas circunstâncias, Śāntanu voltou a ser o rei, e Indra, estando satisfeito, fez chover. Mais tarde, Devāpi adotou o caminho do yogo místico para controlar sua mente e sentidos e foi até a vila chamada Kalāpagrāma, onde ainda vive.

Texto

soma-vaṁśe kalau naṣṭe
kṛtādau sthāpayiṣyati
bāhlīkāt somadatto ’bhūd
bhūrir bhūriśravās tataḥ
śalaś ca śāntanor āsīd
gaṅgāyāṁ bhīṣma ātmavān
sarva-dharma-vidāṁ śreṣṭho
mahā-bhāgavataḥ kaviḥ

Sinônimos

soma-vaṁśe — quando a dinastia do deus da Lua; kalau — nesta era de Kali; naṣṭe — extinguindo-se; kṛta-ādau — no começo do próxi­mo Satya-yuga; sthāpayiṣyati — restabelecerá; bāhlīkāt — de Bāhlīka; somadattaḥ — Somadatta; abhūt — gerado; bhūriḥ — Bhūri; bhūri-śra­vāḥ — Bhūriśravā; tataḥ — em seguida; śalaḥ ca — um filho chamado Śala; śāntanoḥ — de Śāntanu; āsīt — gerado; gaṅgāyām — no ventre de Gaṅgā, a esposa de Śāntanu; bhīṣmaḥ — um filho chamado Bhīṣma; ātmavān — autorrealizado; sarva-dharma-vidām — de todas as pessoas religiosas; śreṣṭhaḥ — a melhor; mahā-bhāgavataḥ — um devoto elevado; kaviḥ — e um sábio erudito.

Tradução

Depois que a dinastia do deus da Lua extinguir-se nesta era de Kali, Devāpi, no começo do próximo Satya-yuga, restabelecerá neste mundo a dinastia Soma. De Bāhlīka [o irmão de Śāntanu], veio um filho chamado Somadatta, que teve três filhos, chamados Bhūri, Bhūriśravā e Śala. De Śāntanu, através do ventre de sua esposa cha­mada Gaṅgā, veio Bhīṣma, um sublime devoto autorrealizado e um sábio erudito.

Texto

vīra-yūthāgraṇīr yena
rāmo ’pi yudhi toṣitaḥ
śāntanor dāsa-kanyāyāṁ
jajñe citrāṅgadaḥ sutaḥ

Sinônimos

vīra-yūtha-agraṇīḥ — Bhīṣmadeva, o mais destacado de todos os guerreiros; yena — por quem; rāmaḥ api — mesmo Paraśurāma, a encarnação de Deus; yudhi — uma luta; toṣitaḥ — ficou satisfeito (quando foi derrotado por Bhīṣmadeva); śāntanoḥ — por intermédio de Śāntanu; dāsa-kanyāyām — no ventre de Satyavatī, que era conhecida como a filha de um śūdra; jajñe — nasceu; citrāṅgadaḥ — Citrāṅgada; sutaḥ — um filho.

Tradução

Bhīṣmadeva foi o mais destacado de todos os guerreiros. Quando derrotou o Senhor Paraśurāma em uma luta, o Senhor Paraśurāma ficou muito satisfeito com ele. Através do sêmen de Śāntanu no ventre de Satyavatī, a filha de um pescador, nasceu Citrāṅgada.

Comentário

SIGNIFICADO—Satyavatī era de fato a filha que Uparicara Vasu gerou no ventre de uma pescadora conhecida como Matsyagarbhā. Mais tarde, Satya­vatī foi criada por um pescador.

A luta entre Paraśurāma e Bhīṣmadeva diz respeito às três filhas de Kāśīrāja – Ambikā, Ambālikā e Ambā –, que foram raptadas à força por Bhīṣmadeva quando este agia em prol de seu irmão Vicitra­vīrya. Ambā pensou que Bhīṣmadeva ia casar-se com ela e ficou apegada a ele, mas Bhīṣmadeva recusou desposá-la, pois assumira o voto de brahmacarya. Ambā, portanto, foi ter com o mestre es­piritual militar de Bhīṣmadeva, Paraśurāma, que instruiu Bhīṣma a casar-se com ela. Bhīṣmadeva recusou-se, em consequência do que Paraśurāma lutou contra ele para forçá-lo a aceitar o casamento. Mas Paraśurāma foi derrotado, e ficou satisfeito com Bhīṣma.

Texto

vicitravīryaś cāvarajo
nāmnā citrāṅgado hataḥ
yasyāṁ parāśarāt sākṣād
avatīrṇo hareḥ kalā
veda-gupto muniḥ kṛṣṇo
yato ’ham idam adhyagām
hitvā sva-śiṣyān pailādīn
bhagavān bādarāyaṇaḥ
mahyaṁ putrāya śāntāya
paraṁ guhyam idaṁ jagau
vicitravīryo ’thovāha
kāśīrāja-sute balāt
svayaṁvarād upānīte
ambikāmbālike ubhe
tayor āsakta-hṛdayo
gṛhīto yakṣmaṇā mṛtaḥ

Sinônimos

vicitravīryaḥ — Vicitravīrya, o filho de Śāntanu; ca — e; avarajaḥ — o irmão mais novo; nāmnā — por um Gandharva chamado Citrāṅga­da; citrāṇgadaḥ — Citrāṅgada; hataḥ — foi morto; yasyām — no ventre de Satyavatī antes do seu casamento com Śāntanu; parāśarāt — pelo sêmen de Parāśara Muni; sākṣāt — diretamente; avatīrṇaḥ — encarnou; hareḥ — da Suprema Personalidade de Deus; kalā — expansão; veda­-guptaḥ — o protetor dos Vedas; muniḥ — o grande sábio; kṛṣṇaḥ — Kṛṣṇa Dvaipāyana; yataḥ — com quem; aham — eu (Śukadeva Go­svāmī); idam — este (Śrīmad-Bhāgavatam); adhyagām — estudei exaustivamente; hitvā — rejeitando; sva-śiṣyān — seus discípulos; paila-ādīn — encabeçados por Paila; bhagavān — a encarnação do Senhor; bāda­rāyaṇaḥ — Vyāsadeva; mahyam — a mim; putrāya — um filho; śāntāya — que era verdadeiramente controlado quanto ao gozo dos sentidos; param — suprema; guhyam — a mais confidencial; idam — esta litera­tura védica (Śrīmad-Bhāgavatam); jagau — instruiu; vicitravīryaḥ — Vicitravīrya; atha — em seguida; uvāha — desposou; kāśīrāja-sute­ — as filhas de Kāśīrāja; balāt — à força; svayaṁvarāt — da arena do svayaṁvara; upānīte — sendo trazidas; ambikā-ambālike — Ambikā e Ambālikā; ubhe — ambas; tayoḥ — a elas; āsakta — estando muito apegado; hṛdayaḥ — seu coração; gṛhītaḥ — estando contaminado; yakṣmaṇā — de tuberculose; mṛtaḥ — morreu.

Tradução

Citrāṅgada, de quem Vicitravīrya era o irmão mais novo, foi morto por um Gandharva também chamado Citrāṅgada. Satyavatī, antes de seu casamento com Śāntanu, deu à luz a autoridade má­xima nos Vedas, Vyāsadeva, conhecido como Kṛṣṇa Dvaipāyana, que foi gerado por Parāśara Muni. De Vyāsadeva, eu (Śukadeva Gosvāmī) nasci, e com ele estudei este grande trabalho literário, o Śrīmad-Bhāgavatam. A encarnação de Deus, Vedavyāsa, rejeitou seus discípulos, encabeçados por Paila, e instruiu-me o Śrīmad­-Bhāgavatam porque eu estava livre de todos os desejos materiais. Depois que Ambikā e Ambālikā, as duas filhas de Kāśīrāja, foram levadas à força, Vicitravīrya casou-se com elas, mas, como estava muito apegado a essas duas esposas, ele teve um ataque cardíaco e morreu de tuberculose.

Texto

kṣetre ’prajasya vai bhrātur
mātrokto bādarāyaṇaḥ
dhṛtarāṣṭraṁ ca pāṇḍuṁ ca
viduraṁ cāpy ajījanat

Sinônimos

kṣetre — nas esposas e na criada; aprajasya — de Vicitravīrya, que não tinha prole; vai — na verdade; bhrātuḥ — do irmão; mātrā uktaḥ — sendo ordenado pela mãe; bādarāyaṇaḥ — Vedavyāsa; dhṛtarāṣṭram — um filho chamado Dhṛtarāṣṭra; ca — e; pāṇḍum — um filho chamado Pāṇḍu; ca — também; viduram — um filho chamado Vidura; ca — também; api — na verdade; ajījanat — gerou.

Tradução

Bādarāyana, Śrī Vyāsadeva, seguindo a ordem de sua mãe, Satya­vatī, gerou três filhos, dois através do ventre de Ambikā e Ambāli­kā, as duas esposas de seu irmão Vicitravīrya, e o terceiro através da criada de Vicitravīrya. Esses filhos foram Dhṛtarāṣṭra, Pāṇḍu e Vidura.

Comentário

SIGNIFICADO—Vicitravīrya morreu de tuberculose, e suas esposas, Ambikā e Ambālikā, não tinham progênie. Portanto, após a morte de Vicitravīrya, sua mãe, Satyavatī, que era também a mãe de Vyāsadeva, pediu que Vyāsadeva gerasse filhos através das esposas de Vicitravīrya. Naqueles dias, o irmão do esposo podia gerar filhos no ventre de sua cunhada. Isso era conhecido como devareṇa sutotpatti. Se havia alguma interferência que impedia o esposo de gerar filhos, seu irmão podia gerá-los no ventre de sua cunhada. Esse devareṇa sutotpatti e os sacrifícios aśvamedha e gomedha são proibidos na era de Kali.

aśvamedhaṁ gavālambhaṁ
sannyāsaṁ pala-paitṛkam
devareṇa sutotpattiṁ
kalau pañca vivarjayet

“Nesta era de Kali, proíbem-se as cinco seguintes atividades: Ofere­cer cavalos em sacrifício, oferecer vacas em sacrifício, aceitar a ordem de sannyāsa, fazer oblações de carne aos antepassados, e gerar filhos na esposa do irmão.” (Brahma-vaivarta Purāṇa)

Texto

gāndhāryāṁ dhṛtarāṣṭrasya
jajñe putra-śataṁ nṛpa
tatra duryodhano jyeṣṭho
duḥśalā cāpi kanyakā

Sinônimos

gāndhāryām — no ventre de Gāndhārī; dhṛtarāṣṭrasya — de Dhṛta­rāṣṭra; jajñe — nasceram; putra-śatam — cem filhos; nṛpa — ó rei Parīk­ṣit; tatra — entre os filhos; duryodhanaḥ — o filho chamado Duryodhana; jyeṣṭhaḥ — o mais velho; duḥśalā — Duḥśalā; ca api — também; kanyakā — uma filha.

Tradução

A esposa de Dhṛtarāṣṭra, Gāndhārī, deu à luz cem filhos e uma filha, ó rei. O filho mais velho era Duryodhana, e a filha chamava-­se Duḥśalā.

Texto

śāpān maithuna-ruddhasya
pāṇḍoḥ kuntyāṁ mahā-rathāḥ
jātā dharmānilendrebhyo
yudhiṣṭhira-mukhās trayaḥ
nakulaḥ sahadevaś ca
mādryāṁ nāsatya-dasrayoḥ
draupadyāṁ pañca pañcabhyaḥ
putrās te pitaro ’bhavan

Sinônimos

śāpāt — devido ao fato de ter sido amaldiçoado; maithuna-rud­dhasya — que teve de abster-se de vida sexual; pāṇḍoḥ — de Pāṇḍu; kuntyām — no ventre de Kuntī; mahā-rathāḥ — grandes heróis; jātāḥ — nasceram; dharma — por intermédio de Mahārāja Dharma, ou Dharmarāja; anila — por intermédio do semideus que controla o vento; indrebhyaḥ — e por intermédio do semideus Indra, o controlador da chuva; yudhiṣṭhira — Yudhiṣṭhira; mukhāḥ — encabeçados por; trayaḥ — três filhos (Yudhiṣṭhira, Bhīma e Arjuna); nakulaḥ — Na­kula; sahadevaḥ — Sahadeva; ca — também; mādryām — no ventre de Mādrī; nāsatya-dasrayoḥ — por intermédio de Nāsatya e Dasra, os Aśvinī-kumāras; draupadyām — no ventre de Draupadī; pañca — cinco; pañcabhyaḥ — dos cinco irmãos (Yudhiṣṭhira, Bhīma, Arjuna, Nakula e Sahadeva); putrāḥ — filhos; te — eles; pitaraḥ — tios; abhavan — tornaram-se.

Tradução

Devido ao fato de ter sido amaldiçoado por um sábio, Pāṇḍu foi privado de vida sexual, de maneira que seus três filhos Yudhiṣṭhira, Bhīma e Arjuna foram gerados no ventre de sua espo­sa, Kuntī, por Dharmarāja, pelo semideus que controla o vento e pelo semideus que controla a chuva. A segunda esposa de Pāṇḍu, Mādrī, deu à luz Nakula e Sahadeva, que foram gerados pelos dois Aśvinī-kumāras. Os cinco irmãos, encabeçados por Yudhiṣṭhira, ge­raram cinco filhos através do ventre de Draupadī. Esses cinco filhos foram teus tios.

Texto

yudhiṣṭhirāt prativindhyaḥ
śrutaseno vṛkodarāt
arjunāc chrutakīrtis tu
śatānīkas tu nākuliḥ

Sinônimos

yudhiṣṭhirāt — de Mahārāja Yudhiṣṭhira; prativindhyaḥ — um filho chamado Prativindhya; śrutasenaḥ — Śrutasena; vṛkodarāt — gerado por Bhīma; arjunāt — de Arjuna; śrutakīrtiḥ — um filho chamado Śrutakīrti; tu — na verdade; śatānīkaḥ — um filho chamado Śatānīka; tu — na verdade; nākuliḥ — de Nakula.

Tradução

De Yudhiṣṭhira, veio um filho chamado Prativindhya; de Bhīma, um filho chamado Śrutasena; de Arjuna, um filho chamado Śrutakīrti, e de Nakula, um filho chamado Śatānīka.

Texto

sahadeva-suto rājañ
chrutakarmā tathāpare
yudhiṣṭhirāt tu pauravyāṁ
devako ’tha ghaṭotkacaḥ
bhīmasenād dhiḍimbāyāṁ
kālyāṁ sarvagatas tataḥ
sahadevāt suhotraṁ tu
vijayāsūta pārvatī

Sinônimos

sahadeva-sutaḥ — o filho de Sahadeva; rājan — ó rei; śrutakarmā — Śrutakarmā; tathā — bem como; apare — outros; yudhiṣṭhirāt — de Yudhiṣṭhira; tu — na verdade; pauravyām — no ventre de Pauravī; deva­kaḥ — um filho chamado Devaka; atha — bem como; ghaṭotkacaḥ — Ghaṭotkaca; bhīmasenāt — de Bhīmasena; hiḍimbāyām — no ventre de Hiḍimbā; kālyām — no ventre de Kālī; sarvagataḥ — Sarvagata; tataḥ — em seguida; sahadevāt — de Sahadeva; suhotram — Suhotra; tu — na verdade; vijayā — Vijayā; asūta — deu à luz; pārvatī — a filha do rei dos Himalaias.

Tradução

Ó rei, o filho de Sahadeva foi Śrutakarmā. Ademais, Yudhiṣṭhira e seus irmãos geraram outros filhos em outras esposas. Yudhiṣṭhira gerou no ventre de Pauravī um filho chamado Devaka, e Bhīmasena gerou um filho chamado Ghaṭotkaca através de sua esposa Hiḍimbā e um filho chamado Sarvagata através de sua esposa Kālī. Similarmente, através de sua esposa chamada Vijayā, que era a filha do rei das montanhas, Sahadeva teve um filho de nome Suhotra.

Texto

kareṇumatyāṁ nakulo
naramitraṁ tathārjunaḥ
irāvantam ulupyāṁ vai
sutāyāṁ babhruvāhanam
maṇipura-pateḥ so ’pi
tat-putraḥ putrikā-sutaḥ

Sinônimos

kareṇumatyām — na esposa chamada Kareṇumatī; nakulaḥ — Nakula; naramitram — um filho chamado Naramitra; tathā — também; arjunaḥ — Arjuna; irāvantam — Irāvān; ulupyām — no ventre da Nāga­-kanyā chamada Ulupī; vai — na verdade; sutāyām — na filha; babhru­vāhanam — um filho chamado Babhruvāhana; maṇipura-pateḥ — do rei de Maṇipura; saḥ — ele; api — embora; tat-putraḥ — o filho de Arjuna; putrikā-sutaḥ — o filho de seu avô materno.

Tradução

Através de sua esposa Kareṇumatī, Nakula gerou um filho chama­do Naramitra. Similarmente, Arjuna gerou um filho chamado Irāvān através de sua esposa conhecida como Ulupī, a filha dos Nāgas, e um filho chamado Babhruvāhana através do ventre da prin­cesa de Maṇipura. Babhruvāhana tornou-se filho adotivo do rei de Maṇipura.

Comentário

SIGNIFICADO—Deve-se entender que Pārvatī é a filha do rei da antiquíssima região montanhosa conhecida como o estado de Maṇipura. Portan­to, há cinco mil anos, quando reinavam os Pāṇḍavas, Maṇipura existia juntamente com o seu rei. Por conseguinte, esse reino é um antigo e aristocrático reino vaiṣṇava. Se esse reino for organizado como um estado vaiṣṇava, essa sua volta às origens será um grande sucesso, pois faz cinco mil anos que esse estado mantém sua iden­tidade. Se o espírito vaiṣṇava for revivido ali, ele será um lugar maravilhoso, de renome no mundo inteiro. Os vaiṣṇavas maṇipuris são muito famosos na sociedade vaiṣṇava. Em Vṛndāvana e Navadvīpa, existem muitos templos construídos pelo rei de Maṇipura. Alguns de nossos devotos pertencem ao estado de Maṇipura. Por­tanto, através do esforço conjunto dos devotos conscientes de Kṛṣṇa, o movimento da consciência de Kṛṣṇa pode ter boa acolhida no es­tado de Maṇipura.

Texto

tava tātaḥ subhadrāyām
abhimanyur ajāyata
sarvātirathajid vīra
uttarāyāṁ tato bhavān

Sinônimos

tava — teu; tātaḥ — pai; subhadrāyām — no ventre de Subhadrā; abhimanyuḥ — Abhimanyu; ajāyata — nasceu; sarva-atiratha-jit — um grande lutador que podia derrotar os atirathas; vīraḥ — um grande herói; uttarāyām — no ventre de Uttarā; tataḥ — de Abhimanyu; bha­vān — tu.

Tradução

Meu querido rei Parīkṣit, teu pai, Abhimanyu, nasceu do ventre de Subhadrā, como filho de Arjuna. Ele derrotou todos os atirathas [aqueles capazes de enfrentar mil quadrigários]. Dele, através do ventre de Uttarā, a filha de Virāḍrāja, tu nasceste.

Texto

parikṣīṇeṣu kuruṣu
drauṇer brahmāstra-tejasā
tvaṁ ca kṛṣṇānubhāvena
sajīvo mocito ’ntakāt

Sinônimos

parikṣīṇeṣu — por serem aniquilados na Guerra de Kurukṣetra; kuru­ṣu — os membros da dinastia Kuru, tais como Duryodhana; drau­ṇeḥ — Aśvatthāmā, o filho de Droṇācārya; brahmāstra-tejasā — devido ao calor do brahmāstra, uma arma nuclear; tvam ca — tu também; kṛṣṇa-anubhāvena — devido à misericórdia do Senhor Kṛṣṇa; sajī­vaḥ — com tua vida; mocitaḥ — liberto; antakāt — da morte.

Tradução

Depois que a dinastia Kuru foi aniquilada na Batalha de Kurukṣetra, também quase foste destruído pelo brahmāstra, a arma atômica dis­parada pelo filho de Droṇācārya, mas, por misericórdia da Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, tu escapaste.

Texto

taveme tanayās tāta
janamejaya-pūrvakāḥ
śrutaseno bhīmasena
ugrasenaś ca vīryavān

Sinônimos

tava — teus; ime — todos esses; tanayāḥ — filhos; tāta — meu queri­do rei Parīkṣit; janamejaya — Janamejaya; pūrvakāḥ — encabeçados por; śrutasenaḥ — Śrutasena; bhīmasenaḥ — Bhīmasena; ugrasenaḥ — Ugrasena; ca — também; vīryavān — todos muito poderosos.

Tradução

Meu querido rei, teus quatro filhos – Janamejaya, Śrutasena, Bhīmasena e Ugrasena – são muito poderosos. Janamejaya é o mais velho deles.

Texto

janamejayas tvāṁ viditvā
takṣakān nidhanaṁ gatam
sarpān vai sarpa-yāgāgnau
sa hoṣyati ruṣānvitaḥ

Sinônimos

janamejayaḥ — o filho mais velho; tvām — a teu respeito; viditvā — sa­bendo; takṣakāt — pela serpente Takṣaka; nidhanam — morte; gatam — produzida; sarpān — as serpentes; vai — na verdade; sarpa-yāga-agnau — no fogo do sacrifício para matar todas as serpentes; saḥ — ele (Jana­mejaya); hoṣyati — oferecerá como um sacrifício; ruṣā-anvitaḥ — por estar muito irado.

Tradução

Devido à tua morte trazida pela serpente Takṣaka, teu filho Jana­mejaya ficará muito irado e realizará um sacrifício para matar todas as serpentes do mundo.

Texto

kālaṣeyaṁ purodhāya
turaṁ turaga-medhaṣāṭ
samantāt pṛthivīṁ sarvāṁ
jitvā yakṣyati cādhvaraiḥ

Sinônimos

kālaṣeyam — o filho de Kalaṣa; purodhāya — aceitando como sacerdote; turam — Tura; turaga-medhaṣāṭ — ele será conhecido como Turaga-medhaṣāṭ (um realizador de muitos sacrifícios de cavalos); samantāt — incluindo todas as partes; pṛthivīm — o mundo; sarvām — em toda parte; jitvā — conquistando; yakṣyati — executará sacrifícios; ca — e; adhvaraiḥ — executando aśvamedha-yajñas.

Tradução

Após conquistar o mundo todo e após aceitar Tura, o filho de Ka­laṣa, como seu sacerdote, Janamejaya realizará aśvamedha-yajñas, devido aos quais será conhecido como Turaga-medhaṣāṭ.

Texto

tasya putraḥ śatānīko
yājñavalkyāt trayīṁ paṭhan
astra-jñānaṁ kriyā-jñānaṁ
śaunakāt param eṣyati

Sinônimos

tasya — de Janamejaya; putraḥ — o filho; śatānīkaḥ — Śatānīka; yājñavalkyāt — com o grande sábio conhecido como Yājñavalkya; trayīm — os três Vedas (Sāma, Yajur e Ṛg); paṭhan — estudando exaustivamente; astra-jñānam — a arte das manobras militares; kriyā­jñānam — a arte de realizar cerimônias ritualísticas; śaunakāt — de Śaunaka Ṛṣi; param — conhecimento transcendental; eṣyati — alcançará.

Tradução

O filho de Janamejaya conhecido como Śatānīka aprenderá com Yājñavalkya os três Vedas e a arte de realizar cerimônias ritualísti­cas. Aprenderá também a arte militar com Kṛpācārya e a ciência transcendental com o sábio Śaunaka.

Texto

sahasrānīkas tat-putras
tataś caivāśvamedhajaḥ
asīmakṛṣṇas tasyāpi
nemicakras tu tat-sutaḥ

Sinônimos

sahasrānīkaḥ — Sahasrānīka; tat-putraḥ — o filho de Śatānīka; ta­taḥ — dele (Sahasrānīka); ca — também; eva — na verdade; aśvamedhajaḥ — Aśvamedhaja; asīmakṛṣṇaḥ — Asīmakṛṣṇa; tasya — dele (Aśvamedhaja); api — também; nemicakraḥ — Nemicakra; tu — na verdade; tat-sutaḥ — seu filho.

Tradução

O filho de Śatānīka será Sahasrānīka, e dele virá o filho chamado Aśvamedhaja. De Aśvamedhaja, virá Asīmakṛṣṇa, e seu filho será Nemicakra.

Texto

gajāhvaye hṛte nadyā
kauśāmbyāṁ sādhu vatsyati
uktas tataś citrarathas
tasmāc chucirathaḥ sutaḥ

Sinônimos

gajāhvaye — na cidade de Hastināpura (Nova Déli); hṛte — sendo inundada; nadyā — pelo rio; kauśāmbyām — no lugar conhecido como Kauśāmbī; sādhu — devidamente; vatsyati — ali viverá; uktaḥ — céle­bre; tataḥ — em seguida; citrarathaḥ — Citraratha; tasmāt — dele; śucirathaḥ — Śuciratha; sutaḥ — o filho.

Tradução

Quando a cidade de Hastināpura (Nova Déli) for inundada pelo rio, Nemicakra viverá no lugar conhecido como Kauśāmbī. Seu filho será célebre como Citraratha, e o filho de Citraratha será Śuciratha.

Texto

tasmāc ca vṛṣṭimāṁs tasya
suṣeṇo ’tha mahīpatiḥ
sunīthas tasya bhavitā
nṛcakṣur yat sukhīnalaḥ

Sinônimos

tasmāt — dele (Śuciratha); ca — também; vṛṣṭimān — o filho conhecido como Vṛṣṭimān; tasya — seu (filho); suṣeṇaḥ — Suṣeṇa; atha — em seguida; mahī-patiḥ — o imperador de todo o mundo; sunīthaḥ — Sunītha; tasya — seu; bhavitā — será; nṛcakṣuḥ — seu filho, Nṛcakṣu; yat — dele; sukhīnalaḥ — Sukhīnala.

Tradução

De Śuciratha, virá o filho chamado Vṛṣṭimān, e seu filho, Suṣeṇa, será o imperador do mundo inteiro. O filho de Suṣeṇa será Sunītha, seu filho será Nṛcakṣu, e de Nṛcakṣu virá um filho chamado Sukhīnala.

Texto

pariplavaḥ sutas tasmān
medhāvī sunayātmajaḥ
nṛpañjayas tato dūrvas
timis tasmāj janiṣyati

Sinônimos

pariplavaḥ — Pariplava; sutaḥ — o filho; tasmāt — dele (Pariplava); me­dhāvī — Medhāvī; sunaya-ātmajaḥ — o filho de Sunaya; nṛpañjayaḥ — Nṛpañjaya; tataḥ — dele; dūrvaḥ — Dūrva; timiḥ — Timi; tasmāt — dele; janiṣyati — nascerá.

Tradução

O filho de Sukhīnala será Pariplava, e seu filho será Sunaya. De Sunaya, virá um filho chamado Medhāvī; de Medhāvī, Nṛpañjaya; de Nṛpañjaya, Dūrva, e de Dūrva, Timi.

Texto

timer bṛhadrathas tasmāc
chatānīkaḥ sudāsajaḥ
śatānīkād durdamanas
tasyāpatyaṁ mahīnaraḥ

Sinônimos

timeḥ — de Timi; bṛhadrathaḥ — Bṛhadratha; tasmāt — dele (Bṛhadratha); śatānīkaḥ — Śatānīka; sudāsa-jaḥ — o filho de Sudāsa; śatānīkāt — de Śatānīka; durdamanaḥ — um filho chamado Durdamana; tasya apatyam — seu filho; mahīnaraḥ — Mahīnara.

Tradução

De Timi, virá Bṛhadratha; de Bṛhadratha, Sudāsa, e de Sudāsa, Śatānīka. De Śatānīka, virá Durdamana, e dele virá um filho chamado Mahīnara.

Texto

daṇḍapāṇir nimis tasya
kṣemako bhavitā yataḥ
brahma-kṣatrasya vai yonir
vaṁśo devarṣi-satkṛtaḥ
kṣemakaṁ prāpya rājānaṁ
saṁsthāṁ prāpsyati vai kalau
atha māgadha-rājāno
bhāvino ye vadāmi te

Sinônimos

daṇḍapāṇiḥ — Daṇḍapāṇi; nimiḥ — Nimi; tasya — dele (Mahīnara); kṣemakaḥ — um filho chamado Kṣemaka; bhavitā — nascerá; yataḥ — de quem (Nimi); brahma-kṣatrasya — de brāhmaṇas e kṣatriyas; vai — na verdade; yoniḥ — a fonte; vaṁśaḥ — a dinastia; deva-ṛṣi-satkṛtaḥ — respeitada por grandes pessoas santas e semideuses; kṣemakam — o rei Kṣemaka; prāpya — até este ponto; rājānam — o monarca; saṁsthām — o término deles; prāpsyati — haverá; vai — na verdade; kalau — neste Kali-yuga; atha — em seguida; māgadha-rājānaḥ — os reis na dinastia Māgadha; bhāvinaḥ — o futuro; ye — todos aqueles que; vadāmi — explicarei; te — a ti.

Tradução

O filho de Mahīnara será Daṇḍapāṇi, cujo filho será Nimi, de quem nascerá o rei Kṣemaka. Acabo de descrever-te a dinastia do deus da Lua, que é a fonte dos brāhmaṇas e dos kṣatriyas e é adorada pelos semideuses e grandes santos. Neste Kali-yuga, Kṣemaka será o último monarca. Agora, eu te descreverei a futura dinastia Māgadha. Por favor, escuta.

Texto

bhavitā sahadevasya
mārjārir yac chrutaśravāḥ
tato yutāyus tasyāpi
niramitro ’tha tat-sutaḥ
sunakṣatraḥ sunakṣatrād
bṛhatseno ’tha karmajit
tataḥ sutañjayād vipraḥ
śucis tasya bhaviṣyati
kṣemo ’tha suvratas tasmād
dharmasūtraḥ samas tataḥ
dyumatseno ’tha sumatiḥ
subalo janitā tataḥ

Sinônimos

bhavitā — nascerá; sahadevasya — o filho de Sahadeva; mārjāriḥ — Mārjāri; yat — seu filho; śrutaśravāḥ — Śrutaśravā; tataḥ — dele; yutāyuḥ — Yutāyu; tasya — seu filho; api — também; niramitraḥ — Nira­mitra; atha — em seguida; tat-sutaḥ — seu filho; sunakṣatraḥ — Suna­kṣatra; sunakṣatrāt — de Sunakṣatra; bṛhatsenaḥ — Bṛhatsena; atha — dele; karmajit — Karmajit; tataḥ — dele; sutañjayāt — de Sutañjaya; vipraḥ — Vipra; śuciḥ — um filho chamado Śuci; tasya — dele; bhaviṣyati — nascerá; kṣemaḥ — um filho chamado Kṣema; atha — em seguida; suvrataḥ — um filho chamado Suvrata; tasmāt — dele; dharmasūtraḥ — Dharmasūtra; samaḥ — Sama; tataḥ — dele; dyumatsenaḥ — Dyumatsena; atha — em seguida; sumatiḥ — Sumati; subalaḥ — Subala; jani­tā — nascerá; tataḥ — depois.

Tradução

Sahadeva, o filho de Jarāsandha, terá um filho chamado Mārjāri. De Mārjāri, virá Śrutaśravā; de Śrutaśravā, Yutāyu, e de Yutāyu, Niramitra. O filho de Niramitra será Sunakṣatra; de Sunakṣatra, virá Bṛhatsena, e de Bṛhatsena, Karmajit. O filho de Karmajit será Su­tañjaya, o filho de Sutañjaya será Vipra, e seu filho será Śuci. O filho de Śuci será Kṣema, o filho de Kṣema será Suvrata, e o filho de Suvrata será Dharmasūtra. De Dharmasūtra, virá Sama; de Sama, Dyumatsena; de Dyumatsena, Sumati, e de Sumati, Subala.

Texto

sunīthaḥ satyajid atha
viśvajid yad ripuñjayaḥ
bārhadrathāś ca bhūpālā
bhāvyāḥ sāhasra-vatsaram

Sinônimos

sunīthaḥ — de Subala, virá Sunītha; satyajit — Satyajit; atha — dele; viśvajit — de Viśvajit; yat — de quem; ripuñjayaḥ — Ripuñjaya; bārha­drathāḥ — todos na linha de Bṛhadratha; ca — também; bhūpālāḥ — todos esses reis; bhāvyāḥ — nascerão; sāhasra-vatsaram — por mil anos contínuos.

Tradução

De Subala, virá Sunītha; de Sunītha, Satyajit; de Satyajit, Viśvajit, e de Viśvajit, Ripuñjaya. Todas essas personalidades pertencerão à dinastia de Bṛhadratha, que governará o mundo por mil anos.

Comentário

SIGNIFICADO—Esta é a história de uma monarquia que começou com Jarāsandha e continuou por mil anos, à medida que os reis acima mencionados apareceram na superfície do globo.

Neste ponto, encerram-se os Significados Bhaktivedanta do nono canto, vigésimo segundo capítulo, do Śrīmad-Bhāgavatam, intitu­lado “Os Descendentes de Ajamīḍha”.